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Medidas drásticas

Há menos de um minuto atrás, eu estava sentado com a tia do meu pior inimigo. A mulher que havia criado a pessoa que eu mais odiava na vida. Estava conversando com ela normalmente, estava sendo um diário, um tipo de confidente dela, uma pessoa em quem ela havia depositado toda a confiança, sendo que tinha me conhecido há poucos minutos. Dava para ver claramente que era uma senhora sofrida e solitária, pessoas assim que chegariam ao extremo de compartilhar a sua história com gente que mal conheciam.
Eu me parecia com ela de certa forma. A entendia. Seus pais também já tinham morrido. Ela estava sozinha no mundo, tendo somente o seu sobrinho como parente. E eu só tinha a minha tia, assim com ele. Mas não me identificava com Roberto. Era diferente do jeito como me sentia ligado à tia dele. Ele poderia ter tido uma vida muito parecida com a minha, mas nós tínhamos histórias que se passavam em contextos completamente diferentes. Enquanto eu era rico e vinha de uma família fina, ele era pobre, sua tia devia ter que trabalhar para sustentá-lo. E, enquanto ela trabalhava, não tinha tempo de lhe dar a atenção necessária. E ele se tornou quem se tornou. Até no caso da minha era diferente. A minha trabalhava como se o trabalho se servisse como algum tipo de terapia ocupacional, trabalhava para não ficar pensando nas decepções que já teve na vida, para não ter tempo de pensar, para fugir doa fantasmas do passado. Não me lembro de ter tido uma conversa mais longa do que uma de dez minutos com ela. Ela só me dava "bom dia", "boa tarde" e "boa noite", às vezes, soltava um "como vai?", mas duvido que se importasse de verdade comigo. Duvido que realmente quisesse saber dos meus problemas, que quisesse realmente me ouvir ou me aconselhar.
Enquanto Kelly parecia o tipo de tia que realmente tratava Roberto como filho. Mas, em seu caso, o erro também foi o trabalho, mas este era obrigatório. Com certeza, se ela não trabalhasse, não haveria comida na mesa. Ela não tinha outra opção. Eu não a culpava. Só que era uma pena que Roberto tenha feito coisas na vida tão diferentes do que ela queria que ele fizesse. E era mais lastimável ainda que ele tenha cruzado o meu caminho, que eu tenha sido uma vítima dele e que, agora, a vítima, depois de Roberto, seria Kelly. Afinal, ela devia ser a pessoa mais importante para ele. Quer dizer, eu não sabia exatamente se aquele ser tinha sentimentos. Mas, de qualquer jeito, a menos que ele fosse um completo robô, devia sentir alguma coisa caso acontecesse algo àquela mulher que o criou, mesmo que com tantos erros.
Então, eu só poderia lamentar por Kelly ter cruzado o meu caminho, por estar estar aonde estava e por ser quem era. Só que eu sabia exatamente o que fazer. Peguei de dentro da carteira que eu trazia no bolso, a cartela que antipressivos que eu tomava de vez em quando e, olha só a coincidência que logo vi: os remédios de Kelly eram iguais à aqueles. Nem ela nem ninguém nunca perceberia a diferença. Era só eu agir. E foi o que fiz. Agi rápido. Tirei todos os comprimidos da cartela e os troquei pelos do frasco, olhando para os lados toda hora. Kelly ainda estava comprando a água. Ninguém que passava pela rua percebia o que eu estava fazendo.
Guardei os comprimidos de Kelly em meu bolso e coloquei no frasco na mesa novamente. Chequei os lados mais uma vez. Nada. Ótimo. O destino me ajudava como sempre. As armas estava bem ali, na minha cara, bastava eu usá-las, eu não podia desperdiçá-las.
Até que vi Kelly pagando o homem da padaria, se aproximando da mesa com a garrafa de água na mão e me dando um leve sorriso tímido.
- Pronto. - ela se sentou.
- Bom, foi ótimo falar com você. Só que eu preciso ir.
- Ah, tudo bem. Foi um prazer te conhecer.
- O prazer foi todo meu, senhora. - eu me levantei.
- Será que eu te dar um abraço?
Forcei um sorriso.
- Claro que pode.
- Obrigado. - ela se levantou.
- Por nada.
Nos abraçamos e senti, mais do que a força física que ela empregava naquele abraço, a força sentimental dela. Dava para sentir claramente que a força que ela colocava naquele abraço tinha um solidão enorme por trás, parecia que o número de pessoas com quem ela havia dado um abraço dava para contar nos dedos. E eu era uma dessas pessoas que havia tido o prazer de abraçá-lá. Por mais que minha atitude fosse mais falsa que promessa de politico, não pude deixar de sentir, além da solidão de Kelly, um conforto grande em seus braços. Outra coisa que eu me identificava com ela: o número de pessoas que haviam me dado um abraço. Também dava para contar nos dedos, e ainda iam sobrar muitos. Só que, pensando bem, no caso dela, era pior. Ela já devia ter passado dos cinqüenta anos- ou era o que seu rosto aparentava. De qualquer maneira, Kelly era bem mais velha que eu. Tinha sofrida com a solidão durante muitos anos a mais que eu. Pensar naquilo me entristecia.
  Pensei em inventar alguma desculpa para que ela não tomasse aqueles remédios e a tragédia não acontecesse. Comecei a me martirizar e minha preocupação começou a transparecer. Lágrimas geladas invadiram meu rosto e eu as limpei rapidamente, mas não consegui disfarçar.
- Você está chorando? O que aconteceu? - Kelly perguntou, com surpresa.
Não. Eu não devia exitar. Pensei em tudo o que aquele monstro me fez. Ele destruiu a única lembrança que eu tinha dos meus pais. Destruiu a memória que eu tinha deles. Tirou o bem mais precioso que me restava. Eu tinha o direito de fazer o mesmo com ele.
- Não é nada. Estou bem. Até mais, - terminei de limpar meu rosto. - senhora. Foi um prazer conhecê-la. O Roberto tem muita sorte de tê-la como tia. E como uma tia que se comportou como uma mãe, não é?
- Os seus pais também tem muita sorte de ter você como filho.
Engoli um seco que pesou como uma pedra gigante em minha garganta.
- Até mais. - eu disse, simplesmente.
Kelly deu um largo sorriso.
Eu caminhei em direção ao carro, peguei as chaves em meu bolso e acabei vendo um dos comprimidos de Kelly vindo junto à minha mão. O olhei fixamente. Continuei caminhando. Abri a porta do carro fazendo o maior esforço. Entrei. Coloquei a chave na iquinição. Pelo retrovisor, vi Kelly acenando para mim, com o mesmo sorriso largo e sincero, de tanta alegria que contagiaria até o ser mais ranzinza. Respirei fundo. Aquele seria o último, de tão poucos, sorriso que ela daria em sua vida.

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