Bônus Meirieli
Flashback (1988)
- Última chamada para o vôo 381 com destino ao México.
Respirei fundo, olhei para o homem que eu tenho orgulho de chamar de meu e entrei no avião.
Olhei ao redor e vi os risos das pessoas, as conversas despreocupadas, eu queria tanto não ter motivos para me preocupar, eu queria tanto que o meu namorado estivesse me presenteando com uma viagem estilo lua de mel, mas não, aquela passagem era rumo a minha morte e eu só tenho apenas 18 anos.
Conheci Giuseppe em 1986, quando eu tinha 16 anos. Estava na festa de aniversário da minha amiga Lua. Ele era amigo do namorado dela e todas as mulheres da festa só olhavam para ele, mas quando os olhos dele cruzaram os meus foi amor à primeira vista.
Acabei cometendo a loucura de perder a virgindade com ele no mesmo dia da festa, e mesmo que na época tenha sido com um cara que eu não conhecia, eu senti e sinto até hoje que ele será meu por toda a vida.
Lembro-me de quando pedi o número dele, para que pudéssemos nos encontrar de novo e ele disse que não repetia uma foda.
Foi uma dor que dilacerou não apenas o meu coração como a minha alma também. Eu chorei, senti as minhas pernas fraquejarem e sentei no chão para continuar a chorar, até que criei coragem para olhar para ele e perguntar o motivo pelo qual ele estava fazendo aquilo comigo, mas quando olhei ele já não estava mais.
Eu me senti podre por dentro porque sentia que pertencia a ele, mas ele apenas me usou.
Por mais que alguns pensassem na época que eu havia adotado um comportamento infantil, eu não achava e ainda não acho, tenho certeza que estava me afundando em uma depressão. Tinha deixado de comer, deixado de tomar banho, de sair de casa, parei de falar e só fazia chorar.
Sabem como a minha depressão acabou? Quando ele apareceu na minha janela me pedindo para entrar, ele me contou que era filho de um mafioso chamado Manolo Ferrandini e se eu o aceitava como namorado, mesmo sabendo que se descobrissem poderiam ir atrás de mim porque o amor é uma fraqueza e os inimigos deles poderiam se aproveitar disse para arrumar alguma armadilha para ele.
Eu sabia que ele era perigoso, mas aceitei entrar nisso sem ter a real noção de onde eu estava me metendo.
Alguns meses depois os meus pais descobriram que o Giuseppe era mafioso e me expulsaram de casa quando eu disse que jamais terminaria com ele porque o amor não é uma fraqueza e sim é o que fortalece qualquer ser humano.
O amor é o motivo pelo qual eu fui forte e saí de casa, porque pelo Giuseppe valeu e sempre valerá à pena lutar.
Para eu ficar na mansão onde ele mora, tive que me tornar uma mafiosa, era a condição do pai dele e não me restou outra opção se não aceitar.
Estamos indo para Cancun para uma missão extremamente perigosa, a missão mais perigosa da minha vida e estou com medo de morrer, mas sou uma mafiosa e certa vez Manolo disse para mim que mafioso não tem sentimentos, então eu os escondo de mim e do mundo.
Se eu sinto, significa que eu não deveria ser uma mafiosa? Todo o ser humano não deveria ter sentimento? Não são eles que nos governam? Eu sou apenas uma menina idiota, completamente emotiva e por mais que eu tente disfarçar para o Giuseppe eu sei que não consigo ser racional.
"Mel, acorda... chegamos!" Giuseppe disse.
Ele me deu esse apelido logo quando nos conhecemos, amo quando ele me chama assim. Sorri ao ser acordada pela voz dele e principalmente por ele ter me chamado pelo apelido que eu tanto gosto. Ele não me deixou abrir os olhos e me beijou apaixonadamente.
Nos instalamos num dos hotéis mais caros do México. O nosso quarto tinha uma vista de tirar o fôlego, mas eu não conseguia apreciar a vista e mesmo com o toque dele não conseguia relaxar o suficiente porque o medo de morrer falava mais alto do que o fato de eu ainda estar viva.
"Porra, Mel! Se concentra! O que foi? Não gosta mais de quando eu te fodo? Você está seca e os seus gemidos estão mais falsos do que das putas que eu comia no Segreto Piacere antes de te conhecer. Você está com outro?"
"Não estou." Falei em um tom quase inaudível e abaixei a cabeça para não olhar nos olhos dele.
Estava com vergonha de dizer que eu estava com medo, de dizer que eu ainda tinha sentimentos, de dizer que eu apenas os escondo, de admitir para mim mesma que eu sou uma fraude.
Além disso, me senti péssima ao me dar conta que ele estava considerando a hipótese de eu estar com outro, de eu ficar com ele, mas de eu estar gostando de outro. Quem ele pensa que eu sou? Eu posso me sentir ofendida ou eu não devo sentir nada?
Ele ergueu o meu rosto e me perguntou: " Então por que você está assim?"
"Não sei." Desviei o olhar. Não posso dizer a verdade, não posso dizer que eu sinto.
"Então trate de me relaxar logo de uma vez porque daqui a algumas horas temos que roubar a porra da joia."
Me senti mal, ele nunca tinha falado assim comigo antes... talvez seja porque eu nunca tinha ficado seca com ele.
Senti vontade de dar um tiro nele, senti vontade de chorar, senti vontade de dizer que eu o amava, senti vontade de dizer que eu o odiava.
Mas eu não deveria sentir nada, então eu me permiti olhar nos olhos castanhos do homem que eu amava e me perder na alma dele.
Desse modo, o sexo fluiu perfeitamente bem e eu deitei no peito dele após termos gozado juntos.
Fazer amor com ele me tirou do estado em que eu me encontrava, dando lugar a uma felicidade sem fim e acabei dizendo: "Eu te amo!"
A resposta dele me matou por dentro: "Lembre-se que o amor é uma fraqueza. Você não pode me amar, prefiro que apenas aprecie a minha companhia." Ele disse sem olhar nos meus olhos.
Ele é igual ao pai! Quis chorar de novo, mas lembrei que estaria sentindo e eu não posso sentir. Um dia eu aprendo, pelo menos eu espero.
Tomamos um banho juntos e pegamos um carro em direção a morte, em direção ao banco onde está o cofre do Carlo Sherimam. Este cofre possui as riquezas de todos os Sherimam.
Entramos no banco. Giuseppe matou os poucos seguranças que estavam no local. As pessoas que estavam no banco saíram correndo de lá, gritando completamente apavoradas.
Eu tentei abstrair os gritos e principalmente não ver os cadáveres.
"Vai lá, estarei te esperando." Assenti com a cabeça, mas ele me puxou pela mão: "Não demora, podem aparecer mais. Nunca é tão simples assim." Não consegui largar da mão dele, eu não queria ir.
Ele me largou e disse: "Vai." Meu coração doeu.
Fui correndo até o cofre. Eu não mato, mas seduzo os homens e sei abrir um cofre como ninguém.
Estava tentando descobrir o segredo do cofre para tirar a maldita joia para o Francesco Bonini e aproveitar e pegar o restante para a máfia.
"Pegaram o Giuseppe, vão executar ele em cinco minutos perto do Porto." Gennaro disse.
"Gennaro, estou feliz em saber que conseguiram. Vamos assistir a morte desse babaca de camarote." Ângelo respondeu.
Gennaro é o filho mais velho do Carlo. Ele tem 27 anos e é um homem extremamente bonito, mas o que tem de bonito tem de mal. Ele estava conversando com o irmão mais novo, o Ângelo que tem 25 anos.
Ele vai matar o homem da minha vida e eu não posso deixar isso acontecer. Esperei eles saírem e deixei o cofre para lá. O meu homem era mais importante.
Saí do banco e fui correndo até o Porto. Quando eu cheguei lá vi uma cena que me deixou extremamente feliz e aliviada: O meu homem, o meu herói estava matando todos os diversos homens que apareceram na frente dele sozinho.
Ele me disse que vai tentar arrumar um novo bando logo, o último foi dizimado devido a um conflito e ele foi o único sobrevivente. Mesmo estando sozinho, ele enfrentou a todos e completou a missão que lhe foi incumbida.
"Mel!" A voz dele me chamando me fez voltar a realidade, fez o meu coração disparar. Apenas sorri para ele.
"Pegou as coisas?" Ele perguntou enquanto matava mais um como se tivesse pisando numa barata, como não fosse nada.
"Não. Eu ouvi dizendo que iam te matar em cinco minutos e eu não consegui me concentrar no cofre, eu queria te salvar." Disse com lágrimas nos olhos. Pronto, eu estava sentindo.
"O amor é uma fraqueza. Entre a porra de uma missão e o amor escolha a porra da missão." Ele atirou em mais um. Estremeci, como se o tiro dado fosse em mim.
"Além de ter falhado na merda da missão você vai ficar olhando eu matar e não vai fazer nada? Pega a porra da arma e vai fazer alguma coisa, antes que eu te mate." Ele disse com muita raiva.
"Matar? Eu não mato!" Disse assustada.
"Nós não matamos quem é do nosso sangue e o nosso bando, principalmente pai e mãe, agora o resto é o resto." Ele disse com frieza e jogou a arma para eu pegar, mas eu não consegui pegá-la e ela caiu próxima ao meu pé.
Enquanto me abaixei me preparando mentalmente para começar a atirar, alguém pegou a maldita arma antes de mim e a colocou na minha cabeça.
Tudo foi tão rápido que eu não pude ver quem foi.
"Giuseppe, proponho um acordo: você pega um avião agora com ela e eu te perdoo por ter tentado roubar o meu pai e por ter matado a maioria dos meus homens, ou você continua com essa ideia e eu mato essa vadia. O que me diz?" Gennaro perguntou.
Pronto, morri. Por que eu fui me envolver justamente com um mafioso? O meu pai me disse que eu ia morrer por causa disso, mas eu nunca imaginei que seria desse jeito.
Giuseppe matou os últimos dois. Não consigo ver onde se encontra o Ângelo.
"Solta a garota. Eu vou embora." Ele estava escolhendo o amor ao invés da missão? Sorri.
Gennaro me empurrou com muita brutalidade e eu quase caí, Giuseppe atirou no Gennaro e pegou a arma dele.
"Obrigada. Agora nós vamos embora?" Perguntei sorrindo.
"Vamos terminar o serviço que você não conseguiu terminar. O amor é uma fraqueza, hoje eu descobri que não sei viver sem você, você é a minha fraqueza. Senti o meu coração apertar quando ele ameaçou te matar, me desculpa por ter sido um pouco duro com você? Eu queria tanto que você fosse uma mafiosa, que eu esqueci que o que importa de verdade é que você seja a minha namorada. Eu te amo, me desculpa por só ter percebido mesmo hoje. Quero viver o resto da minha vida com você."
"Pensei que mafiosos não sentissem..." Desviei o olhar.
"Eu também, mas descobri hoje que mafioso sente, que mafioso tem coração." Ele levou a minha mão até o coração dele que estava disparado.
Nos beijamos apaixonadamente, nos beijamos como nunca. Ele finalmente tinha se entregado para mim.
Entramos no banco. "Me dá a sua 38, Giuseppe." Pedi.
"Você quer o que? Ele perguntou surpreso.
" Não se faça de surdo!" Falei lentamente para que ele pudesse finamente compreender o que eu disse.
Ele me deu e eu matei quem apareceu na minha frente, vi que ele estava me olhando com admiração. Agora eu serei o que ele quer que eu seja.
"Mel, abre o cofre. Vou te dar cobertura." Enquanto eu tentava abrir o cofre, ele matava quem aparecia. Ele era o meu herói e eu precisava ser a heroína dele.
Consegui pegar a joia que Francesco queria. Sabia que era a joia porque era a única que tinha no cofre, o resto era dinheiro.
Era um colar com a letra V feita de diamante. Por que ele quer um colar que tem uma maldita letra? É pessoal demais para dar para qualquer mulher, só pode ser dada para aquela que possui um nome começado com tal letra. Ou será que ele quer vender? Mas se for isso, ele tem tanto dinheiro, precisa de mais para que?
Ficamos com toda a fortuna dos Sherimam.
Saímos de lá apressados, no caminho pude ver Ângelo no chão. Ele tinha sido baleado! Fui eu ou foi o Giuseppe?
Desviei o olhar, ver cadáver ainda não me fazia bem. Será que se eu continuar olhando eu vou me acostumar a pronto de pensar que estou olhando o nada? Será que eu vou deixar de sentir?
Manolo pediu para que o piloto nos encontrasse, tínhamos que ir de jatinho, seria impossível pegar um avião depois do que aprontamos aqui. Pegamos o jatinho e fomos para a Itália.
Dessa vez eu não dormi, fiquei o beijando a viagem toda. Situações de perigo que atentam contra a nossa própria vida, nos fazem perceber o quanto a vida é efêmera, nos fazem ver claramente quem a gente ama e o que é realmente importante e ele é tudo para mim, tudo que eu tenho, por isso o beijei como se fosse a última vez e acho que ele sentiu o mesmo que eu.
"Vou para o Segreto Piacere agora. Vai para a mansão." Ele disse.
"Nada disso. Vou com você!" Disse taxativa.
"Desde quando você me desafia?" Ele perguntou confuso.
"Desde hoje e é bom você se acostumando com isso." Sorri e ele ficou me olhando abobalhado.
Giuseppe já tinha pedido para que estacionassem o carro dele próximo do local onde deixamos o jatinho, a fim de que ele dirigisse até o cabaré.
Chegamos lá e entramos pelos fundos do estabelecimento.
Vi um homem que aparentava ter uns 25 anos com um bebezinho que devia ter um ano no colo.
"Giuseppe, não vai apresentar a sua amiga?" Ele perguntou.
"Francesco, ela é minha mulher. Meirieli Ferrandini. Ela também é uma mafiosa." Giuseppe disse cheio de orgulho e eu sorri em resposta.
Ele me apresentou como se fosse mulher dele, será que logo serei pedida em casamento? A ideia me animou muito.
"Prazer, Francesco Bonini, ao seu dispor!" Ele me estendeu a mão. Demorei alguns segundos e aceitei a mão dele.
"Ah, esse aqui é o meu filho: Fabrício Bonini. Futuramente ele será dono desse meu humilde estabelecimento, ele me dará muito orgulho." Francesco disse sorrindo.
"Tenho certeza que sim! Toma." Dei a jóia para ele.
"Obrigado." Ele sorriu e pegou o nosso pagamento.
"Tenho certeza que a sua mulher ficará muito feliz com o presente." Disse sorrindo.
Ele olhou para o colar. "Ele não é para..." A fala dele foi interrompida por alguém que o ligou.
"Estamos indo." Giuseppe disse e Francesco nos deu um tchau com a mão. Voltamos para a mansão.
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Boa tarde, meu amores!
Vocês se lembram que no início do livro, vocês me pediram para contar o erro da Meirieli em Cancún?
Demorou, mas eu postei. Vocês não entenderiam, se eu postasse antes.
Agora dá para entender o motivo dela ser insuportável. 😂😂😂
Esse colar é para quem???
Dedicado á:
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