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Encontro inesperado

Ouvia o som da máquina que indicava os batimentos de Roberto apitando cada vez mais alto. E também conseguia escutar claramente os próprios batimentos do meu coração, como se meu peito estivesse grudado em meu ouvido. A cada passo, cada movimento que minha mão fazia para se aproximar mais de Roberto ia fazendo meus batimentos ficarem cada vez mais fortes e altos, meu sistema nervoso se acelerava a cada segundo, meus olhos deviam estar ficando vermelhos, quase em lágrimas e inchados. Chegou a hora e nada iria me impedir. Nada. Chegou a hora de dar um fim definitivo à pessoa que mais fez mal para mim na vida. Eu havia começado o trabalho e iria finalizá-lo com sucesso naquele minuto. E nada nem ninguém iria me impedir.
Até que... Ouvi o som da maçaneta da porta ser aberta atrás de mim. Em menos de um milésimo de segundo, tirei minha mão de perto de Roberto e voltei o olhar para atrás.
Me deparei com uma mulher de mais ou menos uns cinqüenta anos parada em frente à porta, com uma bolsa enorme de couro no ombro e um cabelo loiro de tamanho médio, preso em um rabo de cavalo. Seu rosto estava cheio de rugas.
- Quem é você? - perguntou, de forma objetiva.
- Oi, senhora. Eu sou um amigo do Roberto. Me chamo Eduardo. Estudo na mesma turma que ele.
- Me chamo Kelly. Sou tia dele. - ela colocou a bolsa na cadeira perto da cama, continuou me olhando fixamente e nem reparou na roupa do médico que eu havia jogado ali. - Mas como você entrou aqui? Eu pedi que deixassem entrar a família.
- Me desculpe. Mas eu queria tanto vê-lo. Acabei tendo que entrar escondido.
- Sério? Gosta tanto do meu sobrinho assim?
- Gosto. Ele é um dos únicos amigos que eu tenho.
- Ele também é uma das únicas pessoas que tenho na vida. Quando soube do que aconteceu, fiquei desesperada. Picado por uma cobra... E pensar que ele poderia... - uma lágrima brotou no olho esquerdo de Kelly em um segundo e ela abaixou a cabeça para não ser vista. - Desculpe.
Me aproximei dela e segurei uma de suas mãos.
- Não, tudo bem. Calma.
Ajudei a mulher a se sentar na cadeira.
- Calma. Eu te entendo muito bem.
Ela limpou o rosto e me olhou com uma das expressões mais melancólicas que eu já havia visto na vida.
- Você me lembra o meu irmão, o pai do Roberto. Parecia com você nessa idade.
Eu fui obrigado a sorrir, mas no fundo me enojava completamente parecer com alguém que tivesse o mesmo sangue daquele ser.
- Pena que ele seja uma pessoa tão... - ela pareceu perceber que não devia ter tocado no assunto e parou de falar. - quer dizer, eu não devia ter tocado nesse assunto.
- Se a senhora não quiser falar, tudo bem.
- Quer saber? Você parece ser um bom rapaz. E eu espero que não seja muito encomodo, mas eu ando precisando tanto conversar com alguém. Claro, se você não quiser.
- Não, eu quero sim. Podemos ir tomar um café na lanchonete daqui da esquina.
- Tá bom.
Estendi minha mão para Kelly pegá-lá.
- Vamos?
Ela deu um largo sorriso.
- Vamos.
Ajudei a se levantar da cadeira, ela pegou a bolsa e olhou para a roupa do médico jogada.
- Isso parece ser a roupa de algum médico.
- Devem ter esquecido aí. Vamos logo?
- Vamos, então.
Eu abri a porta e a deixei sair primeiro. Segurei a porta, olhei fixamente para Roberto e decidi dizer em pensamentos uma das frases dele que não saíam de minha mente de jeito nenhum.
- Isso ainda não terminou.

A padaria que estávamos ficava a uma quadra do hospital. Eu estava sentado com a tia do meu pior inimigo. E tinha que agir como se estivesse de frente com uma grande amiga.
- Desculpe eu ter tocado naquele assunto. Aposto que jovens como você odeiam ter que falar em assuntos desagradáveis desse tipo.
- Não, imagina. Se a senhora quiser falar sobre isso comigo, tudo bem. Eu adoraria ouvir.
Não totalmente. Ia ser chato pra caramba ver uma mulher daquela idade chorar suas mágoas do passado. Mas aquilo me interessava e muito. Eu precisava saber mais sobre o passado daquele desgraçado.
- Tá bom. Mas é uma história muito triste. Fui eu quem criou o Roberto.
Meu Deus. Ele tinha sido criado pela tia. Como eu. Não podia ser verdade. Como?
- A senhora o criou?
- Exatamente. A verdade é que os pais do Roberto nunca deram atenção de verdade para ele. Logo depois que ele nasceu, saíram por aí, viajando pelo mundo. - ela olhou para a mesa e depois para mim novamente. -Meu irmão nunca foi responsável. Engravidou a mãe do Roberto por acidente. Ela também sempre foi uma qualquer. Tiveram um amor de carnaval. Depois que o Roberto nasceu, eles de separaram. Ela acabou sumindo no mundo e ele fez o mesmo com tempo. Eu acabei sendo obrigado a cuidar do Roberto. Mas nunca foi um encomodo pra mim. Pelo contrário, ele foi o filho que eu nunca tive. - Ela fungou, respirou fundo e passou a mão no rosto prevendo que uma lágrima ia aparecer novamente.
- Você é uma guerreira. - segurei a mão de Kelly bem forte.
- Eu era obrigada a fazer o que fiz. Se não, o que aconteceria com o Roberto? Os avós dele já morreram, o resto da família é muito pobre e mora longe.
- Eu sei exatamente como ele deve se sentir. - aproximei meu rosto do dela. - Eu perdi meus pais quando tinha sete anos.
Kelly ficou séria.
- Sinto muito. - ela pareceu impressionada, mais do que eu com tudo o que tinha ouvido.
- Obrigado. - olhei para as nossas mãos e a toalha laranja que cobria a mesa.
- Você parece ser um rapaz bom. Já o Roberto... Claro que é resultado do passado desastroso dele, nem sempre lhe dei toda a atenção necessária, mas ele sempre deu trabalho. Quase foi expulso da escola várias vezes.
- Que situação degradável.- disse, tentando parecer que não sabia daquilo, quando, na verdade, eram um fato que martelava em minha mente durante os últimos dez anos.
- Bom, eu agradeço por me ouvir.
- Eu que agradeço pela confiança.
- Que horas são?
Olhei para o relógio.
- São quase sete horas.
- Está na hora do meu remédio. Sou diabética.
- Ah.
Ela abriu a bolsa, pegou um frasco de remédios e o colocou em cima da mesa
- Eu preciso tomar com água. Viu pedir uma garrafa. Com licença.
- Toda.
Kelly se levantou da cadeira e entrou na padaria.
Fiquei pensando. Como as coisas eram. Como a vida era. Meu pior inimigo tinha uma vida praticamente igual à minha. Cresceu sem os pais. Foi criado pela tia. Com a diferença de que ela o criou de verdade. Teve seus erros, como disse. Mas o criou. Enquanto eu, fui tratado como um cachorro. Minha tia só aparecia vagamente em minha vida para dizer duas ou três palavras no máximo. Eu podia ter tido uma qualidade de vida melhor que a de Roberto. Só que ele recebeu mais atenção e cuidado que eu, com certeza. Mesmo que tenha virado o ser que virou.
Fiquei olhando para o frasco de remédios em minha frente. Eu tinha plena consciência de que Kelly não merecia nenhum tipo de maldade. Entendia sua melancolia e sua história de vida triste. Mas eu também tinha plena certeza de que Roberto merecia todos os tipos de sofrimentos. Então, segurei o frasco de remédios. E sabia exatamente o que fazer. 

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