A adrenalina que faltava
Quando comecei a cortar o bolo com a Dayane, nós paramos juntos o feito ao ouvirmos o que estava acontecendo do lado de fora da casa, devido a escuta que estávamos usando.
O bando todo estava com a escuta, mas optamos por colocarmos no modo onde escutávamos tudo o que eles falavam, mas eles não nos escutávamos. Mudei o modo.
“Se você deixar esse homem entrar, pode se considerar um homem morto.” Disse e os convidados ficaram apavorados, sem entenderem o que estava acontecendo.
“Ah, não! Eu estou louca para comer esse bolo! Tanto momento para ele estragar a festa e ele decidiu logo esse? Eu vou fuzilar esse homem!”
Meirieli disse num tom visível de irritação, fazendo com que os convidados ficassem ainda mais apavorados.
Em falar no bolo, Dayane fez muito mistério com relação ao bolo. Ela não me deixou ver o bolo e mais uma vez me surpreendi com a escolha dela nada convencional: um bolo preto.
“Poxa, vou concordar com a tia. No melhor momento da festa!” Passarinho preto disse emburrado.
Olhei para ele que já sabia o que devia fazer: ir para a salinha até que tudo fosse resolvido. Dei uma cópia da chave para ele e para todos do bando.
“Vem, rosa.” O menino pegou a mão da menina e eles saíram cabisbaixos.
“Christian Ferrandini, sou o presidente! Você pode barrar a todos da sua festa, mas não a mim! Não se esqueça que sou o pai da noiva também.” Ângelo Sherimam disse com um sorriso perverso no rosto, assim que conseguiu entrar no local.
“Você me deu uma surra há um ano atrás, o seu amiguinho me deu uma muito pior, além do fato dele ter me dopado, assim como a minha adorável esposa fez hoje para poder ver a nossa querida filha se casando. Tirando isso, o meu irmão sumiu e eu tenho certeza que você deve ter matado o seu querido papai e foi por isso que ele sumiu do mapa. Também te odeio por ter ficado com a minha fortuna, fortuna essa que, nós, os Sherimam, demoramos anos para construir e principalmente pelo colar. Que fim levou o colar, Christian? Você é um de nós, mas não é por ter o nosso sangue que merece a nossa fortuna, você não merece um centavo nosso.”
Salvatore o dopou? Para que? Que fortuna é essa que ele está falando? Que colar é esse? Estou mais confuso do que cego em tiroteio.
“Eu não sei do que você está falando.” Respondi com toda a sinceridade do mundo.
“Não sabe?” Não importa, você vai morrer de qualquer jeito. Ele apontou a arma para mim e as pessoas começaram a correr e a gritar.
Esse filho da puta acabou com a minha festa. Certamente Padre Antônio deve ter sido o primeiro a sair.
Apontei a arma para o Ângelo.
Quando dei por mim, o bando todo estava apontando a arma para ele, menos o Salvatore que não estava no me campo de visão. Vi que a Dayane estava do meu lado chorando. Queria que hoje fosse um dia feliz, não queria vê-lo triste no nosso casamento.
“Meirieli, Meirieli... deveria ter me matado no banco quando teve chance, por isso você vai morrer primeiro.” Ele disse. Não estou entendendo nada, mas foda-se que ele é o meu tio, foda-se que ele é o pai da noiva, eu não vou deixar a minha mãe morrer, principalmente agora que ela está grávida.
Apertei o gatilho, até que eu escutei uma voz familiar: “Quer uma ajudinha, parceiro?” Fabrício Bonini perguntou.
“Ele aproveitou a confusão para entrar, eu estou indo com a Leila, a Regya e a Rosi para aquela sala que combinamos, vou deixá-las trancadas lá e depois eu volto para não dar bandeira. Os outros vão ficar para te dar cobertura.” Salvatore me disse pela escuta.
Por algum motivo desconhecido, os Bonini gostavam dos Ferrandini e detestavam os Sherimam. Situação esta que só mudaria se eu resolvesse interferir de alguma maneira nos negócios do Fabrício, o que eu fiz, mas ele não sabe.
“Me diz, Mel... O que vocês fizeram com o colar?” Ângelo perguntou. Ele estava a chamando por um apelido que poucas pessoas sabem e que ninguém a chama, só o meu pai e quase que ele nem a chama mais assim porque ela não combina em nada com esse apelido.
“Entregamos ao verdadeiro dono. Por que esse colocar é tão importante para vocês?” Ela perguntou.
“Ele era nosso. Vocês roubaram para dar para outra pessoa e eu ainda vou descobrir para quem.” Ele respondeu.
Fabrício abaixou a arma, é como se ele estivesse em transe, lembrando de algo, ou será a minha imaginação?
“Vou te matar agora, Meirieli!”
Ele disse apontando a arma para a barriga dela. Encostei a arma atrás da cabeça dele, Dayane deu um grito. Fabrício acordou do transe e mirou no coração dele. Meirieli apontou a arma para ele, porém Giuseppe a tirou do local praticamente a arrastando e todos, agora com a inclusão do Salvatore, Luigi, o Rafaello e a Kathy, continuavam mirando nele.
“Você está preso.” Sarah disse apontando a arma para o Ângelo.
“Christian de conchavo com uma policial? Comeu muito ela para ter virado a cabeça dela?” Ele perguntou rindo.
“Está preso por desacato a autoridade e por tentativa de homicídio.” Ela disse, já o algemando.
“Sua puta, eu sou o presidente!” Ele disse aos gritos, enquanto era arrastado por ela.
“Obrigado por tentar ajudar, Fabrício.” Sorri.
Eu nunca quis prejudicá-lo, até sinto uma estranha afinidade por ele. Não me entendam mal, sou espada, mas acho ele legal. O conheço há anos.
“Lembra dela?” Fabrício perguntou.
“Aline Gabrielle, Quanto tempo!” A abracei com um largo sorriso no rosto.
“Saudades de você, Christian!” Ela sorriu e eu sorri de volta.
“Como você sabia da minha festa?” Perguntei para o Fabrício.
“Monitorei os passos da Regya através do celular dela, só soube de quem era a festa agora, eu aproveitei a distração dos seguranças devido ao presidente, para entrar. Aliás, cadê a Regya e por que você não me convidou?”
“A Regya está por aí e eu não te convidei porque você quase matou os meus amigos da última vez.” Respondi.
“Se eu não gostasse de você teria matado, principalmente o Lorenzo.” Ele sorriu.
“Em falar em matar, por que você abaixou a arma naquela hora?” Perguntei.
“Você sabe sobre que colar ele estava falando?” Fabrício ignorou a minha pergunta me fazendo outra.
“Eu não. Isso deve ter sido há muito tempo. Foram os meus pais, eles nunca me disseram nada. Mas pelos visto, você sabe algo. Foi para o seu pai que eles deram? Sabe por que isso é tão importante para os Sherimam?” Perguntei.
“Se for o mesmo, foi para o meu pai sim. Ele me disse que contratou o serviço dos seus pais porque queria devolver para a verdadeira dona. Parece que eles roubaram o colar de uma mulher que o meu pai conhecia, mas não sei a importância desse colar para os Sherimam. Meu pai me contou todos os rolos que ele se meteu para que eu não tivesse problemas quando eu fosse gerir os negócios dele.” Acho que ele está me escondendo algo e eu vou descobrir.
“Entendi.”
Sorri ao ver a Regya aos beijos com o Luigi. Eles entenderam o que eu queria. Se ela ficasse com as garotas, era capaz do Fabrício começar a procurar a Regya e poderíamos ter sérios problemas com isso.
“Cadê a sua mulher?” Perguntei, mudando completamente de assunto.
“Adryeli vive viajando e gastando o meu dinheiro. Como mais as putas do que ela própria. A propósito, parabéns pelo casamento!”
“Obrigado.” Sorri.
“Gostaria de saber se os seus amigos não gostariam de voltar para o cabaré, tanto tempo indo lá... tenho certeza que eles sentem falta das putas.” Fabrício piscou o olho.
“Contanto que você não os mate, por mim tudo bem. Riccardo arrumou uma namorada agora, Salvatore também, então só temos o Paolo e o Lorenzo disponíveis. Vou chamá-los.”
Eles estavam por perto observando e ouvindo tudo através da escuta. Fiz um sinal e eles se aproximaram.
"Vocês gostariam de voltar para o cabaré dele?” Perguntei.
“Claro, com uma condição: quero um contrato da Kelly de exclusividade onde eu não pago um centavo por ela, 50% de desconto para eu comer outra puta e o que eu consumir eu pago sem desconto.” Lorenzo disse.
“30% de desconto.” Fabrício tentou negociar. Provavelmente o cabaré está indo á falência mesmo.
“40%” Lorenzo disse.
“Fechado.” Fabrício apertou a mão do Lorenzo.
“Eu quero 70% de desconto em qualquer puta e gratuidade no que eu for consumir.” Paolo disse.
“50% de desconto e 85% no que você for consumir.” Ele tentou negociar de novo.
“60% de desconto e 90% no que eu for consumir.” Paolo tentou.
“Fechado.” Eles apertaram as mãos.
Espero que a volta deles não resulte em nenhum tipo de problema.
“A propósito, você está... está linda! Me concede a honra dessa dança?”
Paolo perguntou para a Aline que corou automaticamente e olhou para o irmão como se estivesse pedindo permissão e ele consentiu fazendo um “sim” com a cabeça. Ela saiu do lado do irmão, pegou a mão do Paolo e foi dançar.
Onde ele está com a cabeça? Ela é irmã do Fabrício! Isso não tem como dar certo. Espero que não passe de uma simples dança.
Quando olhei percebi que quem não sabia quem eu realmente era já tinha saído da festa. Onde a minha mulher se meteu?
“Fabrício, vou dar uma mijada. Fica à vontade aí.”
“Falou, parceiro. Vou ficar vigiando a minha irmã, se ele passar do limite não vai sair vivo.” Fabrício riu, como se fosse uma brincadeira, mas não era.
Ignorei o que ele disse e entrei na porra do banheiro. “Paolo, larga a Aline agora! Essa porra não vai dar certo, você escutou o que ele disse, eu não posso e não vou entrar em guerra com ele.”
“Você está solteira?” Paolo perguntou me desafiando. Merda.
“Salvatore, tem como você tirar o Paolo da pista?” Perguntei.
“Já era. Eles se beijaram, agora seja o que Deus quiser.” Salvatore disse.
“Porra!” Não contive o palavrão.
“Meu amor, cadê você?” Perguntei para a Dayane.
“Na salinha. Tem como você vir para cá?”
“Tem sim.” Respondi.
“Salvatore, Lorenzo e Riccardo, se o Fabrício quiser matar ou bater no Paolo o defendam. Fez merda, mas continua sendo família.” Disse.
“Estamos indo.” Eles falaram.
Saí do banheiro e fui para a salinha.
“Amor, está mais calma? Vamos cortar o bolo e sair logo daqui.” Disse fazendo carinho no rosto dela.
“Eu estou melhor, eles estão brigando? Não estou ouvindo nada.”
“Também não.” Respondi. Isso está estranho.
“Mãe, está tudo bem?” Perguntei.
“Está. Quero matar a Sarah porque ela acabou com a minha oportunidade de matar o Ângelo. É isso que dá convidar uma policial para a festa. Seu pai também não tinha nada que me impedir, mas não quero que as minhas filhas cresçam sem o pai.” É, a minha mãe está bem. Sorri.
“Eu vou fuzilar o Ângelo! Quem ele pensa que é para colocar a arma na barriga da minha mulher?” Giuseppe deu um murro na parede. Nunca o vi tão nervoso.
“Calma, pai. Se ele não for preso, você o mata do jeito que preferir e se precisar de ajuda, estamos aqui.” Sorri.
“Eu quero terminar o que eu comecei naquela época, Giuseppe. Me deixa matá-lo sozinha?” Ela perguntou. Do que será que a minha mãe está falando?
“Depois a gente vê isso.” Ele disse.
“E essa história do colar?” Perguntei e esses se entreolharam.
“Christian, o Francesco pediu para pegarmos o colar em troca de uma grande recompensa e disse que poderíamos ficar com o resto da fortuna dos Sherimam que estava no cofre. Não sabemos para quem que o Francesco deu o colar, só sabemos que foi para uma mulher e que ela não era a mulher dele..” Ela respondeu.
“Tudo bem.” Eu disse.
“Meninas, assim que o Fabrício sair vocês sairão daqui.” Salvatore e o Riccardo vão escoltar vocês.
“Queria matar esse filho da puta, ao invés de estar aqui me escondendo como se eu fosse uma mocinha em apuros.” Leila disse e eu sorri. Rosi estava chorando, como sempre.
“Não fica assim, Docinho. Tudo vai acabar bem.” Sequei as lágrimas dela e ela sorriu. Odeio ver mulher chorando.
Fui para o salão juntamente com os passarinhos, meus pais e a minha mulher. Percebi que estava tudo calmo lá e que o Paolo permanecia vivo.
“Christian Ferrandini, olha quem está namorando com a minha irmã!” Fabrício disse em um tom animado.
“Quem?” Perguntei com medo da resposta. Isso não pode estar acontecendo. Está?
“Paolo!” Ele disse.
“Mas... como?” Perguntei sem entender nada.
“Eles se beijaram enquanto você foi mijar. Acha que alguém vai beijar a minha irmã e vai ficar por isso mesmo? Ele pode até deixar de frequentar o cabaré, mas no fim vai valer à pena.” Ele disse sorrindo e eu vi a cara de pânico do Paolo. Pelo menos a garota é bonita e não vamos entrar em guerra.
“Maninho, ele não vai voltar no cabaré porque se a Regya me mostrar que ele apareceu lá eu vou cortar o pau dele.” Ela sorriu maledicente e eu senti a dor no meu pau. Paolo sentou na cadeira desesperado.
“Vamos cortar o bolo porque eu estou louco pela minha lua de mel!” Todos riram e a Dayane corou.
“Finalmente, Eu estou com uma fome... hummm...” Passarinho preto disse e todos nós rimos.
“Garoto, vem cá!” Fabrício o chamou.
“Que foi, tio?” Ele perguntou.
“Cadê os seus pais?” Fabrício perguntou.
“Não tenho. Tio Christian que cuida de mim.” Ele respondeu.
Com essa resposta o Fabrício já sabe que se trata de um passarinho porque já conversamos várias vezes sobre negócio quando éramos mais novos.
“Quantos anos você tem?” Ele perguntou.
“10.” O menino respondeu.
“10?” Fabricio perguntou incrédulo.
“Sim, vai dizer que eu sou muito esperto para um menino de 10 anos como a tia legal?” O menino perguntou sorrindo.
“Que tia legal, Christian?” Fabrício me perguntou.
“Sarah. A policial que prendeu o Ângelo.” Menti e olhei para o menino para que ele não me desmentisse.
“Eu tenho que ir. Aline, quer ficar?” Ele perguntou, parecendo transtornado.
“Quero!” Ela disse animada.
“Paolo, toma conta dela.” Fabrício disse e o Paolo abaixou a cabeça.
Parece uma conversa normal, mas que me deixou intrigado. Qual o problema do menino ter 10 anos?
"Fabrício, aconteceu algo?" Perguntei falando um pouco alto, devido ao fato dele já estar quase próximo à saída.
Da distância que estávamos, ele conseguiria me ouvir, mas não quis me responder. Estava realmente apressado, mas antes ele não aparentava que tinha algum compromisso urgente.
“Salvatore... achou estranho a conversa do Fabrício?” Perguntei baixinho.
“Muito. A Leila está me escondendo algo, acho que ela conhece essa criança.”
“O menino é excepcional, mas mesmo que futuramente ele venha a falhar consideravelmente, você pode ter certeza que ninguém vai fuzilá-lo. Não enquanto não descobrimos a verdade. A Leila sabe a verdade por auto dos passarinhos, eu quero que você leve os passarinhos para casa hoje e conte toda a verdade para a Leila. Ela vai acabar te contando o que está escondendo.”
“Não acha que é pegar pesado de mais? A Leila se apaixonou pelo garoto! Ela ficou tão feliz...” Ele disse.
“Mas é para pegar pesado mesmo. No desespero ela te conta.” Pisquei o olho e o deixei pensativo.
“Parabéns pelo namoro, Paolo. A Aline é incrível!” Disse com uma empolgação falsa.
“Vai se foder!” Ele disse puto da vida e eu ri.
“Olha a boca, gatinho! Fica feliz que o Fabrício confia em você, ele nunca me deixou sozinha com ninguém. Você pode fazer qualquer coisa comigo que ele não vai ficar sabendo nunca, sempre imaginei que quando eu desse o meu primeiro beijo o Fabrício não desgrudaria nunca do meu pé.”
“Primeiro beijo?” Perguntamos juntos. Ele se fodeu mesmo!
“Meu irmão é super protetor.” Ela corou.
Comemos o bolo. Minha mãe repetiu cinco vezes o bolo, comeu mais do que o próprio passarinho preto! Isso sem contar com os docinhos...
Todos foram até a frente do carro comigo.
“Qualquer coisa eu volto correndo!” Disse.
“Pode deixar, meu filho.” Giuseppe disse.
“E antes que eu me esqueça...” Falei enquanto saquei a arma e atirei no filho da puta que não conteve a entrada do Ângelo na festa.
“Tchau, pessoal.”
“Tchau.” Eles responderam como se nada tivesse acontecido.
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Boa noite, meus amores!
O que acharam da última parte do casamento do Christian?
A Aline se deu bem, mas o Paolo...
Será que ele se apaixona por ela?
Este é o bolo do casamento da Dayane. Ele foi na realidade o bolo de casamento da cantora Avril Lavigne. Procurei algo que fugisse dos padrões e adorei esse bolo.
Dedicado á:
AlineGabriellee (Está feliz?)
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