Capítulo 4: Inverno - parte 4
Hellen aproveitando a fala anterior de Gil, perguntou:
-Mas então, Andrew. Quando vamos conhecer seu irmão, Bob? E por que não nos falou quase nada a respeito dele? Acho que tudo relacionado a sua família é um mistério pra gente.
-Relaxem pessoal. Nem comigo, ele fala muito sobre a família, e é porquê sou namorada dele. Eu devia ter acesso as informações em primeira mão. - Disse Michelly.
-Você? E eu que sou o brow dele? Brows vem antes de garotas. Ele devia contar essas coisas, primeiro pra mim. Eu tenho prioridades. - Disse Gil.
Foi a vez de Noah:
-Olha, será que sou só eu que não estou me sentindo ofendido, por não terem me contado isso? Mas pra não perder a deixa: você podia ter falado, cara.
-Pessoal, pessoal. Se Andrew não contou antes, com certeza, ele teve seus motivos, não é mesmo? - Oldris tentou ajudar, dizendo.
-Você tem razão e o motivo é simples. Minha família não foi tão presente, quanto eu gostaria. Depois que fiz doze anos, fui mandado para a casa das minhas tias para estudar em uma das melhores escolas que meus pais acharam. Quase não os via, cresci sem muito contato com eles ou com meu irmão. Quando terminei a faculdade, fui morar só em um quartinho em Londres. Depois me mudei umas duas vezes, tive colegas de quarto e por final, vim para cá. Não falo muito da minha família, porquê não tenho muito do quê falar. Mantive algum contato com meu irmão, não nos víamos, mas sempre mandavamos postais. Depois que vim pra Nova York, ele ainda chegou a me ligar uma vez, para dizer que tinha algo pra falar comigo e agora, ele vem aqui.
-Oh, Gil. Nós sentimos muito por isso, não queríamos ser insensíveis, mas não sabíamos. - Disse Hellen.
-Está tudo bem. Eu não tenho problemas pra falar disso, só não tinha achado oportuno tocar nesse assunto.
-Tudo bem, tudo bem. Parem com isso crianças ou vou chorar. Esse assunto está sentimental demais para meus lindos olhos azuis. - Disse Gil.
Rimos, bebemos e conversamos, até tarde da noite. Fomos pra nossas casas. No caminho eu conversava com Michelly.
-Você ficou sabendo hoje, que ele vinha?
-Sim, ele me avisou de última hora.
-Você é seu irmão, mesmo não tendo crescido juntos, são muito chegados, não é?
-Bem, ele é meu irmão mais novo... faço o que posso por ele. Apesar de meio distantes, somos família, assim como você e Oldris são.
-Você quer que eu vá com você no aeroporto?
-Não precisa. Eu posso ir buscá-lo, mas alguém tem que ficar e ajudar sua tia a tomar conta da biblioteca.
-Sim, é verdade. Ficarei com a tia Oldris tomando conta de tudo, pode ir despreocupado. Eu suponho que seu irmão ficará com você, no seu apartamento, certo?
-Claro, com quem mais seria? Você não está se candidatando, está?
-Não. Claro que não. Só que eu tinha pensado uma coisa e talvez... melhor esquecer.
-Agora que começou, por favor, termine. Não faça suspense. O que você pensou?
-Eu tinha pensado em de repente, te fazer uma ou outra visitinha. Até porquê, seu apartamento é muito pouco frequentado por mim, não acha? Mas com seu irmão lá, talvez não seja... hum, como é mesmo aquela palavra que você usou mais cedo?
-Não seria legal? Adequado? talvez você queira dizer.
-Não é nenhuma dessas palavras, mas é quase isso. Deixe eu ver... aparto... aposto... oposto... oporto... Oportuno! Isso! Talvez, não seja oportuno a nenhum de nós.
-Bem, eu acho que uma coisa, não anula a outra...
-Você sempre diz isso.
-Mas é verdade, tenho razão. Não acho que seria inconveniente a nenhum de nós. Meu irmão ficaria comigo, mas ambos teriamos e respeitariamos o espaço um do outro. Não é porque ele vai estar lá, que você não possa ir. Ele terá sua privacidade e nós a nossa.
-É um caso a se pensar, não é mesmo?
-Se você quer pensar sobre isso, por mim tudo bem. Mas pensa com carinho, tá?
-Com todo o carinho do mundo. Pode ter certeza.
-Bom, já chegamos. Acho que é aqui que nos despedimos. - Falei enquanto estávamos parados enfrente as escadas e a ajudei a subi-la. Nos despedimos, voltei pra casa caminhando e pra surpresa de quase ninguém, neve.
Na manhã seguinte, acordei cedo, com batidas na minha porta. Ainda morrendo de sono, fui atender a porta e quem poderia estar batendo minha porta naquele horário? Bom, era Gil.
-E aí, brow. Cadê nosso outro brow que você ia buscar?
-Ah, não! Você? O que veio fazer aqui e ainda as seis da manhã?
-Bom, eu falei que ia com você, buscar nosso maninho. E aqui estou eu.
-Qual parte do "Não Gil, você não vai comigo", você não entendeu?
-Ah, qual é cara?! Você precisa me levar junto, vamos vai ser divertido.
-Só vou buscá-lo as duas da tarde. Ainda falta muito.
-O que me diz de eu esperar aqui com você? Eu faço um bom café e até cozinho.
-Quer saber, tudo bem. Eu vou tomar um banho agora, pode fazer o café?
-Claro. Farei um excelente café. Bona duche amigo.
Fui para o banho enquanto ele preparava o café. Só conseguia pensar que teria que acabar levando esse maluco comigo, seria o jeito. Sentamos a mesa, tomamos o café e lemos o jornal. Não quis dizer nada, mas já vi cafés bem melhores. Avisei a ele que daria um pulo no trabalho, quando disse isso, ele logo saltou da cadeira e disse que iria comigo. Não sabia se o levava comigo, pra evitar que ele pusesse fogo no apartamento, na minha ausência ou o deixava em casa, para poupar minha paciência e bom humor. acabei optando por levá-lo. Não tinha seguro pra incêndio.
Fomos para a biblioteca, passamos pela porta e Michelly veio falar comigo:
-Você está aqui. E seu irmão? Ainda não foi buscá-lo?
-Acho que esqueci de dizer, mas só tenho que ir buscá-lo as duas da tarde. Pensei em passar aqui e ajudar um pouco.
-E vejo que trouxe companhia, não é?
-Esse? Não, é só um amigo imaginário. Por favor, ignore-o e ele irá embora. Acredita que ele apareceu as seis da manhã, batendo na minha porta e querendo saber se já tinha ido buscar meu irmão? Por que estão tão ansiosos para conhecê-lo.
-Bom, Andy... ele é importante pra você e nós somos seus amigos e eu, sua namorada, logo, o que é importante pra você, é importante pra nós também.
-Ela tem razão, Gabb. Se é importante pra você, seu brow tem que saber e fazer parte de algum jeito ou de outro. - Disse Gil.
-Bom, já que estão aqui, o que acham de se mexer, rapazes?
-Vamos. - Dissemos Gil e eu.
Michelly pediu que organizassemos alguns livros, por ordem alfabética. Carregamos caixas, abrimos caixas, pegamos livros, organizamos e Gil pegou dois deles. De um lado, um grande dicionário e do outro, " A tragédia de Macbeth". Ele abriu, folheou, brincou e fez malabarismo com os livros. Reparaou que na capa do livro, o nome do autor era Shakespeare e me perguntou se esse Shakespeare, era o mesmo daquela tão famosa frase: "ser ou não ser, eis a questão.". Respondi que sim e disse que se tratava da peça teatral de Hamelet, citei mais umas duas ou três falas de Hamelet e então ele se virou pra mim com uma sobrancelha levantada, me encarando e disse:
-Ser ou não ser... você é mesmo o quê, Gabb?
-Como assim? Não estou entendendo.
-Nessa vida, tem duas qualidades de pessoas; as que sonham e as que concretizam. Qual você é Gabb? Sei que você tem um sonho, todos temos e todos sabemos. Mas o que você está fazendo para tornar esse sonho mais possível? Você acredita mesmo que seu sonho pode se tornar real? A gente vive, do quê a gente acredita. Em quê você acredita? Quem é Andrew Gabriél? Perguntas que só o próprio pode responder.
-São boas perguntas e uma boa lição de vida. Sinceramente, não esperava isso de você. Bom, eu sou Andrew Gabriél L. Wachowski, um jovem entusiasta, que é apaixonado por livros e o que envolve escrita. Sou um aspirante a escritor e tenho o sonho de publicar livros e mais livros. Desejo ser um grande escritor e dos bons. O que faço pra tornar esse sonho mais possível, você perguntou? Bom, eu não desisto do que acredito e corro atrás do meu sonho. Estou no começo, no esboço do meu primeiro livro e quando terminá-lo, vou atrás de alguma boa editora ou de alguém influente que me ajude na publicação. É um sonho, mas eu irei concretizá-lo. Não ficará só no papel. {risos}.
-Ei, do quê estão falando meninos? Posso participar dessa conversa? - Perguntou Michelly.
-Claro!Estamos falando de sonhos e do quê fazemos para torná-los mais possíveis. Você já teve algum sonho, por mais bobo que fosse, mas era algo que você queria muito e gostaria de torná-lo real?
-Vai parecer meio bobo. Por favor, não riam, tá? Mais quando eu era criança, eu queria ser repórter de TV...
-Repórter?! - Eu e Gil perguntamos.
-Sim, exatamente. Eu achava o máximo aquelas pessoas com roupas bonitas e um microfone em mãos, falando e falando sobre determinado assunto, cobrindo as matérias. A cada reportagem, eles estavam em um lugar diferente. Ah, eu era toda iludida. Queria ser repórter pra poder viajar por cada canto do mundo, atrás de um furo. Bom, hoje eu sei que não é bem assim. Tudo o que você precisa é ter milhas suficientes.
-Se você pudesse, não tentaria realizar esse seu sonho, atualmente? - Perguntou Gil.
-Eu não sei, era um sonho de criança que depois eu até tentei tornar real, mas hoje, não sei se me vejo como alguém que aparece na TV.
-Então quer dizer que com um pouco mais de persistência sua, hoje a veríamos nas grandes noticias. -Perguntei brincando.
-Com um pouco mais de persistência, eu não sei. Mas numa realidade alternativa, quem sabe.
-Realidade alternativa? Você realmente acredita em realidades alternativas? O que você pode me dizer da nossa alternativa realidade?
-Bom, numa realidade alternativa, nós dois terminamos juntos. Casamos, compramos uma bela casa, tivemos dois lindos filhos e um cachorro. Vivemos até os noventa e oito anos e fomos muito felizes.
-Numa realidade alternativa, nós ficamos velhos e morremos? Essa é a realidade alternativa, menos divertida que você já criou. Tanta coisa pra gente viver e você pulou logo pra parte em que não viveremos mais? Poxa...
-Não seu bobo, não é a isso que se resume. O que você queria? É a primeira realidade que eu crio, pelo menos, que você sabe. Não é um completo tédio. É claro que faríamos muitas coisas antes de ficarmos velhos e consequentemente morrermos. Mas resumindo tudo: Numa realidade alternativa, somos eu e você, pra sempre.
-Eu sei. Só estava brincando. É claro que é o plano perfeito pra nós, seria incrível. Só me pergunto: por que em uma realidade alternativa e não nesta?
-Nesta? Podemos mesmo fazer isso?
-Claro! Como Gil disse: Vivemos do que acreditamos. Se acreditarmos que pode dar certo, não me pergunte como, mas dará. A nossa realidade, somos nós quem fazemos.
-Modders da realidade.
-Isso! {Risos}.
-Odeio interromper o momento de vocês, pombinhos. Mas esses livros não vão se organizar sozinhos e nem pense que farei todo o trabalho só. Além do mais, olhem no relógio, já tá quase na hora de ir pegar nosso little brother. -Lembrou Gil.
-É mesmo, que horas são?
-Nossa! Já são quase duas. - Respondeu Michelly.
-Pelo visto, nos entretemos mesmo com os livros e esse bate-papo. Quem disse que os livros não são um bom entretenimento, mesmo? Acho que temos que ir agora.
-Vamo que vamo, Gabb! - exclamou Gil.
-Vão lá e comportem-se rapazes. E Andrew, eu espero você mais tarde. Minha casa... você já sabe em qual porta bater.
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