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Capítulo 45: A Árvore e a Serpente

*ALERTA DE GATILHOS: MENÇÃO A ASSASSINATOS, CATOLICISMO, RELIGIÃO E ARMAS CORTANTES.

*RECOMENDAÇÃO DE MÚSICA DA TRILHA SONORA PARA O CAPÍTULO: Burn - David Kushner

Gaya respirou imersiva enquanto Deangelo ansiava pelo brinde.

— Em nome da verdade?

— Em nome da verdade — bateram os copos.

O gravador fora apanhado mais uma vez após o gole. O investigador transitava entre focar no serviço ou aproveitar a presença curiosa da testemunha.

— Então, se for de grande importância, como cantora me chamo Sol Basil. Mas vivendo a vida distante do trabalho — se fez uma pausa. Há um período que não admitia seu nome e sobrenome desde que partiu de Rye. — Meu nome real é Gaya Demdike.

"Impossível!".

Dante exclamou silente, mas manteve o profissionalismo.

— Por sinal, um belo nome, Srta. Basil — respeitou chamá-la como de costume. — Reforço que haverá sigilo por sua proteção e se não importar, escreverei meu número de contato para repassar à pessoa que tem em memória. Pretendo prosseguir com minha investigação ainda hoje.

— Aqui está.

Solicitou o bilhete a ela, anotou seu número telefônico no papel amassado e devolveu para a jovem que sibilou os dígitos.

Ela entregaria ao Corey em breve tempo.

— O Corey é um amigo de confiança. Pode acreditar.

Voltou a beber e por segundos aproveitou a música.

No instante, o investigador ondulou as sobrancelhas e precisou admitir algo.

— Sotaque de Rye, senhorita?

Fora assertivo e a surpreendeu ao inclinar sua cabeça para frente, em busca de enxergá-la com atenção.

— Não sei do que fala.

Tornou-se irritada e visou disfarçar entre a iluminação do ambiente.

— Em prol da verdade, lembra? — ela não contou com isso ao forçar o sotaque londrino.

Suas pálpebras selaram e a moça regressou com as escleras a girar, sem tanta paciência.

Como descobriu? — corajosa, o puxou para perto, sussurrou próximo da orelha dele e sentiu o perfume do rapaz.

Era algo feito limão e aroma pós-banho até largá-lo.

O detetive não temia a cantora como muitos. Já havia lidado com indivíduos mais perigosos.

Não podem saber disso. Ouviu bem? — intimidou e o notou sorrir em meio aos leves espasmos e olhos céleres do homem.

— Fique tranquila, não há ninguém que nos escute por perto — mirou as câmeras e se colocaram mais próximos que antes. Disfarçaram. — Conheci pessoas de lá. Seu sotaque londrino forçado causa suspeitas. Não precisa disso.

— Eu tentei — se apartou novamente. — Mas passei despercebida, hein?

Parecia estar convencida.

— Um pouco — gesticulou e riu desajeitado. — Não comigo.

De fato, a conhecia por tempos passados.

Apoiados no parapeito, ambos seguiam a empolgação do público animado e colado no palco.

— Se não for incômodo, gostaria de retomar uma pergunta, Srta. Basil. Me permite?

Seu jeito de trabalhar alternava entre conquistar a confiança da testemunha e apanhar qualquer informação que ela oferecesse.

— Aproveite enquanto estou disposta — brincou.

— Certo — retribuiu com sorriso. — Como conheceu a falecida Srta. Ivone Castrell? Considero que eram próximas, não é?

Acionou o gravador já posto na mão. Não havia guardado.

— Eu e Ivone? — riu anasalado e vagueou o olhar profundo. — Apenas colegas de trabalho, mas eu sabia de alguma maneira que não era uma pessoa ruim. A conheci no Vaughan como cantora.

— Então, de certa forma chegaram a se aproximar.

Se esforçava para compreender.

— Não foi bem uma aproximação. Entretanto, chegamos num ponto que as ocasiões nos colocaram em um mesmo lugar — voltou a atenção nele.

— Diz isso acerca do clube?

Suas sobrancelhas ondularam duvidosas.

— O clube é um disfarce. É o que meus olhos enxergam.

Odiava guardar a atmosfera na consciência. Fora a morte de uma artista preenchida por um futuro brilhante.

— Bem no primeiro andar, há um local restrito só para membros endinheirados e não pense serem ricos por conta própria — se estressou e reaproximou do ouvido dele. — Fazem parte da igreja católica.

Dante estremeceu, mas já carregava dúvidas.

— Há coisas que mencionam sobre trabalhos para alguém, entopem a cara de bebida, a neblina paira no ambiente, além do cheiro de tabaco. E numa das noites, creio que na primeira vez ao estar lá, existia um padre. O mesmo padre que apanhei se encontrando com Ivone Castrell. Esse é um dos segredos que a envolve e do meu conhecimento.

— Pode me contar mais sobre os dois?

— Se eu não expuser, trairia a memória de Ivone — bufou e se emocionou. — A relação de ambos era um pouco estranha e sabe quando percebe que uma pessoa está desconfortável sem transmitir?

— Sei como é — concordou e sorriu desmotivado.

— Pois bem. Ivone estava assim e eu deveria ter agido.

— Não, Srta. Basil.

A acalentou. Cuidadoso.

— Não se culpe. Talvez se tivesse feito algo, não estaria aqui, em busca de justiça, concorda? — ela consentiu calada. — Então, é o que a senhorita também deseja, além do meu cliente.

— Não imagina o quanto eu adoraria assisti-los sofrer em minhas mãos, mas a família de Ivone merece que todos sejam julgados se for possível.

A acalmou num carinho de ombro e ela mal sentiu, ocupada com a partida de Castrell.

A música lenta por um momento permitiu uma comunicação.

— O segundo padre, se recorda?

— Também velho, desgastado. Todos nem disfarçam que amam a libertinagem.

Pensar a enojava.

— E qual era sua função dentro desse lugar restrito?

Seu rosto abaixou disposto a enxergá-la melhor.

— Tocar piano, cantar e se fazer presente. Ivone ficava entre os vermes, como um esqueleto rodeado de larvas, baratas... — seus pelos do braço emergiram.

— Está me esclarecendo muitas coisas com nosso diálogo. São informações que me levarão a pesquisar e ir atrás de algumas pessoas para recolher o máximo de evidências possíveis.

— Chega a ser um sonho para mim. Poucos acreditam no que falo.

Soou um desabafo da alma.

— Não seria sincero se eu não acreditasse numa testemunha. Apesar de ter que separar meu serviço das minhas opiniões — encerrou a gravação —, eu sei que você é uma possível vítima de toda a situação.

Guardou o dispositivo e passou as mãos nos cabelos.

— Me encare feito alguém que anseia pela justiça — o jovem completou.

Engoliu seco de tamanha revolta por aquele crime.

— Você não tem como prender ou possui alguma ordem? — buscava por proteção imediata.

Gaya transitava entre medo e coragem.

— Só posso me defender ou arriscar a vida para apanhar provas. E isso inclui a senhorita. É uma testemunha de ouro. Mas faz um tempo que indiretamente trabalho com a polícia, ainda me identifico com autorização, contudo, não tenho mais respaldo oficial para agir sob eles.

Riu tímido e ela correspondeu, sem jeito.

— Creio que adquiri informações o suficiente para esta noite.

Organizou suas vestes no corpo.

— Manteremos contato e se conserve em alerta, Srta. Basil. Somente use o canivete em momentos necessários.

A bruxa riu ao notá-lo sério.

— Não sabe o que diz — debochou e deu um tapa no ar. — Não tenho como pagar por um segurança particular.

— Sei que não possui condições para isso, mas evite. Quem pode ser detida, será você.

Alertava por entender acerca disso.

— Sabe que não seria uma péssima ideia ser presa?

As escleras do homem quase pularam para fora por tamanha surpresa.

— Só pode estar brincando — pendeu a cabeça para trás e mirou o teto. Incrédulo. — Fala com sinceridade?

Ela daria muito trabalho ao investigador que necessitava da testemunha quieta.

— Convenhamos que eu não faria isso porque... você sabe — ele ainda não acreditava. — Mas é um bom plano, não é?

— Óbvio que não! — se afastou da jovem que ria feito criança. — Nem compreende o que diz, Srta. Basil — a voz dissipava ao se afastar e ela o seguia atrás entre o aperto dos estranhos. — Acredite em mim, eu entendo melhor o momento certo de se usar um.

Ambos saíram do ambiente em meio às agitações e já se encontrava tarde demais. Mal existiam pessoas na fila para adentrar.

— Apesar de se mostrar simpático, ainda não confio em você — deu duas cutucadas no ombro do rapaz enquanto ele ria entre os dentes.

Os pés dos dois chocavam contra o asfalto úmido da noite e do exterior.

— Aos poucos confiará.

Apanhou os capacetes ao arfar, entregou a ela e pôs o seu na cabeça.

— É só questão de tempo — se desvencilhou da moça que mordeu as bochechas e desviou olhares. — Apenas confie.

— Não é o que transmite se quer passar proteção para uma testemunha — aumentou um tom da voz.

Ele não imaginava o quanto aquela artista era irredutível.

— O ponto, Srta. Basil — voltou um pouco ligeiro na direção da jovem e a incomodou —, é impor medo. Não em você — a encarou mais perto e percebeu o queixo da mulher erguido, para se sobrepor. — E sim, nos que desejam cessar sua voz.

Deangelo tratou de subir na motocicleta, posicionou as mãos e apenas a esperava.

Até notá-la ao seu lado.

— Eu provoco medo.

A enxergou com o capacete mal colocado na cabeça e punhos descansados na cintura.

Se mostrou irritada.

— Ah, é? — riu anasalado. — Não com esse capacete mal posicionado — Gaya bufou.

Logo que ele abaixou o visor do capacete posto em si e a moto deu partida do local, ao indicar onde morava, Gaya segurou corretamente na cintura do rapaz para se equilibrar. Temia cair.

À medida que percorriam as ruas inabitadas em Londres e os postes refletiam nos visores e aquele clima aprazível, ela memorizava como sua vida em Rye fora mais tranquila, apesar de nunca ser fácil.

Suas mães jamais imaginariam a situação que a filha se envolvia.

A Demdike chegou para estudar e trabalhar na tranquilidade, mas por acidente temia morrer ao se tornar testemunha de um crime.

Num sentido, escapava dos católicos.

No outro, avistava vultos estranhos e visitava o passado de uma culpa que não obteve.

— Bonita casa — aguardou que ela devolvesse o capacete. — Compartilha com mais alguém?

— Não encerrou sua sessão de perguntas? — ela riu e entregou. — Apenas moro sozinha. É mais seguro que compartilhar com outra pessoa porque podem me dedurar.

— Bem pensado. — concordou. — Alguém mais sabe o seu nome real?

— Só utilizei meu nome e o meu primeiro sobrenome, Kalitch. Mas não me faltam dúvidas que o administrador Lillard já tenha descoberto e entregado o Demdike aos reais assassinos de Ivone.

— Está certa — guardou o outro capacete no compartimento da moto. — Eu recomendaria se ausentar do trabalho ou talvez se mudar da cidade após os assassinatos.

— Você não entenderia.

Deu as costas.

— É o correto, Srta. Basil. Também se afastar de familiares, pessoas próximas...

— Espere aí — regressou. — De fato não entende. Eu não tenho como me distanciar do emprego. Necessito de dinheiro. DI-NHEI-RO! — soletrou.

— Então precisamos nos manter em contato para resolver como lhe proteger — ligou novamente o motor. — Me comunicarei com a polícia, para sua proteção.

— Me defendo desde que nasci, Sr. Deangelo. Já disse que mataria qualquer pessoa que tentar contra minha vida. Não me conhece bem.

— Eu não te conheço tão bem, mas precisa entender um pouco e esquecer que para tudo se defenderá. Porque em um momento, de tanto recusar ajuda, vai precisar — gesticulou. — Me conceda o mínimo da sua confiança, certo?

O analisou entre os olhos semiabertos.

— Prometo que me esforçarei — arfou e foi sincera.

Deangelo deu impulso na motocicleta com destino à casa o mais rápido, pois seu corpo implorou por descanso.

Dali em diante, coletaria o máximo de informações e provas possíveis para entregar ao padre que lhe contratou.

Começaria pelo bartender Corey.

22 DE JULHO DE 2011

Era madrugada da noite seguinte quando Dante recebeu uma repentina ligação.

Fora acordado no sofá após passar horas em pesquisas.

A almofada possuía baba pelo sono pesado e a pequena mesa de centro foi amarrotada por livros recolhidos da biblioteca pública da cidade.

Eles contavam sobre a história da igreja católica no país, além de jornais adquiridos e desarquivados.

No ínterim do barulho da chamada, existia o vizinho acima que escutava um compilado de músicas clássicas dos anos 80 e mesmo assim ele atendeu ao chamado com paciência.

— Investigador Deangelo, com quem eu falo? — vedou o segundo ouvido, a fim de escutar melhor e bocejou.

Em partes, estava sonolento e seus olhos avermelhados evidenciaram isso.

— Investigador, me pediu para eu telefonar.

Despertou um pouco mais no sofá, sentou-se no estofado, caçou a caneta e uma folha de papel vazia no meio dos objetos espalhados.

— Tenho uma coisa que pode ser do seu interesse — fechava a porta enquanto mantinha a comunicação. — Um broche de ouro puro e de acordo com a Srta. Basil, provável que seja algo de grande importância.

— Então, além de plantas, ela é uma boa conhecedora de metais preciosos? — observou o relógio de mesa rente à televisão e certificou horário.

Precisou anotar o que constava nos ponteiros e os pormenores daquele diálogo.

— Ela é muito inteligente — riram sem graça.

Havia uma concordância sobre Gaya entre ambos.

— O que significa esse broche?

Mordeu a tampa da caneta e como de costume, teve espasmos.

— Notei que o objeto pode ser encontrado em alguns membros da igreja se olhar com atenção. Mas enviarei através da caixa de cartas para visualizar.

— Tudo bem. Me envie para a Rua Ainger, em Camden Town, apartamento nove — Corey anotava, nervoso. — Me responderia algumas perguntas, senhor...?

— Hanson. Acho viável me chamar dessa maneira, inclusive por ligação.

Completou e riu desconcertado.

— Senhor Hanson, lembra da fisionomia da pessoa que esqueceu o item?

— Como trabalho em bar com mixagem de bebidas e atendo fregueses na bancada, uma semana antes do dia nove de junho, quando conversei sobre isso com a Srta. Basil, chegou um homem bem-vestido inteiro de preto. O pub não é tão requintado, mas recebemos variados clientes ricos. E como deve saber, o catolicismo está se tornando popular aos poucos por aqui. Agora é banal ver padres pela cidade.

— Não tenho notado tanto. Padres embrulham meu estômago — riu anasalado.

— Pois deveria perceber. Porém, não são sacerdotes comuns. Um padre comum não se veste daquela forma, senhor.

— De qual forma? — não fazia ideia de como eram os trajes.

— Pelo que percebo, a única diferença do modo deles se vestirem todos os dias por aqui, é carregar um crucifixo no pescoço ou nem isso. Se vestem feito a gente. Estes não. Eles usam sobretudo em qualquer ocasião, como se fosse um manto.

— E se recorda de como era a aparência do padre?

Cada detalhe era mais que precioso.

— O que atendi naquela semana não aparentava ser tão idoso, mas nem tão acima da idade. Depois de muitos goles, ele pagou o que consumiu e assim que levantou, o broche folgado caiu no chão. Ninguém percebeu ao redor dele, portanto, apanhei e guardei.

— Não há câmeras no local? Espalhadas... que tenha registrado o sacerdote?

— Pergunte ao proprietário. Há tempos que cobram câmeras no estabelecimento — soou levemente revoltado.

Não era o tema de foco.

— E então se trata de um broche...

— Não é um simples broche. Aviamentos como esse item são feitos por encomenda. Creio eu. Aconselho que procure a Morgane, ela é especialista em joias e coleciona artefatos valiosos. A joalheria se situa na Rua Montague, ao lado do museu britânico, de frente para o hotel com o nome da alameda e ela já trabalhou para o museu.

Aliás, já trabalhamos.

— Por hoje é isso. Agradeço pelas informações, Sr. Hanson. Me auxiliou mais que o esperado.

Anotou o suficiente para apanhar pistas. Mesmo que ínfimas.

— Não me agradeça. Ela possui informações preciosas, entende do assunto e lhe recomendo estar com dinheiro na carteira para oferecer algo em troca ou de muito valor.

Logo que se encerrou a chamada, Dante respirou denso, passeou as mãos pelos cabelos e pela primeira vez estava temeroso sobre até onde chegaria com a investigação.

Com os arquivos coletados na biblioteca, dois padres foram mortos e ambos, descendentes de famílias ricas.

Após o contato com Cory, ele repassou variadas coisas que conseguiu no dia para armazenar no notebook assim que obteve mais detalhes na ligação.

Disposto a manter as informações em segurança.

A fachada branca, numa rua rica e turística, desagradou o investigador que daquela vez apostou em uma camisa social azul bebê que escondia por baixo a credencial.

Dante também carregava nas mãos uma sacola bonita de sapato que guardava na gaveta da cozinha, e para disfarçar, a encheu com jornais velhos.

Por um momento considerou a ideia brilhante.

Aquela região era famosa por avistar indivíduos importantes da igreja.

O sino na porta da pequena loja refinada tocou logo que ele adentrou segurando o capacete na mão e a sacola na outra, à procura de alguém com a possível fisionomia de uma pessoa chamada Morgane.

Para um belo nome, soava bem elegante.

Existia um balcão enorme de vidro com algumas joias a mostra em sua frente, seus olhos que piscavam céleres brilharam fascinados e um segurança protegia o ambiente, disposto a evitar possíveis furtos.

— Busco pela Sra. Morgane — as escleras nervosas correram por todo o espaço, atônito nas gemas diversificadas.

Contudo, um colar de rubis presos em minúsculos diamantes recordou da cantora Sol Basil.

"Ficaria surreal nela" pensou e imaginou o acessório apoiado sobre as clavículas da jovem.

Dos fundos, entre uma passagem de vidraça blindada, uma senhora de cabelos brancos e estirados surgiu.

Ela se vestia como uma Versace e suas íris escuras assustaram um pouco o rapaz que dificilmente reagia dessa maneira.

Sua aparência em completo acostumou o homem que possuía familiares mais excêntricos que a madame. A começar por sua mãe que era belíssima e sombria.

— Dante Deangelo, investigador particular — exibiu a credencial escondida por baixo da camisa, ocultou e abandonou a sacola no chão. — Senhora Morgane — reverenciou com a cabeça, educado e fora retribuído.

— Bem-vindo, Sr. Deangelo. No que posso lhe ajudar?

Sinalizou com o indicador para o guarda-costas deixá-los a sós e apoiou os cotovelos sobre a bancada de joias.

— Perdoe-me pelo incômodo, mas gostaria de sanar algumas dúvidas acerca disso — coçou a orelha e o queixo.

Cauteloso, sem rodeios, evidenciou o broche escondido entre os papéis da sacola e zelado num saquinho de cetim vinho.

Assim que o salientou, os globos oculares da mulher saltaram ao ver.

Testemunhava um evento, mas ainda não sabia do que se tratava.

— Me permite registrar nossa conversa? Toda informação é crucial — o gravador fora exposto.

A mulher mal hesitou.

— Deve. Entretanto, possui algo em troca? — os olhos reluziram. — Trabalho também com trocas valorosas.

Por baixo da cintura, um cinto com bolsos guardava um pano de camurça envolto numa adaga de esmeraldas.

Os olhos dela cintilaram muito mais, logo que ele manuseou a arma branca com cuidado.

Morgane o analisou atenta em seus gestos ao conter a adaga. Era habilidoso ao entregar.

— Esta — ele falava enquanto a mulher apanhou como se segurasse o mundo nas mãos —, é uma adaga familiar da família...

— Gregori — aquele sobrenome o incomodava bastante. — Moldado e cravejado em homenagem à Gia Callahan. Presente do artista Michelin Gregori, para sua estimada esposa — seus olhos dançaram no objeto cortante ao passo que explicava. — Como conseguiu? — regressou a atenção no rapaz que se cansava de escutar.

Quando Dante manejava uma adaga em mãos, os dedos transpassavam a lâmina e o cabo feito uma brincadeira.

Ele adorava sentir e ouvir a arma cortar o vento ao segurar por contrário, com a lâmina na mesma direção do mindinho.

Havia mais força e habilidade à medida que o cabo se posicionava com o polegar.

Sua mãe o ensinou como atingir um pescoço à distância e a contornar um ataque com agilidade.

O rapaz, apesar de ser alto, parecia um vulto em questão de defesa quando seus pés deslizavam em qualquer chão.

— Presente de família — respondeu ríspido. — Não sou um Gregori, se deseja saber. Para mim, este artefato é menos inestimável que a informação na qual desejo conseguir da senhora.

— Estas pedras são puras, valiosas e históricas, Sr. Deangelo. Assim como a família que mencionou.

— Apenas possuem nomes — rebateu. — É o mais sensato a se dizer.

— Sobre os Gregori, tenho que concordar. Mas qualquer informação que precisar, lhe concederei.

— Qualquer informação?

— O que vier na memória — se afastou da bancada.

O gravador foi acionado e marcava data, hora e duração da gravação.

— Se conhece bem os artefatos preciosos, o que me diria acerca desse aqui?

Retirou o item do saquinho e ele brilhou.

Morgane se animou. Bem entendia do que se tratava. Já Deangelo, sentiu que sua investigação tomava rumos diferentes e mais perigosos.

— Meu jovem, pode me acompanhar?

Já dava as costas ao homem.

— Senhora? — desentendeu.

— Me acompanhe. Preciso lhe mostrar uma coisa.

Ela o guiou para os fundos da joalheria e ambos desceram até o porão, onde se armazenavam mais joias e alguns cofres selados por senha.

Os dois se encostaram numa mesa quando o broche foi posto à mostra.

— Essa aqui é uma oliveira de prata, o primeiro protótipo para presentes entre membros da Catedral de Westminster. Foi confeccionada pela minha família de joalheiros, Sr. Deangelo. Conhece o significado da oliveira?

Exibia os detalhes com o indicador e ele analisava em conjunto.

— Desconheço e seria o ideal me contar? — a olhou e suas sobrancelhas ondularam.

— A primeira vez que a árvore é mencionada, foi em Gênesis, onde um ramo fora carregado pela pomba branca assim que voltou à arca de Noé. Terra Santa e riqueza. Também corresponde à justiça. Porém, sobre qual justiça nos referimos?

— Hum... — pensou e os lábios entortaram até a cabeça negar. — A justiça dos homens, da igreja... talvez? — surgiu uma luz.

— Na mosca — ele se surpreendeu. — Quando se trabalhou na criação do protótipo, foi repassado que era um objeto para membros fiéis à sua instituição. E pelo que sei, logo que há quebra da fidelidade e lealdade à igreja...

— Traição — a completou.

Ele era inteligente nas suas análises. Para um bom investigador, seus pensamentos serem ágeis se tratava de uma habilidade importante.

— O que restou foi apenas o protótipo, Sr. Deangelo. Agora, há outra joalheria que possui a igreja como cliente. Trabalhei por um tempo no museu britânico antes de prosseguir com a joalheria do meu pai. Sei que a Lvgari trabalha há tempos com ouro puro e encomendado pela catedral. Há um site deles com mais informações.

Os braços da senhora foram postos para trás e ela passou a andar pelo ambiente enquanto o homem ainda se apoiava na mesa.

Parecia buscar por alguma coisa entre as estantes.

— E a serpente? É algo que desperta mais curiosidade neste objeto.

Seus punhos se apoiaram na cintura ao notá-la apanhar uma lupa de rosto que lhe permitia acompanhar a ampliação dos detalhes.

A mulher regressou para próximo dele.

— Como também uma boa conhecedora de artefatos, a serpente detém significados variados. Na bíblia, o mau. Para quem se aprofunda, ela simboliza o bem e aos maiores, o poder.

Era bom conversar com alguém que estava disposta a auxiliar na investigação.

— A serpente enrolada indica domínio, ou algo semelhante, Sra. Morgane? — seu dedo indicador apontou para o broche. — Não é comum, membros da igreja católica se orgulhar em carregar uma cobra como símbolo em broches. Sobretudo, se assemelhando a uma jiboia.

— Bem pensado. Não chega a ser uma peçonhenta — levou o objeto ao alto, entre os dedos, contra uma luz branca e analisou. — Uma cobra constritora imobiliza sua presa e cessa a circulação sanguínea e o oxigênio para os órgãos vitais — a lupa visualizava o broche novo em folha. — Não importa o tamanho dela ou de qual ser precisa se alimentar.

— Como a cobra da Regina Smelton. Foi o que o biólogo informou.

— Sim. Passou em todos os telejornais porque as pessoas ainda se arriscam em cuidar de animais silvestres sem instruções — riu. — Ela cuidava de uma cobra feito como aquela sem autorização ambiental.

— Não me arriscaria com isso — riu sem jeito.

Voltaram com o assunto anterior após ela recolher o item da luz e retomar a atenção para o investigador.

— Se pensarmos um pouco, tudo pode se interligar.

— Sem dúvidas. E o que me diria, além disso tudo, Sra. Morgane?

— Para ser bem sincera, durante a história, Sr. Deangelo, as teorias conspiratórias mencionam sociedades secretas relacionadas ao catolicismo e nem me mencione Dan Brown — ele não queria pensar ser isso, mas não recusaria. — Supostamente, podemos estar nos referindo a alguma. Não que eu tenha certeza. Mas, broches como esse, não devem surgir em pessoas feito nós, se tratarmos de ouro puro.

A idosa devolveu o objeto de ouro, Deangelo envolveu de volta no tecido e o guardou.

— Recomendo passar no museu britânico em qualquer dia. Nesse horário continua aberto e por lá poderá adquirir qualquer informação para acrescentar em sua investigação. Em especial nos quadros e artefatos.

— Creio que preciso investigar mais algumas coisas antes de chegar por lá. Mas sua ajuda foi incrivelmente necessária, Sra. Morgane.

— Torço que não ponha sua vida em risco, meu jovem.

Concedeu uma leve tapinha nas costas do rapaz quando o guiou de volta ao mostruário fora do porão.

— É um pouco tarde para avisos.

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