Olhei para a pequena varanda que a casa tinha, é horrível imaginar que nem aqui eu poderei ficar, só é  permitido que eu fique no interior do cativeiro, mas só não digo que a varanda é inútil por causa das câmeras de segurança que temos.

São duas e da para acompanhar em tempo real o que está acontecendo aqui fora lá em casa. Sim, a Meirieli está vendo tudo. Dentro do cativeiro não temos câmera, ela só é instalada se o mandante desejar ver o sofrimento do sequestrado e até mesmo a morte. Muitos pedem uma fita como recordação.

Mandei um SMS para o passarinho rosa: - Está tudo bem aí? O reforço deve  chegar aí mais ou menos em duas horas. –

Rapidamente ela responde: -Ok. Estou esperando pelos dois. O pagamento deve ser o dobro dessa vez para mim porque este velho é insuportável!-

Ri. Nem a criança tem paciência com aquele velho senil! – Ok, diga para o reforço que eu liberei o dobro para todos. Se acontecer algum problema é só me avisar.–

Olhei para o meu celular e vi que já eram 20h. Daria tudo para comer a comida da Reclene, mas aqui não tem como esquentar comida, então só me restou pegar frutas da cozinha mesmo.

Fui na galeria e vi as fotos dos meus amigos, dos meus pais, acabei clicando na foto da Leila vestida de Arlequim, então eu comecei  a lembrar do  dia e ele foi sem duvidas um dos melhores.

Quando eu ia sair da galeria, vi a foto da Dayane. Eu acabei passando uma das tantas que o velho tinha para o meu celular.
Mandei um SMS para a Leila: - Sentirei a sua falta. -

Olhei para porta e me dei conta de que ela está aqui escancarada.

A dor de saber que ficarei sem transar por tanto tempo, de que de certa forma estou preso e sem o meu carro foi tamanha, que eu esqueci que devia ter fechado a porta com a chave .

Olho para a Dayane e solto uma gargalhada ao perceber que ao invés dela tentar fugir ela só me observava com aqueles doces olhos verdes amedrontados.

Fechei a porta, guardei a chave no bolso da minha calça jeans e em seguida  sentei no chão em frente à ela e disse: “Você poderia ter tentado fugir.” Aquela frase eu estava querendo dizer mais para mim do que para ela. Será que o medo que ela está sentindo é tamanho a ponto de não deixá-la raciocinar?

Coloquei as mãos na perna dela, eu sei que para desatar um simples nó eu não precisaria disso, mas eu gosto de tocar nela, me sinto bem com isso.

“Não toca em mim!” Ela me disse baixinho.

A olhei nos olhos e coloquei uma mecha de seus cabelos negros atrás da orelha dela. Ela fechou os olhos e mordeu os lábios ao sentir o meu toque. Sim, eu causo o mesmo efeito nela que ela causa em mim!

Sorri e disse: “ Eu jamais vou te fazer mal, eu poderia ter feito hoje e não fiz... (fiz uma breve pausa ao lembrar da cena.) Eu só iria retirar a corda, para que você possa andar na casa livremente. Segundo as regras, você só poderia ficar sem a venda e a mordaça, caso assim eu desejasse, mas vamos ficar muito tempo aqui e eu vou facilitar as coisas para você.”

“Nossa que bonzinho você!” Ela disse enquanto batia palmas.
Sorri. Gostei de ser apresentado ao lado brabo dela.

Olhei para as frutas e lembrei que ela deve estar faminta.

“ Acho que você deveria comer.” Eu disse.

“Como vou saber que você não envenenou?”

“Veneno é artifício de menina. Prefiro matar com porrada, faca, tiro...” Sorri. Não queria um clima pesado entre a gente, mas acho que falei algo que eu não devia.

Ela olhou para mim completamente assustada com o que eu acabei de dizer e em seguida para as frutas, mas estava com medo. Escolhi uma maçã por causa da Branca de Neve. Eu queria mostrar que ela pode comer á vontade.

Eu mordi e... “Ahhhh” Gritei. Comecei a ficar desesperado. Os meus olhos ardiam. Como  eu pude ter esquecido de tirar a lente? Eu deveria prendê-la, mas estou cego. Preciso urgentemente lavar os meus olhos.

“Meu Deus, estavam envenenadas mesmo? O que você está sentindo? Como eu posso te ajudar?” Ela aparentava estar preocupada. Se fosse eu já teria aproveitado a oportunidade para fugir.

“Vamos comigo no banheiro. Pelas regras você não pode ficar sozinha, principalmente do jeito que está.”

Praticamente a arrastei para o banheiro.

“Vira de costas, eu não quero que você olhe para mim.” Apontei a arma para ela.

Ela virou e disse: “Pensei que jamais faria mal para mim.”

Abaixei a arma. “E não vou.” Eu só fiz o que fiz para que ela não visse os meus olhos, mas as palavras dela me mataram por dentro.

Tirei a “meia” e as lentes e lavei bem os meus olhos, mas de qualquer modo, eles ainda estavam ardendo um pouco.

“ Seus olhos... são cinzas!” Ela disse surpresa.

“Eu mandei você não olhar! Dayane, para todos os efeitos, caso te perguntarem, os meus olhos são azuis, você entendeu?” Estava nervoso porque ela não poderia ter visto.

“Acho que vou falar que os seus olhos são cinzas. Você me sequestrou, não me importo nem um pouco com o que vão fazer com você!”

A resposta dela foi um baque para mim, mas eu pensaria da mesma forma que ela. Tento não parecer abatido e respondo:
“Eu não estou preocupado comigo. Se você falar que sabe a cor dos meus olhos, eles vão pensar o óbvio: que você vai para a delegacia assim que você for liberada. Dando essa característica tão singular, os policiais que já estão atrás de mim e deles, vão ficar ainda mais porque você é a sobrinha do presidente. O que eu estou querendo te dizer é que eles vão  te matar por  isso e eu não quero que você morra!” Eu não acredito que eu disse isso.

Ela não esperava pela minha resposta, na verdade nem eu esperava. Ela mordeu o lábio e perguntou: “ Você sabe que eu sei de tudo, como tem tanta certeza de que eu não farei exatamente isso com você quando me soltar?”

“Eu não sei, eu só não quero que você morra. Com os policiais eu me viro, caso você fale.”

Ela sorriu e eu sorri de volta.
Voltamos para a sala. “ Agora come, por favor.” Eu pedi.
Ela colocou a mão na testa e começou a cambalear, a peguei no colo antes que ela caísse no chão.

O corpo dela no meu era a melhor e a pior sensação do mundo: eu sinto um estranha calma e felicidade, mas também sinto dor pelo forte contato físico. A coloquei sentada no chão.

Ela acordou. “ O que houve?” Ela perguntou.

“Você desmaiou. Está há muito tempo sem comer.”

Peguei a fruta. “Come uma banana, por favor.”

Por um instante imaginei a boca dela no meu pau, já sendo o suficiente para eu ficar ereto.
Após o desmaio dela, fiquei com mais vontade ainda te protegê-la de tudo e de todos.
Fui colocar a “meia” de novo.

“Não precisa disso. É só eu dizer para o delegado que quem me sequestrou é o Jamie Dornan de olhos cinzas.”

Sorri e preferi não dizer nada. Ela não é a primeira pessoa e certamente não será a última que me diz isso, mas eu me acho muito mais bonito que ele, sem duvidas.

Ela chegou mais perto de mim e tocou no meu rosto, fazendo com que todos os pelos do pelos do meu corpo se arrepiassem ao sentir aquele toque sutil, delicado e carinhoso.

“Quando eu vi os seus olhos no banheiro eles estavam vermelhos... eles são lindos!” Ela mordeu os lábios. Alguém avisa para essa doida que isso me dá um tesão danado!

“Obrigado. Os seus olhos são lindos, você é linda!”

“Obrigada!” Ela sorriu.

Sentamos no chão.

Coloquei a minha mão em cima da dela, os olhos verdes dela não deixavam os meus nem por um segundo se quer. Os meus olhos cinzas, que antes eram nebulosos, agora ganharam um brilho inusitado. O meu corpo pedia com urgência o corpo dela, a minha alma conseguiu invadir a dela e eu senti que além de protegê-la, eu quero amá-la e tê-la para sempre, não apenas nos meus braços, mas principalmente na minha vida.

Sinto que ela quer me beijar, eu não consigo tomar nenhuma atitude, estou perdido. O meu celular vibrou, preferi quebrar o clima vendo do que se trata. Eu morro de medo de ser beijado, este é o meu único medo, por mais ridículo que pareça ser.

Levantei e peguei o meu celular era um SMS da Leila: - E eu já estou sentindo a sua. Estou contando os dias para ser exclusiva sua. Ass: Eternamente SUA furacão. –

Respondi: - Também não vejo a hora, MINHA furacão. –

“Você tem namorada?”  Dayane perguntou.

“Claro que não! De onde tirou isso?”

“Você sorriu feito um bobo agora.” Ela revirou os olhos. Se eu fiz isso nem percebi.

“Mas não tenho. Aliás eu nunca namorei.” Disse enquanto sentava novamente ao lado dela. Ela sorriu ao saber disso.

“O seu nome não é Marco, certo? Qual é o seu nome de verdade?”

“Não posso dizer. Tenho medo que você me chame pelo meu nome na frente deles. Eu não quero que você morra.” Ela sorriu.

“Então como você quer que eu te chame?”

“Do que preferir.”

“O que me diz de viado?” Ela piscou o olho e mordeu o lábio inferior.

Falei como um sussurro no ouvido dela: “Me deixa te mostrar quem é o viado.” Ela sorriu e se arrepiou toda.

“Vou te chamar de Grey devido aos seus olhos.” Eu apenas sorri em resposta. Percebi que ela começou a me analisar.

“Não, melhor ainda: vou te chamar de Dark porque você é perigoso, misterioso e completamente obscuro. “ Ela falou animadamente com um sorriso lindo de menina travessa.

Gostei do apelido, mas é uma pena que ela tenha ignorado as minhas investidas.

Vi que já eram 23 horas e comecei a arrumar a minha, pode-se dizer assim, cama.

“Dayane, deita aqui comigo.”

“Não, obrigada. Prefiro dormir no chão.”

“Para de palhaçada, garota. Eu sou um bandido, não um maníaco ou um adolescente que não consegue se conter perto de uma mulher, em outras palavras, eu não vou fazer nada contra a sua vontade.”

“Sendo assim...”

Ela retirou o sutiã. Ela estava com frio, deixando os bicos completamente expostos na roupa.

“Eu não suporto dormir de sutiã.” Disse ela completamente ruborizada. Acho que notou a minha reação, isso tudo para não dizer ereção.

Ela deitou ao meu lado e eu virei de costas. Ver ela tão próximo de mim era uma tortura. Olhei para ela e vi que já estava dormindo, ela fica ainda mais linda dormindo.

Sei que eu não podia deixá-la sozinha porque vai de contra as regras, mas precisava tomar um banho frio. Sim, eu estava excitado.

Quando eu ia levantar, ela virou de lado e colocou o braço no meu corpo. Estava de conchinha com ela. Senti aquele perfume e a respiração dela estava me deixando louco, como se não bastasse isso, o braço dela desceu e a mão dela acabou encostando na minha ereção.

Desisto do banho e tento dormir.

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Dedicado á:

ciganaSheri

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