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17(Clary)

NUNCA PENSEI QUE ELA FOSSE BURRA. Mas o fato de ser incrivelmente inteligente, é um pouco frustrante. Izzy sabe que há algo estranho acontecendo entre Jace e eu. Ela não precisou que Alec comentasse algumas palavras da conversa que teve com Jace. Antes de pedir para Alec tentar arrancar a verdade de Wayland, ela mesmo já sabia, ou imaginava, e isso era perceptível por suas indiretas. E talvez o fato de eu ser péssima em mentir, dificultou para manter os acontecimentos de quarta-feira, em segredo.

E mesmo que eu tenha a agradado com maquiagens e seus chocolates prediletos, Isabelle não deixou passar nenhuma oportunidade para tentar saber. Eu estava quase cedendo para sua birra infantil, mas o medo de pensar em sua reação, era mais avassalador. A possibilidade de perder sua amizade de novo, me assustou. Porque já descobri que Izzy pode ser muito antipática, e até mesmo sádica, quando o assunto é seus irmãos. A ferida que Sebastian implantou no canto de meus lábios, ainda está aqui, e não me deixa mentir sobre esse lado de Isabelle, que vai além da Izzy afetuosa que eu conheço.

- Oras Clary, ainda não está trocada? - Isabelle invadiu meu quarto, com uma carranca igualável à de Jace, quando o loiro se zangava. - Eu vou ter que te arrastar dessa cama, te banhar e trocar sua roupa? - levantei subitamente, ouvindo o tom de voz ameaçador que ela usou. Eu a conhecia bem o bastante para saber que se fosse necessário, ela realmente faria isso.

- Eu já estou indo, Izzy. - falei em meio a um bocejo que escapou de meus lábios, mas não estava realmente pronta para deixar o conforto da minha cama. Pensando que Isabelle, eventualmente deixaria meu quarto, levantei-me, encenando uma busca inexistente por um traje. Isso pareceu convencer Isabelle, mas apenas por um pouco mais de cinco minutos. Passado disso, ela foi atrás de mim, pegando-me no flagra com olhos fechados, balançando a cabeça em movimentos encenados, e com o guarda-roupa aberto em vão. Assim que ouvi o salto de suas botas, abri os olhos, pegando a primeira peça que vi pela frente, fechando logo a porta do guarda-roupa.

- Quem você pensa que engana, Clarissa Fairchild? - sabia que estava encrencada, assim que ela usou o meu nome e sobrenome para me chamar. - Eu não sou boba e nem burra, sua biscate. - ri com a coragem que ela tinha em me ofender, não realmente me sentindo ofendida. Izzy e eu tínhamos aquela intimidade de melhores amigas, para xingar uma à outra. Essa é o tipo de amizade que eu sempre cobicei da Celeste. Por mais mimada que minha caçula fosse, ela tinha muitas amizades desse nível, e isso meio que me preenchia de inveja. Porque eu tinha amizades convenientes, mas não genuínas. E agora eu tinha a melhor amizade que uma garota poderia ter.

E eu não tive como garota, mas me sinto uma, realizando meu sonho de ter, mesmo que como uma mulher adulta. E que - secretamente - age como uma adolescente vivendo a primeira paixão.

- Izzy, eu não sei do que está falando. Eu só estava escolhendo uma roupa. - tentei convencê-la, mesmo sabendo que seria um desperdício a simples tentativa.

- Eu não sei do que está falando, é a primeira coisa que um péssimo mentiroso diz quando tenta mentir, mesmo sendo péssimo nisso. - revirei os olhos, sentindo-me derrotada com o belo argumento que Izzy possuía na ponta da língua. Ela deveria deixar o instituto e essa estranha ligação de gangue, para ser uma política. Além de que ela seria ótima neste papel, também seria uma boa representação feminina. Talvez um dia eu a ilumine com essa ideia brilhante. - E isso não é uma fanfic, Clarissa. A primeira roupa que você pegar pela frente não é a que vai te encher de elogios. - quem mais xeretou o meu telefone, para descobrir que sou a primeira do fã clube de fanfiqueiras? Isso é muito da índole de Jace, mas jamais pensei que Isabelle seria uma intrometida com esse tipo de coisa tão íntima.

Ahggg. Eu quero surtar com a minha melhor amiga, mas o sorriso maroto que emoldura em seus lábios, torna impossível ficar brava com ela. Isabelle e Alec tem o dom de fazer isso ser uma tarefa impossível. Confesso que não consigo ficar brava com Alec, por achá-lo charmoso e bonito, de alguma forma. Algumas vezes me irrita com sua tamanha lerdeza, mas é algo que acho mais fofo do que de fato irritante.

Mas como que alguém tão inteligente não consegue perceber, que há um belo alguém interessado? Às vezes cogito que Alec se faça de sonso, mas é só passar algum tempo a mais com ele, que eu sei a verdade. Ele não se faz de sonso, ele é.

Isabelle me fez olhar para a roupa que eu puxara do meu guarda-roupa, com uma expressão incrédula no rosto. Eu olhei, me assustando assim como Izzy. Se mamãe apenas tivesse consciência da roupa que pensei em usar para sair, eu nem sequer seria uma Fairchild para contar história. Vestido bege nunca me pareceu muito atrativo, mas o traje que eu segurava em minha mão, em específico não era nada atraente. Ele se estendia até os joelhos, e era traçado por um cinto desgastado e capuz do mesmo modo. Tentei argumentar com Izzy, e dizer que eu não pensava viver em uma fanfic. Mas francamente, isso teria o quanto de verdade?

Acho que nenhuma.

Devolvi o vestido ao meu guarda-roupa, mas em questão de segundos, Isabelle o pegou de volta e jogou para longe, fazendo-o acertar um abajur no criado mudo. Eu tentei protestar, prestes a xingá-la de maluca e irresponsável, mas acontece que o vestido nunca atingiu o abajur, porque perto da minha cama, agarrando com mãos masculinas e ferozes, estava Jace, segurando o vestido beje.

Eu não o vi chegar, mas vendo minha expressão surpresa, Isabelle não disfarçou o quanto vê-lo era planejado. Como se ela tivesse tramado junto ao seu irmão, tal ação.

- Jace. - pronunciei-me, ofegando com o olhar serpentino que esbrajava no azul de seus olhos.

Jace não pareceu se importar com a minha falta de jeito em vê-lo, depois dos dias que ele se manteve distante. E eu soube naquele momento, quando meu coração acelerou e bateu de forma muito intensa, que eu ansiava por vê-lo, desde que percebi a burrada que fiz, ao partir seu coração.

Porque sei que Jace tem um. Quando o vi chorar, e suplicar por uma chance, eu soube. Queria ter sido mais humana, antes de ter o deixado para trás naquela noite, sem mudar a minha decisão que feriu seu coração.

Mas a paixão é assim, Clarissa. Se você escolhe percorrer seu caminho, é como matar alguém. Se você opta por essa escolha, não há mais volta. Eu escolhi me apaixonar por Jace Wayland.

E por mais que seja sábio desfazer esse caminho, eu sei que não quero. Meu coração muito menos.

- Que droga o abajur tem com o seu melodrama, Isabelle? - irritou-se Jace, jogando meu vestido que Isabelle arremessara, de volta aos braços da irmã, que rapidamente agarrou, evitando o tecido de tocar seu rosto, e eventualmente causar borrões em sua maquiagem.

- Não se trata de um melodrama da Isabelle, loiro de farmácia. Se trata de uma emergência de moda. - Isabelle explicou, tentando transparecer a urgência em sua voz. Talvez em sua mente vaidosa, Isabelle realmente achava que aquilo era algo mais do que urgente. Eu não duvido muito vindo da irmã de Jace.

- Não tente me fazer entender. Porque eu não estou fazendo nem um mero esforço para isso acontecer. - protestou, cortando a irmã, grosseiramente. Em sua interação com Isabelle, Jace sequer parecia me notar, mas eu sabia que estava fingindo a minha ausência, por melancolia. Eu não sabia se eu o odiava por isso, ou sentia uma vontade avassalante de chorar.

Acho que talvez sinta os dois, mas sei que não odeio Wayland. Nunca odiei, e não será agora que irei odiá-lo.

- Aline está surtando enquanto você está brincando de vestir uma princesinha, que sabe muito bem como fazer essa tarefa sozinha. - ele não enfatizou em nenhum momento, deixando claro sua falta de interesse em aumentar algo que me envolvesse. Eu jamais pensei que Jace Wayland poderia me machucar mentalmente, psicologicamente ou emocionalmente. Mas naquele momento foi isso o que aconteceu. Meu coração pareceu gritar lamentavelmente, chorando por sua indiferença e falta de reação.

Seria melhor ter um olhar enraizado, direcionado à mim, do que um Jace que não se importa, e faz jus em mostrar sua indiferença.

- O que há com Aline? - perguntara Isabelle, sem nem mesmo notar o quanto a presença de Wayland me matava por dentro.

- Alec está saindo com uma garota, que segundo Aline é uma criança menos bonita e experiente do que ela. Faz mais de dois meses, e Aline descobriu hoje. E está surtando, de um jeito que você pode muito bem imaginar. - Jace tardou de explicar, ainda sem me fitar.

- Alec não é gay? - havia dito alto demais, recebendo um olhar chocado de Isabelle, e um revirar de olhos do Wayland.

- Não há como ele ser gay com meus pais em seu pé o tempo inteiro. - Isabelle argumentou, rindo um pouco de minha pergunta. - Mas não acredito que ele esteja a sair por tanto tempo com uma garota, e não me falou. - estava indignada, fazendo movimentos irritadiços no ar. - Aline deve estar arrasada.

Eu entendia a revolta de Izzy, e a mágoa de Aline. Desde que me envolvi com as garotas, sei que Aline é uma mulher completamente apaixonada por Alec, e o deixa muito claro para Isabelle, que já a tem como cunhada. Ambas têm uma cumplicidade, amizade e um laço muito forte, que vai além do tempo que estou aqui. Lamentavelmente, elas tinham um laço imaginário, que não existe, pois Aline não há chances com Alec. Eu já havia me dado conta antes, de que o irmão mais velho de Isabelle e Jace, não estava no mesmo dilema que Aline. É fácil perceber, apenas observando como ele olha para ela, e como ela o olha.

Sabe a primeira paixão, aquela que nos faz ter borboletas no estômago, frio na barriga e pensamentos voltados à pessoa? Aline o olha dessa maneira. Mas Alec sempre a olhou, exatamente como o faz comigo; de uma forma quase fraternal, como se eu fosse sua frágil irmã mais nova, que ele não pode pensar em permitir que o mundo deflore.

Eu descobri que Isabelle cismou comigo, também por causa de Alec. Ela afirmou que o irmão não teria ficado como ficou comigo, se soubesse que um garoto a levantou a mão. Eu tentei protestar, em defesa de Alec, afirmando que ele só se preocupou de uma maneira que amigos se preocupam. Mas Isabelle não me deu ouvidos, dando a última palavra, dizendo que Alec me vê de forma mais fraternal do que ela.

Ciúmes? Sim, Isabelle já se mostrou um poço de irmã ciumenta. Mas eu meio que a entendo, confesso. Afinal eu não gostaria se Celeste tivesse uma melhor amiga, que fosse considerada mais irmã do que eu, pela mesma. Eu ficaria além de devastada.

Sabe quando há parentes de consideração em nossa família? Eu penso que esses parentes são mais importantes e possuem papéis muito mais fortes em nossas vidas, do que um parente de sangue. Porque um parente sanguíneo tem um laço conosco, quer queremos, ou quer não. Já alguém considerado, se consideramos vai de nós.

Acho que Isabelle se revolta, porque enxerga que é assim como Alec me vê. Uma irmã de consideração, que ele tem a missão de proteger e achar alguém que tenha esse mesmo objetivo. Talvez seja por isso que Alec nunca se mostrou exatamente acomodado com a ideia de haver algo entre Jace e eu? Mas eu realmente não me importo, porque sei que independente da minha escolha, eu posso contar que Alec e Isabelle sempre irão tardar de respeitar.

Nenhum amor nasce do além. Ele nasce a partir do respeito, e esse é o maior motivo pela qual eu amo Isabelle e Alec. E se eu não magoar Jace ainda mais, talvez eu tenha uma grande oportunidade de sempre permanecer na vida de meus melhores amigos. Porque sinto que a única coisa que os faria me deserdar, é se eu magoasse Jace. Afinal, eles vivenciaram quando uma maldita garota quebrou o Jace que conheço, em mil pedaços. O fato de ocorrer a mesma coisa, e dessa vez com alguém que eles consideram tanto, não vai ser uma coisa que eles simplesmente irão aceitar. Talvez eu me sinta insegura com a ideia de Jace e eu juntos, por medo do quão diferente eu posso ser de Ana Clara. Isso é, se eu for mesmo diferente daquela garota.

- Quem é a garota, Jace? - quis saber Isabelle, irritada novamente, mas dessa vez, por sorte não era comigo. A mais alta passou a andar em círculos, praguejando furiosamente, em voz alta. Eu não ousei de ter uma outra reação, que não fosse me afastar, e encontrar o caminho de volta para minha confortável cama, de manta cheirosa e macia. Mas assim que meus pés ousaram fazer contato com a sedosidade do lençol, o grito estridente de Isabelle, os fez pular para fora da cama, quase imediatamente. - Clary, eu estou no meio de um dilema, mas ainda estou a observar seus passos. E eu não vou repetir. Vá já para o banheiro, e se banhe em menos de meia hora.

- Mas, Isabelle... - o protesto foi em vão. - Que droga. Está bem, mamãe. - provoquei, para logo depois ter que desviar, quando ela ameaçou me atacar com o tecido de roupa horroroso que pensei em vestir.

E quando lembrei que não estávamos só eu e ela, Jace já nos observava como se não fossemos normais, e suas conhecidas.

- Mulheres são realmente lindas, mas também estranhas. - sussurrou, revirando os olhos. Isabelle precisou de um mero esforço para não respondê-lo da maneira áspera que ele merecia. Seu olhar esbravejado e carranca tão evidente, só mostrou isso.

- Cadê a Aline? - foi tudo o que ela falou, com olhos arregalados. - E Alec?

Eu caminhei até a terceira gaveta do meu guarda-roupa, pegando uma toalha verde, quase tão macia e sedosa como minha cama. O que me fez fechar os olhos por algum tempo, e sorrir, imaginando como seria se Isabelle não fosse uma louca que gosta de interromper o sono das pessoas.

- Alec saiu com a garota, talvez ele a convide para o aniversário de Maryse amanhã. - Jace contou, apreciando os resmungos que a irmã fez, ainda incrédula da novidade indesejável.

Particularmente - e também secretamente - eu estava feliz por Alec, mas com pena que ele tivesse que matar dois leões(Aline e Isabelle) para estar com alguém, que imagino o fazer bem. Afinal, se essa garota não faz bem para ele, não tem o porquê estar junto a ela por dois meses, têm? Para mim não faz sentido algum.

Acho que talvez consiga algum sucesso por ele, tentando amansar a leoa mais letal.

- Izzy, você não está exagerando? - falei, apenas para ter um olhar raivoso da Wayland sobre mim.

- E por que eu estaria exagerando, Clarissa? Por acaso é você que tem um irmão mentiroso, que está trocando o certo pelo errado? - apenas pela forma como ela pronunciou meu nome, eu sabia que estava brava e não demoraria para eu ser seu alvo.

- Por que você acha que a Aline é o certo, e essa tal garota nova, a errada? O certo é o que ele quer e não o que você quer para ele, Isabelle. - protestei, também ficando furiosa com minha melhor amiga. - Pare de achar que pode controlar a vida de seus irmãos.

E assim que proferi essas palavras, eu também senti uma imensa bofetada me atingir por elas. Porque eu sabia que Izzy não estava nada feliz com essas, que saíram da minha boca.

- Eu sei o que é melhor para Jace e Alec. E se hoje eu peso na cabeça deles, é para que garotas como você não o machuquem novamente. - ela gritou para mim, furiosa, sem perceber o que havia dito. Eu poderia dizer que ela estava falando coisas por impulso, na hora da raiva que a domava. Mas quando olhei para Jace, e o vi arregalar os belos olhos heterocromáticos, eu soube que aquilo era sobre mim e ele.

Mas meu sexto sentido dizia que aquilo ia além disso.

Isabelle não falou mais nada, ou sequer me olhou. Ela deixou meu quarto, com a palavra final de que precisava tomar um ar, e prometendo logo voltar. Eu estava tão perplexa com as palavras anteriores da mesma, que não a impedi de ir, prometendo para mim que depois eu resolveria aquele problema. Porque um fato intrigante, e que eu não me orgulho sobre mim mesma, é que eu fujo das coisas.

Quando está tudo bem, quando eu sinto que posso avançar, eu deixo o medo me abranjar, e fujo para não encarar. É mais fácil assim, só que dói mais também. Talvez seja por isso que não quero admitir o quanto quero o Wayland. Porque eu sei a dor de cabeça que vai ser, para mim, Jace e Isabelle. Afinal ela já deixara muito claro que não é uma fã minha, quando estou perto de seu irmão. E eu não posso culpá-la, não mais.

- Isabelle só está nervosa, Clarissa. Não leve essas palavras a sério. - Jace falou se aproximando de mim. - É melhor você se arrumar porque hoje será um dia longo. E estressante, já antecipo. - brincou, mas logo percebeu que suas tentativas de me fazer rir eram todas em vão. Com meus olhos já lacrimejando, sentindo o peso das palavras de Izzy, eu assenti, tentando não olhá-lo. Eu não poderia aguentar vê-lo, sabendo que o magoei, assim como Isabelle pontuou.

- Eu irei tomar banho. Será que pode sair, por favor? - perguntei-lhe, ainda sem a coragem para encará-lo como a forte mulher que sou. Eu precisava encontrar a força que me pertence de nascença. Precisava lembrar de quem sou, e seguir o caminho mais fácil, que para mim era fugir. Sempre foi fugir o caminho mais curto, e sempre foi fugir o que fiz quando encontrei os obstáculos.

Com olhos esbugalhados de lágrimas, tentei avançar até o banheiro, agarrando a toalha verde com mais firmeza, nervosamente. Ainda me assustava tal proximidade entre Jace e eu.

Sentir que isso era o que disparava meu coração, me assustava e muito.

- Clarissa, pare de me evitar, droga. - Jace aumentou a voz, agarrando-me pela cintura. Eu tentei me equilibrar quando senti que ia cair com sua ação repentina. Mas não consegui, e para minha sorte, Jace ainda mantinha suas mãos envolta de minha cintura quando quase despenquei no chão.

Olhando-nos por um tempo que pareceu quase irreal, eu soube que Jace ainda estava magoado. Seu olhar era o mesmo daquela maldita noite, em que beijei seus doces lábios, e parti seu frágil coração. Aquela noite em que fui igual, ou talvez pior que a primeira mulher que ele amou. E eu só posso me sentir terrível por isso, e desejar curá-lo dessa dor cruel, que ninguém merece sentir.

Jace arrastou o dedão até minhas olheiras, limpando pacientemente as lágrimas que caíram mais e mais. Eu fechei os olhos, deixando-o me possuir em seus braços, recordando do momento quente que compartilhamos no carro de seu irmão. Onde eu o deixei me tocar de uma forma mais íntima, que nenhum outro cara teve permissão. Porque acho que só confio em Jace para isso, pelo menos de todos os homens que já passaram em minha vida.

Pareceu uma eternidade, até que senti sua respiração perto de meu rosto e os lábios, muito próximos dos meus. Mordi os lábios, nervosamente, ansiosa para o que estava prestes a acontecer. E escutei claramente, quando Jace rosnou, parecendo descompassado com minha atitude.

- Eu preciso que saiba, que não estou bravo por aquela noite. - ele confessou, passando o dedão em meus lábios.

Minha boca se arrepiou com o toque de seu dedo, e eu abri os olhos.

- Mas eu mereço que esteja, Jace. - e eu chorei mais, vendo a ternura no olhar colorido, que me prendia como um todo. - Me desculpe por tudo o que falei naquela noite. E-eu quero. Só não sei como, mas eu quero. - um peso parecia ter saído de meu coração, como se confessar aquilo fosse a chave para sentir mais alívio. Se eu me deitasse agora, acho que eu poderia até dormir mais tranquila, porque não havia mais a terrível dor me sufocando.

- Não seja cruel com você mesma, Clarissa. Amar sozinho é muito melhor do que não amar. Basta saber aproveitar o sentimento, e eu soube. Então não foi ruim, afinal. - ele protestou, finalmente aproximando mais nossos rostos. Seu nariz tocou o meu, e sua respiração batalhou com a minha. Fechei os olhos novamente, agora sabendo o que estava para acontecer.

Jace me beijou de forma calma, sem profundidade, a princípio. Mas quando percebeu que não era assim que eu queria ser beijada, ele o fez de forma mais frenética e íntima, puxando minhas madeixas levemente. Nossas línguas batalhava por poder, e se encontrava diversas vezes, o que nos fazia sorrir durante o momento que estávamos compartilhando.

Jace caminhou comigo até minha cama, sem desunir nossos lábios e corpos. Minhas pernas estava entrelaçada à sua cintura, e eu passava minhas mãos em seu cabelo, o puxando para mim ainda mais. Quando pensei que ele me deitaria na cama, minhas costas bateram fortemente contra a parede. O choque da parede gelada e a agressividade com que elas bateram, me fez desunir nossos lábios.

- Ai, minhas costas. - Jace me olhou preocupado, me colocando no chão de volta, com uma rapidez impressionante. Eu ainda estava com as mãos envolta de seu pescoço, e não desfiz aquele contato.

- Droga, me desculpe, eu pensei que estava caminhando certo até o banheiro. - justificou, me virando por trás, para conferir se não havia ferido minhas costas. Eu ri com todo o cuidado que ele tinha, porque aquilo era muito fofo, francamente. Mas não demorou muito, até eu sentir seu corpo pressionando contra o meu, e algo duro como uma pedra, se chocou em minha cintura. Arregalei os olhos, tentando fitá-lo de soslaio, mas Jace me obrigou a manter uma postura esguia, que não me deu a menor chance de conseguir vê-lo.

Jace pediu-me para levantar os braços, para que pudesse remover a peça de cima do meu pijama. Eu hesitei, pontuando se queria dar a chance de um homem me ver apenas de sutiã, pela primeira vez. Mas a certeza de que eu queria que esse homem fosse Jace, me fez ter certeza de que eu estava pronta.

Ergui ambos os braços, deixando-o se livrar da minha peça. Mas quando isso aconteceu, uma sensação de pânico me invadiu, quando lembrei que não fazia o uso de sutiã para dormir. Eu gemi em retaliação, agarrando o comprimento do meu cabelo para esconder meus seios descobertos. Jace não entendeu meu desespero de primeira, mas quando o fez, tentou agarrar meu braço para se virar à ele. E com muita força física, eu lutei contra sua vontade.

- Jace, pare. Eu tenho vergonha, ok? Não vai dar para fazer isso agora. - retaliei, empurrando-o para longe de mim, ainda mantendo o cabelo em meus seios nus.

- Clarissa, não seja idiota. Eu não vou fazer nada que você não queira. - Jace alegou com um sorriso maroto. Eu não pude deixar de sorrir pelo tanto de desejo que seus olhos transmitia. - Eu prometo, Clarissa. - e era estranho, mas tudo que ele fazia me dava desejo. Até o seu jeito promissor de me prometer algo, era incrivelmente excitante. Eu estava me sentindo uma tonta, presa entre o prazer e o medo, principalmente quando o Wayland ergueu uma de suas mãos na minha frente, levantando lentamente até um de meus seios, envolvido por meu longo cabelo. Ele apertou, beijando o meu pescoço, sussurrando o quanto me achava linda, e o quanto de prazer me proporcionaria, caso eu o desse a minha palavra de que esta é a minha vontade. De olhos fechados, presa em seu aperto, e mordendo os lábios de tanto que o ansiava, eu estava muito perto de ceder.

Eu não tirava nem um ponto a mais, ou a menos. Estava simplesmente na beirada, prestes a dar à Jace, o sim que ambos queríamos, e cujo a vontade imersa que dilacerava nossos corações. Pelo menos o meu dilacera.

- Eu só deixo se você também se despir. - senti-me envergonhada pedindo aquilo para Jace, mas a risada nasal que tremeu sua escultura, mostrou a falta de importância que ele dava para aquilo. Era só um mero detalhe para ele, mas para mim fazia um pouco de diferença. Acho que me sentirei um pouco mais segura se Jace também estiver como eu; despido e sentindo um prazer inigualável.

Porém, me incomodei quando o loiro se pôs a tirar a própria camiseta, e tirou suas mãos de mim. Eu me virei, ainda deixando que o cabelo cobrisse meus seios, e o acertei em seu antebraço.

- Ai. - ele exclamou, expressando a dor do leve tapa. - O que foi isto? 

Eu me apressei a beijá-lo nos lábios, e erguer suas mãos para cima, tirando por minha conta, sua camiseta perfumada, com uma estampa sombria. Logo nós estaríamos quites, em questão os trajes.

- Se queria arrancar minha camiseta, bastava pedir. Eu teria permitido e até mesmo implorado, na mesma hora. - informou mordendo os lábios.

- Jace Wayland implorando por uma mulher? Talvez eu devesse ter dito mesmo, porque eu adoraria ver tal cenário. - debochei, achando alguma graça de seu falso jogo para me ter em breve.

Porém, Jace não pareceu achar graça, e logo aquilo não pareceu um jogo.

- Você não me conhece quando estou realmente louco por uma mulher, Clarissa. - exclamou, sem me dar chance para falar mais nada, tomando meus lábios, e apalpando meus seios com as duas mãos. Eu gemi com o aperto firme, entre o beijo, mas Jace não desfez nossos lábios. Ele aprofundou ainda mais, quase me deixando sem ar, mas se importava o suficiente para não permitir isto. Ele parava de me beijar por algum tempo, antes de voltar com tudo, e mais um pouco. Da primeira vez que ele parou, seus toques também tiveram o mesmo efeito súbito. Ficamos a nos fitar por muito tempo, e ele não desviava de meus olhos, querendo guardar cada expressão pornográfica que eu faria, quando ele apertava meus seios.

Eu me envergonhava de não conseguir conter os meus gemidos e expressões maravilhadas, por isto o beijei certa hora, mesmo sem fôlego. No entanto, Jace percebeu minha ação, e como uma forma de me punir, não me tocou mais durante minutos, que passaram lentamente. Mas quando percebeu que minha respiração não estava mais descompassada, voltou a me beijar, tocando-me em outro lugar, de uma forma tão intensa quanto a que usava para beijar minha boca.

Antes que o deixasse enterrar seus dedos em mim novamente, eu lutei para despi-lo de suas calças, o que Jace rapidamente me ajudou. Eu não sabia se adorava o fato de ver um homem apenas de cueca pela primeira vez, ou se me assustava com o quanto estávamos indo rápido.

Jace caminhou comigo até a cama, e eu ainda lutando para esconder meus seios. Em certo momento, enquanto ele me tocava, eu deixei o prazer me dominar e isto fez com que eu descuidasse em cobrir meus seios. Uma sensação de pânico, rapidamente me inundou, mas nada foi mais gratificante do que ver quando Jace sorriu para mim, e seu olhar me desejando se intensificou. E por um momento, eu o amei por me tranquilizar com uma insegurança que tenho comigo desde sempre, sobre os meus seios. Porque eles não são nada bonitos e volumosos como os de Jocelyn. Ou como os de Celeste, que mesmo sendo a mais nova, é muito mais alta que eu, e possui seios muito mais volumosos.

Eu nunca quis me comparar, eu juro. Mas por um momento, quando eu vi o brilho intenso nos olhos heterocromáticos de Wayland, aquelas comparações que fiz a vida inteira, pareceu algo bobo e irrelevante. Porque pela primeira vez eu me senti bela. Não só bela; eu me senti bonita e formosa como uma pequena flor. Tão esbelta quanto uma, mas tão linda como uma mulher que tem a formosura da flor.

E eu me senti a flor mais linda de um jardim inteiro, porque tinha o homem que estou incrivelmente apaixonada tendo os olhos em mim, brilhando por me querer. E de repente, eu não precisava mais ver seus olhos. Eu precisava dele, precisava senti-lo comigo em todos os sentidos, e tê-lo de todos os jeitos.

Jace fez despertar em mim coisas que mais nenhum homem despertou; e eu não quero que desperte com mais ninguém que não seja ele. Porque eu fui apaixonada por ele no passado, e o amo no atual presente como um todo. Um todo que eu levarei comigo para onde quer que esse lance entre nós, possa levar-nos.

***

Jace precisou se esconder juntamente das roupas, quando Isabelle bateu na porta de meu quarto. Foi difícil tomar tal decisão, mas depois de algum tempo em que passamos em trocas de beijos e carícias, eu pedi que Jace parasse. Eu não sei, mas parecia ser errado ter minha primeira vez com ele daquela forma, com a Isabelle furiosa e tendo que nos esconder. Quando acontecesse eu não queria ter que me esconder de ninguém. Jace foi muito compreensível, se deitando ao meu lado, dizendo que não precisávamos fazer nada do que eu não me sentia a vontade. Eu agradeci o dando um último beijo, que pareceu me dar a certeza de que aquilo tudo era mais do que real.

Eu não iria acordar a qualquer momento, porque não era um sonho. Jace estava ali, e eu estava ali. Um para o outro, porque a forma como nos queremos é assim; mesmo quando a raiva grita, sempre encontramos o nosso caminho de volta um para o outro. Porque parece que nos pertencemos, e tal possibilidade não mais me assusta.

- Pode entrar, Izzy. - falei quando já estava trocada, e Jace, muito bem escondido. Isabelle o fez como eu avisei que podia, e entrou no meu quarto.

- Você ainda não se banhou, Clary? - a forma como pronunciou meu nome parecia ser severa, e de certa maneira até raivosa. Como se eu tivesse a feito algo desagradável, mas eu sabia que não havia. Talvez estivesse brava porque a conversa com Alec não fora agradável, mas eu não tenho certeza. Isabelle é como uma caixinha de surpresas e quando se há uma, pode-se esperar tudo dela. Nada é realmente o que parece ser, e assim é como a Isabelle age em alguns momentos.

- É que eu fui procurar a Aline. Queria ver se ela estava bem, mas não a encontrei. - menti, torcendo para ser boa naquilo uma vez na vida. Isabelle me encarava de forma peculiar, avaliando onde eu estava errando, porque ela sabia que algo incerto estava acontecendo. Ela só não sabia o que, e eu espero que não possa nem imaginar.

Por fim, ela balançou a cabeça, me dizendo que Aline fora tomar um ar, e não iria mais com Jace, Izzy, Alec e eu. Francamente, aquilo era um alívio, porque apesar de eu simpatizar com a asiática, em certos momentos a acho intrometida e esperançosa demais.

Talvez não esperançosa, mas cega, certamente. Não pontuam no ditado, que o pior cego é aquele que não quer ver? Este dito se sobressaia muito bem em Aline, sobre esta situação com o Alec. Não acho que ele foi pouco claro com as evidências de que não estavam no mesmo dilema, mas acho que Aline se fez por muitas vezes, de desentendida, e tudo porque tinha o apoio de Izzy, que já a tratava como cunhada. Mas a forma como Alec a olha, já deveria ser a maior prova de que seu coração jamais teria um espaço romântico para Aline. Ou eu só estou me convencendo de que meu amigo está certo, e não há motivos para Izzy e Aline cair matando em cima dele. Até porque ele não fez nada de errado por amar outra garota que não é aquela que a irmã mais nova planejou para ele.

- Certo, agora não há mais motivos para enrolar, então já para o banho. - Izzy ordenou e eu balancei a cabeça, virando as costas. Minha toalha estava em cima da cama, e logo eu a agarrei me sentindo tremer de medo que Isabelle percebesse algo estranho.

Pareceu durar horas até eu estar muito perto da porta do banheiro. Eu tentei controlar, miseravelmente, o tremor que irrompia meus pés e alcançava meu corpo inteiro, até as mãos. Parecia uma tarefa impossível, talvez porque eu poderia sentir os olhos escuros de Isabelle queimando nas minhas costas, e me perfurando como adagas. Eu não tinha ideia do porquê, mas algo na atitude dela, parecia ser contra mim. Isabelle parecia louca de raiva por mim, e quando me chamou, e eu me virei, seus olhos foram a prova disto.

- Algum problema, Izzy? - perguntei tentando entreolhar dela, para o guarda-roupa, onde Jace estava escondido, mas controlei a vontade a tempo de ser pega por seu olhar me fitando.

- Você me trairia, Clarissa? - a pegunta da mesma me pegou desprevenida, principalmente pelo tom de audácia que ela continha na voz. Meu corpo tremeu com a possibilidade de aproximação, quando Isabelle se aproximou de mim com uma postura esguia e ameaçadora, me fitando com olhos perfurantes. Ela percebia o meu medo, constatei. E se divertia com ele, mas as risadas estavam em sua cabeça; ali, naquele momento, ela só queria me assustar, e algo sobre o Alec e a conversa que tivera com o irmão, poderia ser o motivo de sua estranha atitude.

Eu não estava acostumada a lidar com uma Isabelle assim. Um desespero frio estava se espalhando por cada parte das minhas veias. Isabelle nervosa, Isabelle hostil, furiosa, qualquer um dos casos eu poderia enfrentar, mas aquela nova Isabelle, frágil e acesa pela luz da própria hostilidade, a mesma era uma estranha para mim. Como se eu não fosse capaz de a reconhecer, e renomeá-la minha amiga, porque em seu olhar havia fragilidade e manipulação. Algo que tampouco pode definir Isabelle, pelo menos não a que eu conheço.

- Me diga, Clarissa. Você seria capaz de me apunhalar pelas costas ficando com um dos meus irmãos? - ela perguntou intimidando-me com a proximidade aterrorizante que se fazia entre nós duas.

Meus olhos foram dos dela para os de Jace, que conseguia ter uma visão de mim e da irmã, através da fresta que deixou quando se escondeu no armário. Nossos olhares se encontrou e eu o perguntei solenemente o que fazer, mas Jace apenas deu de ombros, com uma expressão que mostrava também estranhar o comportamento de Izzy. Trocamos olhares por mais tempo, até que eu senti Isabelle agarrar meu braço com mais força, me forçando batalhar contra seu olhar. O que tornou tudo mais assustador para mim, e mais satisfatório para ela.

- Responda-me se você ficaria com Jace?! - ela enfatizou aproximando nossos rostos, como se fosse me beijar, mas eu sabia que não era esta a intenção.

- Izzy, você está me assustando e ferindo o meu braço. - sussurrei, pois não queria que Jace escutasse. Minha intenção jamais seria colocá-lo contra Isabelle, por pior que sejam nossas brigas e desavenças. - Por favor, pare com isto.

Aquele pareceu ser o estopim para Isabelle voltar a ser a minha Isabelle; a melhor amiga que tenho e que é forte, guerreira e destemida. Nada como o pedaço de caco que eu parecia ver há alguns segundos. Isabelle era só a Isabelle, minha melhor amiga, irmã do meu melhor amigo, e figura fraterna do homem por quem estou completamente apaixonada, e que ela não pode sequer sonhar que está escondido no meu armário.

Isabelle deixou de machucar meu braço, e sua expressão deu lugar a culpa e remorso.

- Clary, ah meu Deus. Me perdoe, eu não quis te machucar, só estava nervosa. Sei que jamais faria uma coisa assim comigo, não estava duvidando que faria. - Isabelle começou o falatório que, olhando para Jace da pequena fresta, eu escutei. Mal ela sabia, mas eu já estava por cometer um erro irresistível, de que jamais serei perdoada, porque Isabelle já foi muito categórica comigo sobre qualquer envolvimento amoroso com Jace. Ela o guarda em uma caixinha e não permite que ele seja feliz, e saber que possivelmente posso ser sua felicidade, desagradaria Izzy desde seus fios de cabelos negros, até seus belos saltos.

E uma dúvida cruel, jogada em uma linha tênue, se formou no meu coração. Por um lado estava minha melhor amiga, aquela que eu sempre quis chorar no ombro e confidenciar meus segredos. E por outro, estava o cara por quem estou apaixonada desde o terceiro ano. Mas estar com ele pode acabar com a minha amizade épica, e escolher tal opção, pode acabar com a minha paixão épica. O que escolher? Qual caminho seguir, e por que não posso ter os dois? Por que isto tem que ser injusto, se eu amo Isabelle e estou apaixonada, e quero apenas fazer o irmão dela feliz?

Ou será que... Será que ainda não estou pronta para ser a garota do feliz para sempre na vida de Jace? Teremos mesmo que esperar até uma outra vida para nos encontrarmos e termos o nosso romance épico acontecendo? Eu estou me enganando, eu sei que estou. Não pedi para Jace parar porque não estou pronta para a primeira vez. Eu pedi para ele cessar seus atos, porque sei que não importa o que ele faça, eu irei voltar a ser a filhinha de mamãe, quando tudo isto ter um fim e Valentim ser destruído.

Porque no fundo, doendo o que dói, eu constatei que não sou eu a pessoa certa para fazê-lo feliz. Não nesta vida. E novamente minha mente voltou para aquela noite, onde ele declarou-se para mim, e me beijou docemente, tentando me convencer de que merecemos aquela chance.

- Por que não pode ser agora? Para que esperar tanto tempo, Clarissa? Se você sente o mesmo, deixe-me te tornar a minha garota agora.

Me lembrei de como era fácil para ele, pedir algo daquele aspecto. Não era ele que tinha algo a perder. E agora eu tenho mais do que somente o amor e orgulho de Jocelyn para perder. Eu tinha a perder também a melhor amizade que já pude ter em toda a minha vida.

- Porque preciso te deixar ir.

Fora o que o falei, e destruída, eu desejei boa noite, mesmo sabendo que ele não teria isto. Seus olhos magoados, assim como deveria estar seu coração, me mostrou que não havia chance dele ter uma boa noite de sono; não quando uma maldita mulher o magoou e quebrou seu coração, depois pisoteando como se fosse um pedaço imperceptível de papel.

Eu não conseguia dizer mais um cisco. Eu estava destruída, e não poderia ficar mais perto dele. Nem mais um segundo.

E o aroma doce do meu quarto, fluindo em meus sentidos como um todo, foi o bastante para eu me derramar em lágrimas quebrantes, naquela noite. Porque eu jurei para mim mesma que em outra vida, eu faria você ficar. Para não ter que dizer que você foi o único que se foi...

Mas nesta vida, querido Wayland, eu preciso deixá-lo ir. Porque vai doer mais te machucar por mantê-lo como segunda opção. Nesta vida Jace não é o Romeu, e eu muito menos sou a Julieta. Nesta vida somos os conhecidos que passaram disto, para um patamar peculiar de desconhecidos. Nesta vida o universo conspirou contra os nossos sentimentos que nos atém, e profetizou que não seria neste plano. Mas em outro plano, em outra vida, em outro cenário, eu o farei ser meu. Eu lutarei por ele, e o farei ficar.

Isabelle aterrou os braços em mim, abraçando-me como se precisasse me guardar igual faria com uma boneca de porcelana. Eu não escutei mais sua voz, meus pensamentos estavam me tendo submersa, e a voz remexida de remorso de Izzy, parecia ser um eco no fim do corredor. Até estar abraçada nela parecia ser sufocante. Havia algo tóxico me puxando para um pecado irresistível que eu não iria mais cometer.

Olhei para Jace uma última vez, sobre os ombros de Isabelle, vendo como seu olhar mudou me vendo perdida em pensamentos do que ele podia imaginar. E quando eu proferi silenciosamente um eu sinto muito, soube que de novo, quebrei seu coração, e por pura imaturidade. Eu poderia fazer isso, eu poderia lutar contra a ganância de Isabelle de querer controlar a vida dele, até mesmo quando isso não a diz respeito. Mas eu não queria, e isso era totalmente culpa da minha imaturidade e insegurança de ainda pensar que estarei lutando para algo que irá acabar sozinho, eventualmente. Mas eu nem tentei em primeiro lugar. Só é mais fácil colocar tudo a prova d'água, e deixar que a correnteza arraste tudo para o fim, onde estará inalcançável o bastante, para eu não tentar a sorte outra vez. É como aterrissar na tirolesa. Se você sobrevive ou não, é um tiro no escuro, não se sabe. Mas se quer muito isso, e não tem medo de possíveis efeitos controversos, você aterrissa.

E mesmo querendo muito viver tal paixão que irrompe meus batimentos, eu escolhi não aterrissar, porque tenho medo do quão alto será a aterrissagem.

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