|livro um| tria
Olá! Vim rapidinho avisar que hoje é att dupla (porque sou muito suscetível a mimos no twitter) Então, boa leitura!
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Não fomos para a casa de Lalisa, aparentemente, ela ainda está ciente que não deve misturar as coisas, e mesmo que não cumpra suas próprias regras, ainda sou uma aluna e ela, minha professora.
O hotel fica no centro, o prédio desponta no horizonte e o letreiro gigante diz ser uma hora da manhã. Há algo no jeito que o recepcionista nos encara, com os olhos franzidos e lábios semi-abertos. Algo na maneira que nos deseja "boa noite", que me faz ter certeza que ele sabe o que vamos fazer.
Não é difícil descobrir, porque exalamos bebida e rimos do vento, eu me escoro nos ombros de Lalisa e sussurro palavras sujas em seu ouvido. Ela não me empurra, não me xinga ou ao menos me repreende com o olhar, na verdade, sua mão grande e firme aperta minha cintura com posse, e me traz para mais perto.
Caminhamos em linha reta até o elevador, ou tentamos, os olhares se tornam mais inflamados dentro da caixa metálica. Ela fixa os olhos nos meus lábios e desce para as minhas coxas, já que meu vestido não faz um bom serviço em tapá-las. Deixei de puxá-lo para baixo desde que saímos do bar.
Lalisa me guia até o último quarto do corredor, estou tão quente que sinto suas mãos na minha nuca, tão pesadas que podem me marcar, e sem querer me vejo arfando com a possibilidade.
O quarto é grande e dourado. Caro demais para que passemos só uma noite, mas Lalisa me acha gostosa o suficiente para gastar, como se eu fosse sua puta de luxo.
A Lalisa professora é carismática e legal, ela te dá um ponto se você pedir com os olhos lacrimejantes, mostrando as notas em vermelho. Ela guarda o seu nome e te cumprimenta se o vir nos corredores da faculdade, se você, em um dia triste, contar que sua mãe foi demitida, na próxima vez que o vir ela pergunta se está tudo bem e te indica créditos estudantis. Ela está sempre usando roupas de cores quentes: vermelho, amarelo, laranja, e sorri mais do que deveria ser considerado normal para um professor universitário.
É por isso que todos se apaixonam por ela, porque Lalisa Manoban é doce, quase ingênua — mas não burra — e, em quatro paredes, se livra de todas essas características.
Ela caminha como uma pantera e apaga a luz do quarto, coloca uma música calma no celular e o joga na cama, ele rola entre as cobertas e quase caí, mas ela não olha o aparelho, seus olhos estão focados em mim.
Quando estende a mão, eu me entrego.
Lalisa toma a minha cintura, me agarra, e algo em seus olhos me diz que não vai soltar tão cedo.
E nossos corpos se movem em conjunto com a música, meus pés descalços encontram o paraíso no tapete felpudo do quarto, sentindo a respiração quente dela na minha nuca. Prevejo o momento certo que ela aperta a minha bunda, tem força no movimento, me pressionando contra o seu corpo ainda mais.
Logo meu vestido sobe de vez e ela brinca com a barra da minha calcinha, suas mãos frias contra a minha pele quente. Lalisa parece não ter pressa, na verdade, ela não tem nenhuma, enquanto me guia entre os acordes longos, me descobrindo com os dedos. Uma perna se aloja no meio das minhas e ela pressiona, tirando de mim um gemido baixo.
O não-dito é tão alto que chega sorrateiro, se impregna em meu sangue e forma um bolo de ansiedade na boca do estômago. É por isso que me ajoelho no primeiro comando de Lalisa, quando ela ordena com a voz baixa e rouca.
Lalisa me olha de cima, estou com os joelhos estancados no taco do chão, doloridos, porque ela não permite que eu fique no tapete, como se fosse uma pecadora que devesse sofrer e, provavelmente, se delicia com isso, como também gosta do esforço que eu faço para deixar meus olhos inocentes. Mas os olhos nunca mentem. Por mais que você se esforce ou treine várias vezes na frente do espelho, eles sempre denunciam as características do seu querer como uma velhinha fofoqueira.
Abro levemente a boca, arfante, e pronta para as ordens. Seus dedos percorrem minhas bochechas, a minha orelha, demorando-se no brinco pequeno que Jisoo furou com uma agulha grande demais e está levemente dolorido. E enfia o indicador e o médio dentro da minha boca.
Eles batem nos meus dentes e vão fundo, e os chupo com força enquanto se movem para trás e para frente, enchendo-os de saliva.
Lalisa permanece com um olhar impassível, como se controlasse o tempo com os dedos. A encaro com expectativa, o doce cheiro do que vem a seguir é tão palpável que molha minha calcinha e entre minhas coxas antes do previsto.
Ela os retira abruptamente e molha meu queixo.
A pele de Lalisa é convidativa, a blusa sobe devagar pelo tronco desnudo, como se ela quisesse que eu visse tudo com calma, os seios cobertos por um sutiã simples, de pano, algumas pintinhas que o escuro esconde. Me vejo ansiosa quando ela desabotoa a calça.
E eu não entendia a religiosidade das pessoas que passavam pela capela da faculdade, esperando um sinal divino em suas vidas, a presença de algo brilhante e dourado que apaziguasse as dores, mas agora aperto a cruz tão forte entre os meus seios que machuca, tirando-a com um puxão. Eu não precisava mais disso.
A calça de Lalisa é empurrada para o lado, a calcinha é da mesma cor do sutiã e, talvez, ela sempre esperou acabar a noite daquele jeito, mas eu sou a escolhida.
Ela agarra meus cabelos, o puxão é forte o suficiente para me fazer arquear, respirando em jatos curtos. O aperto se fortalece e, assim que me inclino para começar, um tapa acerta minha bochecha.
— Ainda não — ela sussurra, e faz um carinho na mesma bochecha que estapeou.
Lalisa volta a apertar meus cabelos, porque o prazer não está em me ver chupar, está em me ver submissa, como colocar um doce na frente de uma criança e proibi-la de comer. E então eu imploraria, arfante e necessitada, sem saber onde colocar as mãos — já que não deveria me tocar sem que ela mandasse — até que finalmente ganharia um passe livre. Foi o que aconteceu. Sinto saliva escorrer pelo canto dos meus lábios, a textura dela na minha boca e suas mãos, sempre forte demais, hora apertando, hora passando suavemente como se dissesse "Boa menina", como se me desafiasse a fazer melhor que aquilo.
— Me fode — peço, olhando para cima. — Por favor. Por favor, me fode...
— É isso que deseja? — Ela me empurra e se deita sobre mim, no chão. Seu corpo se encaixa no meu como uma peça de quebra-cabeças. — É isso? — ela pergunta, seus dedos já estão lá, mas ela pergunta de novo e eu respondo, ela não se satisfaz, seus dedos vão mais fundo e a palavra morre na minha garganta. — Diga, Jennie, o que deseja? — Ela empurra minha calcinha com a outra mão e ganha mais liberdade com esse ato.
Encaro toda a divindade de Lalisa em cima de mim, os lábios molhados, os olhos exalando aquele sentimento prematuro de êxtase, chegando ao seu estado completo quando ela geme, se deliciando com o que faz comigo, em como estou sem poder falar, poupando palavras como poupo ar para respirar.
Ela sorri, e me sinto mais perto do paraíso como nunca antes estive na vida.
Seus olhos capturam os meus, a pouca luz realça as curvas do semblante de Lalisa. Meu vestido se torna apenas um pedaço de pano embolado na minha barriga. Com meus seios libertos ela passa sua atenção para eles, e consegue a façanha de continuar com a multi-tarefa de me foder enquanto me chupa.
Acabo me transformando em um conjunto de gemidos altos e difusos, e agarro seus cabelos quando ela desce de vez. Lalisa faz bem tudo que se propõe a fazer, mas chega a ser insano a forma como ela me toma com a boca e me reduz a um muxoxo sofrível.
Sinto o suor descer entre meus seios, molhar meus cabelos, formar gotículas no meu rosto, nas bochechas, e o gosto salgado dele quando passo a língua pelos lábios. Todos os fluidos que compartilho com Lalisa são bem vindos. Ela me faz chegar ao ápice em questão de minutos e, quando penso que finalmente acabou, ela está pronta para mais.
E eu também.
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Apoio meus braços na janela do carro e descanso o queixo em cima enquanto o vento bate em meu rosto, fazendo meus cabelos voarem. O trânsito é preguiçoso no começo do domingo porque ninguém realmente está disposto. O olhar dos motoristas é de puro cansaço — e não que em outro dia da semana não estivessem da mesma forma — mas no domingo é diferente, porque, na teoria, domingo é um dia para descansar. No entanto há algo maior: dinheiro, ódio ou amor, que os obrigam a se levantar da cama cedo, a pegar o carro e seguir o trânsito quase deserto.
Paramos em um sinal vermelho e um vendedor de cadeira de rodas surge entre os carros, no seu colo um buquê de rosas vermelhas. Ele anuncia o preço na plaquinha e chama a atenção de todos com uma buzina, mas é um péssimo dia para vender flores, se fosse um copo de café quem sabe ele não teria mais lucros?
Lalisa observa o cadeirante e assim que ele passa por nós ela abre a janela, cata algumas notas no porta copos e pede uma rosa. Há muito mais que o preço da flor no dinheiro que o homem recebe, e ele tenta dizer isso a Lalisa, mas ela apenas abana a mão como se dissesse "está tudo bem, pode ficar" e o agradece.
— É sempre bom ajudar vendedores ambulantes. — Ela sorri e me entrega a rosa.
Levo-a até o nariz, tentando sentir o cheiro gostoso que todos dizem, mas apenas espirro.
— Obrigada — digo, fungando, e Lalisa gargalha.
O sinal abre e a música no rádio se torna conhecida, ela começa a batucar no volante. Mesmo que a melodia soe lenta os batuques rápidos fazem parecer a música perfeita para ouvir enquanto dirige.
— Já ouviu essa? — Lalisa pergunta, sorrindo.
— Não nessa versão. — Aponto para seus dedos no volante.
— A vida é muito triste para se ouvir música triste! — responde, e aumenta o ritmo dos batuques. — Vamos lá, ouvido supersônico, cante no ritmo dos meus comandos.
Logo a voz dela se junta a minha e estamos sorrindo ao cantar, sorrindo ainda mais quando, sem querer, nossos olhos se cruzam. Não deixo de pensar no que os motoristas pensam sobre nós, na raiva intrínseca que despertamos por estarmos felizes em um domingo de manhã. Os casados há mais tempo logo poderiam supor que fossemos um casal também, porque aquele sentimento já foi sentido por eles. A nostalgia os fariam sorrir, não tão abertamente como Lalisa e eu, mas um sorriso mínimo, aquele que desaparece numa fração de segundo.
Se fôssemos casadas Lalisa aproveitaria o sinal vermelho e se inclinaria para me dar um selinho. Ela reclamaria das roupas que misturei ao mandar para a lavanderia, falaria dos alunos, sobre o que senta na primeira fileira e parece querer saber mais do que ela, os que sentam no fundo e ela precisa endurecer o olhar sempre que um cochicho mais alto ameaçava interromper a aula, sobre uma garota que pergunta coisas estranhas e então diria "essa me lembrou a sua irmã."
No entanto a música termina, o vento que antes esvoaçava meus cabelos se torna apenas uma brisa leve.
Lalisa desliga o carro e o clima de despedida toma conta. Do outro lado da rua, o Chance parece apenas um restaurante familiar. O único carro estacionado atrás de nós é o que Jisoo havia me emprestado.
— Jennie... — ela para, então com um suspiro, recomeça: — Você sabe que isso não pode acontecer de novo, certo?
Seus olhos são duros e inflexíveis.
— Eu posso ser demitida se isso chegar aos ouvidos do conselho, é uma política da faculdade e, mesmo que você seja maior de idade e legalmente não tenha nada demais nisso, ainda sim, é uma conduta ética que preciso seguir.
A rua está deserta, há sacos de lixo na frente do bar, marcas de pneu no asfalto e o som ritmado do vento nas árvores, tornando a voz de Lalisa ainda mais alta e decidida em meus ouvidos.
— Eu sei... sei que isso é complicado, mas eu juro que não vou contar pra ninguém. — Estou encarando-a com um ar pidão, as mãos em preces. — Podemos fazer isso dar certo. Eu faria tudo pra dar certo!
Ela respira fundo, fecha os olhos e encosta no assento. Prendo a respiração com medo de atrapalhar sua linha de pensamento, fazê-la se lembrar que eu ainda estou ali, esperando uma resposta definitiva. Lalisa é o que eu sempre esperei, é o amor avassalador que me tira de órbita, que me faz pensar na complexidade dos pequenos atos, na maneira como sorri e me fode, em como se adapta a cada ambiente com uma maestria de dar inveja. Não está em questão perdê-lá.
Quando ela volta a me encarar, seus lábios estão franzidos, a resposta cintila em seus olhos.
— É o melhor para nós duas — diz.
— É o melhor para você!
Destravo a porta do carro e saio de forma desengonçada. O passeio é cheio de declives, meu salto afunda enquanto caminho, a bolsa se arrasta no concreto disputando lugar com o som do meu choro.
Ouço a porta do motorista bater.
— Jennie! Espera! — Apresso o passo, a bolsinha se arrasta freneticamente até que com um puxão me desequilibro, ela agarra meus braços. — Você ainda não consegue entender porque é jovem! Começou a faculdade agora e vai encontrar meninas lindas, que são da sua idade!
— São nove anos de diferença, não noventa, porra! — rebato. — Você fala como se eu fosse uma garotinha, como se eu não soubesse onde estou me metendo!
— Você acha que sabe, mas não sabe! — Nossas vozes exasperadas ecoam pela rua. — Em nove anos acontece muita coisa, Jennie. Daqui a quatro anos, quando se formar, isso aqui — ela aponta alternadamente para nós duas. — Vai ser só uma história idiota.
Me desvencilho do seu aperto, limpando as lágrimas sujas de rímel com a mão.
Meu aspecto é o de uma garota que passou a noite na farra e é buscada pelo pai no dia seguinte. Ele pergunta "Aproveitou a noite?" e ela omite o fato de que chorou, que transou com um garoto desconhecido num mictório fedorento, e que sua coordenação motora falha não tem nada a ver com aquilo que aceitou de uma amiga.
Lalisa parece a mesma Lalisa de sempre, dessa vez tentando contornar suas regras quebradas.
Ela realmente não é boa com isso porque fecha os olhos e se afasta, empurra a franja para trás bruscamente, antes das mechas voltarem para o mesmo lugar de sempre, e depois caminha novamente até mim.
— Uma última vez — ela se arrepende assim que fala, mas é tarde demais para voltar atrás. — E acabou, Jennie.
Tento não sorrir, mas já está lá, o repuxar de lábios que me faz tomar sua boca com a minha.
Nos beijamos loucamente, as línguas se encontram fora da boca, dentes batendo e mãos afoitas. Ela me joga contra o muro chapiscado e prensa seu corpo contra o meu. Foda-se se estamos na rua, é domingo de manhã, o dia que todo mundo se odeia só por existir para se importar conosco.
Na despedida, ela me dá um beijo casto e carinhoso, como um príncipe faria para cortejar uma princesa antes de partir. Lalisa vai embora com a certeza que depois dessa vez só terá uma última e quase sorrio com a ingenuidade desse pensamento.
Caminho até o carro emprestado, não há resquícios de choro, apenas minha boca dormente com a lembrança dos lábios dela. Olho para a rua deserta, o sol desponta preguiçoso no céu, a brisa faz voar folhas, poeira e a promessa de um dia quente.
Nenhuma alma viva testemunha o momento em que abro o porta malas do carro e observo o corpo da garota loira.
— O que eu vou fazer com você, Rosé? — Passo os dedos por uma mecha platinada, áspera pelo sangue seco.
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