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A situação pode piorar

Entrei na escola com a mesma velocidade de uma tartaruga ou uma lesma. Fui dando passos mínimos, exitando o máximo o possível entrar naquele lugar.
Eu não queria mesmo entrar naquela escola, mas não tinha escolha. Entrei. Quando olhei em volta, estava sozinho no pátio. Todos os alunos já haviam entrado nas salas. E eu não fazia ideia de onde ficava a minha. Pela porta de vidro da diretoria, eu podia ver que havia uma mulher de óculos, sentada, mexendo em papéis na mesa. Devia ser a diretora ou coordenadora. Pensei em ir pedir informação à ela, mas, depois, desisti. Não tinha interesse nenhum em ir pra sala de aula mesmo. Eu não sabia o que fazer, exatamente.

Estava prestando atenção na decoração da escola, quando, de repente, senti uma mão pousar no meu ombro. Tremi de susto na hora. Hesitei, mas me virei de costas e o olhei. Um garoto meio gordinho, alto, com cara de descolado, parecia ter uns dois anos a mais que eu, estava atrás de mim. Não tinha ideia do que aquele ser queria comigo. Eu nunca o havia visto na vida.
- Olha só! - ele disse, estampando um sorriso - parece que temos um novo peixinho no água rio. Você é novo? - ele perguntou, olhando fixamente pra mim.
Eu apenas fiz que sim com a cabeça. Estava tão assustado que não conseguia pronunciar uma palavra.
- E é um peixinho assustado, hein? Você fala?
Fiz que sim novamente.
- Nem parece. Está há muito tempo aqui?
Fiz que sim pela terceira vez.
- Chega! Você só sabe fazer isso? Está zoando com a minha cara?
Eu ia fazer que não com a cabeça, mas antes que eu terminava de me mover, ele pegou no meu rosto e me parou.
- Chega dessa brincadeira! - ele gritou, a voz dele aumentou tão rápido e alto que eu me assustei ainda mais. - escuta aqui, quem faz as brincadeiras aqui sou eu. Ninguém zomba da minha cara. Aliás, eu tenho um defeito muito ruim que é ter pavio curto. Qualquer coisa me tira do sério. Ainda mais, zombar de mim.
Eu me senti completamente imponente na hora. Me senti pequenininho perto daquele garoto que, na realidade, era só um pouco mais alto que eu.
- Qual é o seu nome? - perguntou.
- Eduardo. - respondi, simplesmente, as palavras quase não saindo da minha boca.
- Ah! Edu! Como um urubu! - ele soltou uma risada alta e debochada, parecendo um vilão de filme. - Eu sou Roberto. Só lamento que tenhamos nos conhecido desse jeito. Vamos.
Ele pegou forte no meu braço e subiu as escadas comigo. Começou a percorrer os corredores me segurando. A preocupação e a incerteza do que iria acontecer estavam me deixando doido.
- De qual série você é?
- Primeira série. - respondi, enquanto passávamos pelas salas de aula.
- Sério? Que coincidência. Eu também sou!
Novos sentimentos tomaram o meu corpo. O medo e a surpresa. Medo por saber que eu estaria no mesmo ambiente que aquela pessoa, que eu conhecia há apenas dois minutos, mas que não me parecia ser boa gente. E surpresa, pois o garoto não parecia mesmo ter a mesma idade que eu.
Paramos em frente à porta de uma das salas de aula. O tal de Roberto girou a maçaneta e abriu a porta. Entramos na sala de aula. A professora estava na frente da turma, perto da mesa e do quadro, falando alguma coisa e, quando nos viu, parou. A turma estava cheia, parecia ter uns vinte alunos ali.
- Que novidade, você chegar atrasado, hein, Roberto?
- ah, professora, eu me atrasei por um bom motivo.
Temos um novo coleguinha - ele apontou pra mim. Todos os olhos presentes naquele local se voltarem pra mim ao mesmo tempo. Fiquei com uma enorme vergonha.
- Olha só! Qual é o seu nome? - perguntou a professora, uma mulher jovem, bonita, de olhos verdes e com o cabelo longo preso em um rabo de cavalo.
Eu estava com tanta vergonha, que esqueci até o meu próprio nome.
- Na verdade - se intrometeu Roberto - ele é um pouco tímido. Mas eu vou ajudá-lo. Gente - ele pôs a mão no meu ombro e virou-se pros alunos - este daqui é o Edu, cara de urubu!
Todos riram instantaneamente. Parecia que tinham ensaiado, de tão sincronizado que foi o riso daquelas crianças. Se antes eu estava com vergonha, agora, eu dava tudo pra arrumar um saco de papel e colocar na minha cabeça. Ou fugir dali mais rápido do que um serial kiler fugindo da polícia. Ou me transformar em um super herói que tinha o poder de ficar invisível. Ou que tudo aquilo fosse, na verdade, um terrível pesadelo, como eu queria acreditar quando recebi a notícia da morte dos meus pais.
- Você sempre com as suas piadinhas sem-graça, não é, Roberto?
-Professora, você não tem um pouco de senso de humor?
- Não pra brincadeiras desse tipo. Vá se sentar na sua cadeira.
- Tá bom. - Roberto se aproximou de mim e sussurrou no meu ouvido - isso aqui é só o começo. Entendeu? - eu gelei. Roberto se afastou de mim e foi se sentar em uma cadeira vazia. - Seja bem- vindo, Eduardo - disse a professora, sua voz soando doce e sincera - eu sou a professora Daniela. Dou aulas de ciências. Espero que você se adapte bem à escola. Eu dei um sorriso leve.
O sorisso, o olhar e a voz daquela jovem me pareciam tão agradáveis e sinceros, que até me trouxeram um mínimo de alegria. Aquela professora tinha uma energia boa dentro de si.
- Procure uma cadeira pra se sentar.
Olhei a sala inteira. Estava lotada. Aonde eu arrumaria um lugar vazio?
Até que...
- Edu! - ouvi uma voz estridente, que eu ouvia há pouco tempo, mas estava me irritando como se eu tivesse sendo obrigado a ouvi-la por séculos. Era o Roberto.
- Tem um lugar aqui!
Eu olhei novamente pelo resto da sala. Nada. Não havia nenhum outro lugar vazio. Só aquele. Perto daquela pessoa. Que estava acompanhada por dois outros garotos, que pareciam ser amigos de Roberto. E se eram amigos dele, não pareciam ser boa companhia. Só que, mais uma vez, eu não tinha alternativa. Eu estava com a cabeça observando o chão, por vergonha, pois todos ainda olhavam pra mim e por tristeza por ter que ser obrigado a ir pra aquele lugar. Me sentei calmamente, coloquei a mochila no chão e me virei pra frente, olhando na direção da professora.
-Calma. - pensei. - eles não podem fazer nada demais. Não aqui, na sala de aula. Vai dar tudo certo. Tem que dar.
- Bom, como eu estava dizendo - a professora falou, pegando um giz, talvez fosse escrever alguma coisa no quadro depois - hoje vamos estudar as espécies dos animais. Alguém pode me dar um exemplo de uma ave?
Várias pessoas levantaram a mão. Eu sabia, mas tinha medo de estar errado e já havia passado vergonha demais.
- Você, Henrique! - a professora disse, apontando pra um garoto magro e de cabelo cortado, sentado de lado de Roberto, era um dos amigos dele.
- Ah, professora, essa é fácil! - ele fez um sorriso debochado como o de Roberto - o urubu!
E mais uma vez, todos riram em coro. E novamente, era por minha causa. Eu me senti num circo em que eu era o palhaço. Mas eu não estava achando graça nenhuma. Pra mim, aquilo tudo estava parecendo mais um filme de terror do que uma comédia.
Eu senti uma vontade imensa de me encher de lágrimas. De colocar pra fora tudo o que eu estava sentindo, de desabafar. Mas não podia fazer aquilo. Não ali. Não naquele momento. Não podia dar aquele gosto àquelas pessoas. Não podia passar mais vergonha ainda. E assim passei, até o final da aula. Segurando as lágrimas. Quando o sinal do intervalo tocou, suspirei fundo de alívio. Eu vi que havia trago um lanche, mas não estava com nenhuma fome. Eu abri o bolsinho da mochila e peguei o crucifixo que minha mãe me deu. Havia decidido levá-lo pra onde eu fosse. Era o único jeito que eu tinha de sentir a presença dela e do meu pai. O peguei na minha mão, saí da sala de aula e fui em direção ao banheiro. Precisava expulsar de dentro de mim todas aquelas lágrimas que estavam presas na minha alma. Desci as escadas, entrei no banheiro e me tranquei em uma das portinhas. Os pensamentos de tudo o que estava acontecendo foram aparecendo na minha mente. Demorou um segundo para o choro aparecer. Eu via cada uma das lágrimas pingando no chão do banheiro. Era como se cada lágrima fosse uma palavra que encomodava a minha mente. Nos últimos dias, minha cabeça estava cheia de palavras ruins. Eu já estava começando a me sentir tranquilo, quando alguém começou a bater ferozmente na portinha do banheiro.
- Urubu! - Roberto deu mais duas batidas - sabemos que você está aí! Vem aqui!

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