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Capítulo 1 - Caminho Sangrento


"Inimigo Mortal, Amante Inimigo"

Rigard Dimitrescu olhou para as letras brancas que formavam a palavra Diretor, presas na porta à sua frente. Por trás daquela porta devia estar uma assistente pessoal, provavelmente eficiente, que não permitiria que ele visse o diretor enquanto não respondesse a uma série de perguntas. As perguntas ele poderia tolerar; a possibilidade de que ela pudesse se lembrar dele, mais tarde, não.

Rigard esfregou a nuca com uma das mãos, um gesto inconsciente, que desenvolvera com o passar dos anos. Um gesto que mostrava aos que o conheciam bem, que estava imerso em pensamentos sombrios.

De repente, ele abaixou a mão e correu os olhos pelo corredor, à procura de outra porta. Encontrou-a, caminhou até lá e girou a maçaneta. Como esperava, a porta não estava trancada. Sem fazer barulho, abriu-a. Era mesmo uma entrada particular para o escritório do diretor.

Nada havia mudado durante os anos de sua ausência, ele ainda se lembrava muito bem de cada canto, cômodo e detalhe daquele lugar. Ele jamais esqueceria dali, um lugar que lhe trazia muitas lembranças.

Rigard estudou o homem com mangas da camisa dobradas, rosto pálido e com seus duzentos e cinquenta e poucos anos de idade, sentado à escrivaninha. Era evidente, pelo ar de depressão que lhe ensombrecia o rosto, que os últimos anos tinham sido bem difícil para o diretor. Depressa, Rigard examinou o resto do escritório, julgando o caráter do homem pelas lembranças que ele conservava: diplomas emoldurados e placas de mérito cobriam uma parede; estantes com livros milenares, a outra. Não havia bolas de golfe nem raquetes de tênis, sem corda, dadas por um amigo brincalhão e conservadas, para sempre, como coletoras de poeira. Toda a decoração era altamente profissional e rigidamente impessoal.

Certo de que poderia tratar com aquele homem, Rigard entrou no escritório, movendo-se com uma firmeza e segurança que muita gente acharia incrível num homem de um metro e noventa e cinco centímetros de altura. Já estava parado diante da escrivaninha, antes mesmo que o diretor percebesse que havia outra pessoa na sala.

O diretor dos anciões levantou os olhos. Uma expressão de surpresa surgiu-lhe no rosto, logo substituída por um ar sério, meio intrigado.

- Há algo que eu possa fazer... - Ele começou.

― Há, sim. Há algo que o senhor pode fazer por mim. - Rigard interrompeu-o. - E talvez haja algo que eu possa fazer pelo senhor. - De propósito, ele manteve a voz baixa, quase amigável. - Se me der alguns minutos do seu tempo, poderemos descobrir.

O diretor observou-o com atenção e cautela por alguns segundos. Depois, largou a caneta que estava segurando, entrelaçou as mãos e apoiou-as sobre a escrivaninha repleta de documentos.

― O senhor conseguiu despertar o meu interesse. Posso lhe conceder alguns minutos, se é isso mesmo que quer.

Antes de começar, Rigard empurrou as laterais do seu sobretudo pesado para trás e enfiou as mãos nos bolsos da calça, desfazendo a linha perfeita do terno feito sob medida que estava usando.

― Fiquei sabendo, ontem à noite, que o grupo de investigadores do sobrenatural está em dificuldades financeiras. Dificuldades tão grandes, que é até possível que tenha que fechar. É verdade?

- Isso não é nenhum segredo dentro de Morlóvia... - O diretor replicou, com um traço de sarcasmo na voz.

- Mas também não é o tipo de coisa capaz de virar notícia, além do sul de nosso país. - Rigard rebateu, num tom cortante. Sua reação imediata e defensiva foi uma indicação das horas frustrantes que passara sem dormir, desde que descobrira, na noite anterior, que o grupo de investigadores do sobrenatural iria fechar as portas para sempre, por falta de recursos. Que ele podia ter chegado tarde demais, para fazer alguma coisa, era uma possibilidade que o estava perturbando muito. - Quando é o último dia para arrecadação dos fundos necessários?

O diretor Victor Aruna reclinou-se na cadeira.

- Você não sabe mesmo de nada, hein? O último dia foi ontem. A semana passada. No mês passado!

Rigard olhou-o por um momento, antes de tirar um pedaço de papel do bolso e colocá-lo sobre a escrivaninha.

- Então, é tarde demais para lhe dar isto?

Com visível relutância, o diretor pegou o cheque, empalidecendo ao ver a quantia lá escrita.

- Por acaso, isto é uma piada?

Rigard ignorou a pergunta.

- Essa quantia basta para manter o grupo na ativa?

- Claro que basta! Se este cheque tiver fundos, naturalmente. - Victor Aruna jogou o cheque sobre a escrivaninha e começou a se levantar. - Eu não sei que tipo de jogo está fazendo, sr... - Olhou para a assinatura no cheque - sr. Dimitrescu, mas não estou achando graça. Este grupo foi a minha vida durante os últimos cento e setenta anos, e não desisti facilmente. E não estou gostando deste seu grande gesto de último minuto. Na certa pensou que estaria a salvo, que poderia fazer este gesto grandioso que não haveria perigo do seu cheque ser descontado, já que nos resta tão pouco tempo. Pois bem, eu tenho uma surpresa para o senhor, sr. Dimitrescu: não é tarde demais. Se este cheque não tiver fundos, eu mesmo vou providenciar para que responda, na justiça, por estelionato.

O diretor estendeu a mão para pressionar o botão do intercomunicador, que ficava a um canto da escrivaninha, mas foi impedido por Rigard.

- Há uma condição...

- Sempre há. - Aruna riu sem alegria, voltando a sentar-se. - Saia do meu escritório, Sr. Dimitrescu.

- Ninguém deve saber de onde este dinheiro veio. - Enquanto dava ao diretor tempo para perceber que esta era a condição, Rigard foi até a janela e contemplou o pátio da grandiosa mansão Red. Uma onda de recordações invadiu-o, fazendo com que desse as costas à cena. - Se a minha identidade se tornar conhecida através de qualquer fonte ligada a este lugar, os fundos restantes reverterão a mim. Mandei fazer um contrato, estabelecendo esta condição. Quando o senhor o assinar, como representante legal daqui, o dinheiro será seu.

- Por que está fazendo isso?

Rigard sorriu, tornando mais evidentes as presas salientes, que traíam seu sangue original. Mas o sorriso não alcançou seus olhos azuis. Olhos que tinham dito, vezes sem conta, quando ainda era um jovem vampiro procurando desesperadamente por suas raízes, que, apesar de ter o nome de um grande líder, não era considerado puro pela maioria. Ele tinha sido uma das crianças perdidas do mundo. Sem pais para guiá-lo e ajudá-lo a sentir-se bem, sendo quem era. Rigard fora forçado a criar um lugar para si mesmo. Com o passar dos anos, ele se tornara uma nação, um povo, uma pátria de uma só pessoa.

Seus olhos permaneceram frios como gelo, quando ele respondeu à pergunta do diretor.

- Minhas razões são pessoais e particulares. As duas únicas coisas que lhe dizem respeito são o dinheiro e o fato de que não desejo nada em troca, a não ser um total anonimato.

- Posso ver o contrato?

Rigard tirou um envelope do bolso interno do paletó e entregou-o ao diretor. Depois de ler o documento, o homem olhou-o como se a resposta para aquele mistério pudesse estar escrita em suas feições enigmáticas.

- Creio que o senhor entende a minha demora em acreditar que o nosso grupo tenha

sido salvo no proverbial último minuto.

Rigard concordou com um leve gesto de cabeça e esperou que ele continuasse.

- Antes de espalhar a boa notícia, eu gostaria de dar alguns telefonemas, para

verificar a autenticidade deste cheque.

Prevendo que o homem faria tal pedido, se fosse competente como no passado, Rigard havia providenciado para que a quantia constante no cheque fosse transferida para sua conta pessoal, aquela manhã. Ele telefonara para sua banqueira particular em Morlóvia, Liana Isarnia, às seis horas da manhã, para ter certeza de que a transferência seria feita assim que o banco abrisse.

- À vontade. Eu já estava esperando por isso.

A mão de Victor Aruna estava tremendo, quando ele pegou o telefone. Em poucos minutos já havia verificado que o cheque de Rigard tinha fundos.

Vagarosamente, ele desligou o telefone e, sem olhar para Rigard, pegou a caneta e assinou o documento em que se comprometia a manter segredo da identidade do doador.

Em seguida, com movimentos precisos e cuidadosos, dobrou o papel e guardou-o no envelope.

- Não vai me dizer mais nada a respeito disso, vai? - Perguntou, devolvendo o envelope a Rigard.

- Está com dúvidas a respeito do que fez?

- Se houvesse outro modo de manter este grupo na ativa, eu não aceitaria o seu

dinheiro. Algo me diz que ainda vou me arrepender do que acabo de fazer.

- Talvez se arrependa mesmo.

O diretor inclinou-se para a frente, apoiando os cotovelos na escrivaninha.

- Vai passar o fim-de-semana aqui? - Quando se tornou evidente que Rigard não sabia do que ele estava falando, continuou lhe explicando com cautela. - A reportagem que o senhor leu deve ter mencionado que a grande cerimônia de despedida deste grupo seria este fim-de-semana... a devolução oficial da propriedade à família Nemesis. Dezenas de famílias foram convidadas. - Victor riu, como se tivesse acabado de perceber o efeito que o cheque de Rigard teria sobre a celebração. Num tom conspiratório, acrescentou ainda. - Eu lhe garanto que vai se divertir bastante. E francamente, sr. Dimitrescu, neste minuto, estou pouco me importando com os motivos que teve para salvar este grupo.

Rigard sorriu, e, desta vez, o sorriso chegou a seus olhos. Esfregando a nuca, voltou a cabeça para olhar pela janela. Embora houvesse pouca chance de alguém ligá-lo ao vampiro magro e frago, que tinha frequentado as salas de aula daquele lugar, mais de cento e vinte anos atrás, seria perigoso ficar. No entanto, que doce vitória seria testemunhar a cerimônia daquele fim-de-semana. Uma vitória totalmente antecipada, mas pela qual tivera que esperar muito tempo. Ele olhou, de novo, para o diretor.

- O senhor disse que neste fim-de-semana haverá uma cerimônia oficial? Então, os principais envolvidos estarão aqui?

- É... - O diretor hesitou, como se estivesse tentando adivinhar a razão por trás da pergunta. - Eu iria representar o grupo, e Jack Nemesis, a família Nemesis, naturalmente.

Os olhos de Rigard estreitaram-se de forma quase imperceptível.

- Por que disse; naturalmente?

- O senhor não deve conhecer bem o sr. Nemesis, para fazer tal pergunta. Jack não perderia a cerimônia por nada do mundo, mesmo que não fosse o beneficiário. Essa devolução da propriedade vai ser o acontecimento social do século. Ele na certa vai chorar lágrimas de sangue falsamente, pelo fechamento deste grupo, depois irá para casa. calcular a fortuna que ganhará por causa disso. Uma fortuna que é só dele. Como deve saber, o ramo segundario herdou tudo quando o ramo original não deixou herdeiros.

Rigard sentiu uma súbita apreensão, o que quase o impediu de manter a voz no mesmo tom casual que vinha usando até aquele momento.

- Só dele?! Pensei que ele tivesse uma irmã.

- Está se referindo a Vivica Nemesis? - O diretor franziu a testa, meio confuso.

Rigard fez que sim, incapaz de falar.

- Ela morreu há oitenta anos. E, pelo que sei. de um modo muito triste. Chegou a conhecê-la?

- Como ela morreu?

Com gestos nervosos, Victor Aruna começou a juntar os papéis sobre a escrivaninha. Afinal, embora com uma certa relutância, contou-lhe o que sabia.

- A família e os amigos mais chegados tentaram manter o fato em segredo, mas todos sabem que Vivica se suicidou. Foi uma pena... Uns dizem que ela estava tão deprimida com a morte dos pais naquele ataque hediondo feito pelos humanos, nos anos anteriores, que não conseguiu continuar vivendo. Outros acham que a causa de tudo foi um casamento muito infeliz. Sua união foi orquestrada pelo irmão, ela partiu sem deixar herdeiros diretos. Mas como ela não deixou nada escrito, essas hipóteses não passam de boatos. Sem pistas, sem testamento, sem herdeiro, enfim... - Ele parou, por um instante, de juntar os papéis e olhou para Rigard. - Boatos que prefiro não comentar, sr. Dimitrescu. De qualquer modo, Vivica e Jack eram os últimos Nemesis vivos. Agora, só há Jack.

A mente de Rigard estava cheia de pensamentos desorganizados. Vivica morta? Há oitenta anos? De certo modo, era triste que ele não tivesse ficado sabendo. Triste, mas condizente com o resto, que ele não tivesse estado entre os que haviam lamentado a morte dela.

Rigard estava-se sentindo entorpecido. Precisava de tempo para pensar. As quase cem horas que ficara sem se alimentar, de repente lhe pareceram uma centena.

Mecanicamente, estendeu a mão para o diretor.

- Creio que vou ter que recusar o seu convite. - Disse, distraído. - Se precisar entrar em contato comigo, mande uma nota através do meu banco. Eles saberão o que fazer para me localizar.

- Gostaria de lhe agradecer pelo que fez, mas não tenho palavras nem tempo uficiente para expressar o que significa a sua doação para mim. - O aperto de mão de Aruna foi firme, seu olhar, amigável. - Além do mais, tenho a impressão de que o senhor não estava atrás de agradecimentos, quando decidiu fazer isto. Mas seja qual for o seu motivo, aprovo de todo coração.

Rigard deixou o escritório do diretor pela mesma porta que entrara. Depressa, atravessou o hall espaçoso, que levava à escada, os sapatos de sola de borracha fazendo um barulho característico no chão de ladrilhos avermelhados. O sol da tarde entrava pela enorme janela de vidro vermelho, localizada no fim do hall, e, a distância, ele viu as montanhas onde ia caminhar tentando resolver seus insuperáveis problemas, quando ainda vivia aqui. Conhecia aquelas montanhas como a palma de sua mão, pois elas haviam lhe fornecido um lar e descanso quando não tinha nenhum.

2287 Palavras


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