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|livro dois| domum

O relevo ficou montanhoso no fim da tarde. Uma estrada de mão única cortando a imensa montanha, de modo que à minha esquerda o paredão de rochas se ergue e, à minha direita, um desfiladeiro termina no mar, lá embaixo. A imensidão azul se mescla ao céu e as ondas se chocam contra as rochas, como cavalos indomáveis.

Algo dentro de mim me diz que chegamos, que estamos mais perto de Jisoo do que Lisa quer me contar. A resposta está nas entrelinhas, pairando sobre a cabine ensolarada do carro.

Ajeito o óculos de sol enquanto Leggo se espreguiça em meu colo. Depois de cinco horas dirigindo por uma estrada sem fim — e sem mortes, porque tomamos uma decisão silenciosa de não fazer mais paradas — chegamos a uma cidade pitoresca.

Passamos por uma base da marinha à beira mar, onde soldados de uniforme preto e quepe parecem crianças brincando com os uniformes dos pais. O cheiro dos hormônios me atinge com tanta força que fecho a janela do carro. E então, logo após a base, alguns resquícios de civilização começam a aparecer. Casas estilo minka, construções japonesas feitas durante a colonização, são vistas aos montes nas encostas montanhosas. São feitas de madeira, com o telhado em formato de V invertido.

À medida que a cidade cresce a nossa volta — crescer é uma palavra forte demais para ser usada, já que a maior coisa que vi até então é uma praça esquecida, margeada por estradas feitas de pedras —, vejo pessoas na rua. Velhos entediados jogando bingo na praça. Lisa parece tranquila, sua presença ao meu lado é tão quieta que quase me esqueço dela. Os cabelos curtos serpenteiam graças ao vento que atravessa a janela aberta e o sol ilumina a sua face como se a beijasse, corando suas bochechas e lábios. Ao perceber que estou olhando, ela devolve a encarada com uma piscadinha.

— Como se sente? — pergunta.

Aperto a barriga.

— Nauseada.

Instintivamente, seguro os dois pingentes em formato de cruz que carrego em meu pescoço. Lisa cumpriu sua promessa, ela realmente não mentiu, me trouxe até Jisoo. Se eu não estivesse tão emocionada com a possibilidade de encontrar a minha irmã, poderia agradecê-la, poderia sorrir abobalhada. Poderia lembrar-me que não precisaria estar ali se Lisa não tivesse tentado me matar, mas assim que o corte na minha barriga cicatrizou, levou consigo toda e qualquer mágoa que eu tinha relacionada a isso.

Talvez Lisa fosse boa demais em manipular as pessoas ou, talvez, eu fosse muito boa em ser manipulada.

Olho para as casas e penso em qual delas Jisoo está, o que está fazendo, como é a relação com os pais, se tinha irmãos, se estava com saudades. Fizemos uma promessa em não falar do passado quando entramos na faculdade, mas agora estou curiosa.

De repente, a velocidade do carro diminui ao entrarmos em uma rua feita de pedra, de modo que um som dos pneus passando por elas me trazem uma antipatia. Há muitas cerejeiras e a primavera faz com que todas estejam carregadas. A rua está coberta por um manto rosa claro. Há apenas quatro casas, duas de cada lado, também feitas nos moldes japoneses.

Meu coração se aperta quando Lisa para na frente de uma delas. Enquanto as outras tem balanços e brinquedos à frente, essa casa não tem nada além de um gramado bem cuidado. Então é aqui que Jisoo cresceu? É aqui que viveu antes da faculdade? Aperto os olhos, tentando imaginá-la naquele jardim, brincando com os irmãos, mas nada me vem à mente.

Lisa puxa o ar pela boca e me traz novamente para realidade.

— Chegamos — diz, sua voz está rouca pelo tempo em silêncio.

Agora que estou aqui, quero ir embora.

Olho novamente para a casa, não há som de televisão ou conversa. Todas as casas da rua estão silenciosas, mesmo que seja quase onze horas da manhã. Inspiro fundo, criando coragem, e abro a porta do carro.

Leggo saí primeiro, Lisa saí logo depois e só me resta acompanhá-los.

Meu estômago se aperta e algo próximo de uma ânsia de vômito ameaça romper pela minha garganta. Quando Lisa pisa na calçada, com a postura de professora e aquela superioridade que a muito tempo eu não via, puxo sua mão para trás, como uma menininha com medo do Papai Noel.

Ela franze o cenho.

— O que houve?

Olho para os lados, sem saber as palavras certas para me expressar.

— Não é melhor você ir primeiro? Ver se tem gente aí e... e então, sabe? Voltar para o carro e me chamar.

Sua expressão se torna divertida.

— Está com medo, Jennie Kim?

Leggo mia, como se dissesse "sim".

— Não! Não estou com medo, quer dizer... — Engulo o seco. — Talvez um pouco.

Lisa abre a boca para responder, provavelmente me zoar, mas eu acrescento.

— Jisoo e eu não estávamos tão bem nos dias antes do acidente, ela estava desconfiando de você e queria me proteger. Tive que tomar medidas drásticas quando você nos viu na sua casa e a empurrei da escada. Não nos falamos depois disso, literalmente, a última lembrança que ela tem de mim é empurrando-a escada abaixo.

Lisa solta um suspiro longo. Estranhamente me sinto protegida quando ela assume o papel de responsável, quando aparenta saber o que está fazendo. Definitivamente gosto mais desse papel do que o que vi na loja de conveniência. Ainda estou tentando esquecer o cheiro do corpo daquele velho após as horas dentro da loja quente e não ventilada, dos mosquitos pousando no que restou: uma massa de carne com muito sangue.

— Tudo bem, fique aqui — ela diz.

Assinto com a cabeça e volto a me encostar no carro, vendo-a atravessar o gramado com Leggo ao seu encalço. Minhas mãos agem por contra própria e retiro um cigarro amassado do bolso de trás. Até tentei parecer uma boa garota para os pais de Jisoo, coloquei uma calça jeans, uma blusa que não mostra a barriga e prendi os cabelos, porque Lisa me disse que eles soltos acentuam os meus olhos e me dão uma aparência selvagem. Não quero parecer selvagem, quero parecer uma amiga preocupada da capital, que não tem nada para fazer além de postar fotos no Instagram e decidir qual viagem vai fazer no fim do semestre. O cigarro estraga tudo, claro, estou tragando com a mesma vontade de um viciado.

Lisa bate na porta da casa, alguém atende, meu coração dispara.

A pessoa é menor que Lisa, então não consigo ver quem é. Trago o cigarro com mais força.

E se Lisa tiver errado a casa? E se Jisoo não morar ali? E se for só mais um dos joguinhos de Lisa que caí sem paraquedas, de novo? Estico o pescoço, a fim de ver melhor. Nada, não vejo nada. Quer dizer, aquela calça realça a bunda de Lisa, não tinha percebido isso antes, deveria...

De repente, ela se vira e me olha.

Desvio o olhar da sua bunda, envergonhada. Lisa não parece perceber e me chama com um aceno.

— Ela está vindo!

Meus olhos se arregalam, o cigarro queima os meus dedos e o deixo cair no chão, amassando-o com o pé mas, ao levantar o rosto, vejo ela.

Jisoo está na porta da casa, me fitando com os olhos arregalados.

𓁹

Ela está mais magra, é a primeira coisa que percebo. Sua clavícula salta através da manga curta do vestido floral e há olheiras abaixo dos olhos. Ela usa uma máscara cirúrgica, o que me faz perguntar o que houve com os seus pulmões. Jisoo nunca se preocupou com o ar poluído da capital, fumava uma cartela de cigarro por dia, mas então me lembro da queda, do corte entre os lábios e nariz que não parava de sangrar. Seus cabelos parecem maiores, mais selvagens, como uma cascata castanha com as pontas loiras. As pontas dos cabelos de Jisoo sempre foram mais claras, como se fossem queimadas de sol. Como nunca imaginei que fosse esse o caso? Jisoo nasceu em uma cidade praiana, posso imaginá-la cercada de sol e mar.

Meus pés ganham vida própria e caminham em direção a ela, não sei qual o meu semblante, não consigo pensar em mais nada, mas a caminhada vira uma corrida. Jisoo tropeça para fora da casa enquanto eu estou correndo. Quero abraçá-la com força, quero sentir seu cheiro, eu realmente sinto falta dela.

— Jisoo! — grito arfante, louca para diminuir o espaço entre nós.

O seu semblante não parece choroso, não parece feliz ou minimamente amistoso.

— Jennie? — pergunta, confusa.

— Jisoo! — grito novamente, quase alcançando-a, faltando apenas alguns passos.

— Jennie!

— Jis...

O nome se perde na minha garganta. Recebo um soco tão forte que minha cabeça ricocheteia para trás.

Sinto a dor no olho esquerdo segundos antes de perder a força nas pernas.

𓁹

Ao abrir os olhos, uma dor latejante irradia do meu olho. Pisco algumas vezes, tentando me situar.

Estou em um quarto amplo, o sol de fim de tarde entra pelas persianas. O que aconteceu mesmo? Ah, Jisoo me deu um soco tão forte que me nocauteou. Toco o olho inchado e sei que ele ficará tão ruim nas próximas horas que nem conseguirei abri-lo. Obrigada, Jisoo, acho que mereço. Agora estamos quites.

Me ajeito na cama, o quarto parece ser de hóspedes, pois não há nada íntimo ali, nada de fotos ou roupas jogadas. Há um som de conversa e passos no corredor, então uma senhora atravessa a porta com uma compressa em mãos.

— Ah, ela finalmente acordou! — diz.

À medida que se aproxima, eu me distancio.

— Quem é você?

A pergunta não é respondida, mas Lisa chega logo em seguida. Solto um suspiro de alívio.

— Que bom que acordou, Jennie! Como você está? — Lisa se aproxima com o semblante falsamente preocupado, mas a conheço o bastante para saber que está rindo de mim. Cadela maldita.

Me ajeito na cama, na esperança de ver Jisoo.

— Estou bem... acho.

— Esqueci do gelo! — A senhora bate na própria testa. — Só um segundinho, querida. Já volto!

Lisa e eu a observamos sair do quarto. Um gosto amargo toma o céu da minha boca, ainda estou meio tonta pelo golpe e minha cabeça não para de latejar.

— Gostei da nova paleta de cores no seu olho, Jennie — menciona Lisa, mordendo os lábios para conter um riso. — Algo entre "vermelho sangue" e "roxo psicodélico."

— Vai a merda — solto um grunhido enfadonho. Estou começando a me arrepender de ter vindo. — Quem é aquela puta velha?

Lisa me olha com censura.

— Seja mais respeitosa, é a madrasta de Jisoo.

— Que não deixa de ser uma puta velha.

Dessa vez, a voz aparece no corredor segundos antes de Jisoo entrar no quarto. Ela pára no batente, como se tivesse reunindo coragem até decidir entrar no quarto. Se eu não tivesse sido nocauteada mais cedo, teria corrido em sua direção novamente.

Jisoo olha para mim e para Lisa, alternadamente. Ainda usando a máscara cirúrgica, sua voz saí abafada.

— O que estão fazendo aqui? — E encara Lisa. — Se me lembro bem, você disse ao meu pai que Jennie estava morta, professora.

Solto um bufar incrédulo. Agora tudo faz sentido, por isso Jisoo não me procurou, porque achava que eu estava morta. Mas ainda não explica porque me deu o soco, quer dizer, a queda da escada pode responder essa pergunta. Olho para Lisa, compenetrada.

— Você também me disse que Jisoo estava morta, professora.

Ela apenas dá de ombros.

— Também disse que eu não me envolvia com alunos e cá estou eu, em uma cidade do tamanho do meu condomínio, com uma aluna que mantenho um caso e com a falsa-meia-irmã-acidentada dela. — Lisa ergue os braços, como se dissesse "fazer o quê". — Então, meninas, nada é perfeito. — Ela se aproxima de Jisoo, com um sorriso grande no rosto. — Adorei o seu vestido! Onde comprou?

As bochechas de Jisoo ficam vermelhas sob a máscara.

— Ah, obrigada... eu tenho ele a tanto tempo que nem sei, eu...

Rolo os olhos.

— Lisa, pare com isso!

Seu sorriso morre no mesmo segundo.

— Foi mal, é mais forte que eu fingir ser a professora educada. Vou deixar vocês duas conversando, volto logo. — Ela saí do quarto, mas retorna para dizer.— E o vestido é ridículo, Jisoo.

Por fim, bate à porta ao sair de vez.

Solto um suspiro profundo, Jisoo continua parada no mesmo lugar, talvez processando a cena anterior. Quero dizer a ela o que descobri sobre Lisa, quero contar tudo nos mínimos detalhes, o porão, a facada, o cemitério, quero dizer que sempre esteve certa, quero dizer que sinto sua falta, que o nosso quarto não é o mesmo de antes, mas aquela parece uma outra versão de Jisoo, diferente da garota que eu conheci mêses atrás.

Minha boca abre e depois fecha, as palavras dançam pela minha língua sem serem ditas.

— Jisoo, eu... eu...

Ela não me deixa concluir, pois tira a máscara cirúrgica.

Acho que um soco nunca vai nos fazer ficar quites.

Uma cicatriz começa abaixo do seu nariz, na região do buço, e termina no queixo, atravessando os lábios em formato de coração que antes viviam cheios de gloss. Agora consigo notar que, tudo que vejo em Jisoo, é o resquício do que ela um dia foi. Sou esperta o bastante para saber que não há pedidos de desculpas para isso.

Ela joga um par de roupas em mim e me traz novamente à realidade.

— Vista-se.

Encaro as peças e ela, alternadamente.

— O que...?

— Eu vou embora por dois meses e você começa a usar calça jeans...? — Jisoo apoia um pé na janela, içando o seu corpo para fora. — Coloque essa mini saia antes que eu seja obrigada a te dar outro soco.

Me levanto da cama, indecisa entre vestir as roupas e checar quantos andares aquela casa tem. Jisoo senta com metade do corpo para fora da janela, me esperando. O sol ilumina as pontas douradas do seu cabelo.

— Sua casa não tem escadas? — pergunto, subindo a saia pelas coxas.

— Não vou descê-las com você. Anda logo.

— E onde vamos? — pergunto aflita, passando o cropped pela cabeça na tentativa de não acertar o olho inchado.

Não recebo nenhuma resposta, mas quando termino de vestir a blusa, o olhar compenetrado de Jisoo está em mim.

— É surpresa — ela diz baixinho, com o indicador nos lábios. — Lalisa não pode saber.

Jisoo coloca novamente a máscara e saí janela afora.

Só me resta segui-lá, para onde quer que esteja me levando.


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Oi amores, passando pra dar dois recados: criei uma segunda conta, a xxluvlisa  e queria muito que vocês dessem uma passadinha lá :)
e também queria avisar que OSDSO finalmente está chegando ao fim, se preparem pros próximos capítulos.

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