Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

|livro dois| contristatus

A vegetação rasteira emerge dos dois lados da via, com árvores secas e mato amarelado vazando pela mureta de proteção. O horizonte é plano, cortado pela manta de concreto sem fim. Para aproveitar o vento fresco do dia, me inclino sobre a janela do carro. Meus cabelos serpenteiam enquanto o cheiro de pneu queimado invade as minhas narinas. Por aqueles minutos, é só eu e eu. Nada mais.

Paramos em um posto de gasolina. A fachada vermelha desgastada é o único resquício de civilização ao redor, duas bombas de gasolina provavelmente adulteradas e uma loja de conveniência aos fundos fecham o cenário macabro. Não há casas, prédios, nada a não ser o Sol forte. Um cachorro perto de uma das bombas de gasolina avança em Leggo, mas o gatinho sabe se virar muito bem. Ele volta para mim depois de espantar o cão.

— Você precisa de um banho — anúncio, pegando-o no colo.

Lisa se espreguiça ao lado do carro. O vento sacoleja seus cabelos curtos.

— Meus gatos não tomam banho — retruca.

Olho para Leggo, a pelagem clara com um aspecto cinza graças a poeira.

— Faz sentido.

Sigo para a loja de conveniência aos fundos, enquanto Leggo caminha ao meu lado.

— Não quer trocar de roupa? — ouço Lisa perguntar, atrás de mim.

Me viro para encará-la e, para dar mais dramaticidade à cena, deixo os óculos escuros que roubei dela escorrerem para a ponta do meu nariz.

— O quê?

Lisa aponta para a minha camisola.

— Você está de pijamas, Jennie.

Olho para baixo, a camisola branca é tão fina que o vento ameaça levá-la embora. Não combina em nada com o par de botas de pêlo e os óculos escuros, mas é essa a graça. Levanto a cabeça, ajeitando os óculos.

— Tô de boa — E volto a andar.

Lisa bufa altivamente.

— Você nem está usando calcinha!

A voz dela fica cada vez mais baixa à medida que a loja de conveniência se aproxima.

— Facilita as coisas! — grito em resposta. Os passos de Lisa se aproximam.

Minhas botas já estão sujas de poeira vermelha e, ao meu lado, Leggo parece um guarda costas felino. Lisa me alcança. Ela tapa o sol com as mãos.

— Facilita o quê, Jennie?

Não desvio do olhar dela, apesar do sol me queimar como um pão na torradeira.

— Vai saber mais tarde. — Dou passos curtos até a entrada da loja, com um sorriso no rosto.

Ela ergue uma sobrancelha, parece saudável agora, as bochechas estão coradas e os lábios molhados de saliva. Lisa abre a porta de vidro cheia de marcas de gordura e me deixa passar primeiro, no entanto, espero duas freiras aleatórias saírem da loja. Elas passam por nós, atentas à minha roupa.

— A paz do senhor. — Uma delas diz.

— A paz do senhor. — Lisa responde, educada.

— A paz do senhor — repito, rindo.

A loja de conveniência é tão pequena que as três fileiras de prateleiras estão quase coladas entre si. Não há espaço para os produtos, um fica em cima do outro como em uma grande liquidação de fim de estoque. No caixa, um velho de barba branca bate numa televisão de caixa enquanto acompanha uma música antiga, que sai pelas caixas de som. O barulho do ventilador faz tudo parecer um ruído desconexo.

Lisa pega uma cesta, ao lado da porta, e coloca Leggo dentro. Precisamos comprar comida e algo para ele fazer as necessidades básicas, mas a única coisa que encontramos é um saco de petiscos de qualidade duvidosa. Paro em frente aos sacos, o ventilador atrás de mim me atinge com um vento quente.

— Você gosta disso, Leggo? — Mostro o saco de petiscos para o bichano. Ele mia em resposta.— Como eu pensei. Ele não gosta.

Lisa faz um biquinho ressentido.

— Ele nunca me respondeu antes...

— Porque ele não gosta de você — respondo prontamente.

Leggo mia de novo. Lisa arfa, incrédula.

— Ei! — Ela aperta as bochechas do felino. Contrariando-o, coloco o saco de petiscos na cesta. É isso ou ficar com fome.

— Agora, é o nosso café da manhã — falo, bocejando.

Mas a fileira de alimentos não é tão atrativa. Lisa me segue no automático, numa conversa séria com Leggo apesar do gato soltar bocejos ocasionais.

Pego um pacote empoeirado de biscoitos e fito o velho, no caixa. Ele parece um fugitivo do hospício que mantém aquela loja de conveniência desde os anos 50. As embalagens são velhas, o papel de parede é mofado, ventilador prestes a explodir e aquela maldita música. Lisa provavelmente sabe cantá-la.

Entre os processados industrializados cheios de conservantes expostos na prateleiras e os processados industrializados vencidos, escolho o da próxima fileira: bebidas. Mas Lisa me alcança e, com aquele braço longo demais, pega o whiskey da minha mão e o devolve à prateleira.

—Café da manhã, Jennie — me lembra.

Pego o whiskey de novo.

— Esse é o meu café da manhã.

Ela tira o whiskey de mim.

— Café da manhã é uma refeição leve, como um suco natural, panquecas, pão e...

— Uma cartela de Marlboro... — acrescento.

Lisa estala a língua no céu da boca.

— É sério, Jennie. Nada de bebidas ou cigarro nessa viagem.

Emburrada, bato os pés no chão. Sinto o olhar do senhor ranzinza estagnar em nós duas, acompanhando a briga de camarote. Pego a cesta das mãos de Lisa.

— Qual é? Nem a minha mãe me proibia de beber! — insisto.

— Pois deveria. — ela rebate.

Pego Leggo no colo, colocando-o na altura do meu rosto. Encaramos Lisa com a mesma expressão do Gato de Botas.

— Por favorzinho... — imploro, fazendo um bico.

Ela troca o peso de um pé para o outro.

— Jennie... — me repreende, como uma mãe impaciente.

— É só esconder na sua jaqueta! —Empurro a garrafa para ela.

Seu rosto fica branco.

— Você vai roubar isso?

— Claro! — murmuro. — É mais gostoso quando é roubado.

— Roubado? — ela repete.

Solto um grunhido raivoso.

— Argh! Às vezes me esqueço como você é careta!

— Você que é inconsequente demais!

Me aproximo de Lisa, mas preciso erguer a cabeça para ficarmos na mesma altura. Seus lábios capturam a minha atenção, falo olhando fixamente para eles.

— Isso te incomoda? — indago, debochada. — É por isso que sai matando...

Lisa me joga contra a prateleira, as bebidas tilintam com o impacto das minhas costas.

— Tá maluca, porra?! — Ela pressiona o corpo no meu, encaixando uma coxa no meio das minhas pernas. Jisoo tem razão, andar sem calcinha facilita as coisas.

Lambo os lábios, com um sorriso sapeca.

— Esconda o whiskey na sua jaqueta e assunto encerrad...

Uma voz masculina se soma a minha.

— O que está acontecendo aí? — pergunta o velho, parado no começo da fileira. Ele nos fita com o cenho franzido.

Aproveito a nossa proximidade e empurro o whiskey para dentro da jaqueta de Lisa, ela o segura por impulso.

— Essa mulher quer roubar a loja! — Me afasto aos tropeços.

Lisa olha para mim e para o velho alternadamente, com o queixo caído.

— Eu não...

— Parada ai! — O velho grita e, com a facilidade de uma criança que tira um pirulito do bolso, ele pega uma escopeta da bunda e aponta para Lisa.

Isso está melhor do que imaginei. Corro para atrás do velho como uma cortesã em perigo, enquanto Leggo se remexe nos meus braços.

Lisa balança a cabeça, confusa.

— Eu não quero rou...

— Larga isso já! — Ele balança a escopeta na direção de Lisa. É uma arma tão velha que eu duvido que funcione, mas é engraçado ao ponto de me fazer segurar o riso, tapando a boca com as mãos.

Ela está na mira da escopeta, mas olha para mim com ódio. Lisa nunca se arrependeu tanto de não ter me matado antes.

— Senhor, eu... — Ela deixa o whiskey na prateleira cuidadosamente.

— Não a deixe abaixar as mãos! — grito desesperada, no ouvido do velho. — Ela tem uma arma escondida! Olha ali, tá ali!

Lisa cerra os punhos.

— Jennie, sua...

— Parada ou eu atiro! — O velho destrava a arma.

Ela ergue as mãos acima da cabeça. Está tentando se manter tranquila, ativar o modo professora, mas seu rosto arde em raiva. Lisa fecha os olhos com força.

— Senhor, não é o que parece. Foi só um mal...

O velho parece maluco o suficiente para atirar e, como não sei se a arma funciona ou não, cutuco o ombro dele pronta para desmentir e rir da reação de Lisa pelas próximas horas, mas ela avança na direção do homem e puxa o cano da arma. Ele se assusta e solta o gatilho.

Acontece em questão de segundos: o tiro acerta o teto da loja e um montante de terra cai sobre nós, a poeira que veio junto a areia me faz tossir descontroladamente. Por um segundo, me sinto novamente dentro daquele caixão, lutando para respirar ao redor de terra e mais terra. O ar sai dos meus lábios em um jato de angústia, demoro a me situar, lembrar que não estou dentro daquela caixa. Balanço a cabeça e a areia desliza pelos meus cabelos.

A sucessão dos acontecimentos continua. Com a arma em mãos, Lisa atinge a cabeça do velho com uma força descomunal. Ele cai em cima da prateleira de bebidas e as derruba no chão como um castelo de cartas, as garrafas caem uma após a outra. O som é infernal. Não sei para onde Leggo foi, a poeira se espalha pelo ar e só vejo a silhueta de Lisa inclinada na direção do velho, batendo com o cano da arma na cabeça dele. O baque é mudo, se mistura aos gritos dele.

— Lisa! Para! — grito, puxando-a pela cintura, mas o corpo dela parece uma muralha, não consigo arrastá-la para longe. O baque se torna mais alto, o homem para de gritar. — LISA, CHEGA! Por favor!

Ela continua, mesmo que o som das batidas tenham mudado, agora é um som molhado. Respingos de sangue atingem o seu rosto, as mãos estão encharcadas de sangue. Dou alguns passos para trás, a poeira já se dissipou e, no chão, não há nada que remeta ao rosto de um ser humano, parece uma bola de futebol furada. Metade da face está encovada, sangue e carne para todos os lados. Os respingos se espalham nas prateleiras, produtos, paredes.

Lisa continua a bater.

— Lalisa Manoban! — berro e, com o máximo de força que consigo, a empurro. Lisa tropeça e deixa a arma cair.

O barulho do metal atingindo o chão parece acordá-la do transe. E então, o silêncio.

Aquele silêncio angustiante que palpita o coração, que te faz notar as pequenas coisas como se estivesse distante. O som de um gato miando ao longe, dos carros na rodovia igual ao ruído de um filme passando em outro cômodo. A loja com aspecto esbranquiçado, salpicado de poeira no ar...

Confusão e surpresa passam pelas pílulas de Lisa quando me olha. Ela encara as mãos sujas de sangue e o homem abaixo de si. O sangue escorre pelas bochechas dela até o queixo, onde atingem a roupa.

— O quê... aconteceu? — Lisa me pergunta, pálida.

(...)

Agarro a bomba de combustível, mas minhas mãos estão trêmulas e acabo derramando gasolina nos pés.

— Merda... — balbucio.

Reposiciono a entrada no galão vazio e o líquido amarelo-claro começa a preenche-lo.

Preciso respirar ar puro, porém, por mais que o posto de gasolina seja um local aberto, não sinto nada a não ser o cheiro de sangue e de gasolina. Rodo nos calcanhares, visualizando a loja — agora fechada por mim — e o horizonte deserto cortado pela rodovia. Só o carro de Lisa está no estacionamento, caminho até ele.

O Sol está se pondo agora e me faz parecer ainda mais medíocre, suja de respingos de sangue, gasolina, cabelos desgrenhados e pijamas, revirando a mochila à procura do celular como se minha vida dependesse disso.

Seguro uma ânsia de vômito enquanto o som da chamada preenche os meus ouvidos.

Olá, espero que seja importante, querida. — A voz de Bambam soa do outro lado da linha.

Entro no carro, está quente como o inferno aqui dentro, seguro a vontade de chorar, exausta dessa merda.

— Lisa está surtando — falo sem rodeios.

Ouço um arrastar de cadeiras e o som abafado da voz dele.

... Senhor Hwang, me desculpe, preciso me ausentar por alguns instantes. A enfermeira Lee vai te fazer companhia, tudo bem?

Rolo os olhos, impaciente. Depois de minutos angustiantes, ele fala:

Me diz que está brincando, Jennie.

Dou um chute no banco da frente.

— Claro que não. Lisa está surtando, merda! Ela... ela tem esses lapsos e... acabou de fazer purê com a cabeça de um cara! Por que ela está agindo assim?

A voz de Bambam soa mais clara agora, ele deve estar em um lugar privado.

Porque ela está perdendo o controle — responde ele, óbvio. — Lalisa tem esses momentos de raiva e se desconecta da realidade... — Ele se interrompe. — O que você disse? Ela matou um cara de repente?

Mordo os lábios.

— Ela bateu com a arma na cabeça dele, tipo muitas vezes.

Onde ela está agora? — ele pergunta.

Saio do carro e encaro a fachada da loja. A placa de "fechado" balança de um lado para o outro.

Nos fundos da loja, tomando banho. Eu saí para buscar gasolina.

Bambam arfa, incrédulo.

Você a deixou sozinha?

— Leggo está lá — respondo na defensiva. — Você me disse para não deixá-lá surtar, Bambam, mas é tarde demais eu... — Engulo seco, angustiada. — Não sei o que fazer.

O silêncio preenche a chamada, acho que ele está pensando. Enquanto isso, mordisco as unhas com o olhar fixo na loja, pensando em Lisa. Ela se tornou um problema que não consigo resolver sozinha. Ainda estou assustada em como ela é forte, golpeou aquele homem com a arma até quebrar o crânio dele, até não restar nada a não ser um pedaço de carne prensada. Eu não conseguia pará-la, não consegui ao menos movê-la de lugar.

Não quero ser a próxima vítima.

Eu deveria imaginar que isso iria acontecer, uma hora ou outra. O modo "professora" é o que a mantém nos trilhos. Ela planeja e então planeja de novo, planeja porque não sabe lidar se algo sai do planejado. Agora tudo está saindo do planejado.

Onde vocês estão? — Bambam pergunta.

— Achei que soubesse — retruco.

Ele bufa.

Não consigo rastrear o maldito carro, nem os aparelhos celulares. Onde vocês estão? — ele pergunta pausadamente.

— Eu não sei — falo a verdade. Só há um posto de gasolina, uma loja de conveniência e o mais puro nada ao redor, mas nem se eu soubesse falaria.

Ele suspira.

Ah, Jennie... assim é impossível te ajudar.

— Eu realmente não sei, porra. — Perco a paciência. — E não acho que ela ficará melhor com você aparecendo aqui, de surpresa. Não confio em você, Bambam.

Ele solta uma risada debochada.

— Você me ligou para quê, então? Fofocar? Conversar sobre o tempo? Quer que eu diga que tudo vai ficar bem? Acho que na altura do campeonato está na cara que não vai. Você me ligou porque está com medo e sabe que sou a única pessoa que entende como a mente de Lisa funciona. Isso prova que você possui mais de dois neurônios nessa sua cabecinha de vento e não é tão burra como imaginei. — Ele soa ameaçador. —Lisa está prestes a explodir agora, então não a atice. Achei que fosse uma conclusão óbvia, Jennie.

Solto um grunhido raivoso. Bastardo desgraçado.

Assim que souber para onde estão indo, me avise. Sugiro que descubra logo. — Ouço uma porta abrir. — Agora preciso desligar.

— Ei, ei espera! — falo rápido.

Sua respiração calma soa do outro lado da linha. Ele está esperando.

— No quarto, você disse que Lisa estaria abalada demais para descobrir que eu estava mentindo, mas ela descobriu na hora. — Passo as mãos pelos cabelos embaraçados. — Eu não sei mentir para ela.

Bambam ri, breve.

— Fale uma meia verdade.

A ligação fica muda.

Fito o aparelho e a loja de conveniência alternadamente. Algo me diz que essa viagem será longa.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro