Capitulo 1: Primavera
Era Primavera, as folhas brotavam nos galhos e desabrochavam-se as flores, sobreando cada pedacinho de chão.
Sempre gostei da brisa primaveril, ela me traz boas recordações da infância e marcava agora minha juventude.
No auge dos meus vinte e seis anos, eu, Andrew Gabriél L. Wachowski, nascido e criado em Londres me mudei pra grande e tumultuada Nova York. Em londres eu era um jovem estudioso, fascinado pelo mundo da literatura, em Nova York eu almejava ser um grande escritor, tinha, na verdade sempre tive vontade de adentrar nesse mundo. Mas por hora, era apenas um pequeno aspirante.
Já fazia seis meses que havia me mudado, Midtown-Manhattan, esse era o lugar; ficava um pulo do central parque, não muito longe da biblioteca pública e de tantas outras, além de ficar só à alguns minutos do meu bar preferido, até então. Da minha casa até o bar levava só alguns minutos, menos de meia hora, eu garanto. Não sei se era o ambiente, as bebidas, o barman muito simpático ou o fato de ser o bar mais proximo que me fazia adorar aquele lugar.
Após esses seis meses de estada, consegui arranjar um trabalho; simples, o salário não dos melhores e me tomava boa parte do dia. Mas era algo que me aproximava da escrita, dos autores, dos livros. Consegui um trabalho na biblioteca, organizando caixas pesadas nos fundos, recebendo os livros novos que chegavam, organizando as estantes, recepcionando quem ali viesse... bom, não me faltava trabalho.
No final da tarde após meu expediente, costumava ir até o Central Park passear um pouco.
- Que vista.- Era o que pensava ao entardecer naquele local.
Paisagens naturais sempre me chamaram a atenção, se não tivesse tanta paixão pela escrita, talvez, fosse guiado a seguir a arte dos "pincéis em tela". Mas, não era tão bom assim com tintas. Por sorte, sabia um pouco da arte de brincar com as palavras. Minha mãe era uma excelente artista e ainda mais excelente professora, me ensinou muito do que sei e me utilizo até os dias de hoje, agradeço. [grato].
A noite por volta das sete, sempre ia ao bar; pra beber um pouco, fazer algumas anotações, escrever, me inspirar e quem sabe fazer alguns amigos... amigos... acho que precisava de alguns, já fazia um tempo que estava lá, que frequentava aquele bar e ainda não tinha feito muitos amigos (acho que minha chefe não conta).
Ficava pensando: -Será que sou antipático?- Bem, acho que estava focado demais em, sobre o que queria escrever que acabava por não dar tanta atenção pro mundo a minha volta.
Mergulhava de cabeça no mundo novo que começava a emergir quando estava escrevendo.
A cidade de Nova York era grande e as possibilidades ainda maiores, nem sabia por onde começar a escrever. Mas tinha certeza que logo saberia.
Fazendo já cinco minutos sentado no bar, pedi ao barman uma cerveja e de repente uma mão toca meu ombro com uma voz dizendo:
-Duas cervejas.- E continuou a dizer -Precisa de um amigo? Ora, quem não precisa, não é mesmo. Não sabia que não se deve beber sozinho? Vamos, eu bebo com você e farei mais, hoje vou ensinar você a viver.
Podia apostar cinquenta pratas se tivesse, que aquele cara só podia estar bêbado. Mas aceitei a companhia dele.
- Prazer, me chamo Gil.- Ele disse.
Respondi:
- Prazer, Sou Gabriél.
- Então Gabriél, o que te trás aqui?
- Cheguei a pouco tempo na cidade, conheço poucas pessoas e lugares, mas gosto daqui. Venho pra beber um pouco, escrever e passar o tempo.
- Ora, ora você escreve! Livros, eu suponho?
- Sim, exatamente.
- Um escritor de livro, hum.. Será que conheço algum de seus trabalhos? Talvez, já tenha lido Gabriél alguma vez. Qual seria o seu título mais conhecido?
- Creio que ainda não tenha nenhum título mais conhecido, ainda estou começando na escrita. Mas tenho certeza que estou no caminho certo.
- Oh, sim. E agora que o conheço, tenho grandes expectativas em você.
-Obrigado, é bom ouvir isso.
- Por nada. Mas, como ainda está começando a escrever, deve trabalhar em alguma outra coisa. As pessoas precisam pagar suas contas e com você não deve ser diferente.
- Tem razão. Trabalho em uma biblioteca não muito longe daqui, faço de tudo. Não paga muito, mas o emprego é legal e dá pra pagar as contas.
- Mas, como não? Já devia imaginar. Onde um escritor iniciante iria trabalhar? Claro, uma biblioteca. Por que não? - O telefone toca, ele pede um minuto e fala por algum tempo, depois de desligar, diz:
- ... Mas, falando sério, é bom saber que está se adaptando bem nesta cidade. Acho que vamos ter de deixar as minhas aulas de como viver a vida pra depois, foi bom conversar com você, agora pode dizer que somos amigos. Se precisar de ajuda com alguma coisa, pode falar comigo. Aqui o meu cartão e mais uma vez, foi bom falar com você.
- Igualmente.
E assim ele saiu, deixando apenas o cartão e duas cervejas pra mim pagar. Continuei sentado, peguei um bloco de notas e uma caneta e comecei a escrever alguns pensamentos... Quando me dei conta, já eram quase dez da noite. Chamei um táxi e fui pra casa, seria um longo dia amanhã e eu precisava dormir.
No dia seguinte, levantei cedo. Devia ser umas cinco e meia, já estava claro, tomei um bom banho pra renovar as energias, troquei de roupa e fui preparar o café da manhã. Panquecas em calda e um bom e velho café, essa foi minha receita do dia.
Abri a porta pra pegar a correspondência, o jornal e umas revistas, as li enquanto tomava o café. A correspondência eram só algumas contas pra pagar, as revistas; de esportes e outra sobre o mundo das celebridades, e o jornal, um times que falava mais do mesmo; o preço do combustível e dos alimentos, pessoas em greve, uns e outros crimes... parecia que já tinha lido umas quinhentas vezes, embora fosse daquela mesma manhã.
Terminei a leitura, fechei o jornal, peguei minha bolsa e sai pro trabalho. Quando lá cheguei, já comecei a me mexer, tirei a poeira acumulada nas estantes, organizei os livros e fui receber as encomendas; haviam acabado de chegar novos livros, uma coleção de romances, suspenses e intrigas.
Enquanto colocava os novos livros em uma prateleira, olhos atentos me observavam seguindo cautelosamente meus passos. Era uma jovem moça, devia ter por volta de uns vinte e três à vinte e cinco anos, era realmente muito bonita e atenta, mas eu não estava procurando relacionamentos. Havia acabado de sair de um bem complicado de onde vinha, e não me sentia pronto pra tentar outra vez, nem agora, nem tão cedo.
Ela continuava a me observar e eu já estava para lhe perguntar se podia ajudá-la e o que tanto olhava em mim. Não era que me incomodasse, mas me deixava curioso para saber o que se passava, foi então que ela lentamente se aproximou de mim e disse:
-Olá, boa tarde.
Respondi prontamente:
- boa tarde, em que posso ajudá-la.
- Gostaria de saber se já chegaram os novos livros, previstos para hoje?
Informei à ela que sim, que já haviam chegado os livros que haviam sido encomendados. E revelei a ela onde estavam.
- encontram-se bem ali, naquela caixa. Embaixo da prateleira a sua esquerda.
Ela então virou-se, caminhou até a prateleira, se abaixou e pegou alguns livros de dentro da caixa, em seguida exclamou:
-Isso é ótimo! eles chegaram. Muito obrigada.
Sorri levemente e disse:
-De nada.
Então ela foi saindo, mas antes que cruzasse a porta reparei que ela havia deixado cair um cartão, muito provavelmente quando se abaixou para pegar os livros. Rapidamente o recolhi e li o que havia escrito, tinha em destaque seu nome, número de telefone e endereço. O nome no cartão era Michelly, mas não sei ao certo se ela tinha cara de Michelly, talvez Jeniffer, quem sabe.
Mesmo ainda não sabendo o que faria, resolvi guardar aquele cartão comigo, então logo que terminei de lê-lo, guardei no bolso do meu casaco. Já era final de tarde, quase seis e meia, quando terminei de organizar os livros e recepcionar nossos caros leitores.
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