Capítulo 6: Como um mês só nosso - parte 5/final
Rimos, conversamos baixinho por mais alguns minutos e pegamos no sono. Maus tarde, a mãe de Michelly veio até o quarto. Ela bateu na porta, a abriu, colocou a cabeça dentro do quarto e nos viu deitados. Ela sorriu com o canto da boca e se retirou. Me levantei bem devagar para não acordar Michelly e a segui, fui até a cozinha onde a chamei e perguntei se estava tudo bem. Falei que Michelly tinha me contado sobre sua situação e era por isso que estavam chorando antes de chegarmos, perguntei se Henry já sabia, ela negou. Não quis ser indelicado, mas perguntei o que o médico tinha lhe dito, se ela estava fazendo o tratamento direito e se o médico tinha dado esperanças de recuperação. Ela respondeu que o médico tinha lhe dito que sua leucemia era muito agressiva, em resposta teriam que fazer quimioterapia, mas ela não estava segura disso, principalmente agora que estava grávida. Mesmo assim, o tratamento não garante uma cura para a doença, só prolonga mais algum tempo de vida. Isso pode variar de seis meses a vinte anos de sobrevida.
Baixamos a cabeça a cabeça por alguns minutos. Ela mudou de assunto perguntando se queria jantar ou experimentar uma delicinha que ela tinha acabado de preparar. Me chamou para provar seus tão famosos brownie com nozes. Ela começou a me explicar como era feito esse brownie, me disse que é uma das receitas preferidas de Michelly, que se pensava em uma vida junto a filha dela, era quase uma obrigação saber fazer os brownies que ela gosta. Perguntou se eu sabia cozinhar e começou a me entrevistar, passamos o resto da noite conversando, depois fomos dormir. Eu e Michelly ainda passariamos o mês inteiro lá.
Se passaram três semanas que estávamos lá, estava tudo indo muito bem. Michelly e Mia faziam muita bagunça juntas. Ela e a mãe estavam se dando muito bem, nem pareciam que tinham passado esses anos todos distantes. Mia e eu perguntamos se tinha algum lugar como bares ou algo parecido com o central park em San Francisco. Com o Central Park, não tinha nada próximo, mas bares, ah em São Francisco tinham muitos bares. Fomos a um. "The Saloon" era o nome. Um bar de tamanho moderado, mas tinha cadeiras, bebidas e música ao vivo. Sentamos junto ao balcão e pedimos umas cervejas. Peguei o telefone e liguei para Gil. Como tínhamos o costume de beber todos juntos, pensei em ligar pra ele, assim o faríamos por telefone. Não achei que seria má ideia, afinal, passamos a semana inteira nos falando, quase todos os dias ele ligava para saber como estávamos, o que estávamos fazendo e quando voltariamos. Respondi que estávamos bem, na maioria das vezes, estávamos em casa com Vivian e Mia, e Henry estava no trabalho. Respondi que voltariamos assim que terminasse o mês. Estávamos muito bem se tratando de acomodações, mas voltariamos o quanto antes, pois ainda tínhamos nosso trabalho nos esperando e uma vida em Nova York. Pelo trabalho, Oldris disse que poderíamos passar o tempo que quiséssemos, ela tomaria conta de tudo em nossa ausência. Mas não seria justo deixá-la tanto tempo se virando sozinha. Ao atender, Gil disse:
-Hey, Gabb!
Ouvíamos pelo telefone:
-Gabb? É o Gabb? Onde ele está? Está com Michelly? O que estão fazendo?
Eram Noah e Hellen, o enchendo de perguntas. Noah disse:
-Hey, Gabb. Quando vocês voltam? Demorem mais um pouco e eu vou começar a sentir saudade.
Nós rimos e eu respondi:
-Não sintam tanto a nossa falta, voltaremos logo em breve.
Foi a vez de Oldris:
-Como está o clima em São Francisco? Como está Vivian? Como estão todos, na verdade? Não posso esquecer da minha linda sobrinha Mia, linda como a irmã Michelly.
-Obrigada, Tia! - Gritou Michelly. O bar estava lotado, estava tendo show ao vivo, então era um pouco barulhento naquele momento. - O clima aqui está ótimo, muito bom mesmo. Mamãe está ótima, Mia também e Henry está muito bem. Ganhou até uma promoção no trabalho, acredita?
-É, Henry está muito bem. Até perguntou por você e sua carreira de cantora. - Eu disse.
-É mesmo? - Ela perguntou - Já faz tanto tempo... ele ainda lembra disso?
-Lembra. E não poupou elogios.
-Henry é mesmo muito gentil. - Ela disse.
-Mas então, onde vocês estão agora, pombinhos? E por que toda essa barulheira?- Gil perguntou.
-Agora, estamos exatamente em um bar aqui de São Francisco. The Saloon é o nome. E o barulho é porque está tendo show ao vivo no bar.
-The Saloon? Show ao vivo? São Francisco? Me parece uma porcaria. Só falta dizer que a cerveja é sem álcool. É sem álcool?
-A nossa não, mas tem essa opção aqui também.
-Filhos duma mãe! Quem em sã consciência vende uma cerveja sem álcool? Pior do que quem vende é quem fábrica.
-Só diz isso porque pra sair com você ou as garotas tem algum problema ou tem que estar muito bêbadas. - Eu disse.
-Quem nunca cometeu um erro, que atire a primeira pedra. - Ele retrucou.
-Erros como os seus, eu nunca cometi. Noah, me dê aqui uma pedra. - Disse Hellen.
-Isso, me crussifiquem! Vocês são um bando de hipócritas. A hipocrisia revela sua face. - Gil falou indignado
-Do que você está falando, Brow? - Noah perguntou.
-Até parece que vocês nunca se aproveitaram de uma situação porque estavam bêbados. Como Noah, dançando feito garotinha no RetroClub. Ou Oldris cantando "I Love you baby" do Frank Sinatra e esquecendo metade da letra no caminho. Grande Frank!
-Ei, foi só uma vez. E eu estava ensaiando pré-apresentação na TheBox.
-Aham, sei... Ou Hellen que numa noite dessas quando fui pegar as bebidas, reparei ela olhando pra minha bunda. Pode falar.
-Eu? Sua bunda? Mas que bunda?
-Não finja que não olhou. Vejam, eu vou levantar e ela vai olhar de novo.
Ele levantou e ela olhou, bebeu um gole de cerveja e disse:
-Uau, mas que bunda!
-Hellen! - Exclamou Noah.
-Que foi? Ele até que tem uma bundinha. Quê isso gente? Olhar não tira pedaço.
-A única bunda que você devia olhar, era a minha amor... - Noah falou meio chateado.
-Em minha defesa, eu não olho só a bunda de homens como o Gil, também já olhei a bunda da Michelly.
-Ei! Bom, eu até que não julgo. Também já dei umas olhadinhas discretas pra bunda das minhas amigas, inclusive a sua.
-Estão vendo, garotos? É normal nós mulheres darmos aquela espiadinha. Algumas chamam mesmo a atenção, mas isso não significa nada amor. - Falou Hellen agora se dirigindo a Noah.
-Ah, cala a boca aí sua espia bundas. - Disse Gil. E nós rimos.
Ele retomou o assunto:
-Quer dizer que estão num bar? Mas que coincidência, estamos agora mesmo no nosso bar, sentados na nossa mesa e apreciando nossas cervejas. Até quando estamos separados, ainda assim, não deixamos de beber juntos... Isso é lindo gente. - Falou num tom meio emocionado.
-Gente, agora eu começo a perceber uma coisa... - Disse Hellen.
-O quê? - Todos perguntamos.
-Já perceberam que nós temos vindo a esse bar, sentado nessa mesma mesa, pedido as mesma bebidas com bastante frequência?
-Sim. O que tem isso? - Perguntamos.
-Bom, não é por nada, mas acho que somos alcoólatras.
Rimos do comentário mas pensamos nessa possibilidade. Passamos mais alguns minutos ao telefone, conversamos bastante para matarmos a saudade, sabíamos que logo estaríamos de volta em casa. Desligamos o telefone e Michelly me deu um lindo sorriso, beijou meu nariz e disse: "Very thank you, senhor". Respondi simplesmente com: "It was nothing, senhorita". Ficamos ali no bar até por volta das dez e meia, saímos caminhando de volta para casa, conversamos muito sobre o decorrer daquele mês. Foi um mês bem corrido, passou tão rápido que mal tivemos tempo de aproveitá-lo. Já era quase final do mês, a data de voltarmos pra casa estava próxima, Michelly estava pensativa. Não tínhamos falado muito sobre sobre nossa volta, tinha até dúvidas se voltariamos mesmo aquele mês, mas no último dia do mês ela me acordou com um abraço. Já tinha arrumado boa parte das nossas coisas, pegou minha mão, segurou firme e disse: "Vamos voltar? Está pronto?", enquanto descia as escadas comigo. Tomamos café, todos juntos em família. Estávamos em um verdadeiro clima de despedida. Conversando, rindo, nos abraçando. Já estávamos quase de saída quando Mia veio correndo até nos e gritando:
-Chelly, Chelly! Andu, Andu! Vocês já vão? Eu não queria que vocês fossem agora. - Disse ela, quase chorando.
-Vamos, temos que ir meu amor. - Respondeu Michelly.
-Quando vou ver vocês de novo? - Mia perguntou.
E Michelly respondeu:
-Logo. Eu prometo.
Naquela tarde, voltamos a Nova York.
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