Capítulo 27: Sagrado Inferno - Parte I
*ALERTA DE GATILHOS: CONFLITOS VERBAIS E CENAS SEXUALMENTE EXPLÍCITAS.
*RECOMENDAÇÃO DE MÚSICA DA TRILHA SONORA PARA O CAPÍTULO: Sweet Dreams, TN - The Last Shadow Puppets e LOVE IS A... - PVRIS
*CAPÍTULO SEM REVISÃO MINUCIOSA.
28 de Maio de 2018
— Está levando tudo? — o acompanhava até a porta aberta.
— Acho que não esqueci nada — coçou a nuca ao ajustar as alças da mochila nas costas enquanto a outra mão carregava o capacete com firmeza. — Geralmente não esqueço das coisas — elevou o canto dos lábios. — Lhe telefonarei quando eu chegar na Romênia. Prometo.
Carregava o restante de suas coisas numa pequena bolsa para guardar no compartimento da moto e estranhamente, Gaya também estava arrumada.
— Não quer mesmo ir comigo? — insistiu à medida que organizava as coisas e se sentava no assento, até obter a resposta mediante os olhos incisivos dela. — Eu sei. Pretende se despedir das suas mães e seguir outro destino — diminuiu o piscar das pálpebras.
— Me entende. Retornarão hoje e preciso indicá-las sobre partir para a Escócia. Não me vejo vivendo na Romênia — aqueceu os braços com as mãos cálidas. O clima estava meramente frio. — Preciso saber se me acompanharão na viagem. Fugir daqui, entende?
— Será um trabalho cauteloso, hein? — ajustou o capacete na cabeça, subiu a viseira e sua voz abafou. — E mais ainda para mim porque estou disposto a descobrir sobre "a cabeça da serpente" através dos meus pais. Creio saberem ou suspeitarem.
— Não imagina o quanto anseio saber — enrugou o nariz. — Revelando de quem se trata, podemos nos vingar, antes que ele faça algo com...
Nem ousou prosseguir com nomes, mas seus olhos atingiram o lar dos Gregori.
— Espero que não se esqueça de se despedir de mais uma pessoa — acionou o motor, apoiou melhor as mãos nas manoplas e um dos pés num pedal. Também a assistiu revirar os olhos com impaciência. — É sobre isso que quero dizer. Sim, Gaya. Não é hora de bancar os jogos entre os dois. O que eu tinha para resolver com Franco, resolvi. Só falta você.
— Prefiro que ele não saiba quando eu fugir e nem sinta falta. Por mim, acabamos naquele dia.
— Ah, me dê paciência! — girou as escleras de tão irritado. — Você nem escuta o que fala. Sabemos que faria de tudo para saltar nos braços dele. Te conheço, Gaya. É melhor pensar mais com a emoção. Só analise bem. No fim, não quero te ver chorar pelos cantos por arrependimentos. Há coisas que ele gostaria de te dizer. Não posso entregar o que escutei — atraiu a atenção da bruxa. — Por isso que, sua oportunidade surge agora.
— Até mais, Dane. Escutei o suficiente — o expulsou dali. — Defino meus caminhos — era teimosa como a pessoa que amava.
— Nos veremos e nos comunicaremos. Se algo acontecer, me ligue ou virei pelas notícias que surgirem.
Logo que a moto deu partida e as fumaças se libertaram pelo escapamento até sumir da rua, Gaya cogitou organizar o resto de suas coisas ao retornar para o interior da casa.
No mesmo instante, a luz do escritório na casa do sacerdote se acendeu e uma sombra distante contra a iluminação se destacou no vidro.
Assim que a porta se fechou, uma chuva fraca e gélida principiou a despencar e ela esperou no sofá, deitada, ansiando que suas mães chegassem. Precisava de alguns minutos para refletir e respirar na solidão.
— Não, Gaya. Nem insista nele — conversava sozinha, sua voz deslizou nas paredes e os grilos nos jardins festejaram quando as gotas tocaram o solo. — Ele se tornará um tirano bem antes de falecer. Já mostrou confusão em escolher o amor. Essa história sempre se repete e, que ele nem te escute pela última vez.
Ela se remexeu incomodada no sofá, pensativa, batendo os pés céleres no chão. Franco causava isso. Todo um conflito emocional. Mas talvez precisassem se desculpar. Trocar acertos antes do fim.
— Detesto ser indecisa. Que a Mãe Terra me perdoe — grunhiu birrenta. — Terei que dar meu último adeus para aquele maldito homem.
Num vestido vermelho cereja folgado de alças finas, brincos pequenos e redondos dourados, além de uma maquiagem marcante, a Demdike somente carregou uma mala para se fazer pressão psicológica nele.
Nem sabia se partiria, suas mães não chegaram e ela foi tomada pelo tédio que a ausência dele instigava.
Necessitava vê-lo. Ao menos sentir de perto o perfume de canela, a respiração densa, os fundos olhos azuis com rugas nas laterais que hipnotizava, seus lábios que se umedeciam com a língua quando a estudava, seus toques arrepiantes e a forma que a agarrava com desejo.
O queria, mas precisava forçá-lo a confessar a real e última intenção.
As nuvens carregadas se enfureceram logo que a chuva engrossou enquanto ela bateu insistente na porta que não abria. Parecia que ele gostava de vê-la implorar.
Gaya, entre os cílios com gotículas, notou ser observada de uma das janelas e isso a enraiveceu, fazendo-a bater com mais força. Feito murros abafados que vibraram a madeira e cada partícula daquela habitação.
Sabia que ele se encontrava por lá.
Quase bradou um "covarde" para ser ouvida e provocá-lo. Mas na sétima sequência de batidas, próxima de recuar e dar as costas para nunca mais voltar, a porta se desatou um leve ranger de estremecer o corpo que já tremia por intermédio da pele úmida atiçada pela ventania.
A feição de ambos se fundiu em rancor. E encarar os olhos oceano, mediante as leves e fundas olheiras disfarçadas detrás das lentes dos óculos, fora seus lábios rosados na sombra do interior, afundava Gaya num tremendo desejo mais abrasador que outrora.
Queria esmagá-lo com raiva e perdição.
As ruivas madeixas bagunçadas evidenciaram que o rapaz vivia em conflito, isolado em sua própria confusão. Assim como ela.
— Oi — ríspida, o assistiu comprimir os lábios para dentro e abaixar a cabeça, feito um cão penoso.
Escorado no batente da porta, o ruivo mirou a mala que ela carregava e entendeu. Seu coração se contorceu ao vê-la molhada e tremendo. Embora estivesse com o coração dolorido, carecia colocá-la para dentro.
— Me encontro aqui para...
Batia os dentes e o padre engoliu tudo quando concedeu espaço para ela traçar a entrada.
— Entre — mais frio que a atmosfera, Franco interrompeu as palavras e apontou com as mãos, convidando-a.
Ele ainda se esticou para observar a rua, molhou as pontas dos cabelos, não havia mais ninguém os observando e selou a porta num estrondo furioso.
Concernia em estranhos. Uma regressão e esquecimento intencional.
A casa os engolia em outra escuridão, exceto pela iluminação de um candelabro aceso na mesa da cozinha que iluminava uma boa parte do ambiente quando ele passou ao lado dela feito um vulto, desaparecendo pelas paredes.
Após estremecer o corpo com a batida da porta por trás, ela largou a mala rente ao sofá, enxugou a pele com a palma das mãos e ponderou que daquela vez Franco não emprestaria toalhas.
Foi o que pensou.
Pois do cômodo, ele retornou com uma toalha em mãos. Apanhou dobrada da cadeira da cozinha após recolher da lavanderia, a entregou sem cerimônias, além de grosseiro. Queria saber o motivo dela estar lá. Suas intenções ocultas.
— Tome — bruto, empurrou a toalha e recusou encaixar os olhos. Qualquer contato visual o desarmaria. — Para se enxugar — ela jurou querer chorar ao ouvi-lo se comportar daquele modo. Naquele tom tão ríspido.
Mas sentiu ser merecedora do gelo que o enclausurou.
— Obrigada.
Apanhou, passou o tecido macio e fofo nos cabelos para secar, igualmente nos ombros e restante do corpo sem tomar a atenção dele que focava na mala.
— Veio finalmente se despedir, não é? Tudo arquitetado para isso e só tenho a lhe desejar uma excelente viagem.
Enlaçou os braços, deu passos até o portal da cozinha, disposto a manter distância e se encostou na entrada, oposto à luz do candelabro.
— Dessa vez é para sempre — ela planejou pesar o coração dele. — Sem qualquer retorno.
No átimo, dobrou a toalha úmida, abandonou e Franco sentiu seu âmago ser esmagado pelas palavras. Cada pedacinho do corpo se desintegrava ao imaginar não a ter por perto.
Deu para enxergar distante as pupilas dele dilatarem tomando o azul, seu maxilar mover como se rangesse os dentes por dentro, as bochechas serem mordidas e forçar engolir um sentimento desconhecido. Gaya considerava ser ódio, mas Franco desejava morrer após escutá-la. Quiçá cumpriria o ato mais destrutivo assim que sua bruxa saísse pela porta.
Até que uma ínfima lágrima corajosa escorreu dele, dos olhos que ela tanto amava e desejava esquecer.
Porém, para esconder o que sentia, enxugou os prantos com as costas dos dedos sem qualquer remorso. Pretendia se exibir feito o ser mais rabugento de todos.
— Depois de tudo, acho que irei para a Escócia — estremeceu os beiços e suas narinas dilataram. — Para algum lugar distante que não me encontrem e nem minhas mães. Viver na paz depois de tantos anos de sofrimento. Abandonar tudo para ser livre — piscava os olhos mais que o habitual, disposta a ser forte.
O corpo sentia dor de saudades por ele e doeu intenso ao escutar de seus lábios a insensibilidade.
— Boa sorte na sua jornada — a expressão gélida tomou a face do sacerdote. — E aproveite logo para me apagar da sua vida. Nada aconteceu. Só... — respirou tão profundo que seu tronco tremeu — ... finja.
Desatou os braços e sumiu para a cozinha num espremer de punhos, deixando-a sozinha com as paredes da sala.
De súbito, motivada por algo que não conseguia explicar, Gaya o seguiu atrás, furiosa, até o ver se inclinar, apoiar as mãos na mesa, de pé, diante do candelabro. A luz das velas bateu contra sua face desesperada. O padre contorcia tudo por dentro e suas bochechas queimaram rubras.
— "Boa sorte"?! — cravou sua face irada no rapaz que respirava pesado e tilintava as pontas dos dedos repetidamente na madeira. — É dessa forma que se despede de mim? — levou o indicador ao próprio peito.
— O que você quer que eu fale? Que irei com você? — riu anasalado, mas sua risada não detinha graça. Era degradante. — Acha que ao abandonar o sacerdócio, eles nos deixarão em paz? Então é melhor você partir para longe de mim, concorda? A gente acaba logo com isso aqui e eu tenho o meu destino selado, Gaya. Fácil como sempre foi — a espantou.
A discussão se intensificou como derramar faixas de gasolina, riscar o fósforo e lançar nos caminhos traçados para incendiar.
— Eu achava que poderia fugir comigo, Franco. Só que fui idiota de novo. Você me faz de tola. Não é a primeira vez.
— Ah, não me venha com isso de novo... — contornou a mesa quando ela se aproximou para conflitar.
O padre se colocou num extremo e ela no outro. Lados opostos, a se encarar.
Quanto mais fugia, a Demdike o seguia.
— Olhe como fala comigo! Você nunca foi assim — balançava negando a cabeça. — Quem é você?!
— Agora sou assim. Satisfeita? É esse homem que você deseja ter próximo todos os dias? Não — respondeu por ela. — Então, siga seu rumo. Me deixe definhar se eu te faço de tola.
Queria afastá-la, mesmo desejando estar perto. Lembrou do que Kansas falou sobre o que fariam com a amada.
— Eu queria, mas assistir quem se tornou... — tremeu a voz — ... você ambicionou apenas o meu corpo e teve. No meu momento mais frágil, me cedi para você. Mostrei que fui sua e agora sou tratada assim. Tudo o que falou sobre me querer, se anula. Aquela carta é uma mentira!
— Não diga mais nada, Gaya... — selou os olhos e reprimiu o que precisava dizer. — Melhor ir embora agora — suplicou entre os dentes presos e voz arrastada. Um mero rosnado. — Me deixe sozinho.
— É isso que está mostrando. Sou para você como qualquer pessoa. Você me vê como a bruxa que eles enxergam. Não como a pessoa que cresceu ao seu lado — as primeiras lágrimas escorreram e a maquiagem borrada derreteu ainda mais, porém, o batom se manteve intacto.
— Por favor, só fique... — inflou e esvaziou os pulmões até se sentir seco — ... calada — contorceu a voz, também igualou seu choro com ela. — Por favor, por favor...
— Você é como todos, Franco Gregori. Você me odeia! — o intimidou do outro lado ao apontar o dedo para ele. — Me despreza, me apaga, me faz ser inútil!
Só não pensou que despertaria outra personalidade no rapaz ao passo que o padre escancarou as escleras e ampliou os lábios, perplexo.
— Eu te odeio?! — apontou para si e bateu diversas vezes no peito para se convencer. — Não... — negou com a cabeça sem digerir as palavras anteriores. — EU TE ODEIO?!
— É a verdade! Você mostra isso — inclinou o corpo para frente e esmurrou a mesa, tremendo candelabro, louças limpas e enxutas. — Não há outro sentimento nítido!
O conflito se instaurou e de longe, a chuva pesou e pouco abafou a discussão na residência Gregori. Porém, ainda dava para escutar bem baixo. Era provável que vizinhos acordados ouvissem nas redondezas.
— Entende a grande besteira que você falou?! Como que mostro isso, Gaya Demdike? Como?! FALA! — vasos sanguíneos saltaram nos olhos, veias na garganta e seu tom agravou. — Fala para mim! Só porque prefiro te salvar da morte e me sacrificar por você, eu te odeio?! — sua pele avermelhou do tanto que estava nervoso. — Te poupar de qualquer humilhação por minha culpa? Quer que eu fale agora o que eu sinto? Estou exausto de esconder!
A discussão na casa propagava por todas as paredes. Um tipo de substância que percorria queimando cada particularidade gélida do espaço entre ambos.
— Fale! Seja corajoso e fale! — jorrava os prantos, fora as ínfimas salivas que saltaram ao bradar. — Não é o mais sincero entre nós?!
Franco andou lentamente para perto dela, estática, em choque. Como se medisse espaço para não ser devorado vivo. Mas preferia se arriscar por amor. Até uma das pálpebras da jovem tremeu por culpa do excesso de tensão. A cada passo que ele concedia, o coração de Gaya era reprimido em ansiedade. Impossível suportá-lo tão próximo. Uma paixão desmedida se fortaleceu quando o padre inspirou o calor do corpo da bruxa.
Ele sugou todo o ar mediante seus lábios ruborizados, sua testa franzida expôs o temor por ela, suas mãos formigaram e todos os sentidos pediam por Gaya Demdike. Precisavam libertar a ira de uma convivência conflitante.
— Eu te amo, Gaya Demdike.
Gaya sentiu o inexplicável tomar suas emoções. Resultou no momento que jurou notar os planetas se chocarem, até o brotar de uma flor em algum canto da terra. Seu coração tomou vida própria, sequer sentiu os órgãos se reprimirem.
A Demdike nunca pediu tanto para ser beijada após as palavras que ansiou escutar.
— Eu sempre te amei. Antes e após perecer. Só que te amar e não conseguir ter escolha, me corta, estrangula, parte meu corpo em pedaços. Mas eu te amo. Te amo — sua voz se contorceu fraca, seu olhar a lambia, gritava obsessão.
Franco Gregori anunciava com sua única certeza. Ela precisava escutar aquilo com proximidade. O sacerdote estava em completo descontrole como a chuva no exterior, porém sincero nas palavras que deslizavam como folhas vivas.
— Eu te carregaria agora comigo, seria egoísta e orgulhoso por fugir contigo porque te amo como meu único amor. Sou seu — lágrimas dos olhos escuros escorriam pela pele retinta. — Te amo com ódio por perder grande parte da minha vida no sacerdócio imposto sobre mim, visto que eu poderia estar casado com você. E ainda quero e iremos. Não aceito que negue.
Até o momento, ambos delimitaram uma distância. Ele relutou tocar os ombros caídos da bruxa em submissão, que o enxergava conforme um cão em súplicas.
— Te amo com um desejo incurável, diabólico, de gritar seu nome e te querer entranhada em mim, em meu corpo. Tornarmos um e te chamar de meu amor — suas belas mãos arrastaram sobre o próprio peitoral de baixo para cima, até encostar no queixo. — Te amo com minha existência, Gaya. Sempre te amei e falecerei com esse sentimento. Fui feito para te amar — seu queixo despencou e ela nunca desejou tanto sugar a língua presa e evidente que coçava no céu da boca do sacerdote. — Te amo como a única pessoa que confio em me tocar, te amo torcendo que nossos filhos nasçam como você porque anseio construir uma família contigo. Por isso morro uma eternidade quando não percebes que te amo e ainda acha que te odeio? Depois de tudo o que te mostrei e fiz?!
Gaya, que sentia rancor, se desmanchou diante dele, se desequilibrou emocionalmente e esqueceu como controlar a respiração. Seu corpo desregulou. Quaisquer funções se perderam.
E Franco estava prestes a saltar por cima dela feito uma víbora. Mas caminhou cauteloso para convencê-la a ceder.
Em momentos tensos, a queria em seus lábios e se encaixar pesado entre suas coxas, à medida que imploraria, se humilharia para ser seu esposo. Se sentia desafiado pelo amor.
— Eu te amo, Gaya Demdike. E nosso amor é além de tantas vidas, ultrapassa céus, infernos e retorna a permanecer o mesmo. Te amo e se houver decerto o ódio, odeio o espaço que criamos, embora tão próximos. Não consigo ficar um segundo longe de você. Tampouco não pensar porque me desequilibra.
De súbito, ele ergueu as mãos que a apanharam firmes e se preencheram em cada lado das bochechas retintas. Assim encaixaram olhares aniquilantes.
— Franco... — ofegou subitamente rendida por cada detalhe do rosto de seu homem.
O Gregori suspirava em desespero por suportá-la tão perto. Sua maneira de analisá-la era nervosa, disposto a sofrer se ambos determinassem mais um fim.
A forma que se uniam, se igualava ao sobrenatural quando relutavam beijar. Um ímã existia entre suas bocas, puxando um beijo que sofria para acontecer.
— Se disser que te odeio, juro que te manterei aqui. Presa comigo — a voz rouca e firme, vibrou a pele preta e os pelos mais secretos. — Até que mude de ideia. E você mudará — sorriu atado aos desejos quando prendeu o lábio inferior nos dentes e caiu as escleras nos beiços da moça.
Derrotada por ele, a Demdike reprimiu o arrepio abaixo do ventre, uniu as sobrancelhas indecentes e cravou seus olhos pidões. Na intenção de incendiar o sacerdote.
Os benditos olhos que suplicavam pelos pecados imundos, além de prazerosos.
— Eu te odeio, Gaya? Hã? — num ínfimo gemido, a obrigou soltar tudo o que aprisionava. — Fale para mim. Eu te odeio? — arrastou a ponta do nariz em cada particularidade da face da amada. Resgatou o perfume que tanto adorava.
Quase faltou lamber a pele ou mordê-la até arrancar sangue. A cada farejar, as escleras do homem reviraram impacientes para fazê-la ceder aos seus encantos.
— Não me odeia, mas te amo tanto, Franco. Tanto... agora me sinto segura em dizer que amo.
Levou os dedos trêmulos até os quadris dele, que ondularam rapidamente para evidenciar que qualquer toque alertava perigo.
— Era nítido desde aquele inverno. Tentamos nos beijar, mas eu sabia que nunca amaria ninguém que não fosse você. Se soubesse o quanto eu esperava declarar isso...
Sorriu tão sacana, que Gaya preferia fechar os olhos para não pensar em qualquer imoralidade estampada no Gregori.
Assim que desatou a boca, Franco esfregou forte seus dois polegares nos lábios superior e inferior da bruxa, lutando contra o desejo e manchando o batom vermelho que antes era intacto.
— Me ama — gemeu anestesiado. — Você me ama — descrente, repetiu.
— Te amo — confirmou.
Ele umedeceu os beiços secos pela ansiedade e cravou a atenção no batom. Uma necessidade violenta por admirar os lábios bem desenhados da Demdike,
— Sabia que adoro ver sua boca borrada? — sorriu com malícia. — Esse batom vermelho, você de vermelho... — arfou. — Pura maldade comigo — torceu para invadir cada parte oculta da jovem. — Foi proposital?
— É minha cor favorita, sabe bem — esticou o rosto e mordeu a ponta do lábio inferior dele, que gemeu num susto.
— Eu sei, mas... — sugou o ar entre os dentes e soltou agoniado — ... se tornou igualmente minha, por sua culpa.
— Minha culpa? Você sempre me... — a interrompeu sem nem pensar.
— Shhh...
Franco colou seu rosto, esfregou os próprios beiços nos dela para tomar o vermelho do batom e ambos, descontrolados, se devoraram num beijo perigoso, de espremer com excesso de salivas. Perdiam o ar quando se agarravam no ato. Ele a sufocava. Não conseguiria fugir das línguas lutando por espaço.
O jeito que a mandíbula do padre movia, atiçava os dedos de Gaya a subirem até o topo dos cabelos ruivos e apertá-los. Cada extensão de prazer faiscava com o som dos estalos molhados. Jamais sentiram aquilo. O sacerdote queria engolir cada detalhe, se fundir, se perderem na insanidade. Ele não a permitia interromper a troca. Haviam amadurecido nas ações.
— Quer tanto se esfregar em mim? — a calça o inquietava.
— Desde o nosso afastamento, quero te foder de novo. Você não faz ideia — sussurrou entre os beijos e sorriu ao roçar mais forte, inclinando os quadris. Batendo seu corpo para instigar. — Sempre estou assim por sua culpa. Fico dolorido do tanto que suporto. Me sinto pesado, latejante, querendo rasgar a calça para o encarar.
— Ninguém te tocou assim? — abaixou a mão até o volume, envolveu na palma e apertou, provando um gemido nele.
— Só você — degustava a incitação.
— Gosta disso? De como pressiono?
— S-sim — sua garganta vibrou num gemido entredentes, mas quis reverter a situação. — Aposto que também está bastante inchada só por me tocar, não é?
Continuando os toques, ela somente concordou calada.
— Se ficar comigo, prometo mostrar mais do que já pensei em fazer contigo.
O Gregori detinha um controle irrecusável quando a permitiu experienciar o tecido úmido pelo pré-gozo. Ele conteve a respiração ao sentir o sangue correr e pesar até a extensão. Uma descomunal euforia instigou arrepios e formigamentos abaixo do umbigo.
— Fique comigo — soprou cansado entre os beijos perigosos. Porém, ganhava mais força para carregá-la nos braços quando a apertou num abraço, esfregando-se mais violento. — Não se afaste mais uma vez. Olhe meu estado. Te amo e cobiço cada parte sua com tanta maldade...
— Ficarei, seu pervertido — cessou qualquer medo.
— Isso... — um sorriso maquiavélico emergiu — ... me chame assim, se quiser, cuspa na minha cara e raspo minha língua nos seus lábios. Ou farei algo melhor.
— Per-ver-ti-do — revidou o sorriso, à provocação, à medida que sequer piscou os olhos.
Uma das mãos firmes voltou para cima e pressionou a nuca da Demdike. A esquerda afundou os dedos abaixo de uma das nádegas dela, caçando na carne e erguendo um pouco a barra do vestido.
Com a ponta dos dedos, Franco escorregou fácil onde permitia escorrer transparente pelas coxas. Gaya gritou baixinho, surpresa.
— Não me castigue pelo afastamento ou por ser sincera demais... — gemeu sofrida.
— Quieta — esfregou os dedos no centro dos grandes lábios, brincando com o juízo da moça. — Mente que não me provoca. Por qual motivo está sem calcinha? — pendeu o queixo em falsa surpresa e um fio de saliva interligou língua e dentes superiores. — Confessa... — a pressão na voz o permitiu afundar o médio com lentidão e na sequência, o anelar. Juntos. — Sabe que não consigo interromper meus atos. Ainda mais quando fica tão molhada. Nossa... perco todos os sentidos — a respiração tornou-se tão densa, que a reanimou ao ponto de caçar oxigênio. — Deixa eu te foder, só pela última vez? Por favor...
Ela aceitou os longos dedos de Franco insistirem para penetrar até o fundo. Seus músculos internos contraíram a cada insistência. Sugaram até o sacerdote experienciar um arrepio em cada fragmento da pele.
— Está pulsando... — satisfação correu de sua voz.
— Eu sabia que desejava me comer antes que eu fugisse de Rye, Franco — escapuliu um gemido fraco, suas sobrancelhas despencaram e as escleras rodopiaram com a sensação, ainda presa ao rosto dele. Os dedos giraram por dentro, tomando toda a viscosidade e calor. — Então quis te ver, feito naquela oportunidade — sorriu com malícia de feitio assustador.
— Não só quero te comer, amor — a mão que estava na nuca se dirigiu até o queixo dela e vincou firme para analisá-la mediante um olhar traiçoeiro. — Quero esculpir sua pele com minhas mãos, te assistir chorar e tremer de prazer... — suspirou. — Ah, Gaya... — quase ronronou feito gato. Seu tom era baixo e cínico — ... me aproveitarei até dos seus lábios se quiser. Vou te foder tão gostoso...
— Não fale assim tão perto — o ameaçou.
A mão abaixo do vestido fora erguida tão rápido que um estalo ecoou. Ele chupou ambos os dedos com tanta força, que as pontas se avermelharam e esfregou o resto de sua saliva nos lábios entreabertos dela. Compartilhando o gosto.
Queria marcá-la feito uma água benta traçada na testa. Sua benção.
Até o ponto que dirigiu os indicadores das mãos em cada alça do vestido e desceu a parte superior, expondo os seios fartos e pontudos que brilhavam para Franco. O rapaz sentiu o nariz da jovem farejá-lo no rosto.
— Olha isso... — a contemplou em puro êxtase. — Amo quando minhas mãos não conseguem apanhá-los por inteiro e a carne salta entre os dedos, sem espaço. Como ficam ouriçados diante de mim, prontos para serem chupados. Meu Deus... — ofegou.
Seu semblante perigoso tremeu a espinha da bruxa e o testemunhou pressionar seus mamilos numa contorção carinhosa, sem machucar. Até ceder o resto do vestido que atingiu o chão.
O tecido foi apanhado pelo rapaz que torceu e segurou a peça na mão esquerda, enquanto a matinha colada em seu corpo. Seu toque apertou um dos bicos, o polegar direito livre esfregou a auréola em círculos e a palma comprimiu a sensibilidade de Gaya. Queria domá-la.
— Quer que eu te mostre o desejo mais visceral que reprimi por ti? Pelo Deus que sigo e sua misericórdia?
— Achei que já tinha me exibido — estava anestesiada por ele, pela beleza, os cabelos ruivos, seus olhos entre as lentes, seus lábios rosados e manchados pelo batom.
— Aquilo foi tão pouco. Tenho lido sobre algumas coisas interessantes e se me consentir fazer mais estragos... — foi interrompido.
— Quero me sentir exausta. Franco, desejo que me canse. Me enlouqueça para gozar.
Nua, o assistiu levar o vestido até o nariz e aspirar pesado todo o cheiro. Se dopando, viciado no perfume da amada até conceder um basta.
— Vamos brincar um pouco — a soltou e se distanciou. — Você atiça meus sentidos até eu perder o limite — ele principiou. — Da forma que finge não me provocar, mas sabe que me provoca. Isso registrará na sua cabeça e na minha. Nunca esqueceremos dessa noite.
— Como tem me perseguido por toda a cidade? — mordiscou um canto do lábio inferior. — Vamos brincar, então. Que jamais esqueçamos disso tudo.
Gaya se afastou lentamente, à medida que ele ainda inspirava o vestido e cravou o olhar nela inteiramente nua, o guiando pela escada da casa até engatinhar nos degraus para que ele a perseguisse. Se o Gregori desejava cravar sua imagem na cabeça para sempre, que fosse daquela maneira.
— Isso... olhe assim para mim, Gaya.
Por instantes ela se deitou de barriga para cima, disposta num dos degraus, abriu as pernas com lentidão e apagou qualquer resquício de raciocínio no ruivo, enquanto seu sorriso borrado pelo batom mostrava o que o esperava. Franco se arrastou segurando o tecido, atento nela, como se a enxergasse feito uma presa inocente e se pôs por cima.
— Como você é... — suspirou e soprou, além de estudar cada parte dela com olhos gulosos. As pálpebras sempre despencavam para os ínfimos pelos nas partes íntimas.
— Sou o quê? — manhosa, sua voz acentuou e avolumou o que ele ocultava na calça. — Obscena? Desistiu de brincar?
De pernas expandidas, Franco recuou sem a responder, se pôs entre as coxas, se apoiou nos dois cotovelos, beijou e lambeu arrastado a tatuagem de borboleta entre os seios enquanto seu olhar azul se tornou centro das atenções para a jovem.
Até que ela rastejou um pouco distante, se desvencilhou para prosseguir com a brincadeira. Entretanto, o sentiu esfregar o nariz em seus pelos íntimos, tentando chupá-la. Logo que quase apartou os quadris da face do homem corrompido, o Gregori a puxou de volta após abandonar o vestido ao lado, com uma determinada força. Jamais pensou que fosse tão bruto quando provocado. O que atiçou um riso nervoso. Tudo saía bem interessante.
— Não consigo prosseguir com isso — cada mão prendeu os tornozelos de Gaya, que riu nervosa, além de excitada. — Não fique assim, amor... perdi o limite.
Exposta só para Franco, estar de tal modo a fez latejar. Seus seios moviam constantes por culpa da respiração rarefeita. Sua testa brilhou suada e o líquido escorreu do queixo até a ponta de um dos mamilos.
— O que deseja fazer agora depois que seus limites desapareceram? — conservou o sorriso, levou os dedos indicador e médio até a parte íntima e principiou a esfregar o clitóris diante dele. Não poderia deixá-lo salivar.
— Talvez te assistir se masturbar na minha frente... — beijou os dedos e onde ela estimulava. — Esse jeito que desliza a ponta do médio por cima e me permite ver escorrer molhado, é cruciante — confessou focado nos toques lentos que o enfeitiçava.
Empenhado, Franco afastou mais as pernas dela no degrau, no instante em que a jovem distanciou as mãos e se apoiou nos cotovelos para analisar qualquer ação do ruivo. Por segundos o assistiu mover o pomo, engolindo seco para se permitir matar a sede. O maior choque foi tomado ao testemunhá-lo levar os lábios úmidos até o clitóris e sugar leve para se acostumar com a sensibilidade, fazendo os bicos dos seios endurecerem até se tornarem doloridos. Ela gemeu decadente com a viscosidade da boca macia e jogou a cabeça para trás, consentindo o surgimento da sensação mais saborosa para ambos.
Franco era quente, chupava lento e disposto a se alimentar dela. Esticava a pele sensível, passeava a ponta da língua entre os pequenos lábios, bebendo o líquido que escorria no centro, à medida que ela o guiava concordando e o assistia sorrir.
O maldito sorriso entorpecido.
— Molhe bastante a minha boca, Gaya. Estou com tanta sede — ergueu a cabeça para inflar o prazer, voltou ao ato, chupou mais forte e ela gemeu manhosa. Gaya descansou os cotovelos, deitou as costas num degrau acima e prendeu dedos livres nos cabelos acobreados, em pura agonia. Prestes a puxar com força. — Se mexer mais um pouco, vou mordê-la e estou torcendo para fazer.
— Isso... — a sensação do rapaz lhe bebendo sem sobrar gotas tornava tudo obscuro. — Assim, Franco...
Esfregou o nariz nos pelos para se dopar com o cheiro da pele.
— Fale bastante e continue melando minha cara.
A língua dele estremeceu seus quadris quando recolheu a lubrificação numa concha para esvaziá-la. Se dispôs a enfraquecê-la.
— Estou perto, Franco — soprou trêmula e seus lábios secaram.
— Não. Você não vai gozar agora — introduziu a ponta da língua na entrada tão rápido, mais fundo, que ela teve um espasmo, comprimiu as madeixas ruivas em nós e gritou. Extraindo toda a felicidade dele.
— Preciso — choramingou agoniada.
Sua barriga se contraía, as pernas tremiam, os dedos dos pés se contorceram e sequer suportava o incômodo dos mamilos rígidos.
— Não irá. Aguente só mais um pouquinho — estalou num chupão que ecoou pelas paredes. Sugou mais forte o clitóris com os pequenos lábios. — Desejava te foder com minha língua bem antes de te penetrar, sabia? — a língua voltou a lambuzar os grandes lábios na intenção de sujar com saliva. — Queria fazer isso desde meu aniversário de dezoito anos. Tive que me limpar no banheiro porque ficou impossível.
— Então queria fazer isso desde aquele dia? — se animou.
— A cada pensamento sobre você, uma boa parte é te fodendo. Era o que aquele virgem fazia. Hoje não espero pensar e nem reprimir.
Sem suportar, Gaya relutou contra o rosto dele, libertou os tornozelos pressionados, se levantou depressa e correu até o quarto. Suas coxas recebiam o líquido escorrido misturado com a baba. Deixando-o solitário, dormente.
— Gaya, volte aqui... — grunhiu com os dentes cerrados, os lábios e o buço molhado.
Ofegante, o amaldiçoado se contorceu intolerável com a brincadeira que surgiu dele, recuperou o vestido na mão, se ergueu firme e seguiu até o seu quarto, onde a encontrou relaxada na cama, disposta a sofrer qualquer consequência.
Franco amava assistir os seios despencarem pesados para os lados, o mover da respiração agitada, os olhos escuros o desejando por inteiro e seus pés contorcidos a conter o prazer. A mulher preta que amava e adorava tal qual uma divindade.
Ao atingir a porta, o Gregori jogou o vestido num canto distante do aposento. Logo que o tecido caiu no chão, fincou os olhos sombrios nela e sequer retirou quando resolveu acender o abajur de piso de luz amarelada próximo da janela, além de desatar levemente as cortinas para enxergarem a chuva escorrer pelo vidro, ou talvez exibir o ato aos curiosos.
— Hoje não me importo se nos assistirem — extraiu um sorriso maldoso dos lábios cheios.
O calor do ambiente aqueceu o pecado para cumprirem cada erro infernal, sem receios para arrependimentos.
Todos os sentidos estavam presos nela.
Arquejante, Gaya o seguiu através do olhar e o assistiu se aproximar com astúcia. Antes era tão inocente, mas o sacerdócio o reprimiu ao ponto de romper todos os sonhos eróticos até se tornarem reais.
— Eu te amo tanto que nem sei se te maltrato pelo que fez comigo ou se trato feito uma dama — a analisou de cima e se mostrou tentado mediante sua respiração cortada.
Amava admirá-la despida. O instigava a cumprir o mesmo. A vida vulnerável aos seus toques que por muito tempo retraía. E por mais que amasse cuidar do corpo que se contorcia em suas mãos, estava em seu papel de julgador. Almejava castigá-la por aceitar e realizar suas vontades mais sujas.
— Me maltrate e me ame ao mesmo tempo. Desconte seu prazer em mim.
Apoiada nos cotovelos, acariciou e espremeu os próprios seios diante do rapaz que apreciava o ato para matá-lo em vida. Também encaminhou os dedos até o centro das coxas e acariciou lentamente os ínfimos pelos para que Franco assassinasse de uma vez por todas a figura de bom moço. Ambicionava que ele reagisse da forma que se prendia quando a seguiu até a floricultura. A maneira que pressionou sua nuca e como a continha quando tomado pela obsessão.
— Me aceita te marcar com mordidas e chupões? — para a Demdike, era uma ideia interessante. — Não quero e não te machucaria, de alcançar o extremo. Nunca. Mas também não posso medir a força que meu desejo sustenta.
Sua voz era o que torturava os ouvidos da bruxa. Como poderia ser tão malicioso naquele tom calmo?
— Onde quiser. Me trate novamente como o maior pecado que você condena.
A Demdike sentiu o corpo levitar, ultrapassar a atmosfera quando o assistiu segurar o cós da calça com firmeza, comendo e lambendo-a por intermédio dos olhos, desceu o zíper com leveza após destacar o botão e permitiu a peça inferior ceder no chão junto ao barulho de tecido abafado. Na sequência, se apartou da camisa por cima, bagunçando os cabelos, até se destacar unicamente nu, portando seus óculos desalinhados e o crucifixo de prata preso ao pescoço.
Se tratava da primeira vez que o via despido por inteiro. Seus pelos ruivos e aparados se ouriçaram ao redor da ereção. O sangue quente disparava até o local e o mantinha bem rígido, na tonalidade de seus lábios corados. Gaya ainda tinha certeza de que tomava bem suas mãos. Não tão insuportável, mas também a preenchia entre os dedos e no íntimo.
Franco suportava o fio transparente do pré-gozo que escorreu e caiu no piso. Havia manchado a calça como o esperado.
Ela se ajeitou empolgada na cama, ainda apoiada sobre os cotovelos, de costas para o colchão, mordeu o canto do lábio inferior e sorriu agitada ao assisti-lo segurar cuidadoso o comprimento na mão esquerda, se achegar calmo para próximo de suas coxas e se masturbar para ser assistido.
Apreciava ser observado.
— Bem lento, Franco — a cicatriz pulsava com as veias que contornavam a mão.
A consciência de Gaya gritava em puro desespero pela monstruosa vontade de lamber cada fragmento da barriga, até o V bem-marcado, os mamilos róseos, as coxas torneadas, se esfregar naquele corpo inteiramente seu.
— Não fale assim. Piora tudo na minha cabeça.
Seus olhos azuis traçaram os bicos pontudos, umbigo, as tatuagens até atingir os meros pelos escuros abaixo da barriga. Poderia demarcar com a glande que ela o pertencia. No confessionário tudo estava sombrio, exceto pelos furos na divisória. Naquele instante, com a iluminação do abajur, se conseguia analisar bem a circunferência ideal para envolver as palmas. O que a instigou a engatinhar perto das coxas do rapaz de pé, que mal esperava pela atitude repentina.
— Me permite tocar? — encarou o homem enxergá-la de cima e Franco entrava em pura combustão com os olhares pidões. — Quero assistir suas reações dessa forma — brincou e arrancou um sorriso anestesiado do Gregori.
Um longo e denso suspiro dele, estapeou qualquer noção da Demdike.
— Tocar, pôr nos lábios... faça o que quiser. Só não me deixe gozar.
Cautelosa, se organizou e afundou os joelhos no colchão para determinar uma altura que pudesse encarar e aproveitar sem desconforto. E assim, após inicialmente acariciar com os dedos envoltos no comprimento, Gaya segurou firme na base e entendeu a textura nas palmas.
Era macio, detentor de veias saltadas, melado pela viscosidade da pele quando os dedos iniciaram a fricção. Franco, prestes a ceder suas pernas, fraco com os toques, prendeu a respiração ao senti-la dedilhar o topo molhado por gotas, prosseguindo com a base e agarrar com calma abaixo, onde os testículos de pelos raspados pesavam por reprimir tanto tempo sem expelir o que desejava.
— Aposto que morrerei assim — ele brincou. — Prefiro dessa maneira.
Conter a respiração, se asfixiar intencionalmente, se tratava de algo que ele amava fazer. Prender o oxigênio guiava mais sangue à ereção. O topo esponjoso a consentia senti-lo pulsar entre os dedos aquecidos. Nervoso, Franco desconhecia como conter o que não podia liberar naquele instante. Recusava estragar a descoberta da amada.
Antes que partissem para os atos finais, Gaya sentiu a necessidade de entregar algo a mais, após ele ter se dedicado tanto em seu prazer por cada momento que se encontraram. Depois da tensão e revolta nas palavras anteriores, ambos foram motivados por um desejo que cruzava qualquer limite da vergonha. No quarto, a sós, descobririam mais coisas.
Coisas que os fiéis na igreja consideravam ser atos demoníacos.
— Deseja me chupar, não é? Como mencionou naquele dia no atelier. A fantasia que compartilhamos. Sua feição mostra tanto isso, seus olhos gritam por isso... — desatou os lábios que comprimiram a respiração, se preparando para os dela em seu corpo. E Gaya somente concordou sem emitir sons. Era exatamente nisso que pensava. — Pintar sua boca. Deus... — se controlou para não gemer quando ela roçou os dedos de novo na pele fina. — Me borre com esse batom, Gaya. Por tudo o que é mais sagrado.
— Então, promete ficar quieto, mas guiar como deseja? — enxergou a garganta e pomo do rapaz se mover tenso. Fora sua mandíbula travada por culpa da ansiedade.
— Prometo.
https://youtu.be/E5vlhgw5Iv0
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