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Feridas da vida

Apesar da grande adrenalina que ainda sentia por todo meu corpo, senti um pouco de alívio ao expulsar aquelas palavras de dentro de mim. Mas eu ainda não havia expulsado tudo. Ainda faltava muito.
Aquilo tudo estava dentro do meu corpo e, se eu mantesse aquilo por muito tempo em mim, morreria. Aquelas palavras e imagens daqueles acontecimentos horríveis iam me matar pouco a pouco. Estavam me corroendo a cada minuto. Eu precisava desabafar urgente. E não me arrependo de ter gritado. Além de não aguentar mais ter aquilo tudo dentro de mim, eu estava com tanta raiva da minha tia. Pela ambição e interesse dela. Por sua frieza. Eu estava tão impressionado no quanto os seres humanos podiam ser cruéis e frios. No quanto eles se importavam pouco com os sentimentos dos outros. No quanto eram egoístas. No quanto me tratavam como um inseto.
Eu estava todo molhado, com uma expressão de raiva olhando fixamente pra minha tia. Ela e a empregada, atrás dela, não sabiam o que dizer. Não sabiam ou não tinham coragem. Ficamos ouvindo apenas o som do silêncio por pouco menos que um minuto. Senti um vento leve passar pela janela do banheiro e bater em mim, me fazendo tremer, pois eu estava molhado.
Até que minha tia moveu a boca para falar alguma coisa.
- O que... - ela gaguejou, estava em choque mesmo com os meus gritos - do que você está falando? Por está assim? Eu não entendo.
Fiquei em silêncio.
- Fala o que é, Eduardo! Fala!
- Você quer saber mesmo? Porque desde que você passou a viver comigo, você se importa muito mais com os negócios da empresa do que comigo. O seu amado sobrinho. Não é verdade? Confessa, logo!
Ela ficou de boca aberta ao ouvir minhas palavras. Como se aquilo não fosse verdade. Claro que ela ia negar. Mas aproveitei pra dizer tudo o que eu pensava logo de uma vez.
- Claro que não. Como você pode dizer isso? Eu estou cuidando de você como um filho.
Eu soltei um riso leve e rápido de deboche e depois fiquei inconformado.
- Você acha mesmo que isso é jeito de criar alguém? Você nem conversa comigo, nem pergunta como estou, nem olha na minha cara direito. Eu perdi o meus dois pais. Juntos. Eles estão mortos. Imagina como eu estou, hein? Além disso... - uma lágrima surgiu. Mas não era nenhuma novidade. Já tão costumeiro cono respirar. Eu chorava tanto quanto piscava. - eu ainda tive que aguentar sofrer todos os tipos de humilhações na escola.
- Do que você está falando? - ela perguntou, parecia querer chorar também.
- O que ouviu. Ontem, no meu primeiro dia naquela escola maravilhosa em que você me colocou, em que você dizia que ia ser tão alegre e feliz - eu a olhava fixamente. Nós dois assumimos expressões sérias - foi um dos piores dias da minha vida. Eu fui humilhado por três garotos.
Primeiro, um deles fez a turma inteira rir de mim. - as imagens daquelas cenas iam invadindo a minha mente -
Depois, sabe o que fizeram?
- O quê? - ela perguntou.
- Eles me cercaram no banheiro da escola. Me seguraram, e... - tentei me recuperar, respirando fundo. Era muito duro ver as cenas invadirem a minha mente de novo . - e eles pegaram o crucifixo que a minha mãe havia me dado.
Minha tia levantou as sobrancelhas.
- Eles me seguraram, seguraram minha boca quando eu tentei gritar. O garoto se aproximou do vaso sanitário e...
- Não... - Disse minha tia, não acreditando no que estava ouvindo.
- Ele jogou o crucifixo dentro do vaso e, logo depois, deu a descarga.
O silêncio invadiu o quarto logo depois de eu terminar de falar.
- Eu ainda não terminei. - continuei - Você não reparou nos meus braços - os ergu para ela enxergar minhas feridas - Olhei minha barriga. - levantei minha blusa, minha barriga estava toda machucada, os ferimentos ainda ardiam,mas não tanto quanto as feridas psicológicas. - você deve imaginar o que aconteceu.
- Por que você não me disse logo? - ela estava cheia de lágrimas. Havia tentado resistir, mas não conseguia mais.
- Eu ia te dizer ontem, mas você demorou demais pra chegar.
- Eu... Não sei nem o que dizer - ela limpou o rosto.
- Não quero que diga nada. Quero que faça alguma coisa. Quero que me tire daquele inferno o mais rápido o possível. Eu não vou voltar pra aquele lugar nunca mais na minha vida. Nem sob tortura!
- Tá bom. Amanhã eu vou até a escola tirar a sua matrícula de lá. - ela falou como se estivesse com vergonha, mas estava era com pena de mim. Pela primeira vez a vi demonstrar algum tipo de sentimento.
- Tá bom, então. - respondi, simplesmente.
Minha tia saiu do quarto em silêncio. Tudo bem. Não esperava mais. Não esperava que ela me abraçasse ou me desse uma enxurrada de conselhos como uma mãe preocupada. Eu a conhecia pouco, mas sabia exatamente como ela era.
Pelo contrário, eu ainda temia que ela me obrigasse a voltar pra aquele lugar. Ao menos, eu não teria que voltar pra lá.
Eu saí do banheiro em direção à cama. A empregada ficou me olhando com uma expressão de lástima.
Sentei na cama, olhei com uma expressão apática pro chão, a empregada se aproximou de mim e me abraçou em silêncio, sem dizer nada. Não havia o que dizer.

Dois dias depois, minha tia havia anunciado que me colocaria em outra escola. Fui estudar em um colégio bem longe do antigo.
Na nova escola, encontrei as pessoas mais metidas do mundo. Viviam de nariz empinado. Minha tia me colocou naquele lugar porque achou que no antigo eu havia sofrido aquilo tudo porque não estava em um colégio da minha classe. Ela me colocou em um cheio de filhinhos de papai. Só sabiam falar coisas do tipo que "estavam em dúvida se viajariam pra tal lugar ou tal local".
Eu estava me sentindo enjoado de estar perto de gente assim, mas, pelo menos ali, estava longe daqueles monstros que causaram feridas irreparáveis na minha alma.
Em um belo dia, eu estava indo embora da escola. Estava perdido em meus pensamentos admirando a paisagem das ruas que via pela janela do carro, quando, de repente, me deparei com aquilo. Eram os três. Estavam passeando tranquilamente pela rua. Como algum ser humano podia passear daquele jeito, sem nenhum remorso, sem nenhum peso na consciência? Depois de tudo o que me fizeram? Como podiam ter paz? Eu não conseguia entender. Parecia que eles eram robôs, não humanos, que não tinham sentimentos, eram mais secos que o deserto. E o pior se tudo: por que eu? Por que? Poderia ter sido qualquer outra pessoa. Mas fui eu. Foi comigo. Eu poderia não ter sido o único a sofrer nas mãos deles. Mas o que eu havia feito pra merecer tanto ódio?
Os observei pela janela. Eles me reconheceram. Olharam pra mim e riram. Sim, com aquele sorriso debochado, típico deles.
- Tudo bem. - pensei comigo. O que é deles está guardado.
Eu dei um mesmo sorriso debochado. Eles se surpreenderam. Até que os perdi de vista pela janela.
Aquele sorriso que dei seria a primeira prova de muitas que eu daria pra eles, para provar que eu não deixaria aquilo barato. Eles pagariam muito caro por tudo o que fizeram. Pagariam por cada uma das lágrimas, cada um dos traumas, cada uma das feridas físicas e, principalmente, as psicológicas que causaram em mim. Foi uma promessa que fiz pra mim mesmo. Eles vão pagar. Eles vão pagar com o próprio sangue.

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