xiii
olha aqui. eu gosto mesmo de você.
por quê...? porque é você.
mas eu queria que soubesse também que te acho muito inteligente. eu sei que essa é a percepção que todo mundo tem de você e que ela é comum demais. desculpa, isso é tudo o que eu tenho. é tudo o que você me permitiu ver... mas por mais que eu só te conheça por fora e tão pouco por dentro, a cada dia que se passa eu tento adivinhar a garota incrível que você é. e sim, você é incrível.
é verdade que você parece séria demais e é quieta demais. "demais" combina com você, contigo sempre foi tudo ou nada. mas imagino também que tenha muitas palavras guardadas no peito. e acho que até mais do que eu mesmo, que sou tagarela. eu acredito nisso porque mesmo que raramente você falasse em voz alta, sempre que sentia necessário o fazer, você disparava todas as palavras de uma vez de dentro de si. e eu via coerência em tudo o que você dizia.
garota, eu percebi. percebi que você parecia se esquecer como era respirar ou caminhar tranquilamente assim que eu entrava no seu campo de visão. eu percebi e não fiz absolutamente nada a respeito disso. apenas sorri pra mim mesmo e inflei meu ego. você gostava de mim. talvez não fosse uma péssima ideia te corresponder, mas eu era jovem demais e você também.
demais, demais, demais. conosco tudo era em demasia...
mas não foi tempo perdido e eu sei que você entende isso tudo melhor que eu. foi o tempo certo e que bom que o tempo, que naquela época tudo dificultou, dessa vez acabou por tornar tudo mais fácil; simplesmente por fazer aquilo que ele foi destinado a fazer... existir.
nosso tempo existiu mas ao mesmo tempo foi inexistente. fomos o encontro do paradoxo e da anáfora; do real e do irreal. o nosso nós nunca de fato existiu. e tudo bem.
minhas pálpebras estão inchadas e os olhos a lacrimejar. não sei porque. mas eu estou bem. você também. chorar não é pecado...
mas me desculpa. porque eu subestimei muito você. eu percebi que você tentou e tentou e tentou mas não conseguiu. você quis falar comigo e eu sempre quis falar com você, mas acho que no fim das contas não era pra acontecer. eu não acredito em predestinação e meu pai não gostaria muito se acreditasse, você sabe disso; mas acho mesmo que não era pra ser.
acho que é isso. você sabe que eu não sou bom com palavras escritas. isso é coisa sua e é um dos seus grandes talentos que admiro.
finja que esta é uma carta de despedida poética e que tudo o que eu disse faz sentido.
— enquanto isso, vou fingir que já me esqueci de você.
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