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Capítulo 21: Doce Perdição - Parte II

*ALERTA DE GATILHOS: ANSIEDADE, PÂNICO, PERSEGUIÇÃO, TENTATIVA DE ASSASSINATO E DANOS FÍSICOS.

*RECOMENDAÇÃO DE MÚSICA DA TRILHA SONORA PARA O CAPÍTULO: We Go Down Together (with Khalid) - Dove Cameron.

*CAPÍTULO SEM REVISÃO MINUCIOSA.

Gaya inspirou fundo após o leve conflito de palavras, fungou o nariz e os dedos tatearam a folha escrita na frente e verso, com letras alinhadas e bem colocadas.

Se tratava de uma das cartas que ele nunca teve a oportunidade de enviar.

Agora entregava pessoalmente a ela:

Gaya,

Me desculpe por não ter ligado como prometi tempos atrás. Busquei mandar cartas para Rye enquanto estou aqui, na Cidade Velha de Edimburgo e no fim mantive todas para mim. Soube que estava bem em Londres e eu seria egoísta em arruinar sua felicidade ao enviá-las. Desde o seminário tive que me impor a seguir o que escolhi, mas confesso que minha mente incerta viajava até você.

Também descobri por suas mães, que está prestes a se formar. Repassaram por correspondências sobre algumas coisas e solicitei sigilo. Fico tão feliz que seja uma cantora talentosa porque seu sucesso reflete em mim. No meu emocional. Queria escutar sua voz agora madura e seria o meu sonho tê-la em meu ouvido.

Igualmente me abalei um pouco quando confidenciaram acerca de estar com outro alguém. Espero que a pessoa te faça feliz, pois não pude cumprir o que eu queria. Mas entende bem o quanto sonhei em me casar contigo.

Há pessoas em Edimburgo que me cortejam sem respeitar minha posição como diácono, acho que não medem a noção. Porém, confesso que, se fosse você, eu nunca rejeitaria.

Compreende o tanto que sempre planejei tudo contigo. Só que resta pouco tempo para me ordenarem padre e não sei aonde irei. Talvez nunca mais me veja. Posso seguir para algum país, cidade distante, mas contarei para suas mães.

Para saber o meu destino.

Pode soar insano, mas preciso que tome conhecimento para nos reencontrarmos, pois vejo a sua face em cada lugar, em pessoas, em todos os cantos. Parece Deus, tão onisciente e onipresente em minha vida.

E um dia, embora sendo padre, confirmarei o que sempre senti. Creio ser algo tranquilo para eu seguir meu caminho e você o seu. Talvez meu pai se orgulharia por eu ao menos falar o que guardo.

Quiçá conte essa história aos seus filhos que um dia eu quis que fossem meus. Compartilhar a amizade que tivemos e o sentimento que só contarei quando eu te enxergar de novo.

Com amor,

Franco Gregori 

A carta foi recolhida em dobras e ela ainda segurava nas mãos trêmulas por culpa das lágrimas densas que machucavam sua face. Porém, ínfimos pingos despencaram sobre o papel e amoleceram a textura.

Gaya se petrificou por sentir tanto e não poder agir àquela altura. Exceto guardar a carta dentro do decote.

Franco não se via como um mestre em falar explicitamente sobre seus sentimentos, mas a bruxa entendia e recolhia qualquer partícula de emoção que existia naquele homem. Era lindo, profundo e inexplicável. O ruivo dificilmente renunciaria seu amor.

Sensibilizado, o Gregori se reaproximou cauteloso tal qual um animal indefeso e ela também. Juntos nas sombras. As mãos que careciam tateá-la, trouxeram-na aos seus braços protetores e a notou ceder à medida que soluçava enquanto conversavam:

— Esta carta nunca chegou até mim — ergueu a face úmida e testemunhou os dedos do rapaz tocarem seu queixo. — Franco...

— Desisti de entregar. Sentia que nos reencontraríamos, como escrevi. E aconteceu. Eu estava certo — um sorriso tímido desatou nos lábios corados.

— E agora és um padre — ele a apertou em seu corpo quente e encostou a ponta do nariz com a dela. Daquela vez estava preparado para beijá-la.

— Sabemos disso e importa agora? Depois de tudo o que aconteceu desde seu retorno? — apertou a cintura da moça que arfou baixo, próximo de um gemido. — Não quero mais ninguém, Gaya. Eu não quero mais ninguém — o hálito de vinho tocou o olfato da amada que desejava beijá-lo violentamente à medida que ele esfregou os beiços. — Já quebrei os votos enquanto te comi das melhores formas, quebrei ao sentir saudades de cada ato. Me sinto culpado, condenado por Deus. E que eu sofra. Está sendo mais doloroso te ver do que carregar a maldição comigo.

— Então se afaste de mim agora mesmo. Me deixará em paz e não nos veremos nunca mais. Seu compromisso com Deus é mais importante do que largá-los por uma bruxa. Mas canso de insistir. Haverá consequências futuras e não quero te ver sofrer. Será demais para mim — fechou os olhos enquanto sussurrava de encontro a ele que fervia ao ponto de explodir.

E ainda insistente, o padre não sabia o que Dane e Gaya descobriram.

— Não... não posso. Não consigo. Não quero. Eu te... — optou por não declarar agora. — Gosto de me machucar. Sofrer por te enxergar e sentir. É do meu costume.

— Por favor, Franco. Pare... — as emoções fluíam com intensidade. Ele a queria por perto, conforme no passado. — Te suplico. Pelo seu bem e o nosso.

— Se as consequências futuras incluírem passar noites em claro despidos e depois construir uma família, terá que aceitar — ela negava e concordava ao passo que suas sobrancelhas transitavam entre a revolta e prazer. Não sabia o que fazer. Ele consumia sua consciência. — Ah, você me fará sofrer mais um pouco, Gaya. Sim... e te farei minha esposa.

As mãos em luvas tateavam a pele da jovem que sentia muito, contudo, se conservava realista, resistente aos carinhos.

— Me diga quando fugiremos. Agora tenho certeza. Não suporto me ver longe de ti, é uma tortura e posso falecer só por não estar ao seu lado. Fugiremos durante a madrugada, ninguém nos verá — a ponta dos lábios concederam selinhos nos dela que sugava o ar com intensa dificuldade. Era tentador vê-lo implorar por sua presença. — Buscarei por um lugar para nos encontrarmos em segredo. Você pediu que tudo fosse sigiloso...

Franco mal conseguiu se conter. Precisava do beijo mais safado possível. Tudo em seu corpo doía, como se precisasse de água. O líquido que só a Demdike oferecia através dos beiços.

As línguas se contorceram unidas, quase cravaram um nó. Fios de salivas emitiam barulhos lúbricos entre a respiração ofegante e o sabor delicioso do vinho. Ele a lambeu do inferior ao superior, sugou com gosto num estalo perigoso, se enroscou violento, invasivo e tomou o ar dela que suspirava eufórica. Incrédula por nunca ter sentido tanto desejo num ato surpresa.

— Não quero ser segredo para ninguém. Muito menos para você. Não entende isso? Posso guardá-los, mas não nasci para ser como eles. Quero viver sob a luz.

As súplicas alternavam entre os beijos.

— Me perdoe pelas palavras — a viu se afastar mais uma vez de sua presença.

Seu corpo se desorganizou por culpa do padre. Se mantinham nesse jogo cansativo e provocante. Uma vontade de viverem em conflito.

— Assim que você partiu, Franco, escolheu se afastar de nós. Quero lhe respeitar enquanto padre... — arrastou as mãos da testa, passou pelos cabelos e finalizou no próprio pescoço, atiçando os instintos do Gregori.

Você não respeita quando fode comigo — a voz a enfraqueceu ao passo que invadiu mais uma vez a distância entre ambos.

Pare, Franco... — gemeu baixinho e o incômodo do clitóris se inchando e palpitando aos poucos, a fez esfregar as coxas.

Ele se pôs tão perto mais uma vez...

— Compactua porque também está apaixonada por mim. A maneira que geme quando fodemos, Gaya. Quero ser desrespeitado.

Eu não deveria.

Não mesmo. Eu também, mas estamos aqui.

As malditas pupilas imensas no centro do azul de seus olhos, arrastaram Gaya pelas pernas.

— Imagine o quanto será trágico logo que descobrirem que perdemos a virgindade na igreja, que nos encontramos escondidos?

— Deus batizou nosso ato e relação naquele confessionário — falou tão sério que arrancou um riso nasal da jovem. — Não tenho o que reclamar e nem deveriam.

— Mas eles nem sabem que me procura, que me escreveu cartas, que me tocou...

— Tudo isso são segredos e ninguém descobrirá, como prometemos no confessionário. Não preciso dizer às pessoas sobre nossos atos impróprios, Gaya — gesticulou.

Embora quisesse fazer diante de muitos, na intenção de evidenciar seus pecados aos fiéis.

— Mas estou neles, nos segredos! Não compreende? Quero ser assumida, não omitida. Feito eu e minhas mães estamos — apoiou a mão sobre a testa em pura preocupação. — Bem, buscam por você, visto que tudo isso é para "o padre". Portanto, para o nosso bem e da minha família, nosso afastamento é o rompimento de um ciclo tortuoso. Siga o sacerdócio e nos vemos apenas aqui pela última vez.

— Não... Gaya... não... não aceitarei isso. Você não pode, não quer — a impediu de dar passos distantes.

— Se parte de mim, é porque é um fato — a maneira que seu queixo se ergueu, tão segura de si, estrangulou todos os órgãos do Gregori

Fazia mais aquilo para não sofrer tanto quando o dia chegasse. Mas Franco nunca aceitaria.

— É assim que tudo se conclui? — segurou com controle o rosto da bruxa que se sentia péssima em definir um fim. — Vai me deixar? Não confia que posso abandonar minha posição?

— Não confio. Quebrou a promessa que também me fez prometer — forçava a cabeça a balançar numa falsa negação. — Acaba aqui. Não insista, não me persiga, não perturbe minha família em busca de mim.

— Não me importo. Para mim, isso é falso. Continuarei insistindo. Parece que me provoca ao contrário — as sobrancelhas escassas se uniram e formaram as rugas tão sedutoras que enclausurou a atenção da Demdike.

— Franco, já chega! Chega... — a voz chorosa o queria.

— Amanhã conversaremos melhor. Deve ser o vinho.

No fundo, ela tinha esperança dele a procurar sem ser um padre. Mas precisava impor. Porém, sequer conseguiu quando os olhos azuis correram nos escuros enquanto seus lábios grossos tremeram.

— Suas palavras não sustentam confiança, Gaya Demdike. Seus olhos fascinantes, lábios hostis — Franco sugou o ar com os dentes presos, anestesiado por ela. — Seu corpo e ações instáveis me revelam o contrário — ele encostou a testa com a dela e respirou tão fundo, obcecado. Nem seus pulmões suportavam. — Nosso destino é esse. Sou seu e não há nada que me separe de ti.

Os lábios imploraram para beijá-la de novo, para se encostarem ardentes. Antes evitaram, recuaram, até se encararem tal qual dois cães sedentos para se morder.

Gaya envolveu as mãos nos cabelos do padre e o sentiu agarrar bem forte, quase a levantou do chão e travou o corpo amolecido contra a parede do beco logo que a empurrou até o lado escuro. O sangue ferveu, as mãos coçaram nervosas. Ambicionava ser tocada, invadida.

— Você. Sentirá. Saudades. De. Nós — repartia a frase na ausência do fôlego ao esfregar o volume contra ela. — Quando estiver sozinha, sei que vai se masturbar pensando em mim. Assim como eu e admito que faço.

Agoniado, se esfregava em movimentos ondulantes para sujá-la com seu pré-gozo que manchava a calça. Desejava pincelar a jovem com seu sexo à medida que o sobretudo escondia a perversidade.

— Franco, não serei segredo — se esforçava, mas sentia o calor do rapaz a incitar.

Não haveria penetração, apenas queria senti-lo roçar por cima da roupa, da forma mais agoniante. O queria eternamente à medida que ele removeu a luva esquerda com os dentes, ensacou dentro do cós da calça e caçou a umidade por baixo do vestido dela, no intuito de sentir a lubrificação. Os braços sobre os ombros dele relaxaram e enfraqueceram mediante os choques com os dedos nervosos.

— Guarde suas palavras para amanhã. Hoje ainda é cedo. Quero te escutar gozar, se recusa a nos encontrarmos — o olhar piedoso aniquilou a moça que estava prestes a implorar por seu nome. Franco soava excitante de seus lábios abertos. — Engula meus dedos, Gaya. Bem fundo... até esquecer a distância que impor sobre nós.

De pálpebras cerradas, o testemunhou esfregar a boca por cada canto de sua bochecha. À medida que o estímulo esquentava.

Sabe... aquela merda de "praticar bastante" com aquele homem, não quero ouvir nunca mais — por segundos se enfureceu. — Muito menos que irão se casar.

— Você fica mais perigoso com ciúmes? É isso? — o provocou, enquanto os toques profundos aumentavam e as coxas se molhavam.

O sacerdote não se importava de enrugar os dedos pelo tanto que lutava para fazê-la esguichar.

Shhh... Me prometa que não terá nada com aquele cara.

— Franco, nunca terei — o sorriso que surgiu do ruivo no instante que a ouviu gemer agoniada, cravou tão sádico.

— Me. Prometa — enfatizou rasgando a voz.

— Prometo.

O atrito aparentava ser bastante prazeroso aos dois que compartilhavam da respiração ofegante e o vinho.

Me mata te ouvir gemer assim, sabia? Desperta qualquer maldade em mim. Todas as formas impossíveis de te foder — suspirava no ouvido dele, em constante agonia quando o rosto de Franco se afundou na lateral do pescoço para sussurrar toda sua perversidade. — Gaya, sabe que és minha ruína logo que chora quando meus toques são profundos.

Até que entre a obsessão e o ato obsceno, além de preliminar, uma terceira voz sobressaiu na escuridão.

— Gaya? — a voz ecoou, a luz piscou e pousou no rosto dela, e ambos desesperados, se recompuseram em segundos. — Os deixarei se recompor.

Franco limpou a mão na calça embora quisesse chupar os dedos, pôs a luva de volta e o intruso mal se importou. Ao contrário da bruxa que notou o rosto se aquecer por pura vergonha.

Se tratava de Dane e o próprio ofegava, tão exausto que aparentou seguir o percurso de uma maratona. Havia corrido à procura dela, até reparar na viela escondida. O único canto que pensou onde a jovem se encontrava.

Ao virar o rosto, depois de oferecer privacidade, o corvo se achegou temeroso e atraiu Gaya para o mais próximo de si, longe de Franco. À procura de comunicar acerca de algo curioso.

Precisamos sair daqui. Apanhe suas mães e vamos voltar agora — as escleras em pânico transferiram medo.

A Demdike nunca o presenciou tão tenso.

— O que está acontecendo? — Franco impôs sua presença entre eles.

— Padre, vá para casa de imediato. Não se despeça de ninguém — ríspido, o Dawson cerrou os olhos no Gregori, incomodado com a inocência dele.

— Do que ele fala, Gaya? — apontou o polegar ao Dawson.

— Faça o que ele recomenda, Franco. Por favor, por mim — tocou o rosto quente do homem que tanto amava, ao passo que também o abandonou para entregar total atenção na situação. — O que aconteceu Dane?

— E-eu estava apanhando sanduíches naturais — respirou denso e se tomou em apreensão — e vi passar diante de mim um deles, com o broche. Souberam que todos se encontram aqui no mesmo lugar. Precisamos sair da festa.

Acha que farão algo contra ele agora? — se inclinou num esticar de pés e soprou preocupada ao corvo.

Alheio a tudo, Franco se esforçava para tomar qualquer informação, contudo, somente ouvia chiados.

Não tenho certeza. Só o convença a sair daqui.

Do alto, na roda gigante colorida e em lento movimento, onde se podia admirar as luzes e a beleza da pacata cidade florida, se encontravam duas mulheres realizadas pelo retorno da filha.

Porém, tomadas pela persistente saudade que a matriarca deixou.

Delphine jurou à Anya que conseguiria um pequeno urso de pelúcia para esposa após derrubar um adolescente desordeiro numa piscina de plástico. Após acertar o alvo acima de sua cabeça.

Anya segurava o ursinho de pelúcia com tanta apreciação e Hawthorne apoiou seu braço direito sobre os ombros da amada que sorria anestesiada por enfim estarem a sós. A se divertirem conforme sempre amavam e diante da cidade.

Delphine olhava para Anya da mesma maneira que se conheceram pela primeira vez. Como permanecia a mesma jovem do passado que cruzou seu caminho antes de partir da cidade pacata.

— Será que tudo tem um propósito? — a roda girava e restava tempo para conversarem sem interrupções e estresses diários.

— Do que fala?

— Mamãe ter descansado, Gaya e Franco se reaproximarem, a cidade num momento tranquilo... — focou no ursinho com tanto amor, que sentiu a necessidade de preservar o presente numa redoma.

— Como bruxas, tudo tem um propósito. Sabe disso, querida.

Após a partida de Anika, Anya reagia indecifrável, mas tudo envolvia o sentimento de luto e a saudade que superava em mínimos passos.

— Quero dizer mais ainda sobre como Gaya ficará. Será que ela planeja estar com o Dante?

Delphine acariciou a nuca raspada da amada, degustando do contato íntimo e entregou um beijo em sua têmpora, carinhosa como de costume. Anya estampava fragilidade, diferente dos anos passados e recarregava Hawthorne de uma maneira protetora

Geralmente era a Anya quem liderava as decisões da casa e na educação de Gaya. Mas naquele momento, ainda passava por uma grande perda. Aproveitava da vulnerabilidade de modo a sanar suas maiores dores. Temia um dia se tornar sua mãe e deixar a filha no mesmo estado que vivenciava no exato instante.

— Querida, sinto que casamento não será prioridade para a Gaya — se ajeitou no assento não tão confortável e transferiu uma imensa porcentagem através de um beijo na testa da esposa. — Não com o Dante — foi interrompida sem qualquer abertura de continuidade.

— Acha que ela prefere viver sozinha? — empurrava até Delphine compreender que temia a solidão de Gaya. Futuramente, talvez como uma filha ausente das mães. — Me entende como não quero que Sol...

— Veja bem, Gaya é independente desde nova. Sabemos disso — recuperaram na consciência a imagem de uma criança preta e pequenina a correr, além de gargalhar sem preocupações. — A questão é que, se Sol optasse se casar, sabemos quem ela escolheria e ele não a vê apenas como uma amiga. Isso não dá para esconder, nem fingir desde as cartas e o interesse que ele pediu sigilo. Ambos passam mais tempo juntos do que o habitual.

— Acha que Dante não é nada para Gaya? Acredita que Franco e Gaya... — sua expressão gritava sobre o tanto que se recusava imaginar. — Nossa Mãe Terra, Delphine. Não quero acreditar que eles ainda se amem. Sei que amamos o Franco, mas eles não podem!

— É isso Anya. Creio que se não fosse o sacerdócio, Franco já não estaria mais aqui com a Gaya. Até começo a temer. Ainda mais quando a convida para visitá-lo, os olhares que ele sequer se esforça para esconder... não são novidade. Pensei que desconfiasse.

— E desconfio. Como mãe e bruxa, você entende. Delphine, eu sinto. Sinto que escondem algo mais íntimo. Se ocorrer ou já ocorreu, irei me entristecer por completo, mas nunca rejeitaremos Gaya.

— Esse momento era para ser nosso, mas de toda maneira a Gaya é nossa filha. Então, creio ser necessário falarmos sobre — todos os tipos de receios de alastraram feito um vírus entre as duas. — Serei sincera em suspeitar que ambos já possuam algo. Não digo sobre uma relação afastada. E sim que estão mais unidos que antes.

Anya não suportou mais, sugou todo o ar por intermédio dos lábios, selou os olhos e ao retomar a como estava, seu semblante despencou.

— Você acha que...? — apenas a notou concordar silente com a cabeça. — Apesar da Gaya errar, Franco seria o mais incorreto de tudo isso. Ele é um padre.

— E conhecendo o Franco, acha que ele se importa com isso?

— Deveria! — se enfureceu. — Principalmente sobre nossa filha! Ela será atingida de todos os lados.

— O que pretende dizer com isso? — expressou desentendimento.

— Estou me preparando para que a Gaya não fique sozinha assim que partirmos, porque noto que algo se aproxima contra nossas vidas — não desejava assustar a esposa, mas precisava confidenciar. — Sol é forte, mas necessita de nós quando tudo ruir. E Franco infelizmente não estará com ela. Estou também desesperada com isso. Mal consigo dormir com essa aflição de fim dos tempos, não ouço mais a Mãe Terra, mamãe se foi, você acorda preocupada com minha insônia, não mantemos relações íntimas como antes e nossa floricultura não recebe a mesma quantidade de clientes há meses. Estamos ruindo enquanto de repente a cidade celebra a chegada do Franco. O que não faz tanto sentido, embora ele mereça todo esse carinho. Tudo está contra nós.

— Falando nisso, contei vasos que sobraram na floricultura porque não conseguimos cultivar mais plantas como antes. A cidade cresce, mas a nossa família entra no esquecimento e não sei bem o que acontece porque nem a nossa grande Mãe se manifesta — Anya prosseguiu. — Não temos minha querida mãe com as palavras sábias para nos guiar, Gaya não percebeu, mas o cedro está se rachando pelas pontas dos galhos e temo bastante que nosso relacionamento também se evapore.

Delphine a encarou em pleno choque. Tirou com delicadeza o ursinho das mãos de Anya, pôs ao seu lado no banco e segurou as da esposa. Acariciou os dedos frágeis de seu amor que se mantinha inexpressiva, a sustentar dores e o choro.

— Nem pense em divórcio, Anya Demdike — não se tratava de uma ameaça e sim o medo extremo por ouvir mencionar um fim. — Prometemos envelhecer até nossa morte. Nossas vidas foram enlaçadas. Nosso amor é eterno, Anya.

— Não penso, amor. Mas tenho medo que se afaste por tanta tristeza que carrego com essas preocupações e acontecimentos. Que eu esteja descontando.

Hawthorne definiu mais uma proximidade, falando tão perto dos lábios da esposa, que trocariam oxigênio sem dificuldade.

— Assim que eu me tornei mãe ao seu lado e jurei cumprir nossos votos matrimoniais, edifiquei em minha mente que nunca, jamais pensaria em me separar de você — as palavras firmes enterraram a certeza em Anya. — Passamos juntas por cada situação que essa cidade inteira nunca passou. Fui abraçada por sua família, quando a que eu possuía me despejou com a roupa do corpo. E com resistência construímos a nossa. Erguemos nosso sustento em meio aos malditos comentários sobre nossa relação. Tudo aquilo — apontou para as lojas que ladeavam a floricultura —, foi levantado para nos destruir e não será agora que iremos ruir. Nem mesmo a Gaya.

Ao encostar a testa macia e quente na da esposa, Delphine expôs as emoções comprimidas por longos anos, entreabriu os lábios com delicadeza na intenção de equilibrar a respiração cortada e fixou os olhos brilhantes em Anya que se conservou frágil, mediante as extremidades caídas dos beiços tristes.

Como na juventude de ambas, o sentimento prevalecia intacto.

E movida pelo imenso amor e admiração que compartilhavam, junto aos lábios desarmados, Delphine tocou os carnudos de Anya que correspondeu como se seu interior fosse reanimado num choque.

O beijo salivante se igualou a um abraço alinhado, apertado, entre duas mulheres que se dispuseram a enfrentarem qualquer mortal em defesa de sua família, casamento, filha, conquistas e segundas pessoas que jamais desistiram de ambas.

Só quem já sentiu o amor e acreditava que ele ainda existia, ou a imortalidade desse sentimento, o via puramente em Anya e Delphine Demdike.

— Entendo, tomo e sinto seu luto, seus medos e suas saudades, meu amor — a beijava e interrompia o ato numa troca de suspiros nervosos. — Me machuca tanto te ver assim, mas me mantenho resistente para te apoiar. Enquanto você pensa em cair, lhe ajudarei a levantar. Somos vulneráveis, porém, jamais fracas e desistentes. Mesmo com nossos cabelos grisalhos e traços do tempo em nossa pele, ainda com o auxílio da bengala, vou lhe erguer nos braços e sei que fará o mesmo por mim, pois nos amamos.

Anya sorriu entre os beijos, as carícias e o brilho de suas escleras se encontraram com os de Delphine, tal qual a força da gravidade.

Em meio aos carinhos na cabeça ausente de cabelos, Anya também sentia a ausência da força que lhe permitia levitar.

— Gaya ficará sempre bem, sozinha ou com quem ela preferir estar. E sonhei que um dia Rye se arrependerá de tudo o que fizeram conosco. Assim reformaremos nossa floricultura, renovaremos nossos votos e viajaremos pelo mundo, como sonhamos em nossa juventude. Além de passarmos mais horas no quarto ou onde preferir — arrancou um sorriso pervertido e aquecido da amada. — Confie em mim, querida. Adiantar o futuro, é tortura para nossa ansiedade. Precisamos permitir que tudo flua com parcimônia feito a natureza. Ainda viveremos o bastante para repassar todo o conhecimento que Anika nos confiou. Bruxas não temem o tempo.

Num abraço apertado que abriu margens para as lágrimas, logo que as pálpebras se abriram, do alto da roda gigante, Delphine avistou de longe que alguém acenava para ambas.

— Ao falar em bruxas... Gaya está acenando — Delphine, ainda abraçada na esposa, instigou a curiosidade de Anya, que se virou de modo a testemunhar o que anunciou.

Do alto, as duas enxergaram a filha ao lado de Dane que observava a multidão com temor e aflição. Embora distante, pôde-se ouvir a voz de Gaya gritar e exigir ao rapaz que controlava a roda gigante, para que as colocassem em solo

— Gaya? — a roda gigante já estava pronta para retomar a terra. — O que ela diz?

Se entreolharam confusas e Delphine deu de ombros.

— Anya, Sol parece não estar bem. Gesticulou para sairmos daqui.

Algo não está certo... — murmurou e se remexeu no assento, torcendo para sair dali. — Não mesmo.

De baixo, relutante, o rapaz se evidenciou furioso. Porém, a bruxa foi tomada pela vontade de agredi-lo se não apertasse o botão.

— Ah, senhorita, terá que esperar. Essa roda só desce se eu achar necessário — entortou os lábios ríspidos.

— Necessário?! — rangeu os dentes, sacou algo afiado do outro lado do decote e apontou para a costela dele. Dane sentiu a necessidade de vomitar todos os seus órgãos por culpa do excesso de ansiedade ao avistar o estranho de um extremo, mais afastado. Procurava cada um, porém, sua atenção focou diretamente em Franco, que se esticava para alcançar Gaya perto da roda gigante. — Desça essa merda de brinquedo antes que eu retire seu intestino.

— Gaya, precisamos adiantar — soprou estridente e prestes a ranger os dentes. — Ele não está mais nos encarando. Manteve o olhar no Franco!

A cada passo dado, o suspeito se aproximava do sacerdote inocente feito um caçador astuto e confiante em abater seu alvo.

— Franco?!

O rapaz, aterrorizado e domado pelo ódio, tratou de apertar o botão da caixa de energia e trazê-las ao solo numa rapidez que desagradou os demais que aproveitavam o brinquedo.

O padre alinhou os olhos em Gaya e desviou de alguns presentes, à medida que Dane conservava a atenção no suposto assassino que percebeu a movimentação do padre. As pessoas em volta mal perceberam que o Gregori seguia em direção às bruxas. O grupo musical no palco servia como distração para qualquer tragédia. Até as mais anunciadas.

Logo que as duas Demdike atingiram o solo e a filha decidiu que contaria depois sobre o que ocorria, entre a proteção de Dane que insistia em enxergar o assassino empurrar a multidão feito um touro, Franco esbarrou na jovem bruxa.

— Gaya, o que está acontecendo? — fitou o olhar nela mas alternava entre todos. — Está trêmula.

Analisou os dentes baterem e o corpo dela vibrar por culpa do medo.

— Franco — Dane tomou a atenção do rapaz. — Você irá conosco. Depois contaremos o que acontece. Por sua proteção. Sei que me detesta e eu também, mas precisa vir conosco e deixar essa festa. Estamos praticamente na mira.

Sem demora, se espremeram entre as pessoas e num exato instante, o estranho que já contava proximidade, apanhou um deles e um grito se espalhou pelo vento entre todos.

Crianças com os pais correram desesperados, a banda esticou o olhar no alvoroço formado num canto da festividade e os vendedores se abaixaram, e se encostaram nas barracas temendo algum estampido de tiro. Mas parecia uma confusão motivada por um conflito físico.

— O que foi isso?! — Anya gritou e Delphine a puxou com as pessoas, destinadas a regressar para casa. — Onde está Gaya?! O Dante, o Franco?!

— Conseguiram fugir? — Hawthorne, abraçada na esposa, caçou temerosa pelo acúmulo de gente.

A situação era caótica. Pessoas corriam de um lado ao outro feito formigas tontas. Gritos desesperados inundaram a sensação acolhedora que estava presente.

Ao passo que o burburinho aumentava, num espaço tomado por pés e sujeiras, o assassino se encontrava desacordado no chão, estirado com o nariz torto, quebrado num derramamento de sangue e a testa rachada num corte superficial após uma pancada forte. Pessoas passaram por cima e pisotearam a barriga do indivíduo sem se importar em torná-lo um patê.

No cerne da perturbação, feito miragens das mais sublimes, surgiram os três. Franco acompanhava num olhar perdido, apavorado por culpa do caos e Gaya se destacava no centro, segurando o antebraço de Dante com cuidado.

Havia um nítido corte que nem incomodava o corvo. Além das delicadas mãos da moça manchadas de um vermelho intenso.

Sequer demorou segundos para todos saírem do tal lugar dominado pela confusão.

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