05. a primeira fase de Park Jimin.
esse capítulo é um pouquinho difrente e será escrito na >>3 pessoa<< até agora será o unico escrito assim.
eu AMO ler todos os vossos tweets citando a tag ou o nome da fanfic por mais pequenos que sejam. obrigada de verdade vocês melhoram muito os meus dias e são os melhores do mundo. tirei print de uns tweets que me fizeram pular de alegria e os coloquei nas notas finais ❤️
#primaveracorna
Boa Leitura bebes!
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Jimin revirou os olhos mais uma maldita vez desde daquele começo de tarde, se irritando levemente com Taehyung e Yoongi por não pararem de encher o seu saco. Eles os dois formavam um bom casal, e sinceramente a chegada de Min fora uma das melhoras coisas que poderia ter acontecido com o seu melhor amigo, mas a maneira igual em que eles pensavam em tudo, era absurdamente incómoda. Sem querer ofender.
Agora os três garotos que mais pareciam adolescentes do que verdadeiros adultos, discutiam sobre onde seria o paradeiro de Jimin naquela noite; os namorados rezando para que ele aceitasse ir com eles a uma festa qualquer no canto da cidade. O que obviamente recusou, por motivos explicitamente óbvios: ele e bebida nunca formavam uma boa combinação.
Numa outra altura, talvez no auge dos seus dezessete, Park tivera sido pela primeira vez (e com isso quero afirmar que por um bom tempo depois disso também), um colega "normal". Começou a frequentar festas todas as sextas feiras, bebia qualquer coisa que fosse -claro, tomando cuidado- e dançava da maneira como bem entendia. Como ele queria. Mas certamente isso não combinava consigo, de jeito nenhum mesmo. Jimin não era como os seus colegas de classe, Jimin era o garoto que evitava qualquer encrenca, e não aquele que bebia coisas alcoólicas sendo menor de idade.
Poderia-se afirmar que aquele ano tinha sido o seu ápice da rebeldia e possivelmente o único ano em que ele deixou de ser esquisito por um tempo. Sabe aquelas coisas que todo o mundo queria fazer hoje em dia: curtir, beber, fazer amizades que durariam uma noite, assim como as pessoas que os outros somente usavam para apagar o fogo e tesão que sentiam.
Hoje sendo um adulto, Park não poderia fielmente afirmar que estava mudado, mas desde aqueles dias ele nunca mais frequentou nada do tipo. Perdeu os amigos (que sejamos sinceros, eram uns idiotas), evitou garrafas com teor alcoólico e copos vermelhos, e até mesmo deixou de comprar luzinhas extravagantes no próprio dia de natal. Mas naquela época ele pelo menos ainda era feliz, e os seus pais nem davam a mínima quando ele chegava tarde a casa com chupões no pescoço. Porque para eles, significava que estava pelo menos interagindo com as garotas seja de que forma fosse. O que, convenhamos, não eram produzidos por elas.
— Ji, por favor, vai ser divertido! — Kim implorou fazendo um bico extravagante na direção do melhor amigo.
— Eu realmente não quero, Tae. — suspirou audivelmente, pegando na sua borracha e apagando as pequenas letras que ele tinha feito naquela manhã. Ah, desde que escutara Mono, Jimin nunca mais tinha parado. Escutava todo o dia as sete músicas perfeitas, nunca se enjoando e tomando o perfeito cuidado de não se enganar e botar alguma delas como despertador.
— Não vamos deixar de olhar por você um segundo sequer! Yoongi até falará com o barman para não te deixar beber qualquer coisa. Sério, eles até são amigos! Não é...? — tentou parecer convicente mais uma vez, implorando com o olhar para que o namorado de cabelos menta fizesse alguma coisa.
— Sim, Jimin, Seokjin me deve uma de qualquer jeito... — murmurou o empurrando levemente da cadeira em que estava sentado, de forma a que coubesse ali juntamente. Min retirou sem qualquer aviso prévio a folha e o lápis das mãos de Jimin e passara a examinar as coisas que tinha escritas nelas. — Além do mais, eu posso te levar até o Namjoon, o que me diz? — oh, agora estava sendo um jogo sujo.
O loiro arqueou as sobrancelhas desconfiado. Yoongi conhecia Namjoon? Como o levaria até ele? Ah, certamente era uma mentira.
— Não faça essa cara na minha direção não, pirralho. — sorriu gengival. — Ele e Seokjin já foram namorados, caso queira saber.
Ok, talvez não fosse uma ideia tão ruim assim, pelo menos na cabeça de Jimin.
Mas então ele se lembrou para onde iria, para o amontoado de suor que presenciaria, e todas as outras coisas que ele definitivamente não se orgulhava de ter feito.
— Você não disse que ia levar um amigo ou algo assim? — perguntou ao pequeno pistache (apelido carinhoso dado por si), que terminava de examinar as letras que tivera feito.
Coçou a nuca meio receoso.
— Hm, na verdade ele não é bem meu amigo, o conheci na semana passada quando fui na garagem de Namjoon. — respondeu, tentando se recordar da sua figura de forma a retrata-la aos demais. — O nome dele é Jungkook. Olhos brilhantes e cabelo enroladinho e escuro.
É, Park realmente tinha se cansado de fingir que era simplesmente normal isso estar acontecendo. Para qualquer lugar que fosse, qualquer mesmo, Jeon estaria lá. E sim, na sua opinião era bem explícito que o destino estava brincando com a cara de ambos, ou talvez simplesmente não fosse um jogo e sim um rumo a ser seguido de verdade. Clichê, Jimin viveria uma amizade clichê.
Taehyung tinha a boca aberta em espanto, porque sinceramente, ele era muito mais informado que Yoongi e que qualquer outra pessoa que Jimin conhecesse - que não eram muitas para ser franco -, e tentava processar a pequena, mas significativa informação de agora.
— Woah, então é mesmo verdade... — murmurou para o garoto com as bochechas agora rosa, e os dedos escondidos na pequena manta amarela. Não estava frio, tampouco calor, somente um vento gostoso que entrava pela janela e que arrepiava a sua pele. — Então, você definitivamente vai? — perguntou. E o sorriso bonitinho de minecraft que Jimin tinha recebido era muito melhor do que ficar enfurnado em casa. Mesmo ainda tendo uma significativa percentagem a favor disso.
— O Jungkook ele é o...? — Jimin confirmou com a cabeça para a pergunta que nunca chegou a ser terminada de Yoongi. Afinal não precisava.
Os dias tinham sido rápidos ultimamente. Park finalmente parecia no seu estado de espírito antigo, afinal, conseguiu sair mais de quatro vezes de casa, foi ao cinema, comeu sorvetes enormes, foi no mercado e ainda recolheu o jornal da caixa metálica posta no seu jardim sempre com muito cuidado. Parecia estar nos eixos novamente, muitos até acreditavam ter se recuperado 100% do seu término. Mas a verdade era que depois de toda a rotina mal projetada, Jimin chorava.
Um bebê chorão. Ele chorava quando era perto da meia-noite. Park se deitava na cama, lembrava-se que ainda não possuía emprego, lembrava dos manuais intocados de Jihyun pela sua incapacidade de fazer um filho, lembrava que as tortas de limão ainda não estavam restauradas, lembrava que os seus pais nunca mais lhe tinham telefonado, lembrava que terminara um relacionamento que juraria ser perfeito, e então adormecia de fones enquanto escutava RM. Ele lembrava de tudo, na verdade lembrava tanto que parecia um combo de dor lançada sobre si.
— Ei... — Tae murmurou balançando levemente o seu ombro, sabendo que por detrás dos seus sorrisos que nem sempre eram falsos, existiam sofrimentos escondidos e águas derramadas. Sangue fervente e um coração acelerado numa completa angústia. Mas não era como se pudesse fazer algo. Estar presente era a única coisa que fazia bem. — Vamos no shopping, as suas roupas estão todas pra lavar excepto essa que tá usando agora. — e o loiro concordou, mesmo que odiasse fazer compras de roupas.
Do que adiantava escolher as peças se sabia que não tinha dinheiro para nada? Sem contar que nada do que ele gostava ficava bonito em si, ou era justo demais ou largo demais; mas justo do tipo que marcava até o rego da sua bunda e largo do tipo que ia até mais de metade dos joelhos. Somente perdia tempo se despindo.
— Eu esqueci desse detalhe... — a sua melanina brilhou levemente com o mínimo sol que embatia na janela do quarto do amigo. — Ji, não se preocupa com o dinheiro, certo? Quando você arrumar um emprego, você me paga devolta. — Jimin sorriu, sorriu de verdade dessa vez.
Ele se levantou da metade da sua cadeira, e balançou levemente para trás, e quando ganhou impulso, Park correu na direção de Kim, pulando no seu colo sentindo as suas mãos ao redor das suas costas, o apertando num abraço confortável que gritava ternura. Yoongi gargalhou alto quando ambos caíram no acolchoado da cama desarrumada, até que acabou sendo puxado pelo namorado, caindo em cima deles os dois também. Então o terceto intercalou olhares, intercalou palpitares de peito e brilhos no olhar. Porque a família de Jimin; a família que realmente deveria se focar estava ali: eram eles e Jihyun.
Park Jimin poderia ser Park Jimin contando que quem martelasse carinho no seu coração permanecesse.
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— Tae, sai logo daí! — o mais baixo deles os três gritou atraindo alguns olhares na sua direção.
Faziam exatas duas horas desde que ele, e os namorados tinham saído para ir comprar vestimentas, e tambem faziam precisamente quarenta e cinco minutos desde que Taehyung estava dentro do provador, envergonhado demais com qualquer coisa que estivesse vestindo no momento. Vivia resmungando sobre o quão era ridicula aquela roupa, mas tanto Jimin quanto Yoongi sabiam que estava fazendo birra. Afinal, se o moreno realmente não gostasse, já o teria removido e perdido menos tempo naquela loja.
— Não quero! Pareço uma criança com isso. — exasperou, a voz abafada por entre as cortinas. — Porquê vocês encontraram roupas perfeitas em dois minutos? — continuou resmungando. — Céus, eu 'tô muito feio.
Yoongi revirou os olhos.
— Amor, se você não sair daí agora mesmo eu vou entrar aí dentro, e descer um cascudo na sua testa.
Jimin segurou um sorriso.
— Calma cacete, não precisa ser violento. — resmungou mais uma vez, antes de suspirar audível.
E passado alguns milésimos de segundos, a cortina foi aberta repentinamente, com uma força exagerada para o simples pedaço de tecido. E uau, Taehyung não sabia mesmo o que estava afirmando, porque ele parecia um modelo com aquela camisa preta de seda no tronco, e as calças de couro escuro justas nas pernas. Sem contar com o cinto igualmente escuro no lugar dos botões, o que tornou aquela roupa digna de Kim Taehyung.
— Vai tomar no seu cu... — os cabelos mentas foram afastados dos seus olhos, à medida que Yoongi os puxava para trás, os seus dedos ossudos e gélidos da outra mão batucando no estofado do sofá oposto de Jimin.
Tae formou um bico nos lábios, ainda insatisfeito com a escolha.
— O que achou Ji? Olha pode falar a verdade, acho que vou faltar a essa festa catarrenta e-
— Parece um modelo! — não deixou que terminasse a frase, exuberando na voz um espanto explicito e sincero na sua direção. — Está lindo.
— Eu sou tão surtudo... — Yoongi suspirou apaixonado.
Kim sorriu, se tornando um pouco mais confiante diante dos elogios que sabiam ser verdadeiros.
— Hm, então eu levo.
Os três foram na direção do caixa, todos eles saindo do estabelecimento com sacos de plástico na mão e roupas novas que usariam especialmente naquela noite. Tecidos que possivelmente ficariam sujos de bebida e suor, mas nada que uma lavagem na máquina não resolvesse certo?
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Os dedos inseguros percorriam um trilho por entre as suas bochechas, até à sua clavícula levemente exposta por aquela camisa branca. Com um pesar nos olhos, Jimin se encarou no espelho, e se pegou questionando o que realmente estava fazendo. Se era mesmo necessário todo aquele esforço.
Poderia ser muito simples agora que sabia que Yoongi conhecia Namjoon e Jungkook. Era só pedir o número de um deles ou até talvez dos dois rapazes, mas mesmo parecendo simples, Min nunca lhos daria contando que faltasse aquela festa. E falando em festa, Jimin procuraria Jeon nela, pediria seu número e vazaria. Sem manter qualquer contacto imbecil com quem certamente possuiria segundas intenções consigo, ou dos copos descartáveis que seriam oferecidos de graça por estranhos na sua direção. Não, certamente não aconteceria.
Por isso, Jimin apoiou a sua palma no vidro embaçado do seu banheiro, e limpou com uma toalha a pequena zona que refleteria somente as suas íris. Park se encarou no próprio espelho e resmungou irritado por não encontrar o brilho natural que ficavam neles. Porque não se acendiam com aquela luz maravilhosa do antigamente. Porque precisava ser inteiramente feliz com as coisas que não necessitava verdadeiramente. Porque mesmo tendo a sua segunda família, não parecia ser o suficiente.
Pegou num pequeno lápis branco de olho e o passou na sua linha d'água, de modo a que ao se enxergar parecesse um pouco mais vivo. O que resultou.
Quando escutou batidas na porta do seu banheiro, o loiro estremecera levemente sabendo que estava na hora. Na hora de sentir lembranças novamente, na hora de relembrar de uma das suas fases nem tão importantes mas mesmo assim que tinham um marco histórico na sua vida. Uma das fases de Park Jimin.
Ele desceu as escadas de sua casa, e abraçou Jihyun antes de beijar o topo da sua testa num afeto singelo. Elogiou os dois amigos diante de si, e adentrou no carro azul escuro de Min, com uma carranca no rosto e um pesar discreto nas orbes. Encostou a cabeça na janela e colocou por somente alguns segundos os seus fones de ouvido; Kodaline tocando e sendo seguido por Mono.
Apertou as suas coxas parcialmente marcadas pela calça jeans, e se passou uma falsa auto confiança através das unhas curtas. Examinou Taehyung no banco ao lado do motorista, sorrindo bobo enquanto aumentava o barulho do rádio, não chegando a interferir diretamente com a música de Jimin. E foi bom. Bom saber que pelo menos as pessoas que realmente importavam para ele estavam bem. Porque isso era o mínimo que poderia acontecer na sua vida após tanto caos que estava presenciando.
Quando eles chegaram, Park ofegou, sentindo as batidas frenéticas que o seu coração estava oferecendo. E rezou para que aquela noite, não fosse mais uma dor a ser sentida.
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A primeira coisa que você irá notar numa festa, claramente será o barulho. O som da música alta e dos gritos animados de adolescentes com falsas identidades, e de adultos extremamente bêbados que só querem esquecer um pouco os problemas ou simplesmente se divertirem. A segunda coisa são as luzes. Azuis, vermelhas, brancas ou amarelas, as luzes irão fazer os seus olhos arder até você se sentir acostumado. E a terceira e não menos inútil coisa: a esfregação. Ah sim, isso mesmo. Sempre irá ter numa festa um casal, ou desconhecidos se pegando em algum canto da parede, talvez no banheiro, e com azar, num sofá. Mas é inevitável você evitar trombar num destes.
Taehyung parecia totalmente animado com aquele cenário, porque também existem aquele tipo de pessoas. Aquele tipo que não está emocionalmente cansado, de coração quebrado, ou triste, tampouco está ali com o propósito de se entupir de bebida e dar uma trepa com o namorado. Não. Taehyung era o tipo de garoto que sinceramente amava as festas. E Jimin nunca entenderia o porquê. Os cabelos macios e castanhos dele balançavam á medida que Tae já se encontrava pulando de animação, os pés querendo correr na direção do centro para rebolar um pouco ou simplesmente continuar com os pulinhos fofos que fazia.
— Eu vou dançar! — gritou, examinando Yoongi num pedido mudo para que ficasse do lado do melhor amigo, de forma a que não o deixasse sozinho até que voltasse. E pistache concordou, sorrindo murcho: algo que tentou esconder do 2cm mais alto, e que não funcionou.
— Quer sentar no sofá, Ji? — perguntou, agarrando no seu pulso gentilmente e o levando até ao canto afastado onde se encontrava a mobília. — Argh, esquece. — resmungou, olhando com cara feia para -o que achava ser- um casal se pegando. Jimin gargalhou.
— Pare.
— O quê?
— Isso. Essa coisa de ficar comigo o tempo inteiro, sabe? — suspirou, pegando nos pequenos fios do cabelo loiro e os empurrando para longe da sua testa. — Já sou um adulto e sei cuidar de mim. Você não deveria perder seu tempo vigiando se alguem quer se aproveitar de mim, quando poderia estar agarrando na cintura do seu namorado e dando umas bitocas gostosas nele.
Pistache corou, as bochechas ficando rosadinhas à medida que coçava a nuca receoso.
— Não quero deixar você só. — disse alto, tentando fazer com que a sua voz fosse mais nítida que a música estridente do local. — E Taehyung me mataria se deixasse você simplesmente aqui. Jungkook nem chegou ainda.
Park tremeu.
— O Taehyung entenderia mais ainda que eu tenho responsabilidade comigo mesmo e deveria colocar um pouco de fé em mim também. — respondeu, sabendo que estava mentindo. Ele não sabia fazer nada, e ele não queria mesmo ficar sem a companhia do pistache, mas privar ele e o seu melhor amigo de se divertirem por sua causa? Não, mesmo. Jimin ficaria ali por pelo menos trinta minutos e depois iria embora de uber ou qualquer coisa que se movesse mais rápido que os seus pés. O acordo era ele comparecer ali, não ficar.
Yoongi protestaria novamente, mas ao notar a carranca severa que o amigo lhe daria, se limitou a sorrir: de verdade dessa vez, e o abraçou.
— Obrigado.
Então, Park o assistiu caminhar na direção de Taehyung. Assistiu ele gritando alguma coisa indignada, e assistiu depois o sorrisinho de minecraft junto do sinal de joinha na sua direção, como se demonstrasse orgulho. Novamente, Jimin mentiu para ele. Jurou orgulho, sendo que ele não tinha nada que se fosse de orgulhar.
Suspirou, frustrado. Agora se encontrava sozinho, no meio de um aglomerado de pessoas, com o corpo quente pelo calor excessivo, e os ouvidos atordoados pelo som extremamente absurdo. Com passos lentos, Jimin caminhou em direção ao bar, com o propósito de assistir, e se desse sorte, dormir.
Se sentou no banco de madeira, e apoiou os braços no balcão de vidro, observando um garoto alto com cabelos rosa organizar as garrafas nos seus devidos lugares. Provavelmente sendo Seokjin.
— Olá. — proferiu com uma lata de cerveja na mão esquerda. — O que vai querer? Vodka? Whiskey? Vinho?
— Ninguém vende vinho numa festa. — Park declarou, não entendendo se era uma brincadeira. Mas a julgar pelo rosto do possivelmente mais velho, optou por descartar essa opção.
— Eu vendo. Qualquer coisa é válida contando que lhe deixe animado. — deu uma piscadela. Jimin sorriu.
— Água me deixa animado, você tem?
— Não, mas tenho coca e sprite. — respondeu. — Mas a julgar pelo seu rosto você precisa de um bom copo de cerveja. Ou talvez de Moscovskaya. — focou os olhos bonitos nos seus abatidos. Talvez a maquiagem não tenha compensado tanto assim.
— Então você tem tudo aqui, menos água? — abriu a boca realmente surpreso.
— Oh, eu tenho água. — deu de ombros. — Mas preciso de dinheiro e ela é de graça. Se quiser beber ela você pode ir na torneira do banheiro, não está contaminada.
Jimin sorriu perante a audácia do garoto. Se fosse uma outra circunstância ele certamente chutaria o seu saco e gritaria acerca do quão mal educado era, porém Park sabia que Jin conhecia Yoongi. Amigos do Yoongi eram amigos de Jimin.
— Então, vai querer uma cerveja ou não?— perguntou novamente, os cabelos rosa grudando na testa devido ao suor que começava se formando no redor.
Jimin pensou. Certamente não era uma boa ideia beber, muito menos naqueles copos vermelhos de plástico que ele tanto tinha pegado trauma. Fora que não possuía dinheiro consigo naquele momento, e mesmo que tivesse não o gastaria em algo inútil quanto uma bebida alcoólica. Só o prejudicaria.
— Não tenho dinheiro. — disse sério.
— Caralho, porque não disse isso logo? — o barman resmungou, o fulminando com os olhos brilhantes. — Perdi meu tempo falando sobre água e nem ganhei uma moedinha... — e ele continuou tagarelando sem parar. Jimin até pensou na possibilidade do mais velho realmente estar bravo consigo, mas logo depois resolveu deixar pra lá, afinal eram desconhecidos. O garoto nem sabia o seu nome, e Park certamente só sabia o dele pelo amigo pistache.
Quando tomaria a decisão de ir ao banheiro beber água, e se afastar um pouco de todo aquele clima que lhe causava náuseas, Jimin se assustou ao sentir uma mão apertando o seu ombro. Apertando de leve durante exatos três segundos, segundos esses que o garoto parou de respirar, tenso como o inferno.
Mas só não ficou mais tenso que agora, agora que estava encarando o indivíduo sentado ao seu lado no pequeno banco de madeira, o fitando com um sorriso divertido nos lábios e um copo azul na mão.
— Preciso fingir surpresa por nos termos encontrado novamente? — e aqui estava Jungkook outra vez, mais bonito do que nunca. Adornando um conjunto todo de roupa preta e uma touca na cabeça, Park se perguntava como ele não estava queimando com o pedaço de lã nos seus fios castanhos.
Coçou os fios loiros, tímido, as bochechas ganhando uma coloração mais rosa pela vergonha, susto, e a fervência que preenchia a sala.
— Se eu fosse no banheiro de Paris eu não duvidaria que você estivesse no vaso sanitário. — ele sorriu.
— Porque não está dançando? — o moreno foi direto como um raio, arqueando de leve a sobrancelha ao notar o garoto esparramado no balcão de mãos vazias e face carrancuda.
— Não gosto de festas. — deu de ombros não querendo se aprofundar no assunto. — Porque o seu copo é azul? — perguntou. — Todo o mundo tem uns vermelhos.
— É porque eu tô bebendo coca cola. Não gosto de bebidas, nem de festas também.
— Mais uma coisa que temos em comum. — Jimin apontou, levantando a cabeça da mesa limpa por SeokJin, este que por sua vez se encontrava oferecendo uma garrafa de cerveja a um garoto bêbado.
Jungkook arqueou uma sobrancelha na sua direção.
— Que outras coisas temos em comum? Essa não é a primeira?
— Ambos gostamos de gatos.
— Ah, é? — sorriu. — Uh, você não parecia gostar tanto deles contando que estava tremendo quando a Marijuana miou nas suas pernas.
Touché.
— Porque você deu esse nome a ela? Se sumir na rua, você vai ficar gritando o nome dela? — assentiu. — Céus, vão pensar que você é um maluco berrando por maconha.
— Eu sempre quis ter um animal pra chama-lo desse jeito. — deu de ombros. — Muito melhor que 'miffy' 'zezecas' 'dani'....
— Ninguem dá esses nomes! — resmungou, Jimin.
— Diz isso à minha avó então. Ela tem um piriquito chamado roula, e um cachorrinho com nome de pulga.
— Que nome de pulga?
— Pulga. — gargalharam juntos. Então Jungkook esticou o seu copo de plástico na direção do garoto loirinho e fofo, num pedido mudo para que desse pelo menos um gole do líquido com gás.
— Vamos, Ji. Só um golinho. — manhou Jeon.
— Não gosto de coca...
— Mas não é cocaína, é coca cola! — Jungkook pensou durante mais cinco segundos até finalmente entender. — Ah....deixa pra lá. —corou.
Um fechar de bocas se fez presente. Ao longe, Park enxergava o seu casal favorito -e o único que suportava- se beijando, e dançando. As mãos de Taehyung apertando a cintura de Yoongi, enquanto este apoiava a cabeça nos seus ombros largos e bonitos. Vivendo uma prova de amor, uma prova essa que Jimin jurou ter sentido, e desfrutado.
Ele tinha se amado, então porque do mesmo jeito acabou sozinho?
A resposta era certa. Qualquer adolescente lhe diria o que tanto lera no twitter, ou nos perfis de indiretas do instagram: Ou o amor não existia, ou você acabaria sozinho. Ser traído não gritava em letras néon que ficaria sem ninguém, mas ser traído tendo se relacionado com Park Jimin significava esperanças mortas, e contos de fadas destruídos. Para si, o amor não existia, porque para ele, ele nunca tinha provado desse fruto.
— Vem comigo. — Jungkook, que até então se encontrava bebericando do seu refrigerante, sussurrou. Deixou o copo azul no balcão, escutando os resmungos do barman por ter deixado entornar um pouco do liquído, e segurou na mão do seu companheiro; o levando para fora daquele lugar que sufocava lembranças.
Quando o loiro piscou, eles estavam na zona de estacionamento, onde foi possível enxergar o carro preto de pistache num canto afastado.
— Onde estamos indo? — perguntou.
Jeon o ignorou, procurando alguma coisa.
— Você trouxe carro?
— Não. —respondeu. — Porquê...?
— Ambos não gostamos de festas, então eu queria te levar num lugar, mas sem um carro parece ser uma missão impossível. — bufou. — Tem dinheiro para uma volta de ônibus? — Jung o encarou esperançoso.
— Não...
— Merda. — removeu a sua touca preta, e balançou os seus fios negros já suados. Então como se tivesse tido a melhor ideia do mundo, Jeon o encarou abrindo um grande sorriso.
— Tem outro lugar. Céus como eu esqueci? — se bateu mentalmente.
Park até então não estava entendendo nada.
— É muito longe? — deus lhe livrasse daquilo e dos seus pés moídos. Estava totalmente aborrecido e cansado, e fazer uma longa caminhada para onde quer que fosse, só aumentava a sua dor de cabeça.
— Olha pra' frente, Jimin. — se aproximou de si.
Uma espécie de casa de música, uma estrada distante daquela festa. No topo, um pequeno letreiro de fonte amarelas. E de onde eles estavam, era possível notar algumas pessoas cantando num mini palco, e outras apreciando a música enquanto comiam alguma coisa. Jimin foi notando à medida que se aproximava, que o som era 'Stand by Me' do Ben E King, o que lhe deu uma pequena noção de que aquele local pudesse ser um paraíso para o moreno ao seu lado; agora com a touca reposta.
— Você vai gostar. — Jungkook lhe garantiu. Logo, os dois homens estavam lá dentro, e a decoração era tolamente perfeita.
Nas paredes vermelhas, quadros com fotos de algumas bandas e cantores se encontravam coladas ali, algumas delas com até assinatura. Instrumentos, t-shirts, e outras coisas de devida importância eram expostas noutros cantos, e as cadeiras e mesas tinham a sua coloração escura, dando uma sensação de paz e calmaria.
— Senta ali. — Jeon disse, se perdendo por momentos também naquele lugar, como se estivesse recordando das vezes que tinha estado lá sentado.
Jimin ainda não tinha fechado a boca. Talvez surpreso, talvez emocionado, mas verdadeiramente encantado.
Ele se sentou numa pequena cadeira confortável num canto distante do estabelecimento, de frente a Jeon. Os dois pediram um café, e ficaram bebericando enquanto escutavam as vozes bonitas de seja lá quem fosse que estivesse fazendo cover.
— Senti falta disso. — os cabelos castanhos de Jungkook pareciam maiores desde a última vez que tinham estado juntos. Significativamente grandes. Jaziam ondinhas leves que cobriam a sua testa, e tapavam as suas orelhas. Jimin sabia disso, porque Jeon tinha removido a sua touca preta da cabeça, como se estivesse com calor; abafado.
— Da música? — Park sentia falta da música também. Escutava todos os dias, mas o seu interior não lhe permitia escuta-la devidamente. Seja Kodaline, seja Mono, as duas coisas eram dignas de serem ouvidas com o maior pedaço de alma sua. E ele se sentia morto.
— Também. Mas eu sentia falta de ficar aqui sentado, escutando, observando... em silêncio. — suspirou. — Fica vendo as cores mais nítidas quando se sente relaxado. — deu de ombros. O loiro ergueu a sobrancelha.
Quando Jungkook aparecia, ele enxergava as cores de verdade e não os pretos, brancos e cinzas. Se isso fosse real, então Jeon era o seu ponto de calmaria?
— Acho que não. — respondeu.
Como se notasse a sua expressão confusa, Jimin preparou a bomba que soltaria e não conseguiu conter um sorrisão tornando seus olhos pequenas meias luas.
— Porque eu vejo bem as cores quando estou contigo. E a única coisa que me dá em troca são dores de cabeça.
Jungkook também tinha sofrido bastante. Mesmo Jimin não sabendo como realmente era a vida dele, poderia tirar a conclusão de que ser traído tinha tudo para não ser algo legal.
No pior dia da sua vida, Jeon tinha chorado junto com ele, e isso fez com que Park reparasse de maneira difrente as coisas ao seu redor. Que era errado julgar as pessoas pelas aparências. E sabem porque? Porque quando os dois homens se tinham esbarrado numa rua lotada, Jimin viu em Jungkook um cara que se fazia de durão. Pelo seu rosto e corpo musculoso, juraria que era alguem de coração frio e muito calculista. Intimidador e sem sentimentos.
Mas vejam só, Jeon Jungkook era simplesmente uma pessoa do seu jeitinho. Ele tinha emoções, ele sentia e chorava. Ele sorria e corava. Ele escutava música e apreciava. Ele tinha uma gata com nome de maconha e uma avó que gostava de pulgas. Ele amava cheesecake de morango, e o seu melhor amigo era músico. E do mesmo jeito, o seu corpo se mantinha musculoso e as suas feições continuavam as mesmas.
— Você é um chato. — por fim o moreno respondeu à sua declaração ofensiva. — Nem vou mostrar a surpresa que eu tinha. — cruzou os braços fazendo um bico.
— A não Jungkookiezinho....mostra vai! — Jimin sorriu, enxergando a forma como o maior bufava bravo.
— Tá, espera um minuto. — se levantou, indo para algum outro canto do cómodo.
Três minutos depois, Jeon apareceu. Ele se sentou denovo com uma mini jukebox nas mãos, e a colocou no centro da mesa, tirando juntamente uma pequena moeda do bolso.
— Você vai botar música sendo que tem uns caras talentosos cantando no fundo?
— Sim. — respondeu sorrindo, enquanto colocava a moeda dentro, e mexia em alguns botões cinza.
Então Jung se levantou. Se levantou sorrindo quando as primeiras batidas de Jailhouse Rock do Elvis começaram a tocar. Se levantou e estendeu uma mão na direção do confuso Park Jimin, e o puxou de forma a que rodopiasse.
O loiro soltou um gritinho, mas se deixou levar por aqueles leves minutos. Leves minutos em que ele começaria uma nova fase, na verdade, a primeira fase de Park Jimin.
— Você dança bem ein. — os seus cabelos grandinhos balançavam em grandes ondinhas, pela touca retirada da sua cabeça. Jungkook pegou no braço do mais baixo e o estendeu pra cima, de forma que fosse a sua vez de rodopiar nos seus braços. Ele quase caiu pela diferença de altura, mas não deixou de sorrir divertido.
— E você parece um tonto, Jeon.
As fases de Park Jimin estavam somente começando. A primeira etapa era murchar. Jimin murchou uma vez, e estava murcho ainda hoje, mas Jungkook era a sua distração, de uma forma boa e simples. Enquanto eles dançavam Jimin se esquecia que estava quebrado, ele se esquecia que passara toda a semana chorando e se entupindo de inseguranças e remorsos. Porque mesmo não admitindo, Jungkook estava sendo sim o seu ponto relaxante. O seu ciclo cromático, o seu ombro compreendedor. Talvez fazer uma história com Jeon não fosse ruim, e sim algo necessário para que pudessem ambos seguir em frente.
Precisavam um do outro, pois se entendiam. E na primeira fase de Park Jimin ele esperaria conseguir sair da podridão, para futuramente criar as suas raízes. Raízes com Jungkook, o seu recente amigo que curtia música antiga e atrapalhava o canto dos outros.
— Cala a boca pezinhos de neném. Pisou meu sapato umas quatro vezes e nem notou. — mostrou a língua, enquanto os versos da canção soavam alto.
Jimin chutou a sua canela.
— E você só rodopiou. Parece um maluco.
— Pirici im milici...— resmungou.
Então foi assim que se passaram os restantes segundos, e não sei quantos minutos. Tempo esse que era gasto por dois homens que queriam desfrutar alguma coisa boa na vida, e encontrar refúgio na mente um do outro.
Mas o celular de Jimin vibrou forte na mesa meio distante, fazendo com que a sua paz e fonte de divertimento sumisse. Porque não era normal ter quatro chamadas não atendidas de Taehyung, contando com essa que era transferida agora. A tela piscava freneticamente, e o suor começou descendo pelo pescoço de Jimin, mesmo sabendo que a razão poderia ter sido o seu sumiço momentâneo.
Ele se aproximou, os dedos tremendo de leve e o coração frenético. Segurou no aparelho eletrônico com as mãos húmidas e deslizou o dedo grande no símbolo verde de atender a chamada.
E soluços altos soaram. Soaram tão rapido como um vidro perfurando a sua pele.
— Tae...? — Ji sussurrou, ignorando o rosto preocupado de Jungkook ao notar a sua expressão.
Silêncio.
— Ei, estou aqui. — murmurou. — O que aconteceu? Porque está chorando?
Um grito.
— T-tannie, fala comigo. Onde você está? Eu estou indo te buscar! — ameaçou correr na direção da porta, sem olhar para o rosto de Jeon, quando foi impedido pelo pior timbre capaz de ser escutado.
O timbre do seu melhor amigo destroçado.
— Jiji, e-ele v-voltou.
Soluços e mais soluços.
E agora ele entendia o porquê.
— Você não está querendo dizer o que penso que está, não é?
Temeu a resposta que demorava a chegar. Tudo parecia pior porque Taehyung não estava mais soluçando, e nem a sua própria respiração era transmitida no microfone do aparelho. Nenhum barulho proferido, fazendo com que tremesse cada vez mais.
Depois, ele falou.
— O Hoseok. — respirou fundo. — Jung Hoseok voltou.
🌻
tenso.
eu odiei esse capítulo para ser sincera, acho que foi o pior já escrito aqui, e não revisei ele. porém queria postar isso logo logo porque demorei tempo demais e enrolei demais para terminar.
bom, como vocês estão? como citado acima eu irei colocar uns tweets que melhoraram meu dia todinho quando lidos ao longo do tempo, e que fizeram o meu coração bater de alegria.
obrigada por isso de verdade. sempre que atualizar irei botar tweets novos ou outros que me fizeram de coração quentinho :( seriao muito obrigada mesmo por tudo. tem outros tweets mas eu irei colocar no próximo cap, junto de outros caso existam.
até breve amo vocês luas.
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