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Capitulo 2: Verão - parte 3

Voltamos pra pista de dança pra nos mexermos mais um pouco, fiquei com Michelly e os outros tentando dançar, enquanto isso, Gil saiu pra ir ao banheiro, na volta ele passou no balcão e pediu ao barman duas cervejas, se aproximou de uma garota que estava dançando e perguntou:

-E aí, gracinha. O que acha de vir comigo e eu te pagar uma bebida.

-Ah, eu não me importaria nada. -respondeu ela.

Era muita cara de pau, Gil já tinha vindo com Monique, deixou ela com a gente e foi cantar outra garota. Mas a vida não deixa barato, nem mesmo para alguém como ele. Numa sucessão de poucas goles de cerveja e alguns minutos, o namorado ciumento daquela garota a vê com Gil e decide vir tirar satisfação:

-Ei, seu babaca. O que acha que está fazendo com a minha garota?

-Ou ou ou, vamo com calma aí. Babaca, não! Ela é sua garota? Sinto muito, como eu iria adivinhar? Não vi nenhuma etiqueta com seu nome nela. - respondeu, Gil.

-Como é seu idiota? Você tá querendo arrumar problema comigo, cara?

Estamos a uma certa distância, mas rapidamente conseguimos ver a situação, percebemos que se tratava de uma discussão que Gil tinha se metido, então fomos todos lá.

-Ei, o que está acontecendo aqui? - perguntou, Noah, tentando entender o que levou a aquilo.

-Esse idiota é seu amigo? Pois ele estava dando em cima da minha garota e não gostei nada disso. -Esbravejava o namorado dela.

-Ou, isso é verdade, Gil? Qual é cara!? - Perguntou, Noah.

E eu reforcei dizendo:

-Ah, não cara! Você não fez isso.

-Eu não fiz nada de errado, não estava cantando ninguém. Apenas me ofereci pra pegar uma bebida pra essa pessoa legal que acabei de conhecer. Isso é algum crime em algum condado? Porque até onde sei, aqui em Manhattam não tem nenhuma lei contra isso. - Argumentou, Gil.
O namorado dela já impaciente, olhou para os lados e disse:

-Quer saber cara...

E deu um baita soco na cara de Gil, que cambaleou quase caindo no Chão, ele levanta respira fundo e da um chute no meio das pernas do cara, seguido de um soco bem no meio da cara. Ele encerra dizendo:

-Isso, senhoras e senhores, é para vocês aprenderem a nunca mexer com Gil C.Barker.

Seria uma bela finalização de apresentações, se, caso alguém estivesse prestando atenção nele, além de nós, claro. Próximo da portaria, alguns amigos daquele cara viram a situação e encontrando seu amigo apanhado, resolveram tomar as dores e tentar vingá-lo, vieram os cinco pra cima de Gil, ficamos parados ali, esperando pelo pior, até fechamos os olhos, quando abrimos, estava o canto mais limpo. Gil, na primeira oportunidade saiu correndo em direção aos fundos, quando percebemos sua ausência e o avistamos de longe cruzando a porta, corremos atrás dele e os amigos daquele cara, correram atrás de nós, alcançamos Gil, mas para nossa infelicidade, aqueles caras também estavam nos alcançando, quando por um milagre aparece um táxi, o mesmo motorista que nos pegou duas vezes na noite em que saímos com Angel e Jersey. Ele parou e perguntou:

-Estão indo a algum lugar? Precisam de um táxi?

-Sim, claro! -respondemos juntos.

E entramos, pedimos que dirigisse e nos levasse o mais longe possível dali, ele pisou fundo, acelerou e saímos cantando pneu de lá.

Fomos de volta para o bar, onde nos despedimos e cada um foi pra sua casa; Gil e Monique foram juntos, com ele não escapando de lavar um tapa e ter que se explicar, Noah e Hellen foram para sua casa e eu fui acompanhar Michelly até a dela.

Quando chegamos, na porta Oldris já estava esperando, me cumprimentou, nos perguntou como foi a noite e lembrou-me de estar amanhã cedo no trabalho de novo, ela iria sair para resolver alguns assuntos. As duas entraram conversando baixinho e rindo. Voltei pra casa, sentei a mesa com um bloco de notas e comecei a rabiscar, escrevi algumas coisas, risquei outras, mas parecia não chegar a lugar algum. A ponta do lapis quebrou, então fui até o criado mudo em meu quarto, ao lado da cabeceira da cama para pegar um apontador, peguei o apontador e voltei pra mesa, escrevi mais umas dez linhas e não tive mais paciência para continuar. Eram três e cinquenta e sete, eu tinha perdido o sono, mas minha barriga roncava de fome. Peguei um pão, duas fatias de queijo e presunto e fiz um belo sanduíche, comi enquanto assistia ao telejornal, por volta das cinco e quinze que eu peguei no sono.

Vinte minutos depois o despertador tocou e tive que levantar, já era hora de trabalhar. Fui cedo até a biblioteca, Oldris se encontrou comigo no caminho para lá, disse que tinha deixado as chaves com Michelly e que tinha de sair, nos veríamos em uma semana.
Uma semana inteira se passou, Oldris ainda não tinha chegado e era uma semana que Gil, se queixava. Desde que tinha arrumado briga na RetroClub, ele se maldizia com uma dor de dente. Ele não parava de falar a respeito, até que um dia, naquela semana, ele me chama e diz:

-Gabb, preciso de você, amigo. Naquela noite na RetroClub, aquele cara que me deu um soco, quebrou meu dente.

-Só um? O que você esperava? Você deu em cima da namorada dele. E depois ainda devolveu o soco que ele te deu. Tivemos sorte que foi só um dente, Gil.

- De que lado você está? Até Concordo que tivemos sorte. Mas acontece que quando o dente quebrou, um pedaço dele ainda ficou dentro da gengiva. Por isso doia tanto. Preciso extraí-lo.

-Tudo bem. Mas o que espera que eu faça? Não sou nenhum dentista, você sabe. Sou um escritor iniciante.

-Claro que sei e não confiaria em você com um alicate perto dos meus dentes. Eu já marquei em uma clínica odontológica, no centro da cidade. Só preciso de alguém que vá comigo e quem melhor do que você? Vamos lá, Gabb.

-Pra quando precisa?

-Amanhã, Gabb. Já está tudo agendado, só precisamos estar lá. Me encontre amanhã, pela manhã, em frente à este bar.

-Tudo bem. Como quiser.

Estávamos só eu e Gil aquela noite no bar, bebemos e fomos pra casa. No dia seguinte, de manhã cedo eu já estava lá a espera e nada dele chegar. Pensei que podia ter chegado muito cedo, então resolvi esperar. Quando já iam se encaminhando pras dez da manhã, eu fiquei impaciente e pensei: "ele só pode estar de brincadeira com a minha cara". Quando achei que iria esbravejar aquilo, ele me chega:

-Ah, você está aqui. Vamos logo, não podemos nos atrasar.

-Falando em atrasar... porque você demorou tanto? Disse pra estar aqui cedo, eu vim por volta das seis e esperei até agora. - Eu disse.

-Mas, dez horas são cedo pra mim, aqui e em qualquer lugar do globo. Tá brincando? As seis? Ah, você quem chegou cedo demais. Agora vamos lá. Táxi! ...

E pegamos um táxi, rumo a clínica odontológica que ele tinha horário, não nos demoramos a chegar. Descemos do táxi e entramos na clínica, chegando lá, falamos com a atendente dissemos ter hora marcada, ela pediu que sentassemos e aguardassemos um pouco. Foi o primeiro pasciente e tudo correu muito bem, foi o segundo pasciente e tudo perfeito. Eramos o número cinco. Foi o terceiro pasciente e nada mais, nada menos que excelência. Foi o quarto pasciente e tudo ocorreu na mais perfeita ordem. Quando chegou a vez de Gil, ela chamou:

-Senhor Greg William é sua vez. Sr. Greg William?

Ele respondeu quase engasgando:

-Si-Sim. Bem aqui.

-É sua vez, Sr Greg William.

Era a primeira vez que ouvia alguém chamá-lo assim, até então, só o conhecia por Gil. Não sabia que Greg William era seu nome. Foi uma interessante descoberta para aquele dia, não mais interessante que a descoberta que veio a seguir. Gil me pediu que o acompanhasse, perguntei a atendente se podia, ela disse que não havia problema. Então segui com ele até a sala do dentista, chegamos primeiro, o doutor ainda não tinha chegado.

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