31 | ғʀᴇɴᴛᴇ ᴀ ғʀᴇɴᴛᴇ
N A R R A D O
E M
3 ° P E S S O A
Quando o corpo da jovem Meera caiu sobre o chão, vulnerável, aquilo partiu o coração da fera que negava com toda a convicção que pudesse existir que isso jamais poderia acontecer. Mas ele errou, Jordan Ekirev, o maior de todos, falhou.
Naquele momento, tudo ao redor da besta parou. Os segundos haviam se tornado horas, passavam-se tão lentamente como a dor que se solidificava no seu peito. A criatura, em circunstância alguma, já havia sentido uma dor como aquela, uma dor que o quebrava. Ele estava em fúria, em combustão, com os seus neurônios trabalhando a todo vapor para que ele aceitasse aquilo, no entanto, ele não conseguia.
Sua mente o condenava, e tudo que ele pensava naquele momento era formas de esmagar Etgar Vecilius, o estopim de toda essa guerra, que tomou proporções mais que inimagináveis, e que agora, acabou de ceifar o Espírito de Feiticeira de Meera, deixando-a largada, sem vida ou quase sem.
As trombetas foram soadas, e um imenso exército aparecia cada vez, o que indicava que o primeiro confronto havia sigo ganho pelo lado do Soberano, entretanto, um outro exército, não tão grande quanto o de Jordan, também se aproximava.
Enquanto isso, Jordan encarava o chão, com ondas de choque ainda de espalhando por o seu corpo, mas isso não foi empecilho para ele, que usou disso como adrenalina, elevando a sua fúria a um nível surreal. Ele estava cego pela amargura e a dor. Como um falcão, ele se reergueu, gritando e cerrando o punho. Os atos sucederam em um curto espaço de tempo, tão pequeno que não deu brechas para que os seus inimigos esboçassem algum tipo de reação.
Com toda a sua técnica foi fácil mover-se e esmagar o crânio de cada um deles, que não puderam fazer nada a não ser aceitar a morte. Ele agia incontrolavelmente, explodindo a cabeça deles um por um, tão rápido como o raio antes do trovão. De um em um, ele os matou, sem um pingo de remorso. Todo o seu corpo estava coberto por sangue. Seus olhos se dirigiram a Etgar, que permanecia de pé, se contorcendo pelo poder do Espírito de Feiticeira disseminando em cada centímetro seu.
Naquele momento os dois olhares se cruzaram, os dois vampiros que batalhavam por ideais opostos se interligaram numa fixação mortal. Sem ao menos pensar duas vezes, ele correu na direção de Etgar, todavia, o adversário evaporou com a ajuda de seus comparsas. Jordan optou por não segui-lo e voltou sua atenção para averiguar o estado de Meera, deitada no chão. Ele a colocou no colo, segurando-a no pulso, constatando seus batimentos quase insensíveis.
O Soberano só detinha uma única opção para salvá-la, porém, não sabia se essa era uma decisão que partia dele, afinal, Meera é quem sofrerá as consequências. Transforma-la em vampira não é algo que ele estava preparada, mesmo que já tivessem conversado sobre isso. Jordan seguiu sua intuição, mas se questionou se não estaria sendo egoísta. Ele engoliu em seco, levando suas presas ao pescoço de sua amada, mordendo-a e injetando o veneno.
A presença de Idália se fez no local e ela pareceu espantada com o cenário, talvez não imaginasse que as coisas seguiriam esse rumo.
- Meera... Meera está morta?! - Sua voz trêmula fez com que o vampiro parasse.
- Não sei ao certo, à essa altura do campeonato só me resta incertezas, não posso afirmar que o veneno vampírico possa agir, tendo em vista que os sinais vitais estão por um triz de desaparecer. Temo que seja capaz de... perdê-la.
- O que houve aqui? Essa paisagem está me dando embrulho no estômago.
- O maldito conseguiu, Idália, ele conseguiu roubar o poder das bruxas Peletier. Agora mais do que nunca temos que atacar com força total. Concentre as tropas no núcleo e deixe Etgar Vecilius por minha conta e risco, irei reduzir aquele desgraçado à cinzas. - O Soberano ordenou, presumindo as táticas de ataque que os seus inimigos poderiam criar.
- Tem total certeza que não quer alguém com você? E se as coisas fugirem do nosso alcance mais uma vez? Não precisa fazer tudo sozinho.
- Eu comecei toda essa corrente de ódio e irei pôr um fim. Não se preocupe comigo, destrua meus inimigos em meu nome, estará honrando minha palavra.
Idália acatou as ordens de seu superior, se deslocando ao campo de batalha, onde guerrilhavam incessantemente. São vampiros leais, jamais abandonariam a guerra sem que ela acabe. Ao chegar no meio deles, a mulher deu as instruções, berrando para que todos pudessem ser informados. E assim, o plano do Soberano se concretizou, eles se amontoaram ao leste, aguardando a chegada do lado contrário.
Enquanto isso, Jordan permanecia com Meera em seus braços, deslizando seus dedos por sua bochecha. A pele da jovem começava a esfriar e devagar o seu coração desacelerava, trazendo consigo o suspense. Em alguns segundos O Soberano saberia se ela o deixará para sempre ou se irá torna-se uma de sua espécie. Ele torcia pela segunda opção.
Não demorou para que tivesse a confirmação que precisava, posto que Meera se mexeu em seus braços, tirando um fardo pesado de culpa e arrependimento de suas costas. Submerso em sua mente, esse momento ficaria marcado até o fim dos tempos, sublinhado como o dia que sua vida renasceu como o sol entre as estrelas. Seus olhos marejaram, fazendo com que as lágrimas caíssem de sua bochecha no rosto dela.
Em seguida ela abriu os olhos, a primeira coisa que notou foram suas íris antes prateadas, agora em tom escarlate. Ela guiou sua mão até a dele, apertando-a e afirmando assim que suas almas estavam entrelaçadas até o infinito. Os olhos de Meera retornaram a cor natural e terminou sua transformação.
- Você me assustou. - Disse, se lamentando.
- Eu sei, você também me deixou preocupado. Quero que saiba que estarei sempre ao seu lado, nada nunca irá me tirar de perto de ti.
- Nós não vamos nos separar nunca mais. Esqueceu que eu jamais vou te deixar desamparada? Foi uma promessa, sempre cumpro meus juramentos.
- Conheci a morte, ela não foi delicada. Estou preenchida pelo desejo de vingança, tudo que desejo é encerrar esse ciclo e matar Etgar, o Insurreto. - A voz dela saiu autoritária, e mesmo que não almejasse aceitar, ele sabia que o que era dito por ela é a mais pura verdade.
- Não deveria se arriscar, já colocou sua vida em perigo. Volte para casa e me aguarde, voltarei para você. Não quero pensar em te perder mais uma vez, não suportaria.
- Já chega, Jordan, eu já estou cansada de fugir, de deixar que tomem decisões por mim! Eu irei continuar aqui, se eu morrer está tudo bem, pois irei morrer com honra! - Sua voz saiu feroz, assustando-o.
- Não podemos fazer isso, Meera, não podemos. - Ele falou, cabisbaixo. A jovem selou os lábios no dele, em um beijo terno e lento.
- Isso não é você quem determina. - Exprimiu, levantando-se rapidamente, dando um salto, chocando Jordan, que não entendeu o acontecido. Meera então acertou com um chute o rosto de um vampiro que estava se preparando para atacá-los desprevenido.
Os dois trocaram faíscas nos olhares, mas ele aceitou que ela participasse, afinal, era incapaz de à controlar.
- Você precisa confiar mais em mim.
- Eu confio em você, meu amor, é neles que eu não confio. - Expressou, aproximando as suas bocas, se beijando ali mesmo, no meio do caos. - É melhor que não vá para o centro, apesar de ser um prodígio não é experiente. Esse é o momento para confrontar Etgar e o matar, nem que seja a última coisa que eu faça nessa terra.
O casal se despediu com um beijo e Jordan partiu, deixando Meera ali, observando-o. Ele se assemelhava com um leão, correndo como um predador no meio daqueles que ele denomina de inferiores.
As ondas eletromagnéticas do confronto eram gigantescas, causando até mesmo deformação no solo. O caminho foi árduo para Jordan, que teve que aniquilar os vampiros que tentavam impedi-lo de chegar ao seu alvo.
Mas isso não era problema pra ele, na verdade, apenas proporciona mais ardor, mais adrenalina, mais vontade de matar. Estava virando o monstro que habita o fundo do poço e, mesmo sem gostar, se viu obrigado a usar todos os recursos. Etgar sentiu a presença de Jordan há centenas de metros de distância, sua soberania reverberava no ar.
Dessa vez, ninguém o atacou, afinal, temiam a morte. A passagem para que Jordan pudesse encontrar o Insurreto ficou cada vez mais evidente, uma vez que somente os dois ocupavam aquele diâmetro. E de novo, eles se entreolharam, dessa vez, mais sérios que antes, com maior vivacidade.
- Meera não morreu, não foi? É uma pena, já que com ela nesse mundo o Espírito é incapaz de me obedecer totalmente. Não ache que por isso terá alguma vantagem, a magnitude desse poder é maior do que qualquer ser. - Seu tom de convencido inflou Jordan, que rosnou em reprovação.
- Isso não está acabado, eu irei te matar! - Alegou, O Soberano, se preparando para partir para o confronto de verdade.
E em menos de um piscar de olhos, Jordan cortou o céu como uma águia, no mesmo tempo disso, Etgar se preparou para receber os golpes, ficando em posição de defesa. Quando desceu, com o punho fechado e apontado para o seu rosto, ele foi parado por o outro, que agarrou o seu braço com tanta facilidade que o fez ficar perplexo.
- Eu te disse, Jordan, o Espírito de Feiticeira é grandioso, sem ele eu não teria esse potencial, mas agora eu tenho, e te aniquilarei! - Repontou, gargalhando, mas por ter perdido a concentração, o Soberano aproveitou a brecha para lhe acertar um soco no rosto.
Eles se afastaram, e em seguida, retornaram. O impacto dos seus golpes eram avassaladores, quase como meteoros quando chocam na atmosfera. Todos contemplavam eles lutarem, e ninguém, em hipótese alguma se atreveria a intervir. Seria suicídio cogitar se aproximar, o que lhes restava era admirá-los lutar por dominação.
Jordan ainda estava intrigado, pois Etgar estava no mesmo nível de batalha que ele. Os chutes e socos que eles desferiam eram facilmente repelidos, quase como se não surtisse defeito algum. Mesmo que montasse alguma estratégia, essas eram logo descartadas por não conseguirem serem aplicadas. Jordan tinha ciência que estava em uma posição estreita, mas isso não significava sua desistência.
A cada segundo que se passava tudo se intensificava. O clima, os golpes, a guerra. Eles se afastavam cada vez mais do centro das tropas, adentrando na floresta, destruindo rochas e árvores com a colisão de seus poderes.
Etgar acertou Jordan no olho, e ele revidou, acertando-o na mandíbula, era quase como um jogo de erra e acerta. Aquela batalha poderia durar dias, meses, e mesmo assim o vencedor seria incerto. Batalhavam por seus fundamentos e valores, e não iriam abrir mão deles com muita facilidade.
Por um descuido de Jordan, Etgar o acertou na costela, fazendo-o cair, segurando o seu machucado. Quando ele menos esperou, um objeto cortante atravessou as suas costas, como se isso já estivesse arquitetado, e em seguida, outro. Eram duas flechas, duas flechas de ferro, grossas e afiadas, além de estarem envenenadas, pois essas partes afetadas logo começaram a arder. O sangue lhe escorria.
O seu adversário caminhou até ele, com um sorriso nos lábios e uma adaga nas mãos. Jordan tentava e tentava, mas era falho, o veneno colocado nas flechas era forte o suficiente para o paralisar e sugar sua força vital.
- Você é baixo e ardiloso, um covarde! Por que não luta comigo frente a frente? - Questionou, o Soberano, eufórico.
- Esse é o seu jeito de fazer as coisas, não o meu. E agora, está na hora de você queimar no inferno! - Seu ar de superioridade o deixava mais irritado, e morrer de maneira tão idiota parecia terrível. Qual seria o legado de um rei que morre assim? Ele se indagou. Pensou também na decepção que causaria a Meera por não vingar sua irmã e sua família.
Todavia, um barulho no arbustos roubou a atenção, e semelhante a um trovão a mulher acertou o crânio de Etgar com os pés, fazendo-o cambalear e cair. Aquela mulher era Meera, que acabara de impedir a morte de seu amado.
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