Terno, gravata e burca
Dormimos bastante porque hoje eu enfrentaria 12 horas de viagem, mas deu tempo de nos divertimos muito.
Tiramos fotos, fotos e mais fotos. Como a minha modelo pode gostar tanto de fotos? Não importa! Só sei que eu ri e pude relaxar pela primeira vez na vida!
Desde os meus cinco anos eu vivo na tensão, com a adrenalina tomando conta do meu corpo. Eu sempre gostei dessa sensação, mas agora, eu acho que a adrenalina maior é o verde dos olhos dela.
Ela me disse que quer passar o dia inteiro com os pais, que sente falta deles e que não irá dormir comigo amanhã.
Eu a entendo, mas foram tantos dias ao lado dela que eu não sei como passarei a noite sem ela.
Meu Deus, eu deveria ter pedido ela em casamento, ao invés de em namoro!
Entramos no jatinho. Ela me beijou, o sorriso dela que já era encantador, estava mais radiante ainda de tanta felicidade que ela estava e o melhor disso é que a felicidade dela se devia a mim!
A beijei intensamente. “Dayane, você não vai para a casa do seus pais sem alguém para tomar conta de você!”
“Christian, não tem necessidade!” Dayane protestou.
“ Dayane, o Fabrício pode querer ir atrás de você para se vingar de mim.”
“Qual dos meninos você vai colocar para ser o meu segurança?” Ela se conformou. Sabe que eu não mudo de ideia facilmente.
“Nenhum deles. Vou pedir para o Luigi. Os meninos precisam descansar, sofreram muito.”
Chegamos em casa era 22h.
Abri a porta, rezando para subir e dormir. Estava cansado.
“E aí, cara? Como foi no Japão?” Riccardo perguntou com um nítido interesse e eu tive vontade de dar um tiro nele só para poder fugir da conversa.
“Foi incrível, mas senti falta da comida da Reclene.”
“Faço tudo o que você quiser!” Reclene disse e a Dayane apertou forte a minha mão.
“Qualquer prato, Dayane. Não troco o meu namorado por nenhum outro homem.” Reclene se retratou e a Dayane corou.
Subi com a minha mulher e apaguei na cama.
Era 13 hora quando eu acordei com uma chuva de travesseiros caindo no meu rosto.
“Porra, seus viados. Me deixem dormir!” Eles continuaram jogando as almofadas em mim e eu tive que abrir os olhos.
Sentei na cama. “Cadê a Dayane?” Perguntei com o coração quase saindo da boca.
“Me pediu o telefone do Luigi, ele buscou ela e ela foi encontrar com os pais.” Paolo disse. Dei um sorriso amarelado para ele.
Almoçamos juntos e eu contei tudo a respeito da minha curta viagem, omitindo a penas que eu oficializei o meu namorado com a Dayane porque eu sei que é bem capaz da minha mãe explodir uma granada em cima de mim quando descobrir.
Liguei para a Dayane e ela atendeu: “Oi, meu amor!”
“Dayane, você está bem? Está com o Luigi?” Estava preocupado.
“Luigi não me deixa sozinha nem por um segundo e eu estou ótima.”
“Qualquer problema não hesite em me ligar. Te amo!”
“Eu também. Beijos.”
“Beijos.” Respirei fundo e desliguei.
Resolvi fazer uma visita surpresa para o Salvatore, saudades daquele viadinho.
Rafaello atendeu a porta.
“Rei, aconteceu alguma coisa?” Ele perguntou preocupado.
“Aconteceu. Estou sem ver o filho da puta do Salvatore há praticamente um mês. Cadê aquele viado?”
“Viado aqui só tem você, Ferrandini!” Ele sorriu e me puxou para um abraço. Ignorei por completo a resposta dele. Como eu gosto desse babaca.
“Meu amor, quem é?” Leila perguntou aos berros porque estava no quarto e o Salvatore não respondeu.
Ela apareceu na sala de toalha, mas já é um grande avanço porque ela, em outros tempos, apareceria nua mesmo.
“Chris!” Ela sorriu e o Salvatore ficou tenso e eu não sabia como agir.
Kathy apareceu: “Qual o problema da vez, Rafaello?” Ela perguntou ao me ver na sala e me fuzilou com os olhos.
A marra dela é maior do que a bunda.
“Nenhum. Só vim visitar o meu irmão.” Resolvi responder.
“Sendo assim, seja bem vindo!”
“Obrigado.” Sorri forçado.
“Kathy beijou o Rafaello e puxou ele pela mão que deu um tapinha na bunda dela a fazendo dar um gritinho. Ela também puxou a Leila pela mão e ficamos sozinhos.
Sentamos no sofá. “Como foi a viagem?” Salvatore perguntou.
“Cansativa porque eu mesmo pilotei o jatinho, mas boa. Pedi a Dayane em namoro. Na verdade, acho que já estávamos... Só tratei de oficializar.” Sorri.
“Que bom, cara!” Ele sorriu de volta.
“E você e a Leila? Problemas?” Perguntei sério.
Ele olhou para trás e olhou para mim novamente. “Por que você acha que eu estou com problemas com ela?” Ele me perguntou falando baixinho.
“Você ficou tenso quando ela chegou na sala. A Kathy percebeu e tirou ela da sala. Desculpa a pergunta, mas foi por causa de mim?” Nunca fui de rodeios, não ia ser agora que iria ser.
“Christian, como eu já te disse na nossa primeira conversa, eu sempre gostei da Leila, mas respeitava os seus sentimentos por ela, nunca quis te ferir e todas as poucas vezes que fiquei com ela no cabaré senti que te traía, mas na mansão ela me procurou e eu quis tentar, eu estou tentando... A poucos dias atrás ela disse que queria me usar para te atingir porque queria ficar com o rei da máfia, queria um homem forte ao lado dela para se vingar do Bonini, mas acabou se apaixonando por mim. Estamos bem, estamos felizes juntos, ela é incrível. Mas, ver vocês dois perto, o sorriso que ela te deu... Eu tenho medo que ela esteja me usando.” Ele estava tenso, nem ao menos conseguir olhar para mim, ele conseguia.
“Todos os nossos parceiros já transaram com a Leila, eu nunca senti que nenhum deles estavam me traindo. Por mais que eu sentisse algo a mais por ela, sempre soube que ela era uma prostituta, que ela não era minha. Eu estou feliz com a Dayane, a Leila pode tirar a roupa na minha frente, pode cantar como uma sereia para me enfeitiçar, nada que ela faça vai me fazer mudar de ideia. Para você saber se a Leila está te usando, volta com ela para a mansão. Se ela der mole para mim, você saberá que ela não presta e aí faz o que bem entender com ela.”
“Seria irônico. Os nossos amigos quase morreram por causa da Leila e eu a mato por ser infiel.” Ele riu por desespero.
“Confia em mim? Aceita dar um fim nessa sua agonia?”
“Confio, sempre vou confiar. Mas tenho medo, seria arriscado para todos a Leila na mansão.”
“Eu amo estar á beira da morte. Arruma as suas coisas, vamos para casa!”
Meu celular tocou e era a Dayane. “Oi, amor. Aconteceu algo?” Disse tenso.
“Contei aos meus pais que estamos juntos. Tem como você jantar comigo e com eles as 20h no Dolce Piacere?”
“Claro. Tem como sim.” Respondi gaguejando.
“ Não fica nervoso, os meus pais me disseram que estão nos apoiando porque o amor é tudo que importa.”
“Eu estarei lá. Te amo.”
“Também, beijos.”
“Beijos.” Desliguei.
“Christian, o que houve? Cara, você está branco!”
“Os pais dela querem jantar comigo hoje. Disseram que me perdoam pelo que aconteceu porque o amor é tudo que importa. Salvatore, será que eles querem fazer algo comigo?”
“Christian, a filha dele foi sequestrada por você, você deu uma surra nele, o roubou, eu dei outra surra nele por ele ter feito você ser preso. Ele quer te foder.”
“O que eu faço?” Perguntei desesperado.
“Não vai. Isso vai dar merda.” Ele disse tranquilamente, como se eu tivesse de fato uma escolha.
“Eu sei, mas se eu não for, eu vou decepcioná-la.”
“Então, você vai entrar com uma escuta e eu e o Luigi iremos te fazer escolta.”
“Obrigado, amigo.” Sorri e ele sorriu de volta.
Ele levantou. “Vou lá dentro mandar a Leila arrumar as coisas. Tem certeza que isso não vai acabar em confusão?” Ele perguntou.
“Nunca notou que sempre acaba em confusão? Cansei de fugir do Bonini. A Dayane já tem treinamento, a Leila também, elas podem se defender sozinhas e a gente vai defender a todos. Nada vai acontecer, eu sou o rei da máfia. Confia no teu irmão aqui. Você precisa saber logo se o que ela sente é verdadeiro. Vai querer morar com ela aqui para sempre para afastá-la de mim para nunca saber a verdade? É isso que você realmente quer?” Eu disse em um tom firme e ele ficou pensativo, não disse nada e desapareceu no corredor.
Tempos depois os dois voltaram.
“Salvatore Spinoza, isso é uma calça jeans! Quem usa uma calça jeans? E esse casaco? Meu Deus, estou parecendo um freira!”
Leila disse e eu segurei o riso. Isso tudo é por minha causa? Ele cobriu tudo que podia e que não podia da Leila. Nem o pé dela eu conseguia ver! Vou fazer isso com a Dayane também.
“Isso é ótimo porque vestida desse jeito ninguém te reconhece na rua.” Salvatore disse em um tom sério, quis rir de novo, mas ele estava correto.
“Amiga, é uma pena que você está indo... aquelas coisas que você me ensinou funcionaram tão bem ontem de noite. Vou sentir a sua falta!” Kathy disse com uma voz tristonha.
“Então aquelas coisas novas que você fez comigo ontem de noite foi a Leila que te ensinou?” Rafaello perguntou e a Kathy ficou ruborizada.
“Christian Ferrandini, pensando bem é pouco tempo para que você volte com ela para a mansão, o Fabrício pode estar dando apenas um tempo para ir atrás de você, a Leila se formou agora, não sei se ela estará apta para se defender sozinha, o mesmo eu digo para a Dayane. É válido expor-las em tais perigos?” Rafaello perguntou.
Esse viado é bom em convencer as pessoas e ele está certo em cada palavra proferida, mas eu não vou deixar o meu irmão na dúvida e perdi a paciência com o idiota do Bonini.
Está demorando tempo demais para tentar me matar. O que me dá raiva é saber que o Rafaello só está dizendo isso devido as dicas preciosas da Leila.
“Rafaello, a Leila pode dar dicas para a Kathy através da Internet ou por meio de uma ligação. Eu sei o que é melhor para o meu bando.” Disse em um tom ríspido.
“Você tem razão. Desculpa.” Ele disse gaguejando.
Nos despedimos e fomos para a mansão.
Abri a porta. Aline estava varrendo. “Cruzes, a Leila está vestida igual a uma moça direita! Quem fez o milagre?”
“Eu aprendi a atirar e sou da máfia agora, querida.” Leila sacou a arma.
“Então, aprenda uma coisa: nenhum funcionário da máfia morre sem motivos e principalmente no carpete da minha mãe. Se você matar qualquer pessoa nessa sala, a Meirieli te mata.”
“Ela gosta do carpete tanto quanto você do carro?” Leila colocou a mão na boca como se quisesse abafar um grito e eu assenti com a cabeça, a fazendo arregalar os olhos.
“Meu filho, uma sai e a outra entra! Isso não é possível! O que a Leila está fazendo aqui?” Meirieli perguntou e eu tive que mentir.
“Ela vai morar aqui porque eu perdi a minha paciência. Se o Fabrício quiser, ele pode vir aqui. Duvido que vai consegui matar alguém nessa casa e tirar a Leila daqui.”
“A Leila aqui?” Giuseppe disse incrédulo, como se eu estivesse feito a maior merda da minha vida.
“É... o nosso filho de fato tem mesmo um espírito suicida.” Meirieli constatou e Giuseppe deu as costas resmungando qualquer coisa.
Leila me abraçou forte e disse: “Obrigada, Christian. Por tudo!”
Eu permiti que ela me abraçasse, mas não a abracei de volta. Não sabia se podia, se devia. Eu olhei para o Salvatore e ele estava olhando para o chão com a mão fechada como se quisesse dar um murro. Um murro em mim? Eu não posso perder a amizade dele, ele é o meu irmão.
Coloquei as mãos nos ombros da Leila a empurrando com uma certa delicadeza para que ela não notasse. Queria afastá-la, mas não adiantou porque ela continuou grudada em mim.
“Bom, eu tenho que subir para me arrumar.” Eu disse e ela finalmente me largou.
Ela deu um selinho no Salvatore. “Está com frio, amor?” Leila perguntou para o Salvatore com uma voz doce. Essa garota me confunde.
“Não. Por que?” Salvatore respondeu em um tom bastante ríspido.
“Sua mão está gelada.” Leila constatou e ele deu um leve sorriso. Salvatore realmente ficou nervoso.
“Salvatore tem como você conversar comigo no quarto?” Perguntei por educação, mas era uma ordem mesmo.
“Chris, eu quero transar com ele.”
“Leila, eu estou com problemas. Depois vocês transam.”
“Você sempre está com problemas!” Ela respondeu com raiva.
“Você sempre quer transar!” Respondi.
"Grosso!" ela disse e bateu a porta do quarto do Salvatore com muita raiva.
Entramos no meu. “Você pegou pesado com ela. Mulheres são sensíveis.” Salvatore disse.
“Eu vi o jeito que você ficou na sala. Quer continuar? Eu não quero que você fique para baixo igual a um viadinho.”
“Tenho que saber a verdade, Christian.”
“Eu estou nervoso com o encontro com os pais da Dayane. Salvatore, sabe o lance da primeira impressão é a que fica? Os pais dela devem me odiar e eu não sei como eu agrado e ainda estou com medo de sair preso ou morto desse jantar.” Disse desesperado, mudando radicalmente o rumo da conversa.
“Mantenha a calma porque eu vou estar te protegendo juntamente com o Luigi. Se vierem policiais, eu mato todos antes deles chegarem até você.” O abracei e sorri.
Salvatore conversou com os meninos e depois daquele abraço que a Leila me deu, eu tentei não puxar muito assunto com ela.
Vi que ela ficou conversando com eles normalmente, não dando em cima de ninguém, nem parecia mais a mesma.
“E a gostosinha da sua médica?” Salvatore perguntou para o Lorenzo e levou um beliscão da Leila. Ele sorriu e a deu um selo.
“Está tomando um banho. Acabei de foder com ela, mas estou puto porque ela vai embora domingo.”
“Se quiser eu te dou um tiro para você ficar mais um tempo com ela!” Salvatore riu.
“Não fode, seu babaca.” Lorenzo riu.
A médica apareceu na sala. “Essa aqui é a minha gostosa.” Lorenzo disse.
Lorenzo deu um tapa na bunda dela e deu três tapinhas no colo dele para que ela sentasse nele. Ela sentou e deu umas reboladas discretas. Admito que depois da Aline ele parou de fazer aquelas piadas que me davam vontade de matá-lo.
Fui para o quarto e me arrumei. Coloquei o meu Silver Scent e as minhas lentes de cor castanha, por via das dúvidas. Não sei o que pode vir a acontecer. Desci e todos me olharam.
“Christian, você está gostoso para caramba!” Leila disse e Salvatore revirou os olhos em protesto. Ignorei o comentário dela, embora tenha gostado de tê-lo ouvido.
“Vamos sair daqui antes que eu te de uns tapas, sua safada!” Lorenzo disse ao perceber a reação da Aline Fernanda ao me olhar.
“Menino do céu, para onde que você vai todo bonito? Dayane vai ter trabalho hoje!” Reclene me disse.
“Me encontrar com os pais dela.” Respondi.
“Boa sorte!” Ela disse sorrindo.
“Vou precisar.” Respondi.
“Jesus Cristinho, quando eu penso que o Christian não pode ficar mais bonito do que ele já é, o Senhor vem e me prova que eu estou errada! Que homem é esse, meu pai?” Aline disse e eu ri.
“Christian Ferrandini, você pensa que vai aonde de terno e gravata? Velório de quem que você matou? Porque só assim para eu te ver desse jeito.”
Sorri. “Mãe, Eu preferia ir em um enterro de alguém que eu matei e cuspir no caixão do que enfrentar A Alline e o Ângelo Sherimam, mas é isso que eu vou fazer. Eles querem jantar comigo porque eu pedi a Dayane em namoro no Japão.”
“Você fez o que? Você vai para onde? Você está louco? Pior do que ver a Leila quase de burca de tanto que ela está coberta, de te ver de terno e gravata é saber que você pediu a sua prima em namoro e vai jantar com o seu tio. Isso não vai prestar.” Meirieli gritava enquanto eu puxava o Salvatore dos braços da Leila para sair de lá.
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Boa tarde, meus amores!
Será que a Leila vai fazer besteira agora que voltou para a mansão?
E esse jantar com os pais da Dayane? Vai ser bom ou vai acabar em confusão?
Dedicado à:
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