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7. Um milhão de palavras

❀ Capítulo 7 | O Silêncio das Flores


Passada a semana de provas, Zoey e todos os outros alunos puderam relaxar um pouco mais. As notas de Zoey sempre foram intermediárias; algumas suficientes para passar do semestre e outras nem tanto. Naquele ano, ela tinha certeza que tomaria recuperação em História – a primeira prova fora um desastre, e ela nem tinha visto a nota. Não houve muitos trabalhos para os alunos apresentarem, para o alívio de Zoey. Uma semana após o período de provas, os professores já começaram novas matérias. Foi então que Liam começou a faltar. No primeiro dia, Zoey estranhou a ausência do colega à sua frente – o garoto nunca havia faltado antes – e imaginou que estivesse doente ou não pudesse ir naquele dia por algum motivo pessoal. Porém, a semana foi passando e nada de Liam aparecer na escola. Zoey começara a ficar preocupada.

No intervalo das aulas no terceiro dia, em uma quarta-feira fria e cinzenta, Zoey sentou-se na arquibancada da quadra de futsal para lanchar, observando os meninos jogarem bola. Desembrulhou o sanduíche e cruzou as pernas, pensando no que poderia ter acontecido com o colega. Será que ele havia trocado de escola sem dizer nada a ninguém? Não havia motivos para isso, entretanto. Liam era um ótimo aluno.

- Calma – mal percebera que tinha convocado Anne ao seu lado, cuja boca estava suja de chocolate. A garota comia uma barrinha de cereal e encarava Zoey enquanto mastigava e falava: - Ele só está sumido por três dias. Desde quando se preocupa tanto com a ausência de alguém?

Zoey engoliu em seco, deixando o sanduíche de lado. Estava sem fome de novo.

Não sei, respondeu ela mentalmente.

- Está gostando dele, Zoey? – Anne perguntou sem escrúpulos. A moça pôde visualizar um sorrisinho malicioso em seus lábios sujos de chocolate.

Não!, ela respondeu. Ele só foi gentil comigo. A única pessoa que foi verdadeiramente gentil e se preocupou comigo.

- Bem... Se está tão preocupada, por que não pergunta a alguém o que há com ele? Você tem o número da cunhada dele. Qual o nome da mulher...? Humm. Lana? Você não tinha que entrar em contato com ela para resolver o seu probleminha? Ei! Zoey? Zoey!

Zoey apertou os olhos, tentando ignorá-la. Mas não era tão simples se livrar de coisas que estavam na sua própria cabeça. Aqueles questionamentos eram dela, ela sabia; apesar de estar saindo da boca da garota ruiva.

Limpe essa boca, Zoey pediu.

- Não me ignore. Você quer entrar em contato com ela. – Anne continuou.

Se Liam não vier até sexta, Zoey disse a si mesma e à Anne. Eu mando uma mensagem à Lana.

- Você, como sempre, deixando as coisas para depois. Oh. E se ele estiver morto?

Cale a boca, ela pediu. O sinal bateu, e um dos garotos que jogava bola fez um gol. Anne desapareceu, e Zoey mal havia comido o sanduíche que trouxera. Quando voltou para a sala, esquecera-se completamente de ir ao banheiro. Aquilo era um problema recorrente quando era criança, pois, naquela época, a garota se recusava ir até mesmo ao banheiro da escola.

Quando começou a terceira e última aula depois do intervalo, Zoey achou que não aguentaria segurar. A última coisa que precisava naquele dia era urinar nas calças na frente de toda a classe como uma criança de seis anos. Não, ela não se humilharia daquela forma. Por isso, segurou-se o máximo até o término das aulas. Mal conseguiu andar até o banheiro, e o desconforto era tão grande que achou que não aguentaria chegar lá. Quando finalmente adentrou pelo banheiro, agradeceu por estar vazio. Entrou em uma das cabines e, quando por fim se aliviou, sentiu-se nas nuvens. O que para os outros era um simples levantar de braços para pedir autorização para ir ao banheiro – uma necessidade fisiológica que todos possuem – para Zoey era uma tortura desde que começara a ir à escola. Só o fato de levantar as mãos e fazer gestos que indicassem algo já era vergonhoso. Era como se ela estivesse gritando: EU QUERO URINAR. Era algo inconsciente, mas extremamente penoso para ela.

Algo que sempre fora difícil para ela eram as dúvidas que sempre surgiam sobre determinada matéria. Mal havia entrado no ensino médio e percebera as novas dificuldades. O fato refletiu nas notas das provas, que caíram consideravelmente em comparação ao ano anterior – sobretudo em História.

A sexta-feira chegou e Liam ainda não tinha aparecido. A professora Daya, antes de entregar as provas, disse o quão estava decepcionada com as notas daquela turma em específico; e que apenas seis pessoas haviam tirado notas acima da média. Zoey tinha certeza que Liam estava entre elas. A moça não se surpreendeu quando a professora entregou-lhe a prova. Um enorme 3,5 estava estampado em vermelho. Ela dobrou a prova de imediato, enfiando-a na mochila como se nunca tivesse sido feita.

Sentindo-se incapaz e nada inteligente, ela pousou a cabeça sobre a carteira. Pelo silêncio dos colegas, a situação realmente não estava boa. Ouviram-se poucas comemorações; provavelmente daqueles que tinham se aproximado de dez pontos.

- William faltou novamente? – a professora perguntou, dirigindo-se para a frente da sala. Zoey levantou a cabeça enquanto ela passava e viu a prova do colega com um enorme 9,0 no topo da folha. Ela sabia que ele iria bem. Mas não tão bem.

- Sim. Ele está doente – Zoey ouviu Amanda dizer do outro lado da sala. Mais uma vez, a moça ficou preocupada. Deveria ser sério. Decidiu então, naquele momento, que enviaria a mensagem à cunhada do colega. Poderia, quem sabe, perguntar a ela como Liam estava.

Logo quando chegou a casa, atravessou a sala correndo enquanto o pai levava uma enorme tigela fumegante para a mesa. Sofia já estava à mesa, esperando o almoço.

- Ei, Zoey – ele falou, mas Zoey já estava no corredor. – Que pressa é essa?

- Nada. Preciso ir ao banheiro. – ela mentiu, entrando no quarto. Ela vagueou o olhar pelo quarto, parando em sua escrivaninha. Ela havia tirado o pequeno pedaço de papel de dentro da agenda com medo de perdê-lo, colocando-o dentro de uma das gavetas. Ela abriu a primeira, cujo espaço estava coberto de papéis, e logo viu os números escritos em caneta preta com a letra de Liam. Zoey sentou-se na cadeira giratória e observou-o por uns instantes, admirando cada algarismo. Balançou a cabeça, pegando o celular do bolso. Suas mãos logo começaram a tremer levemente ao digitar a mensagem:

Boa tarde, Lana.

Sou a Zoey, colega do Liam. Ele me passou o seu contato.

Gostaria de saber se ele está bem, pois faltou esses dias.

Obrigada,

Z.

Zoey fez uma careta e leu a mensagem dez vezes antes de apertar em enviar. Antes que desistisse da ideia, mandou a mensagem, mas sem antes sentir um desconforto interno. E se eu estiver incomodando-a? pensou. Será que fui fria ou formal demais? Será que Liam vai rir de mim? Será que eu deveria ter esperado até depois do almoço? E se...

Ela não soube quanto tempo ficou ali se questionando, mas, quando o celular vibrou, sentiu o corpo gelar.

Boa tarde, Zoey! Que bom que entrou em contato comigo. Estava mesmo querendo falar com você. Liam estava com alguns problemas pessoais, mas está melhor e em breve voltará a frequentar as aulas. Obrigada pela mensagem.

Gostaria de conhecê-la, caso esteja disposta. Liam me falou muito de você. Mas, se não quiser, não tem problema. De qualquer forma, estarei disponível caso precise de ajuda.

Lana.

Zoey ficou observando a mensagem, relendo-a várias vezes, imaginando como seria aquela pessoa. Tinha uma certeza intuitiva que iria gostar dela caso a conhecesse. Confiante, ela largou o aparelho de lado e foi almoçar. A mãe, que havia acabado de chegar do trabalho, já estava à mesa.

- Como foi na escola? – perguntou, colocando comida no prato da filha mais nova.

- Bom. – Zoey respondeu, sentindo o estômago roncar.

- Só bom? Nada mais?

- Nada mais – ela murmurou.

- E as notas? – o pai perguntou dessa vez.

- Hã... 7,5 em Biologia. – respondeu, amargurando-se ao se lembrar da nota extremamente baixa em História.

Os pais pareceram satisfeitos, e ninguém disse mais nada durante o almoço. Enquanto se alimentava, pensava seriamente se respondia Lana ou não. Não queria ser inconveniente ou insistente demais. Porém, estava relutante se deveria conhecê-la ou não. Lembrou-se de Liam dizendo: Ela era alguém como você. Não conseguia falar com as pessoas.

Durante aquela tarde de sexta-feira, um turbilhão de pensamentos invadiu Zoey. Ela costumava transformar coisas pequenas em gigantes – talvez sem necessidade, entretanto, eram como se estivessem erguendo enormes muros à sua volta. Escalá-los era difícil. Uma simples mensagem de texto para alguém desconhecido, ou um gesto fora de contexto de alguém que ela admirava, um olhar curioso... Tudo aquilo fazia com que pensamentos destravados e acelerados invadissem a mente de Zoey, deixando-a agitada e desorientada. Por fora, todos a viam como uma pessoa calma e tímida, mas mal sabiam o que acontecia dentro dela – possibilidades, expectativas, observações do ambiente; um milhão de palavras invadindo seu cérebro o tempo inteiro. Um milhão de palavras presas dentro de si, sem ter a chance de deslizar por sua garganta e escapar pelos seus lábios constantemente comprimidos.

Um milhão de palavras querendo se libertar como pássaros presos em uma gaiola. Uma gaiola extremamente apertada, mas sem aberturas possíveis.

Zoey apertou os olhos, mais uma vez engolindo o bolo que se formava na garganta. E se houvesse uma abertura? Se houvesse uma possibilidade real de libertar-se daquele silêncio que não havia nome?

A moça olhou novamente para a mensagem de Lana. Se aquela pessoa já foi como ela, talvez ela pudesse ajudar Zoey a encontrar a chave para seu problema incógnito.

Não demorou muito para que ela tomasse uma decisão. Com os dedos trêmulos novamente, ela digitou:

Lana,

Gostaria muito de conhecê-la.

Z.

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