Hellen olhou pra nós, riu e disse:

    -Garotos... - Enquanto balançava a cabeça para os lados.
Logo depois ela me fitou com os olhos e disse:

    -Andrew Gabb, acho que você devia aceitar os ingressos do Senhor-lorde-magníssimo-ilustríssimo William...

    -Tuchê, ma Chérie. - disse Gil.
A palavra voltou para Hellen:

    -Vamos, vai ser divertido. Eu e Noah, Você e Michelly, e os Lakers. Vamos, Andy Gabb.

    -Esperem, vocês estão imaginando todos os cenários possíveis, mas nem sequer chegaram a me consultar se eu gostaria de ir. - Michelly se pronunciou.

    -Você não quer ir? - perguntei.

    -Com você me convidando assim, lindinho... Eu gostaria de ir, não sei você. Que tal se eu pegar os ingressos e você for comigo? - perguntou ela.

    -Uau, que mulher de atitude! A última vez que vi uma mulher de atitude assim... espera, nunca vi mulher nenhuma com esse tipo de atitude. Se deu bem Gabb. - Disse Gil.

    -Isso senhoras e senhores, é a mais pura demonstração de uma mulher moderna, eu diria empoderada, mas já tenho até medo de usar essa palavra com tanta gente a usando da maneira errada... Hoje, qualquer besteira é dito como empoderamento feminino. Bons tempos, quando se desdobrar pra trabalhar fora enquanto tinha que cuidar da casa, era sinônimo de empoderadamento. - disse Hellen.

    -Eu acho que a garota tem atitude. Cadê sua atitude, Gabb? Ela convidou você, agora, só precisa se arrumar, colocar uma roupa bem bonita e esperar que ela te pega as sete. {risos}. - disse Noah.

  Ele reforçou a ideia de que Michelly tinha mais atitude que eu e tomou uma iniciativa que deveria ser minha. Na visão deles, Michelly era "O cara" que levaria essa mocinha, no caso eu, para o baile de formatura. Em outras palavras, eles queriam dizer que os papéis se envertiam e nas próximas vezes, eu deveria ter mais atitude.
  Mediante a tais circunstâncias, só me cabia aceitar aqueles ingressos, então eu disse:

    -Tudo bem, se vocês querem os Lakers, teremos o Lakers. Nos vemos naquele jogo.

    -Combinado. - disse Noah.

    -Pego você as sete, lindinho. Esteja pronto. - brincou Michelly.

Todos rimos, pedimos alguns lanches, como; batatas fritas e salgadinhos para acompanhar as bebidas, continuamos lá, jogando conversa fora, até umas onze e meia, quando deu o horário, todos nós nós retiramos para nossas casas. Mais uma vez acompanhei Michelly e Oldris, as deixei bem na porta de sua casa, Michelly pegou minha mão e a balançou pra lá e pra cá, ela então disse:

    -Estou feliz que tenha aceitado aqueles ingressos. Mal posso esperar pra ver esse jogo com vocês.

    -Não sabia que os Lakers eram tão importantes assim pra você. - Eu falei.

    -E não são. Não é pelos Lakers que vou a esse jogo... -respondeu ela.

    -Ah, não? É pelo que então?

Ela se aproximou lentamente de mim, fez parecer que beijaria minha boca e beijou minha bochecha, em seguida disse:

    -É por você, gatinho.

Eu paralisei na hora, deixei escapar um leve sorriso no canto da boca, tão discreto que ela nem sequer percebeu. Na primeira vez que ela me beijou, pensei que ela podia gostar de mim, na segunda, eu tive essa certeza. Eu não sabia o que pensar ou sentir, ela era uma garota incrível, mas, éramos bons amigos e eu não estava procurando algum tipo de relação no momento. Não queria estragar o que já tínhamos, por algo que poderíamos ter, mas não era certo que teríamos. Então, naquele instante apenas a agradeci, ri e disse:

    -Tenha uma boa noite, Michelly.

E voltei para minha casa. O que tinha acontecido naquela noite passei tudo para o papel, já estava pensando em rebatizar meu velho bloco de notas de diário, só escrevia coisas minhas nele. O que achei que estava bom, passei para o notebook, me rendeu algumas páginas, mas não era o suficiente pra chamar de livro. Dormi, pois precisaria estar no trabalho no dia seguinte e no que vinha depois e depois, passei a semana toda trabalhando, a boa é velha rotina, perfeita e monótona, até que chegou a terça da outra semana.
  O jogo dos Laker estava as portas, cairia na quarta, mas já estávamos comemorando a véspera. Passamos mais uma noite no bar, juntos, todos teoriazando o resultado do jogo, Gil já tinha aproveitado para apostar e pedir os nossos lances, fizemos um bolo e apostamos no três a dois para os Lakers, Gil pegou nossas cervejas e anunciou:

    -Aposta boa é aposta que rende, pessoal. Só entre nós mesmos, excluíndo o resto do bar, vamos cada um apostar num resultado. O que ganhar ou chegar mais perto, leva a grana e o que der o chute mais longe de acertar, paga a primeira rodada de bebidas para o grupo por uma semana. O que acham?

    -Tudo bem. - dissemos.

E fizemos nossas apostas individuais, só entre nós, esperando que o resultado chegasse e o perdedor pagasse a primeira rodada dos dias seguintes. Chegou a quarta, era o grande dia. Todos estavam ansiosos pelo jogo, acho que ninguém mais ansioso que Gil, ele tinha apostado uma boa grana com a gente, ele cruzava os dedos para que tivesse um bom retorno. Eu estava em casa terminando de me arrumar, eram quase sete, Michelly disse que passaria na minha casa, sabia que era só piada do Noah e ela estava fazendo uma graça quanto a isso, mas preferi não esperar que ela viesse. Eu mesmo fui na casa dela. Quando cheguei na porta, ela já vinha saindo, me viu e disse:

    -Você veio? Eu falei que passaria na sua casa. Devia ter me esperado.

    -Eu podia ter esperado, mas, então quem te pegaria na porta?

    -Uau, que cavalheiro ele... Vamos, my Lorde.

    -É claro, my Lady.

Ela me deu a mão, como uma princesa estende a mão ao príncipe quando se propõem a dançar, a puxei para meu lado e caminhamos de braços dados. Passamos no apartamento de Noah e Hellen, eles sinalizaram que logo desciam, desceram, pegamos um táxi e seguimos para o jogo. Ao chegarmos, era exatamente como Gil disse, uns dos melhores lugares, nas primeiras fileiras, sentamos e começamos a assistir o jogo, o primeiro tempo tinha começado à alguns minutos, ninguém tinha marcado nada ainda, a torcida estava forte, gritava e vibrava a cada lance. Noah e Hellen estavam sentados juntos, a minha esquerda, Michelly estava a minha direita. Tinhamos uma boa visão daquela partida, em algum momento, Noah disse:

    -Nossa, esqueci de pegar a pipoca e os refris, mais alguém quer? Vou pegar e trago pra vocês também.

  Olhei pra Michelly, perguntei se ela queria pipoca e refrigerante, ela disse que sim, então pedi que Noah trouxesse pra nós também. Ele saiu, Michelly pegou minha mão e apertou forte, aproximou-a do rosto, me chamou pra perto e falou em meu ouvido:

    -Quando Noah voltar, você pode ir lá fora comigo, um minuto? Queria falar uma coisa com você.

    -Tudo bem. - Eu disse.

  Noah voltou, trouxe as pipocas e refrigentes, nós comemos e bebemos enquanto víamos o jogo, a pipoca acabou e Noah falou que iria pegar mais, Hellen se voluntáriou para ir com ele, ficamos só eu e Michelly, ela se levantou deu cinco passos, virou e me chamou com a mão, fui atrás dela, ambos fomos lá pra fora e estando lá, eu perguntei:

    -Bom, o que queria falar comigo? - Ela parecia meio nervosa. - Pode me contar qualquer coisa, você sabe.

    -Bem, o que eu queria falar com você é que... é que... é...

     -É que, o que Michelly? Por favor, não faça tanto suspense {risos}.

    -Bom... Acho que... tia Oldris parece bem melhor depois que demos um dia inteiro dedicado a ela. Ela anda bem mais feliz agora, obrigada Andrew, devo isso a você e também aos outros. E ela disse que qualquer dia desses, seria bom que viesse jantar conosco novamente.

    -Tudo bem, qualquer dia desses, quando vocês quiserem, eu irei. Tem certeza que era só isso?

    -Tenho sim.

  Entramos, voltamos aos nossos assentos e continuamos vendo o Jogo. Os Lakers tinham feito dois pontos no primeiro tempo, já ia começar o segundo, Noah tinha aproveitado o intervalo para comprar mais lanches. Hellen foi ao banheiro e ficamos só eu e Michelly, nos olhamos e rimos sem motivo. Ela estava linda aquele dia, naquele jogo, acabei deixando escapar esse comentário, ela sorriu meio sem jeito e me agradeceu. Noah e Hellen voltaram, o segundo tempo começou, a bola rolava pra lá e pra cá, o time adversário tinha conseguido marcar um ponto, não demorou muito e mais um, estavam empatados. Dois a dois, a próxima jogada poderia definir o final da partida. Estavam todos muito apreensivos, todos atentos e quando pensam que não... ponto pros Lakers! Três a dois, tínhamos ganhado! Logo saltamos dos nossos assentos, começamos a pular e gritar, Michelly vibrava muito, eu pulava, gritava e olhava para ela, em um milésimo de segundo, ela pula no meu pescoço, me agarra e me beija. Um beijão daqueles, de tirar o fôlego e eu só pude corresponder. Depois que nos soltamos, ela olhou pra mim, eu olhei pra ela, ficamos meio sem jeito, olhamos pra baixo, voltamos a olhar um pro outro enquanto coçavamos a cabeça e riamos. O jogo acabou, os Lakers ganharam e nós também, voltamos pra casa, das nossas casas fomos pro bar para comemorar, passamos a noite inteira lá, Gil pagou uma champanhe e uma rodada das melhores bebidas, as primeiras bebidas de toda uma semana que ele pagaria. 

  Ao terminar a noite, tomamos a última saideira e enfim, voltamos pras nossas casas, voltei caminhando com a Michelly e ao chegar na porta, ela apenas sorriu e disse tchau. Eu segurei sua mão, a puxei bem pra perto, faltavam poucos sentimentos para quê nos beijassemos, então a perguntei:

    -O que foi aquilo? O que significou aquele beijo?

   -Pode ter significado tudo e ao mesmo tempo nada.

    -Por favor, Michelly. Seja mais clara comigo.

    -Tudo bem... a verdade Andrew, a verdade que eu queria ter dito naquela hora, antes do intervalo do jogo, é que... com toda a sinceridade... ai, como é difícil! Eu gosto de você! Eu gosto de você Andrew, gosto muito de você, mas, não sei se você sente o mesmo por mim e não queria estragar nossa amizade. Mas, teria como uma garota boba como eu, ficar com um alguém tão legal e maduro como você?

    -Isso é um pedido informal?

   -Não sei. Talvez... se fosse, o que você me diria?

    -Michelly... Eu também gosto muito de você e não quero estragar nossa amizade... Por isso mesmo, eu aceitaria. Pois acho que uma coisa não iria anular a outra. Eu gosto de você, não sei muito bem se estou pronto pra começar uma nova relação outra vez, mas se estivesse, gostaria que fosse com você. Então, sim. Sim, seria minha resposta.
Ela sorriu e começou a chorar ao mesmo tempo, pulou em mim, me abraçou e me beijou, um beijo bom e demorado. Ao final, ela me agradeceu:

    -Muito obrigado, Andrew. Obrigado. De tantas outras garotas nesse mundo, você escolheu dar uma chance a mim. Você me escolheu e eu agradeço. 

  Ela beijou minha bochecha, em seguida beijou meu nariz, já se despedindo, subiu as escadas e acenou da porta enquanto eu ia voltando pra casa.
  Começamos a namorar a partir daquela noite de outono, depois do jogo dos Lakers. Não houve um dia em que ela não sorrisse pra mim e sorrisse de volta, ela era uma ótima namorada. Tem gente que diz que quando se ganha no jogo, se perde no amor, naquele outono, eu ganhei nos dois.