Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 36: Lírio do Vale

*ALERTA DE GATILHOS: ANSIEDADE, EVENTOS PARANORMAIS E MORTE.

*RECOMENDAÇÃO DE MÚSICA DA TRILHA SONORA PARA O CAPÍTULO: Kathleen - Catfish and the Bottlemen

20 de Maio de 2011: Três dias após a Lua Cheia

Por sorte, o coletivo que passava bem na mesma rua na qual residia, percorreu a Estação de Paddington e a deixou na Rua Harley, dois minutos caminhando até a Royal.

Naquele primeiro dia de aula, a bruxa acordou atordoada pelo atraso. Seu alarme não disparou da maneira que ela desejava.

No ônibus, Gaya subiu pela frente, se sentiu tímida, observou os restantes passageiros, empenhou-se ao evitar esbarrar num deles e se acomodou num dos assentos um tanto acolchoados.

Logo que pôs sua mochila sobre o colo, os demais a encararam estranho.

Por um segundo ela suspeitou, incomodada com os olhares receosos e verificou se a roupa estaria suja ou algo semelhante.

Se convencendo que não havia nada de anormal consigo, questionou-se por um instante e visou compreender.

Considerou serem julgadores em desconfiarem que a moça não pertencia à capital e desertou a intenção de refletir que a maioria dos londrinos não se mostrava tão receptivos quanto pareciam.

Rejeitava pensar dessa forma, mas as atitudes alheias apresentavam o oposto.

Resultava num sinal de que a atmosfera intimidadora de Rye habitava igualmente em Londres.

Onde andasse, a bruxa de Pendle continuaria a atrair atenção.

Ao desembarcar na parada da Rua Harley, sem olhar para trás, receosa de receber alguma espécie de comentário pejorativo — como imaginava ouvir —, pois, sua intuição raramente lhe decepcionava, Gaya correu desconcertada com a mochila balançando de um lado para o outro a caminho da instituição.

Ela também mirou em simultâneo na direção do relógio de pulso, em meio aos demais alunos que chegavam tranquilos para mais uma rotina de estudos.

Alguns repararam curiosos e outros riram confusos ao presenciarem a situação da jovem apressada.

Vários deles carregavam seus respectivos instrumentos musicais em bolsas apropriadas para armazenar e conservá-los.

A Royal é uma enorme e monumental edificação simétrica, com uma ampla entrada curva no meio, cercada por grades de ferro baixas, pintadas de preto e uma escada de cinco degraus que inserem os constituintes na área interna.

Integrada por janelas gigantescas e arqueadas — também no ponto central —, superior à abertura principal, se localizava uma importante placa complementada com o nome da academia.

Fora a bandeira vermelha que ostentava um desenho do brasão composto lado a lado por um leão coroado na companhia de um unicórnio, fixado e erguido sobre o letreiro.

A arquitetura era clássica, fazia jus ao estilo londrino, além de localizar-se no centro da capital.

Gaya entrou cercada por variados estudantes mais altos que ela — considerada uma jovem de porte elevado — e fizeram-na sobressaltar as escleras em novidade, visto que nunca presenciara pessoas tão esguias em toda a sua vida.

Até o respectivo Franco atingia uma estatura similar. Deveras, centímetros a menos que ela.

Ele adorava igualar seus olhos com os dela. Sabia que a altura de ambos permitia os lábios encaixarem sem dificuldade.

A jovem seguiu acanhada na direção da recepção do local e se atentou em buscar por um dos funcionários que pudesse lhe indicar os próximos e últimos passos para concluir a inscrição.

O interior da academia era alicerçado por pilastras opulentas de mármore carrara fixadas no chão de cerâmica em mosaico preto e branco, e janelas internas de vitrais orientadas às grandiosas salas espaçosas.

Planejadas para incluir os devidos instrumentos musicais correspondentes aos diversos departamentos do instituto.

Uma extensa escada espiral de ferro pintada na cor grafite escuro que encaminhava até a parte superior e inferior, atraiu a moça que nunca avistou a magnitude de um ambiente como aquele.

Os lustres de cristais aqueciam o espaço, arrematando a aura erudita¹ e elegante que a academia carregava e comunicava.

Por lá passaram figuras renomadas que integravam a lousa de "Antigos Acadêmicos Notáveis" na recepção, certificando a qualidade e experiência do local.

Instruída por um dos vigilantes que a guiou até a secretaria, Gaya concluiu sua inscrição presencial com um dos funcionários que a designou sobre como seriam os seus quatro anos de aprendizagem e a grade curricular a ser cumprida no decorrer da formação.

Ambos caminharam apressados para que Gaya conhecesse cada sala na finalidade de se adaptar previamente.

Ela apreciou as turmas de Performance e Concertos categorizadas no final do corredor e finalizou com Instrumentos de Sopro, na qual integra o trompete, baixo de trombone, trombone tenor, entre demais instrumentos do devido segmento.

Após ela ceder aos encantos das classes, eles se encaminharam até um dos amplos auditórios teatrais, o que despertou boas memórias de sua adolescência em Rye.

Havia também o segundo auditório que se comportava apenas como sala de aula. Enriquecido por poltronas acerejadas confortáveis e enfileiradas, um extenso quadro branco e mesa correspondente ao docente na companhia de uma cadeira, postos por cima de uma plataforma.

Em seguida, subiram pela escada espiral até a área superior, interromperam a apresentação na qual constituía o curso de Jazz — receberam desprezo do professor que teve o ensinamento importunado — e concluíram na turma onde Gaya se matriculou: o Departamento de Estudos Vocais.

Durante a sua graduação, Gaya aprenderia e aperfeiçoaria suas técnicas vocais, que consiste na execução da voz e fundamenta-se sobretudo em: exercícios de relaxamento, respiração e o bom uso da caixa de ressonância; além da "performance", encenação, o próprio repertório, interpretação histórica, nova música, preparações para audições importantes e aulas de idiomas.

Na qual o objetivo é preparar os estudantes com destino a ocupações de alto nível em palcos, de frente ao público e concertos.

A carga horária dos cursos semanais sucedia das dez horas da manhã até às dezesseis da tarde, quando a academia se fechava. O que permitia mais tempo livre para a Demdike conseguir um emprego noturno na movimentada capital.

Isso também fazia com que ela criasse um pouco de insegurança ao arrumar um trabalho provisório à noite.

Tornava-se possível conciliar a vida acadêmica com a rotina profissional, mas seria complicado alcançar aceitação ao passo que exigiam experiência trabalhista de anos.

Logo depois, ao obter ciência de como seriam os seus períodos de estudo, Gaya preencheu-se com orgulho, de modo a cumprir o seu desejo em se tornar uma gloriosa cantora e quem sabe uma futura atriz de musicais teatrais.

Uma artista reconhecida pelo seu esforço.

Ela almejava brilhar conforme uma estrela, fora da Inglaterra.

Seus sonhos encaixavam-se em se candidatar a um programa de talentos, avaliações cênicas, porventura insistir novamente na Academia de Artes Dramáticas.

Decerto, desempenhar com suas aulas de encenação, disposta a realizar uma pós na secundária instituição, idealizava estrear nos estrados e se evidenciar nas peças musicais.

Gaya contemplava-se nos auditórios, reluzindo em espetáculos famosos, debutar na Lyceum em Londres, avançar com o Princess em Melbourne na Austrália e por último na Broadway, em Nova York.

Idealizava pisar nos palcos de pés descalços a fim de sentir o piso do tablado e doar por completo a sua alma à plateia.

Devaneio que persistia desde a sua adolescência.

Testemunhar a sua foto estampada nos pôsteres, revistas, televisão, num provável um filme.

A satisfação em adquirir a sua imagem entrelaçada ao teatro e à música.

Queria fazer mais história, fora o seu sobrenome.

Aspirava alto.

Uma pretensão singela, irradiante e sem dúvidas a Mãe Terra estaria sempre ao seu lado no sucesso até o instante em que as cortinas se fechassem.

No domingo, dia cinco do mês de junho, ainda no mesmo ano, um período após iniciar seus estudos na Royal, Gaya deparava-se incansável e entregue.

Ela experienciou arduamente a ausência por ofertas de emprego que a rejeitaram sem ter nenhuma experiência e já comprava o necessário com o restante do dinheiro ofertado pela sua família para se sustentar por três meses.

Raramente conservava tempo para comprar uma boa bebida barata durante as noites, velas, incensos, discos novos de vinil ou algo que lhe pudesse distrair da solidão que o silêncio da casa lhe proporcionava.

Pois quanto mais dinheiro se gastava, sua vida naquela cidade tornava-se impossível.

Porém, em meio aos problemas, entre suas cansativas e insistentes entregas de currículos, Gaya se admirou com uma notável floricultura um pouco próximo de seu lar, contornada por restaurantes para quem detestava comidas custosas.

Aquele ambiente vivo num dia nublado recordava sua família e ela necessitava visitar para sanar as saudades ao comprar sementes ou plantas para preencher seu jardim com vitalidade.

Queria estar mais perto do real conforto emocional.

Seu cabelo preso no alto por um turbante amarelo com detalhes vermelhos e óculos redondos de sol com armação da mesma cor que as minúcias do tecido, atraiu a atenção da florista que terminava de atender um senhor de idade elegante em suas vestes.

Contudo, irritado, pois seus pés batiam o chão e aguardava pela mulher que preparava cuidadosa o ramalhete de flores.

Gaya ainda por cima carregava um de seus currículos na intenção de entregar no local e torcia para conquistar uma vaga, mesmo que temporária.

À medida que a bruxa admirava a loja feito criança cercada por brinquedos, o homem contava as horas no relógio de pulso, sem esconder que precisava sair de lá com urgência.

— Deseja algo a mais, senhor?

A mulher amável torcia que ele comprasse algumas flores além daquelas no ramalhete verde.

— Boa tarde, senhorita!

A moça acenou para a bruxa e estressou muito mais o estranho.

— Boa tarde! Busco por sementes — tateou as folhas de bambu da sorte fixadas num vaso de barro.

Ainda no centro da entrada, distraída, Gaya se aproximava do balcão ladeado por plantas diversas, flores multicoloridas, um completo mar de folhas de diferentes espécies e dimensões.

— Apenas isso, senhorita. Não quero mais nada. Por favor, prossiga.

O homem de voz imponente que também rangia, replicou inquieto, esperava o pagamento ser finalizado enquanto observava os lados e entortava os cantos de seus lábios finos e enrugados.

— Já está terminando? — seu tom era intimidador.

— Só um instante — a atendente respondeu calma, sem se importar com qualquer grau de autoridade.

Todavia, o desconhecido aparentou escapar de alguém.

Após recolher agressivo com as mãos o ramalhete que antes estava arrumado, o homem, cabisbaixo, mal notara que a Demdike se achegava na similar direção, aérea e fixada nas maravilhas existentes ali.

Ambos se esbarraram forte com os ombros no exato instante em que a bruxa sentiu um calafrio horrendo, fora a dormência repentina nas mãos.

O arrepio era monstruoso.

Seu ar inexistiu em fração de segundos, os olhos que brilhavam encantados se secaram e a língua agiu da mesma forma.

"Olhos abertos para a morte."

A Mãe Terra sussurrou na nuca da bruxa e suas escleras expandidas ocultadas pelos óculos escuros, beiravam a pular distantes.

Naquele momento, o sobretudo que escondia até o pescoço vermelho daquele idoso de cabelo preto mal pintado que parecia ser uma peruca de tão malfeito que estava, fora puxada para o lado e evidenciou um colarinho clerical branco preso na blusa preta da semelhante cor que o tecido superior.

Aquele, era um homem de Deus.

Um pad... — suas escleras cortaram para o ramalhete e o currículo escapou por um triz de suas mãos.

Lírios do vale preenchiam quase caindo.

Gaya entendia que aquela determinada flor era proibida desde os tempos em que suas mães e avós ensinaram que nem todos os lírios falam. E os que não falam, envenenam.

Caso a florista possuísse um pouco mais de precaução e informação, tomaria cuidado ao vender a específica flor. Mas o homem que a comprou, deveria saber bem do que ela se tratava.

— Olhe por onde anda, senhorita ou seus olhos saíram para viajar de tão pouca atenção sua? — resmungou, ajeitou o sobretudo com ira e seguiu apressado para fora do recinto, sem notar qualquer característica dela.

Gaya recusou em respondê-lo à altura como ele merecia, porém, precisava entregar aquele currículo e caso conseguisse, necessitava passar uma boa impressão pessoal, oposta ao que torciam para que ela mostrasse durante toda sua vivência em Rye.

— Perdoe-me pelo cliente desajustado. Geralmente são assim e me pergunto se agem da mesma maneira com as plantas — limpou o balcão com um pano umedecido, perfumado, saiu de trás e se aproximou da bruxa. — O que deseja além de sementes, senhorita?

— Creio que por enquanto apenas as sementes.

Se animou ao vê-la apanhar pequenos sacos sortidos de sementes e colocá-los numa cestinha.

— Aqui temos, acácias, centaureas², verbenas, alecrins, anis, anêmonas e lírios — exibia cada pacote como se apanhasse uma carta de baralhos. — Amanhã entregarão mais cargas de sementes, porém, só tenho poucas até agora.

— Tudo bem, vou querer todas que me mostrou. Mas as de lírio eu gostaria que só acrescentasse os lírios da paz. Os lírios do vale que aquele homem levou, são perigosos.

— Fiquei sabendo disso, mas não entendia a intensidade do perigo — alarmou-se e temeu o que pudesse ocorrer com o cliente que comprou.

— Também desconheço, mas como minhas mães são floristas e experientes, alertaram que nunca comprasse tal espécie.

A moça respirou fundo assustada enquanto adicionava as compras na sacola para prosseguir com o pagamento.

— Aquele homem, qual o interesse dele pelo lírio do vale, senhora?

A florista parou por um instante e fixou seus olhos na Demdike.

— Às vezes, senhorita, infelizmente somos obrigadas a ceder alguma coisa para não passar por situações. Ele buscou por lírios do vale, insistiu, quase me ameaçou e não tenho coragem para saber de quem se trata ou seus interesses. Apenas fiz o que qualquer vendedor faz: vender para se sustentar. Porque afinal, isso não é meu — suas mãos contornaram a imensidão daquela loja. — Eu sou só uma empregada entre muitas. Menos uma venda, significa menos comida na minha mesa.

Após o silêncio que o desabafo proporcionou, Gaya pagou por suas sementes, mas antes de se despedir, queria testar mais uma vez se haveria oportunidade de trabalho.

Talvez ela se tornasse uma companhia para a senhora já cansada de tanto se esforçar.

— Bem, eu... — observou o currículo um pouco amassado e entregou nas mãos da mulher que sorriu amorosa — ... eu estou tentando conseguir um emprego e se houver disponibilidade, mesmo que para limpar vidraças, regar as plantas, varrer o chão, quero muito tentar por aqui. Eu amo a natureza desde que nasci e gostaria de trabalhar com isso.

Quase implorou de joelhos.

— Vou repassar para a superior ainda hoje, senhorita — aproximou-se da Demdike e cochichou. — Confesso que seria incrível tê-la aqui, compartilhando do mesmo trabalho comigo. Mas tudo depende da superior que não é tão compassiva e nem gosta de plantas como nós — riu anasalado.

— Agradeceria muito, senhora. Mal sabe a dimensão da minha felicidade em lhe escutar acerca disso.

Ao sair da floricultura com retorno à casa, Gaya contava com um espaço trabalhando por lá.

Não queria se sentir convencida, mas de alguma maneira estava sendo.

Preferia se iludir um pouco.

O pôr-do-sol era belo naquele fim de tarde ao retornar.

Suas mãos com duas sacolas cheias de sementes cansaram logo que ela avistou a porta tão próxima.

Duas crianças pedalavam pela rua, dando voltas ao apostar uma corrida.

E ao verem a Demdike, foram educados com a nova vizinha.

Os dois pequeninos lhe recordavam as boas vivências na cidade do interior.

— Boa tarde, moça! — a menina acenou quando subiu na calçada, perto de Gaya. — És incrivelmente bonita! — arrancou o sorriso mais belo que Gaya já entregou.

— Me sinto honrada por suas palavras — curvou-se agradecida.

— Não, Enid. Não é assim que se fala. Tem que chamá-la de senhorita, esqueceu? — o menino se achegou e sorriu para a bruxa. — Boa tarde, senhorita!

— Boa tarde, crianças! Cuidado com os carros na rua — caçava a chave de casa no bolso da calça jeans. — Não consigo achar, será que esqueci na floricultura? — pensou e falou baixinho.

— Quem é a mulher ruiva olhando para ela? — a garota estacionou a bicicleta no meio fio e se atentou a uma figura.

— Que mulher? — o menino não conseguia enxergar.

Gaya olhou ao redor e buscou pela mulher.

— Ali, sem querer subir as escadas — apontou para o primeiro degrau, distante da porta que a jovem tentava abrir.

— Está alucinando, vamos voltar para casa — se mostrou impaciente.

Antes de voltarem para o fim da rua, Gaya os interrompeu.

— Como ela é? A mulher ruiva.

A Demdike deparava-se imóvel, medrosa e aguardou pela resposta.

A garotinha abandonou a bicicleta no chão novamente, se aproximou morosa do degrau e olhou atenta para o lado direito, como se escutasse algo.

— Ela disse que não gosta de você.

As crianças seguiram na bicicleta, acenaram e se despediram da vizinha estagnada na frente da porta, com os olhos fixados no chão abaixo do primeiro degrau.

Havia alguma coisa ali que não alcançava ou podia entrar no lugar.

A Demdike, para evitar contendas com o mundo que não enxergamos, selou protegendo todas as entradas do lugar, incluindo janelas, ralos, chuveiros e cada cômodo da habitação com um pequeno pentagrama desenhado com esmalte vermelho, que dificilmente saía.

A cada semana, Gaya também dedicava um instante para renovar a limpeza da casa, pois sabia que estava visível para qualquer força negativa que desejasse tomar sua vitalidade.

E uma das forças se recusava a aparecer. Mas não por muito tempo.

— Como estão as coisas, filha? Por aqui, nós morremos de saudades suas.

Anya descansava no sofá e recebia de sua esposa uma relaxante massagem nos pés.

Diga para a Gaya que a amamos, querida — Delphine sibilou. — Sua mãe está dormindo agora, mas ela avisou mais cedo que a ama também.

— Delphine disse que lhe amamos e que mamãe também lhe ama — riu ao sentir cócegas no dedo mindinho. — Nesse dedo não, Delphine.

Gaya afastou a cortina da janela para avistar a lua brilhar no escuro da noite, acendeu um incenso de jasmim na mesinha de centro, ligou a televisão deixou no noticiário, descansou no estofado e cruzou as pernas relaxadas na ponta da pequena mesa.

Não achava necessário desabafar sobre os ocorridos na floricultura e na frente de casa para não alarmar suas mães.

— As coisas caminham na medida do possível, mãe. Me sinto ótima estudando, inclusive terminei de revisar o plano de concerto mensal, jantei creme de batata com aspargos — a mãe elogiou pela linha —, plantei algumas sementes de centáureas e agora estou relaxando no sofá enquanto os sais se dissolvem na banheira.

O jornal apresentava uma matéria acerca da quantidade de moradias abandonadas na cidade de Hull, na Inglaterra, devido ao aumento do desemprego.

— E conseguiu trabalho, filha? Não é querendo lhe pressionar, mas nos preocupamos. Pelo menos para enviarmos mais dinheiro.

— Não mãe, não preciso de dinheiro. Podem ficar tranquilas. Qualquer dia desses trabalharei — chateou-se um pouco.

Mais cedo, antes do jantar, ela recebeu a ligação da floricultura avisando que não precisavam de pessoas para trabalhar naquele momento e que em alguma ocasião entrariam em contato para comunicá-la das novas vagas.

Contudo, Gaya não poderia contar com aquilo.

Precisava insistir na entrega dos currículos.

Londres não é feito Rye que se encontra emprego em cada esquina. Preciso me acostumar com isso.

— E nós confiamos em você. Confiamos que encontrará, Sol.

Algo no noticiário chamou a atenção da Demdike naquele horário da noite que já era um pouco tarde.

Ela aumentou o volume no controle e sua audição esqueceu que a mãe falava.

"Afastado de suas atividades clericais, Padre Charles R. Nowell, membro notável da respeitada Catedral de São Paulo e envolvido no escândalo de 2009 com duas freiras, foi encontrado morto há poucas horas desta noite, dia cinco de junho, em sua residência no distrito de Mayfair.

Segundo a nota emitida em minutos, após a comprovação, a diocese informa que a causa da morte está sob investigação pelas autoridades de segurança. Ficaremos em alerta para novas atualizações em primeira mão sobre o misterioso caso".

Emitiu a jornalista que olhou de soslaio para seu parceiro de bancada e prosseguiu com demais notícias.

Naquele instante, Gaya notou seus lábios dormentes, a traqueia se fechou e sobreveio um extremo enjoo, fora a arritmia cardíaca.

Não eram sintomas comuns para se sentir.

Até que seu olfato captou de alguma maneira estranha o cheiro forte de lírio do vale.

¹Erudita: Que possui erudição, excesso de cultura, de conhecimento; culta;

²Centaureas: É uma flor de exótica beleza e muito versátil na composição de jardins. Seu nome científico é Centaurea cyanus e existe uma lenda que seu nome deriva da criatura mítica Centauro, que curou as feridas incuráveis feitas por Héracles com a seiva da Centáurea, já "Cyan" significa azul. É considerada um símbolo de delicadeza e do amor verdadeiro dos filhos pelas mães. A Centáurea pode ser utilizada como bordadura ou maciço, podendo também ser plantada no solo, em vasos e jardineiras.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro