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4. O motivo de todas as coisas

Capítulo 4 | O Silêncio das Flores


Sofia, sua irmã mais nova, tagarelava no banco do carro ao seu lado enquanto o pai estacionava o carro em uma das vagas da clínica. Zoey observou a porta de blindex e as paredes verde-água através da janela do automóvel. Imaginou quanto seria cada consulta com os profissionais daquele lugar, e mais uma vez culpou-se por isso. Sabia que a renda da família não era uma das melhores – apenas o suficiente para o sustento mensal.

- Zoey está doente? O que ela vai fazer? Ela vai ao médico? – perguntava Sofia sem parar, erguendo o pescoço para ver a fachada da clínica.

- Sua irmã não está doente – o pai respondeu, abrindo a porta do carro. – Vamos.

Zoey suspirou e saiu do veículo, pegando na mão da menina. Subiram as escadas do estacionamento até o hall de entrada. As mãos da moça já começaram a suar. Havia poucas pessoas ali, aguardando em sofás marrons em frente à recepção. O ar condicionado deixava o lugar fresco em comparação ao sol escaldante do lado de fora. Sofia logo correu para os brinquedos da ala das crianças, sem olhar para a irmã mais velha. Ela era tão diferente de Zoey... Sofia era extrovertida demais, mesmo para uma criança de seis anos. Fisicamente, portanto, elas se pareciam: cabelos castanhos claros e olhos verde-musgo. Entretanto, se fossem gêmeas idênticas, a diferença de personalidade seria óbvia. Na idade da irmã, ela era o oposto.

O pai foi à recepcionista e deu o nome da filha mais velha. Zoey sentou-se, tensa, à espera da sua consulta. Enquanto isso, remoeu as palavras inocentes e curiosas da irmã. Talvez eu esteja realmente doente, Zoey disse a si mesma, sentindo os olhos marejarem. Uma doença que contagiou apenas a mim.

Mal esperaram cinco minutos e uma mulher de aproximadamente quarenta anos surgiu de um corredor, chamando por Zoey. A moça olhou de soslaio para o pai sentado ao seu lado, e ele balançou a cabeça levemente para encorajá-la. Zoey levantou-se e foi até a mulher, que deu-lhe um sorriso e acompanhou-a até à sala. As paredes brancas e a falta de cor do aposento deixaram Zoey um pouco tonta. Ela costumava olhar para objetos e coisas para tentar se distrair durante o seu nervosismo. Havia algumas plantas no canto das paredes e uma pequena estante; e, no meio, uma mesa com duas cadeiras paralelas uma à outra.

Zoey sentou-se na cadeira de couro marrom. A mulher tirou os óculos do rosto e pousou-os sobre um livro de capa azul.

- Meu nome é Zélia, sou psicóloga – ela começou. – Analisei superficialmente seu caso. Pretendo ajudá-la, mas precisamos fazer isso juntas. Por isso, não tenha medo de falar comigo.

A moça baixou os olhos e começou a bater os pés levemente no chão. Fale, ela disse para si mesma. Fale alguma coisa. Mas seu corpo dizia: saia já daqui!

Eu não vou conseguir.

- Tudo bem – a mulher disse, pegando um lápis em um porta-lápis preto. O coração de Zoey aos poucos desacelerava. – Balance a cabeça para responder sim ou não. Há um motivo específico para manter-se incomunicável?

Zoey balançou a cabeça de forma negativa.

- Precisa haver um motivo – Zélia respondeu.

É claro que há algum motivo, ela quis responder. Mas nunca saberei qual é.

- Precisamos ir mais a fundo – ela continuou. – Na sua infância, aconteceu algo que lhe trouxe traumas?

A garota balançou a cabeça novamente. Não.

- Como é a relação com seus pais? – Zélia perguntou. – Tem irmãos?

Zoey engoliu em seco. Não havia nem cinco minutos que estava ali e já queria ir embora. Sabia que ela estava tentando ajudá-la, mas estava claramente perdida. Ela esperou a resposta; mas, vendo que a moça não iria responder, reformulou a pergunta:

- Tem uma relação boa com sua família?

Zoey maneou a cabeça positivamente.

- Irmãos? – perguntou novamente, e Zoey ergueu um dedo.

A psicóloga assentiu várias vezes. O silêncio que se instalara novamente deixou Zoey ainda mais desconfortável.

- Querida Zoey, - Zélia quebrou o silêncio, entrelaçando os dedos - você é a minha primeira paciente com esse caso. Não sei do que se trata, mas prometo fazer de tudo para ajudá-la. Para começar, quero que escreva o que sente em relação a isso. – ela empurrou um pedaço de papel amarelo e o lápis. Zoey ergueu os ombros e a mão, pegando o objeto. Olhou para o papel e escreveu a primeira palavra que veio em mente:

MEDO.

Zoey pôde ver um lampejo de confusão na expressão da mulher a sua frente. Era compreensível: ela também não conseguia explicar o porquê de ter medo. Mas tudo que ela conseguiu pensar foi nessa palavra. Medo. Medo de ser o centro das atenções. Medo que escutassem a sua voz. Medo de ser flagrada falando com seus pais. Medo de ter que ser obrigada a falar.

Medo do seu futuro.

Dra. Zélia fez mais algumas perguntas, anotando todas as respostas objetivas de Zoey. Não havia como tirar conclusões sobre aquele caso ainda – era apenas a primeira sessão, e a psicóloga parecia tão confusa quanto Zoey estava aflita com tudo aquilo.

Quando foi liberada e entrou no carro do pai, quase flutuou de alívio. Depois que Sofia estava devidamente presa em sua cadeirinha e o pai fechou a porta do automóvel, ele perguntou:

- Como foi?

- Bom. – Zoey respondeu sem olhar para ele.

Zoey ouviu o pai suspirar antes de entrar no carro. Ele conhecia a filha como ninguém, mas não compreendia o motivo de tal comportamento. Todos queriam entender, na verdade. Mas a moça estava tão acomodada com sua situação que ficaria satisfeita em deixar as coisas como estavam. Ela nunca gostou de mudanças – algumas podiam ser dolorosas demais.

Porém, em algum momento, a moça teria que enfrentá-las.

❀❀❀

Já em casa, durante a noite, Zoey foi para o jardim e fitou o céu estrelado. Mike caminhou até ela abanando o rabo exageradamente, lambendo a perna da moça. Ela sentou-se na grama e acariciou a barriga do cachorro, enxugando as lágrimas que caíam de suas bochechas, silenciosas.

- Eu não quero nada disso... – ela disse para o cachorro, que encarava-a com os grandes olhos cor de caramelo.

Pela primeira vez em anos, ela começou a pensar com frequência sobre o fato de não conseguir falar com todos. Refletir sobre aquilo era extremamente doloroso, por isso nunca chegou a ir mais a fundo. Seus sentimentos sobre os outros e sobre si mesma era um tanto confuso. Parecia haver duas realidades: aquela que ela vivia e se comportava como a Zoey que todos conheciam, e aquela que existia apenas em sua mente. Essa Zoey era completamente diferente; uma personagem criada por ela mesma para conseguir sobreviver ao seu mundo real. Assim como Anne supria suas necessidades sociais oferecendo sua amizade imaginária, a Zoey ideal era como uma identidade alternativa que ela não conseguia exibir.

Há um motivo para todas as coisas. O incômodo de Zoey sobre manter-se muda em determinada situações e o ódio que às vezes sentia por si mesma deveria ter sua atenção. Mas a garota estava perdida e cansada de não ser compreendida. Cansada de ser um obstáculo silencioso para com as pessoas, que olhavam-na como um objeto desconhecido caído do espaço. Por que ela não fala?, perguntavam. Zoey queria responder: Eu não sei. Ou: Não precisa me lembrar disso. Era doloroso, ela sabia. Por isso, era algo que preferia guardar dentro de si, sem ter que encontrar respostas.

Sabia que as respostas à levariam a mudanças, e o motivo de tudo poderia ser algo que ela não quisesse saber. E se fosse algum trauma? E se aquilo, o que quer que fosse, não houvesse cura? E se ela fosse a primeira pessoa do mundo a ter tanto medo de expressar-se a ponto de se sentir paralisada? E se não houvesse solução para aquilo?

Zoey balançou a cabeça violentamente, espantando todas aquelas perguntas. Mike se assustou, colocando-se de pé em frente à garota chorosa. A moça decidiu não pensar naquilo; pelo menos até a próxima consulta com a Dra. Zélia.

Naquele momento, ela queria apenas deixar as coisas como estavam.

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