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|livro dois| horror




A realidade é como uma nuvem, rondando acima de mim, oscilante, de difícil acesso. É como se eu estivesse sob o efeito de alguma droga, porque meus sentidos estão anestesiados. Não consigo sentir o frio cortante e salgado vindo do mar ou os sons ao meu redor. Minhas roupas molhadas, pingando água, grudadas em meu corpo, meus cabelos cheios de areia... nada disso é importante.

Não sinto nada, mas as últimas palavras de Jisoo reverberam na minha cabeça.

"Não é a primeira vez que Lalisa faz isso. Não é a primeira vez e nem a última... é um jogo. Ela os enterra vivos. Ela está jogando com você esse tempo inteiro..." E eu caí nesse jogo de novo, como caí no semestre passado.

Antes, aceitar que Lisa estava mentindo foi difícil, aceitar que ela me manipulou do primeiro ao último dia de aula, mas agora é diferente, o sentimento de ser enganada vem com um amargor na ponta da língua. A lembrança do seu sorriso ressurge, naquele dia na sala de aula, dizendo que o bar Chance era uma boa escolha para músicos irem ao fim de semana. Logo em seguida, sinto novamente o ciúmes ao vê-la beijando Rosé, ciúmes o bastante para que eu a matasse naquela noite. Tudo premeditado por Lisa. Tudo. A recusa em continuar me encontrando, com a desculpa que era errado, que nossa relação teria que ser apenas entre professora e aluna.

As cenas do semestre passado vem à minha mente com uma vivacidade surpreendente.

Fui ingênua de novo, pensei que Lisa não estava me manipulando e tornei tudo fácil. A cova mal feita, o caminhoneiro passando no momento exato que cheguei a rodovia, a estranha decisão de aceitar uma garota suja e desconhecida em seu veículo e não importar quando ela disse ter sido enterrada viva. A forma como Lisa fingiu surpresa ao me ver na sala. Ela realmente fingiu? Ela não esperava a minha volta? Ou estava agindo como eu queria que agisse? Me deixando deliciar, achar que estava no controle pela primeira vez na vida? Ela me dobrou como uma folha de papel, me fez desistir de matá-la com a mesma facilidade que tirava a minha roupa.

Talvez eu devesse deixar Bambam matá-lá, talvez tudo acabasse. Eu já tive tantas obsessões na vida, Lisa seria só mais uma. Depois dela apareceria outra mulher e tudo começaria de novo.

Mas então, lá no fundo, algo me faz duvidar dessa informação. Bambam foi capaz de descobrir onde Jisoo estava, foi até ela, a conquistou — o que não deve ter sido tão difícil, aposto que em dois minutos de conversa Jisoo o implorou que a comesse em algum lugar decrépito —, mas a questão é que ele se dispôs a vir aqui, gastar seu tempo e energia com Jisoo, só para descobrir mais sobre mim e Lisa. Respirei fundo, engolindo as lágrimas. Eu precisava ouvir da boca dela e, acima de tudo, não podia deixar Bambam vencer esse jogo.

Me desvencilho de Jisoo e começo a correr para longe da praia, meus tênis encharcados de água se afundam na areia, impedindo-me de ser mais rápida que isso. Através do som das ondas cortantes, ouço os passos de Jisoo vindo até mim.

Quando chego à margem da rodovia, ela consegue puxar o meu braço.

— O que você pensa que vai fazer!?

Arfo, livrando-me do aperto.

— Não é óbvio? Salvar Lisa, porra! — Começo a andar, mas paro de supetão e olho para os lados. Esqueci de um detalhe importante. — Para qual direção devo seguir?

Eu não sei como voltar para a casa dela, estamos em uma rodovia ao redor de um grande nada. Ela inspira fundo e termina de percorrer a mínima distância que nos separa. Está um trapo, assim como eu. O vento forte seca as nossas roupas, transformando-as em pedaços frios e enrugados, e esvoaçando os nossos cabelos lotados de areia.

— Não posso te deixar fazer isso, Jennie. Bambam disse...

— Foda-se o que Bambam disse! — grito. — Acha mesmo que sabe quem ele é? Acha que abrir as pernas para ele uma ou duas vezes o faz ser alguém minimamente conhecido?

A expressão de Jisoo se fecha.

— E você o conhece tão bem assim?

— Conheço a parte que ele não quer mostrar a você. — Me aproximo dela, enojada. — A parte que vai chegar na sua casa e matar toda a sua família. Ou acha mesmo que Bambam vai bater na sua porta e dizer: "Oh, senhor e senhora Kim, tudo bem? Vim sequestrar o motivo da minha obsessão, Lalisa Manoban. Os senhores se importam em não envolver a polícia? Obrigado! Finjam que nunca estive aqui, okay?" — Nossas respirações se mesclam, a de Jisoo fica afoita. — Ele não vai resistir em deixar um presentinho de despedida, como fez com Woozi.

O semblante dela se transforma. Jisoo dá passos desastrados para trás, aturdida.

— O que...?

É claro que ele não contou isso a ela.

— Não confiamos em garotos, Jisoo. Achei que já soubesse disso.

𓁹

A rua onde Jisoo mora está deserta e escura. Não há postes disponíveis, somente a luz das luminárias das casas e a da lua cheia engolindo o céu, mas como há apenas quatro construções, duas de cada lado da rua, de nada adianta suas luminárias fracas.

O aspecto familiar da rua se perdeu com a chegada da noite, agora parece ser uma cidade abandonada. O som de um balanço solitário em um dos quintais ecoa sem parar e o metal enferrujado me arrepia. Fora isso não há um ruído sequer. Talvez esse tenha sido o aviso que ignorei mais cedo. Não tem ninguém nas casas vizinhas. O silêncio é tão sepulcral que eu consigo ouvir a minha respiração baixa, somada a de Jisoo.

Meu coração dispara, é aquele aviso mudo para dar meia volta, o alerta de sobrevivência apitando alto.

Eu deveria ter ouvido-o da primeira vez, quando me disse para não voltar a casa de Lisa, para não descer naquele porão. Mas o ignorei, como ignoro agora. O vento noturno sacoleja as cerejeiras e as pétalas caem como se tivessem criado vida. Parei de correr assim que chegamos naquela rua. O imediatismo foi embora, os segundos perdidos podem ser cruciais para a vida de Lisa, mas eu não posso andar mais rápido que isso nem se eu quisesse.

Olho para o lado, captando a atenção de Jisoo. Sua expressão é um misto de pânico e arrependimento. Ela está com medo pela família, sei que está. Seus olhos brilhantes me dizem isso. Toda a raiva se foi em algum ponto, substituída pelo medo.

Levo o indicador aos lábios, em um pedido mudo de silêncio.

Ela assente com a cabeça.

Paramos em frente a sua casa, também escura.

A única coisa destoante é a porta principal aberta.

A escuridão que sai de lá parece ser capaz de nos engolir.

Dou o primeiro passo e atravesso o gramado, Jisoo está ao meu encalço, suas mãos procuram a minha e estão tão frias que preciso segurar um calafrio. Nossos passos tentam ser silenciosos, mas não conseguem esse feito pois até o vento parou, esperando a nossa chegada.

Um bando de corujas empoleiradas em um galho de cerejeira, no quintal, nos segue com o olhar. Nunca vi tantas delas à noite.

Antes de entrar na casa, paro para conferir se Jisoo me acompanha, mesmo que a mão esteja na minha. À frente, espero algo sair daquela escuridão, mas nada acontece por um longo tempo.

— Deveríamos chamar alguém — ela sussurra.

— Tipo a polícia?

— Não, não... — Jisoo fita os lados, desconfiada. — Tipo, gritar por meus pais. Se eles estiverem aí, podem responder.

— Se Bambam estiver aqui, vai saber que chegamos.

Ela morde os lábios com força, soltando-os depois.

— Algo me diz que, se ele estiver aí, já sabe que chegamos.

Preciso me lembrar que Lisa é esperta, que nunca deixaria Bambam pegá-la e, com isso, entramos na casa.

Não consigo enxergar nada por um período de tempo, até meus olhos se acostumarem com aquela escuridão. Jisoo mexe na alavanca do apagador, mas a luz foi cortada. O som do dispositivo subindo e descendo pelos dedos dela preenchem o silêncio.

— A luz foi cortada — aviso baixinho, então ela pára de tentar.

Andamos mais alguns passos, mas o corredor é longo. Há três portas de cada lado, fechadas, e há a escuridão no fim da passagem. Jisoo deveria estar na frente, não conheço nada na casa, mas ela está com medo demais. Merda, não consigo deixar de pensar que tudo é sua culpa.

Entro na primeira porta, é um banheiro social. Jisoo fica indecisa se me acompanha, mas no fim prefere ficar. Voltamos ao corredor, andamos mais dois passos até que algo no chão me faz tropeçar. Meu coração pára no mesmo instante.

Olho para baixo, é uma boneca.

Está tudo tão escuro, mal consigo enxergar o corpinho feito de porcelana. Os olhos de botões trazem um aspecto esquisito aquela coisa.

— O que houve? — Jisoo pergunta, atrás de mim.

Ignoro-a, ainda focada na boneca.

— Quem mais mora na sua casa? — sussurro, quase inaudível.

— Meu pai e minha madrasta — Jisoo responde.

Me agacho e pego a boneca, mostrando-a.

— Isso é seu?

Ela prende a respiração ao ver a boneca em minhas mãos. O escuro faz suas expressões se tornarem um quadro expressionista.

— Ella! Ella, está me ouvindo? — Jisoo começa a gritar.

Pisco algumas vezes, tentando compreender o que acabou de acontecer.

— Quem diabos é Ella? — pergunto, mas Jisoo já está abrindo as portas, gritando sem parar.

— Minha... minha sobrinha, filha do meu irmão, ela costuma vir para cá durante a semana, meus irmãos, os dois, eles... — Jisoo continua abrindo as portas, está na penúltima.

Acompanho-a, ainda anestesiada com a notícia. Então Jisoo tem irmãos e uma sobrinha, têm uma família a quem recorrer. Engulo o ciúme traiçoeiro e a ajudo a procurar a garota. Não é hora de pensar nisso. Abro a terceira porta e encontro algo embaixo de uma prateleira de produtos de limpeza. Está tão encolhida que penso ser um dos sacos de lixo, mas ela se remexe e levanta a cabeça, os cabelos escorrem para o lado.

É uma garota? Novamente, me vejo praguejando a escuridão, não consigo ver o rosto da coisa, só um borrão difuso onde deveria ser a sua face.

— Titia?

Okay, é uma garota. Logo em seguida, Jisoo entra no cômodo.

— Ah, meu Deus! Ella! — suspira em alívio.

A menina se levanta e solta o que está segurando, quando aterrissa no chão percebo que é Leggo. Ele se espreguiça e vem para perto.

Eu deveria estar aliviada em vê-lo vivo, se Bambam realmente quisesse afetar Lisa, Leggo seria a primeira coisa que ele mataria. É mais uma constatação que Lisa está bem, no fim das contas. Mas engulo todo tipo de felicidade ao ver a pelagem do bichano.

Leggo parece ser outro gato, sua pelagem clara foi substituída por uma gosma escura e seca. A medida que ele se enrosca nas minhas pernas, elas ficam sujas. Não preciso de claridade para saber que aquilo é sangue.

Ele olha para cima, para mim, e seus olhinhos parecem me pedir ajuda.

— Jisoo? — chamo baixinho, mas ela não me escuta. Está conversando com a sobrinha.

— O que aconteceu? Cadê o vovô, seus pais...? — faz perguntas sem fim.

Leggo continua me encarando com o rosto completamente sujo de sangue, mas como está escuro, só os seus olhos me são completamente visíveis.

Agora, meu coração parece querer sair do peito.

A garotinha no colo de Jisoo responde:

— Mamãe e papai estão lá dentro. — E aponta para o fim do corredor, para a escuridão. — O titio tá brincando de pique esconde com a gente.

Meus olhos cruzam com os de Jisoo, procuro arrependimento neles, por ter sido burra e contado tudo ao primeiro cara que a deu bola, por ter acreditado que Bambam fosse poupar sua família. Ingênua, Jisoo foi tão ingênua. Ela está com tanto medo que sua voz sai mais aguda, quase como se fizesse esforço para procurar as próximas palavras.

— Qual tio, Ella? — pergunta, aterrorizada.

— O tio Bambam, ué — respondeu a menina, simplista.

Prendo a respiração ao ouvir o nome dele. É automático, mais forte que eu, meu corpo inteiro se arrepia com menção. Bambam ter conseguido matar Lisa é uma possibilidade palpável agora.

Tomo as rédeas da situação e me ajoelho na frente da garota. Agora que ela está no corredor consigo enxergá-la melhor.

— Está tudo bem, ok? Sua tia vai te levar para casa. Só preciso que continue cuidando do gatinho para mim.

Fui genuinamente educada com a menina, até me assustei com isso, mas nesses poucos segundos me esqueci completamente de Jisoo. De repente, o som dos seus passos correndo corredor a dentro me trouxeram a realidade. Antes de ir atrás para impedi-la, empurro Leggo para o colo da menina. Ela o agarra com dificuldade, sujando ainda mais a roupinha de sangue.

— Você sabe voltar para a casa? — pergunto.

Ela assente com a cabeça, assustada.

— Então vá, não pare de correr e não olhe para trás!

Dou um tapinha em suas costas para fazê-la entender que estou falando sério, então ela segura Leggo com mais força e sai correndo porta afora. Não a vejo atravessar o gramado escuro, pois já estou atrás de Jisoo. Meu coração se acelera à medida que dou passos em falso graças à escuridão da casa. A respiração reverbera pelos meus ouvidos. Grito o nome de Jisoo, mas a voz não parece ser minha.

Pelo painel com papel translúcido, típico daquelas casas japonesas, vejo o vulto de Jisoo do outro lado. Então entro pela porta de correr, atrás dela, mas tropeço no degrau elevado.

O som do meu corpo indo de encontro ao chão treme a casa. O impacto é tão forte que suga a minha respiração por um tempo. O líquido quente começa a escorrer da minha testa.

— Porra... — balbucio, lutando para ficar de pé.

Me equilibro na porta de madeira, ainda zonza, e com as mãos tento conter a avalanche de sangue que desce pela minha testa e impede a visão do meu olho esquerdo, o mesmo que Jisoo socou.

Mas algo não parece certo.

Olho para as minhas mãos, pingando sangue, e para as minhas pernas, que também estão pingando sangue. Não, esse sangue não veio da minha testa. Dou um passo incerto para frente, aproveitando a luz da lua iluminando parte da cozinha.

Ou o que deveria ser uma cozinha.

Há um rastro sanguinolento por todo o piso, meus pés estão empossados de sangue e o cheiro de ferro e sal alcança as minhas narinas como um tapa. Há outro cheiro também, apesar de ser difícil descrevê-lo, mas o associo ao desespero. É o cheiro que as pessoas produzem antes de morrer, uma mistura de suor e xixi. Consigo sentir esse cheiro à medida que lembranças passadas começam a me inundar. Dos pedidos de misericórdia, de socorro, os que demoravam a morrer, aqueles em que eu podia ver a vida se esvaindo das pupilas... É esse o cheiro.

Engulo um bolo de angústia que desce queimando a minha garganta. No meio do sangue há pedaços de carne humana e, quanto mais eu ando, mais quero vomitar.

O cômodo está uma verdadeira bagunça, com marcas de mãos nas paredes e panelas no chão. Todos os armários estão abertos, as portas parecem bocas enormes. Ando em direção a silhueta de Jisoo, na porta dos fundos, mas preciso pular uma geladeira caída que impede a passagem.

Uma constatação está presa na minha garganta, mas não quero dizer em voz alta, está martelando a minha cabeça.

Jisoo continua sem se mexer e não diz nada com a minha chegada, parece uma estátua, mas assim que paro do seu lado, consigo entender o choque.

Há quatro corpos pendurados em uma cerejeira enorme, no quintal.

Tento frear sensações que nunca antes senti. Os corpos estão presos por uma corda enquanto o vento faz balançar os galhos. Os quatro enfileirados, do maior para o menor, como bonecos de pano cheios de sangue, pálidos à luz do luar.

O primeiro está sem um par de sapato, pela estatura imagino que seja o pai de Jisoo. Não consigo identificar sua cabeça, o que parece é que foi golpeado com força o bastante para amassá-la. Graças ao escuro, a massa cerebral que escorre não é totalmente visível.

Por ser o que menos parece um corpo humano, não é incômodo olhar. A corda encontra dificuldade de mantê-lo preso, pois não há pescoço e a cabeça é uma gelatina, mas consigo ver que a corda encontra apoio na coluna vertebral. Os pés quase encostam no chão.

O segundo corpo é de uma mulher, Jisoo mencionou que tinha dois irmãos? Se for o caso, pode ser irmã, já que ela é maior que o terceiro corpo, que também parece ser o de uma mulher. O vestido está um trapo e, diferente dos outros, um fio de sangue escorre e acaba numa poça aos seus pés. Ela deveria ter cabelos longos, mas agora só há três tufos na cabeça.

Alguém a arrastou pela casa, é o que parece, e a arrastou pelos cabelos. Consigo imaginar Bambam chegando ali, trancando tudo, cortando luz e telefonia, obrigando todos a se esconderem. É esse o intuito do "pique-esconde"?

Consigo imaginá-lo golpeando a cabeça do pai, arrastando aquela mulher enquanto amassa o seu rosto com algo duro o bastante.

O segundo corpo é gorducho, mas aparenta ser uma mulher. A madrasta de Jisoo. Ela e o quarto corpo, do homem, tem semelhanças. Parecem ter sido repicados usando algo grande e afiado, uma foice talvez. Sinto até empatia por eles, parecem ter morrido rápido, o que não é o caso dos dois primeiros corpos.

As roupas tornam tudo pior, as roupas rasgadas e sujas de sangue, as roupas me fazem lembrar que são humanos, não apenas animais abatidos. Se não fosse a roupa, pareceriam algo animal com características levemente humanas.

Ouço o baque dos joelhos de Jisoo no chão e algo rompe pela sua boca. Não sei como aguentou por tanto tempo.

Enquanto eu, eu não consigo parar de olhar, horrorizada. Ao menos sinto alívio por saber que Lisa não está entre eles. É claro que não está.

Algo me diz que esse massacre tem mais a ver com ela, do que quero admitir.

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