Capitulo 1: Primavera - Parte 2
Peguei meu celular e haviam duas ligações; eram do meu irmão caçula, Bob. Não fazia a mínima ideia do quê poderia ser, mas pensei comigo mesmo:
- Não deve ser nada muito urgente, ligo mais tarde - e voltei para o que estava fazendo.
Naquele momento, só precisava entregar as chaves pra Oldris; a Gerente bibliotecária mais carismática que conheci. Ela tinha seus quarenta e sete anos, mas estava em perfeita forma, era de invejar qualquer jovenzinha. Uma mulher madura, excêntrica e muito convicta.
Entreguei as chaves e desejei uma boa noite à ela. Ela me respondeu dizendo:
- tenha uma boa noite você também! E não se esqueça de estar aqui amanhã cedo, preciso da sua eficiência. Então, nada de moleza, hein!
Respondi:
- É claro. - rindo um pouco.
E sai, rumo ao Central Park, que já era de rotina passear por lá ao findar das tardes.
Ao chegar lá, ainda pude acompanhar o sol se pôndo. Sentei e esperei, olhei pro alto vendo aquele azul médio se tornando um azul cobalto e escurecendo mais e mais. O Sol se despedia tão calma e serenamente que parecia até um aceno, dizendo-nos "até breve! Logo estarei de volta.", era simplesmente perfeito! E eu estava bem ali, admirando aquilo. Então resolvi puxar do bolso a minha caderneta e nela escrever minhas impressões daquela tarde, escrever sobre o sol escorregando em meio ao horizonte, falar também da lua que logo o sucederia, falar das estrelas, quem sabe das noites em claro sob a luz do luar... Foram tantos eventos, tantas emoções, tantas paixões que não sei se caberia tudo no papel.
Escrevi tanto o quanto deu. Pra ser mais preciso, escrevi até que minha mão cansasse e mal pudesse segurar a caneta. Haja palavras! Sentia que ali poderia surgir os primeiros esboços da minha melhor obra até então, as primeiras palavras e páginas para meu livro. Ali começaria tudo.
Ainda meio envolto na história que começara a escrever, mal me apercebi que já eram quase oito e meia, e ainda tinha que ir ao bar como mandava a tradição. Então guardei de volta o papel e a caneta, chamei um táxi e fui direto para o bar. Mal sabia eu naquele momento, que a minha noite estava apenas começando.
Não demorou muito, ao chegar no bar, para minha surpresa estava lotado.
Acho que nunca tinha visto tanta gente assim naquele bar, era impressionante como o movimento não parava, se saia um número xis de pessoas, logo entravam o mesmo ou até o dobro. Foi difícil achar um lugar pra sentar, mas com pouco tempo de espera logo apareceu um e eu não podia deixá-lo vago, tinha de sentar e apreciar minha cerveja.
Bebia tranquilamente, quando de repente uma mão toca meu ombro e diz:
-Que surpresa boa! voltamos a nos ver outra vez Gabriél.- Era o cara da outra noite; Gil.
-Sim e dessa vez com a casa cheia.
-Isto, é ótimo! Lembra-se que da outra vez tinha prometido ensiná-lo a viver?
-Sim, como não? Promessa essa que adiamos para uma próxima oportunidade. Mas o que tem isso?
-Bom, essa é a oportunidade perfeita não acha? Nova York reuniu aqui as melhores possibilidades de uma noite fantástica. Há tanto que poderemos fazer.
-Só consigo me perguntar, do quê você está falando, Gil?
-De uma noite de aventuras, meu bom homem. Veja só aquelas lindas garotas na mesa ao lado, o que acharia se as chamassemos pra sair.
-Numa espécie de encontro duplo?
-Sim, uma espécie de encontro duplo. Eu, você e quaisqueres outras garotas da cidade e talvez até de fora, se dermos sorte.
-Bom, não estou fazendo nada e não estou comprometido. Mas, quero me manter assim, não sei se estou pronto pra uma nova relação.
-Mas quem falou em compromisso ou relacionamentos? Estou te oferecendo uma chance de uma noite de aventura, que começa no bar e termina no apartamento de alguém, de onde vamos sair o mais depressa possível depois de terminar, sem tempo para agradecimentos ou despedidas. É disso que estou falando.
-Então esse é seu estilo de vida? Um jogador certo?
-Me considero mais como um completo amante das beldades chamadas mulheres. E você meu amigo, também é um! Dá pra ver no verde desses olhos, garoto.
-Mas não são verdes.
-Me chame de daltônico, que se dane! Mas sim, eles são um tom esverdeado.
-Okay, você me convenceu.
-Também acha que eles tem um tom esverdeado?
-Não. Quero dizer, sim, talvez. Mas não é disso que estou falando. Me refiro as garotas.
-Então você vai mesmo comigo?
-Me mostre o seu melhor, amigo. Quero ver como se sai com aquelas lindas mulheres, se não levarmos o fora na primeira, tiro meu chapéu pra você no final da noite.
-Apenas siga o Mestre, pequeno gafanhoto.
Caminhamos até a mesa das garotas, eu não sabia o que esperar vindo daquele cara, mas imaginava que provavelmente iríamos levar um fora daqueles, elas não pareciam o tipo de garota fácil, que cai na conversa de qualquer malandro. Assim que chegamos à mesa, ele se inclinou pra elas e perguntou:
-Com licença, moças. Eu e meu amigo poderiamos ter o prazer de pagar uma bebida pra vocês?
Elas não demoraram a responder, dizendo:
-Claro, nós adoraríamos. Por favor, sentem-se aqui com a gente.
Elas eram realmente lindas, não acreditei que tinham aceitado nossa companhia tão fácilmente. Mas, em nossa defesa; ambos tinhamos boa aparência e não estávamos mal vestido, eu usava um bom casaco e meu companheiro vinha trajando um belo terno. Chego a pensar que fazíamos até uma bela dupla.
Pegamos as bebidas com o barman e nos dirigimos a mesa delas, chegamos, sentamos e começamos a conversar. Gil pergunta:
-Então moças, de onde vocês são?
Elas responderam juntas:
-Somos de Hoboken, Nova Jersey. Nós duas {Risos}.
-Muito interessante -Eu disse.- Já fui a Nova Jersey uma vez, mas estava só de passagem. Deve ser muito bonita nessa época do ano.
-Sim, é realmente muito bonita nessa época. Principalmente se você for ao Libert State Park, é lindo! -disse uma delas.
Até aqueles momento, a pergunta mais importante ainda estava por ser feita. Já fazia alguns minutos que estávamos sentados conversando com aquelas garotas e ainda não sabíamos seus nomes. Foi então que perguntei:
-Quais seriam os nomes de vocês mesmo garotas? Isso é, imagino que vocês tenham nomes, não é verdade.
-Eu me chamo Jersey.-disse uma delas.
Respondi:
-Jersey? Como a cidade, certo?
-Sim, exatamente! Eu e a cidade compartilhamos o mesmo nome {risos}.
E a outra disse:
-Já eu, me chamo Angel.
Eu ri educadamente enquanto Gil tomou a frente e falou:
-Olha só o que temos aqui Gab, Jersey e Angel; duas das melhores cidades que conheci. {Risos} essa deve ser nossa noite de sorte.
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