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Capítulo 39: Cabeça do Traidor

*ALERTA DE GATILHOS: ANSIEDADE, PÂNICO, SITUAÇÃO ABUSIVA DE TRABALHO, CATOLICISMO, MISOGINIA, CONSUMO DE DROGAS, BESTIALIDADE, RELIGIÃO, DESCRIÇÕES GRÁFICAS (DESMEMBRAMENTO) E MENÇÕES A CRIMES.

*RECOMENDAÇÃO DE MÚSICA DA TRILHA SONORA PARA O CAPÍTULO: Stretch Your Eyes - Agnes Obel

O pub se preservava naquela noite e os funcionários não sabiam o horário de voltar para casa, mas Gaya carecia regressar.

Um pouco bêbada, seus olhos sonolentos a confundiram ao repassar as cédulas.

Naquele instante desejou não ter bebido a cerveja por não possuir o costume.

O que a fez pedir para o garçom contar o dinheiro em seu lugar, porém, ainda estava bem lúcida o suficiente para recordar do que fizera na noite e o manuseio do canivete em casos emergentes.

Ao sair do ambiente, seus sapatos machucaram os dedos e fizeram com que os recolhesse na mão e sujasse os pés no chão úmido e frio.

"Que circunstância decadente, Gaya Demdike". A voz no inconsciente reclamou.

Apesar da rua estar movimentada, não apareciam táxis e ela resolveu aguardar até segurar a bexiga que estava prestes a explodir.

No fim da alameda, enquanto nenhum taxista passava, a cantora se sentou no meio-fio, riu e resmungou sobre os professores mais insuportáveis, relembrou de sua antiga casa e de um certo alguém.

"Aquele maldito homem! Se eu vê-lo mais uma vez, irei... não farei nada. O Gregori não merece meu coração!"

Mexeu na bolsa para conferir se não faltava nada, visto que sempre esquecia algum item no pub e retornava por lá para aproveitar a bebida favorita.

Porém, logo que cansou de procurar por algo que não perdeu daquela vez, ela notou um carro preto de faróis intensos e acesos na sua direção, contudo, não focavam exatamente nela.

A Demdike olhou para os lados e medrosa se levantou cautelosa até se esconder atrás de uma parede de tijolos vermelhos.

Onde a luz não alcançava e nem lhe permitia ser vista.

Na orientação contrária vinha uma mulher alta, elegante, cismada com a rua.

Logo que Gaya compreendeu seu rosto, percebeu ser uma das cantoras do clube de jazz.

Chamavam-na de Ivone Castrell, a preferida do clube Vaughan.

Sua pele era pálida e os cabelos dourados, lisos como cetim, despencavam na face serena. Falavam muito de suas mãos quase esqueléticas que dançavam conforme as canções de seus lábios.

Ivone desmanchou sua feição desconfiada quando os faróis desligaram e a porta de passageiro abriu, permitindo-a entrar.

Até aquele momento nenhum táxi aparecia e Gaya havia se entretido com a situação. Algo pinicava na cabeça que deveria testemunhar aquilo.

De repentino, a luz do poste apagado ligou bem por cima do para-brisa e expôs duas pessoas a se debruçar em beijos calorosos.

Ela sabia de quem a moça se tratava, mas precisava visualizar a outra pessoa no banco de motorista.

Logo que o beijo se finalizou, o rosto misterioso se revelou por intermédio da claridade e a bruxa quase saltou de raiva.

O mesmo idoso que horas antes lhe importunou no pub, estava no mesmo veículo com o intuito de levar a artista para outro local.

Assim o fez.

O automóvel virou a primeira alameda em sentido contrário, passou por Gaya que se jogou contra a parede até sair e disparar para solicitar um táxi.

Naquela noite ela esquentou a água da banheira, tomou um chá para relaxar antes de dormir e passou cinco minutos observando a rua silenciosa através de sua janela.

Depois do que testemunhou, achou que se tornaria alguma vítima daquele homem.

Ponderou até ser um possível assassino em série.

Também temeu acordar com o noticiário indicando a misteriosa morte de uma cantora do clube de jazz.

Sua consciência sussurrava essas coisas.

Contudo, na noite seguinte, lá estava Ivone a cantar para todos acima do palco, com o pescoço e braços preenchidos em joias.

Mas alguma coisa, de qualquer maneira, havia ocorrido após a saída do veículo e Gaya considerou não buscar encrencas.

— Sente aí — o administrador apontou para Gaya, que o enxergou com tamanho repúdio, porém, consentiu enquanto pressionava os lábios.

O ambiente estava quente, fedia a cigarro, conhaque e suor.

Era insuportável porque tudo vinha dele.

Proporcionava enjoos.

A moça se acomodou tensa, com os olhos que arderam, sentiu desconforto na lombar e na nuca. Daquela vez o homem não estava tão receptivo e ela entendia o motivo.

— Isso é devido ao aumen... — falou firme.

— Você quem quis conversar sobre isso, Srta. Basil.

Escreveu algo em sua agenda, a fechou e se inclinou na cadeira para Gaya.

— Ou melhor, Srta. Kalitch — a língua da bruxa coçou o céu da boca, estava incomodada até demais. — Aqui não damos aumento. Agradeça a Deus por receber gorjeta. Isso que lhe sustenta a se esforçar mais.

Se acomodou no assento, fez a cadeira ranger quando se balançou para frente e para trás, numa posição intimidadora.

O sangue ferveu na bruxa que hesitou em pedir para a Mãe Terra agir sobre ele, porém, uma boa bruxa não deveria se incluir em confusões.

Contudo, daria tudo para firmar os dois punhos em cada bochecha dele até que cuspisse seus dentes tortos e podres.

— É dessa forma que a Ivone Castrell consegue mais dinheiro além daqui que nos paga uma mixaria de salário?

Ergueu do assento e o encarou relaxado, numa pose confortável, como se nada lhe atingisse.

— Do que está falando?

Gargalhou com sua risada rouca de um fumante até cruzar os braços.

— Não quero julgar o que ela faz ou o que deixa de fazer, porém, pelo que meus olhos testemunharam, acho que a voz da Ivone não é o suficiente para os velhos dessa cidade.

Ele igualmente se levantou e a fitou entre sua face raivosa, contudo, debochada.

Havia muita coragem dela ao pôr seu trabalho em risco.

— Admita que deseja ganhar o mesmo que a Ivone, Gaya — contornou a mesa até se colocar por trás dela, sem aproximação enquanto a jovem manteve sua posição. Sem encará-lo.

O estômago se revirou pelo cheiro, poderia se virar para vomitar naquela roupa manchada de suor e cessar seu caminho no lugar.

Mas a jovem conservava controle acerca da situação.

— Salários iguais, não é? — o fitou com os olhos semicerrados e sorriu na cara do homem que a considerava intrometida até demais.

— Se quer tanto, é só me avisar sobre a sala restrita e o público mais caro é seu. Mas é claro, lembre-se que uma parte do que receber, é meu.

Apanhou novamente a garrafa de conhaque deixada numa das prateleiras ao lado da mesa e esgotou o copo de vidro com a bebida.

— Para acertarmos nisso, preciso saber do que se trata. Ou não fechamos acordo.

Selava um trato com o Diabo.

Voltou a sentar na cadeira e inverteu o papel de temível.

— Diferente da Ivone — molhou os lábios num gole e olhou para a porta, sem focar em nada —, você apenas precisa cantar, Srta. Basil. Cantar e no final calar a boca — alinhou os olhos com os dela.

— Seja mais explícito — ondulou as sobrancelhas.

— Se quiser ganhar mais dinheiro, terá que ficar em silêncio. Se precisa tanto de grana, a única alternativa aqui é expandir seu público para pessoas que não são tão comuns neste estabelecimento.

— Isso envolve corpo, sexo? Apenas me certifique disso.

Havia posto na cabeça que a única pessoa na qual perderia sua virgindade estava em formação para ser um padre.

— Você quem decide porque isso não é da minha conta, mas se for para cantar e receber mais, uma parte terá de cair bem aqui — apontou para o centro da palma da mão.

Gaya sentiu a Mãe Terra sussurrar em sua nuca.

E ela gritava em negação.

Na noite do dia treze de julho, numa quarta-feira movimentada, no palco, Gaya cantava a segunda canção acompanhada da banda e toda a atenção do público se voltava para ela.

Desde a conversa com Lillard, ainda não se decidira sobre o trabalho extra.

Não ficou nítido do que se tratava.

Maioria virava os copos cheios de cerveja, conversavam alto e mesmo assim mantinham a atenção na cantora que flutuava com a música e sua própria voz.

De repente, um dos garçons se aproximou da beira do palco e entregou um pequeno papel dobrado nas mãos da cantora, que permaneceu a cantar levemente desconcentrada, mas sua expressão era de desentendimento.

De tanta ansiedade para abri-lo, Gaya se confundiu na letra da música e voltou a se concentrar.

Mas seus pensamentos ainda moravam na curiosidade em ler a pequena folha.

Logo que tudo cessou e cederam espaço para outra artista, ela se afastou do público, encostou num canto mais escuro próximo da entrada dos banheiros, porém havia uma luz vermelha para contrastar.

Conferiu os lados, assegurou inexistir alguém próximo e desdobrou o papel retirado de um bloquinho de anotações pertencente aos garçons.

De início considerou ser um bilhete de algum funcionário que alimentava uma paixão secreta por ela.

Contudo, à medida que as palavras eram lidas e compreendidas, a Demdike sentiu as pernas tremerem e até formigarem:

Srta. Basil,

Seu talento chegou aos meus ouvidos de uma forma esplêndida. Me permita elogiar igualmente a sua beleza estonteante. Por isso, gostaria que cantasse com exclusividade para mim e alguns companheiros de vida.

Sabe o primeiro andar? Apenas precisa indicar seu nome ao guarda-costas e receberá o triplo do que ganha no térreo.

Lhe aguardamos.

De imediato entortou os lábios para dentro e amassou o papel com a mão.

Quem garantia que de fato apenas cantasse?

Gaya não era uma experiente em Londres, mas não fazia pouco tempo vivendo naquela cidade na qual considerava naquele atual momento: horrenda.

Poderia muito bem sofrer alguma violência, pois não sabia de quem se tratava e para onde iria.

Entretanto, sua necessidade em ganhar dinheiro implorava para que acatasse aquele pedido, visto que receberia melhor.

Contudo, recordava do aviso deixado por Lillard.

Portanto, se fosse para subir até o primeiro andar, subiria com seu canivete e se tratando ser uma pessoa conhecida na casa, não seria barrada com facilidade pelo segurança.

Assim, ela desamassou a folha, recolheu sua raiva reprimida e caçou pelo canivete no camarim quando não havia mais ninguém por lá.

— O que deseja, senhorita? — sisudo, o segurança de braços cruzados se prostrou diante dela.

A cantora fingiu simpatia e sorriu para cruzar a faixa facilmente.

— Srta. Basil. Solicitaram minha presença.

Estava nervosa, prestes a suar.

— Como imaginei — permitiu que ultrapassasse e ela o encarou, irritada. — Informarei ao administrador.

A cada degrau que subia, Gaya sentia que precisava vomitar de tanto nervosismo. A iluminação, que antes era agradável e amarelada, transformou-se num azul anil ao traçar uma cortina de cordas e tiras brilhantes como safiras.

O clube era gigante para a vista de fora e o primeiro andar, embora menor que o térreo, visivelmente se expandia com a quantidade de homens acomodados nos sofás circulares de couro preto com mesinhas de centro preenchidas por bebidas, bitucas de cigarro e algumas substâncias que provocaram repúdio da parte dela.

A Demdike jurou ter contabilizado uns sete distribuídos nos assentos.

Um único garçom os servia atencioso e preparava as bebidas. Ele a observou inquieto e seu olhar transmitia pavor.

Repassava a mesma sensação para Gaya.

Também, ao fundo, existia um piano de cauda vazio com um pedestal que sustentava o microfone na direita, por cima de um tapete escuro para não danificar o piso de madeira.

"São homens poderosos", afirmou em silêncio e notou entrar num ambiente hostil.

Não era feito o clube musical das quartas que ocorria no auditório da academia. Estava mais para uma provável seita secreta num espaço particular, exclusivo para reuniões restritas.

Gaya travou logo que a Mãe Terra sussurrou e implorou que se retirasse daquele ambiente.

O que custaria sua vida.

Todavia, a Demdike cobraria mais do que recebia naquele instante.

— Srta. Basil — um idoso de braços estendidos no sofá a destacou entre as luzes azuladas que piscavam e atraiu a atenção de outros indivíduos. — Honrado bem mais que anjos próximos de Deus.

Os demais fitaram e parecia que os olhos de todos brilharam vermelhos, como seres da escuridão.

Contudo, o que mais apertou sua alma, foi perceber aquele mesmo broche escondido em algumas roupas dos clientes.

Londres surpreende mais que Roma — um deles cochichou, fixou os olhos na bruxa para o parceiro ao lado e ela leu seus lábios enrugados.

Seu sotaque ítalo-britânico¹, identificou.

A luz instigava enxaqueca na bruxa que caminhava elegante e simpática na direção do indivíduo que se levantou para cumprimentá-la.

— Bem mais alta do que eu imaginava naquele palco — entendeu que ele a acompanhava em suas apresentações.

A Demdike o enxergou de cima e apertou sua mão com manchas da idade.

Seus cabelos brancos e brilhosos feito cetim incomodaram a visão dela.

A face rigorosa do homem fora registrada em sua memória. Principalmente suas íris mais escuras que as dela, como de um ser maligno.

— Ela não fala? — outro indivíduo se intrometeu e o homem de cabelos alvos negou silencioso. — Ahh... apenas canta. Ponham-na para cantar ligeiro.

— Muito tímida, Srta. Basil — regressou a atenção para a moça que já imaginava sacar o canivete para torná-los mais tímidos que ela. — Mas se soltará com isso aqui.

De seu bolso da calça de alfaiataria tirou a carteira de couro preto e na palma contou o mar de cédulas como cartas.

Como alguém feito ele detinha a coragem de andar com tantas notas no bolso?

Caso fosse uma personalidade influente, estar naquele espaço tão frequentado de Londres simbolizava risco.

Gaya conseguia contar nos dedos a quantidade de furtos no clube entre as notas do piano e a névoa do cigarro que vendava os frequentadores.

— Cantoras como ela aceitam até menos que isso, meu caro amigo.

Outro, bem mais afastado no lado escuro de um dos estofados, se intrometeu na conversa e conquistou a atenção de Gaya, que notou a companhia de Ivone Castrell ao lado dele, acariciando seu peitoral.

Então, ao forçar sua visão, certificou que se tratava do mesmo velho do pub e que Ivone não se sentia tão confortável em estar ali.

Parecia seguir os mesmos motivos que ela.

Após a fala, Ivone riu, contudo, sua risada não fora tão sincera assim.

— Compro seu silêncio, um breve tempo de sua voz e presença, Srta. Basil — apanhou a mão da jovem, a palma, pôs as notas, selou e confiou entre dúvidas. — Assim como Castrell, sua vida está em nossas mãos.

Do que se tratava?

Após ameaçá-la, ele sorriu amável, como se não dissera nada assustador.

— Tudo bem — não queria concordar com aquilo, mas o dinheiro que estava em suas mãos, foram guardados em seu decote.

Porém, aquilo abria margem para Gaya despertar outro lado em si.

A bruxa o seguiu com os olhos até o instante em que ele buscou um copo de rum e ofereceu a ela.

— Não beberá? É cortesia da casa e para selarmos nossa parceria — ela recusou sem mover um músculo. — Eu insisto.

Aceitou manter aquela noite em segredo, mas não acataria uma bebida entregue por um desconhecido possivelmente perigoso.

— Não beberei de forma alguma. Quem me garante disso não estar envenenado? — todos se atentaram.

Gaya compreendia bem o que estranhos colocavam nas bebidas.

— Não está, Srta. Basil. Pode confiar em mim — se constrangeu. — Porém, como cantará para nós se estiver bêbada, não é? — riu desconcertado.

Resolveu não responder mais, já que havia prometido silêncio, pois permanecia a considerar todos eles preenchidos por algum grau de periculosidade.

Logo que o notou retornar ao seu lugar, resolveu seguir direto ao que achava estar encarregada.

A jovem tateou a superfície do piano de cauda e lembrou das breves aulas que havia cumprido na academia para acrescentar em suas notas avaliativas.

Não era tão boa, mas rompeu alguns com músicas armazenadas na memória.

Vermes.

Soprou revirando os olhos e principiou a tocar "A Song for You" de Donny Hathaway.

A música surgiu como a única naquele instante e as demais que sabia tocar apareceriam de acordo com sua disposição.

Algo que faria parte de sua rotina ao frequentar aquele ambiente duvidoso.

À medida que as teclas afundavam com seu toque e ela cantava sublime, seus ouvidos também agarraram nas conversas. Em especial, envolvendo a Ivone que se exibia desconfortável desde o princípio.

Após aquele flagra ao sair do pub, Gaya precisava entender a ligação entre aquele homem, os que ela passou a conhecer na mesma noite e o curioso broche.

É bom que ela continue a cantar.

Quase semelhantes, o outro indivíduo estava incomodado com a considerável estranha.

Ivone já era da "família"

Não acredito que poderá compreender a nossa conversa — riu e buscou por algo no bolso do sobretudo.

Pôs um cigarro nos lábios, um pouco amassado, acendeu com a ajuda do amigo e tratou de puxar mais assunto com o idoso.

Ninguém suporta por tanto tempo as ordens dele.

Falou um pouco alto, atraiu a atenção de Gaya que fingiu não olhar, mas seus ouvidos se atentaram no diálogo ofuscando o suspeito.

Shhh... fale mais baixo — focaram na jovem que mantinha os dedos e olhos no teclado. — Está se confessando — ameaçou o colega.

Tudo bem, tudo bem — se irritou, desceu o tom e tornou quase inaudível. — O que quero dizer, significa que o único jeito de cessar as ordens dele, será quando um de nós conquistar a coragem de enterrá-lo até o inferno. Ninguém suporta determinações mirabolantes.

De quem fala? — estava confuso.

A partir daquele momento Gaya ouvia cochichos.

A cabeça da cobra.

Serviu um copo de uísque ao amigo que fumava e recusou por um instante.

Bem pensado, mas isso é algo que não se cumpre facilmente. Lembre-se que protegidos não morrem de um dia para o outro e não somos...

Protegidos. Eu sei — completou. — Mas você viu o que fizeram com o Charles Nowell, não viu? Aquilo foi muito bem-feito — coçou o queixo raspado.

Vi. Estava em todos os jornais e telejornais.

O amigo enxergou os lados de soslaio e se achegou no ouvido do homem.

Foi você? — os olhos dele quase saltaram para fora. — Você quem agiu com as próprias mãos? Sabemos que odiava o Nowell. Ele tomou seu lugar, não é? Por ser mais jovem — gargalhou. — É o que dizem até hoje.

Não sujo minhas mãos com isso. Meu negócio é dinheiro, Hugo. Sabe bem — apanhou o copo do parceiro e bebeu sem pedir licença. — Somente dinheiro. Esse não tinha quase nada. Tão seco que nem abrindo a barriga sairiam moedas — retribuiu com risada.

A bruxa não hesitou em olhar e principiou a tocar um pouco mais baixo, sem que percebessem.

Disposta a prestar mais atenção.

Ele não era um peixe grande?

Ela desentendeu logo que dedilhava e o homem torcia que a conversa se encerrasse, porém, precisava expor um novo trabalho que todos aqueles presentes cumpririam

Era como caçar uma mosca.

Nem pensar — gargalhou mais uma vez. — Nowell era um peixe de pequeno porte. Falta o último. E sobre ele, dizem que cada moeda vale mais que ouro.

Os olhos de Hugo brilharam e Gaya sentiu sua nuca fervilhar em dor.

A moça notou um arrepio naquele diálogo entre ambos, os dedos queimarem e as escleras arderam sem motivo algum.

Ela poderia não compreender o motivo, mas decifrou que aquela conversa transpassava perigo.

Então, é um trabalho para todos. Haverá a reunião para informar. Até agora são sussurros.

O outro se interessou ao extremo, inclinou o corpo para frente e escutou com atenção.

Até se dividirmos o corpo em partes e vender para cada um de nós, é garantia de uma vida com regalias e posições que desejamos por tanto tempo alcançar. Não apenas aqui, mas no Vaticano.

Homens de Deus.

Gaya se certificou que todos ali eram pessoas da igreja, que poderiam fazer tudo sem pudor e intervenções.

Então estamos diante de um traidor.

Um traidor que vale até depois de morto e se pegarem, saiba que a cabeça já é minha. A propósito, sempre quis a cabeça dele. Por isso que espero uma morte lenta e, no fim, cortamos o corpo em partes com todos testemunhando — se deleitou no cigarro e libertou a fumaça.

A Demdike olhou aquilo horrorizada, parou de tocar, atraiu a atenção de todos, incluindo de Ivone que se desesperou ao vê-la interromper a música.

A cantora negou disfarçadamente com a cabeça para Gaya e deixou explícito que precisava prosseguir a tocar, pelo próprio bem.

Para disfarçar, a bruxa fingiu se engasgar com a saliva, implorou por água entregue de imediato pelo garçom e despistou os estranhos sentados nos acolchoados.

No exato instante em que forçava engolir o último gole d'água, alguém adentrou o recinto e acompanhou os amigos.

A Demdike percebeu que morreria só pela crise de ansiedade.

O mesmo estranho da floricultura removeu suas luvas, lançou na mesinha e a enxergou, sem reconhecê-la.

Sua certeza de estar no lugar onde o Diabo repousa, atingiu os céus.

Por isso o silêncio era precioso, pois cada coisa dita ali, custaria sua vida e não seria fácil para sua família descobrir que havia morrido em Londres diante de tantos sonhos em construção.

Necessitava ocultar tudo o que ouviria pela frente.

¹Ítalo-britânico: Que ou quem tem origem, ou nacionalidade italiana e britânica.

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