A emboscada
Henrique sorriu de volta quando eu lhe disse que tido uma grande ideia. Ele parecia animado mesmo com os meus planos. Assim como eu, ele devia se sentir em algum tipo de filme de ação ou terror em que eu era o assassino e Henrique, um cúmplice, porém, não menos importante na história.
Falando em história, em minha mente começaram a brotar tantas idéias depois de ouvir as palavras "floresta amazônica", que, talvez, depois que eu terminasse a minha grande vingança, eu seguiria a carreira de escritor. Possivelmente, faria contos de terror misturados com vingança, em que o protagonista, claro, seria inspirado em mim e sempre se dava bem no final. Afinal, - posso parecer clichê, mas vou dizer. - aqui se faz, aqui se paga.
E estava totalmente seguro no que iria fazer. Eu tinha o total direito de exigir revanche depois de tudo o que sofri. Aqueles três monstros haviam causado um trauma irreversível em mim, que eu levaria pra minha vida inteira. Eles me humilharam, me agrediram de todas as formas possíveis. Eu tinha que me vingar. Não só por mim, mas pelos meus pais também, por aquele episódio do crucifixo.
E minha vingança já havia começado. No exato momento em que conheci novamente aquele ser, em que nossos rostos ficaram frente a frente novamente. Até o destino estava a meu favor, facilitando tanto a minha descoberta de quem era um deles.
E eu havia cruzado logo de cara com quem? Com ele. Com Roberto. O pior Dos três.
De quem eu tinha mais ódio. De quem eu tinha mais nojo. De quem e tinha mais repugnância.
Roberto foi quem veio me atazanar primeiro, dava pra ver que era o líder daqueles três e, o pior de tudo, que ele foi quem jogou o meu crucifixo no vaso sanitário sem dó nem piedade.
Ele seria o primeiro a sofrer a minha vingança.
Depois da aula, fui pra minha casa com Henrique. Falávamos baixo em meu quarto para os empregados não ouvirem, ou a minha tia que, mesmo sendo raro, poderia chegar mais cedo em casa. Planejamos tudo. Planejamos a primeira consequência de tudo o que aquele monstro havia me feito. E seria uma grande vingança. Eu havia desejo durante muito tempo, não ter conhecido Roberto. Mas o jogo iria virar e quem desejaria nunca ter me conhecido seria ele.
- Nossa, - Henrique disse, depois que terminei de falar.- eu desconfiava que você tinha mente perversa. Mas nem tanto.
- Você não imagina por quanto tempo eu fiquei pensando nessa vingança. Ela acabou virando a missão da minha vida.
- Eu posso imaginar. - disse ele, sentado em uma cadeira perto só espelho.
- Não, não pode. Ninguém pode. Ninguém pode imaginar o que eu sofri, a dor que eu senti na pele.
Fiquei encarando Henrique com seriamente. Ficamos em silêncio por um momento. Ele parecia comovido comigo. Parecia que, além de gostar de estar participando daquele jogo todo, ele tinha pena de mim. Mas eu preferiria não pensar nisso. Odiava imaginar que alguém tinha lástima de mim.
- Bom, - eu me levantei da cama. - você entendeu tudo?
- Sim, senhor. - Ele fez um gesto como se estivesse no exército.
- Muito engraçado. - eu ironizei minha voz. - Espero que tenha entendido mesmo. Não quero nenhum erro.
- Tudo bem. - ele pareceu mais sério.
- Ótimo. Amanhã, finalmente, o Roberto saberá quem é Eduardo Santos.
Henrique ficou de boca aberta com o meu tom de meu tom de voz convencido e ao mesmo tempo sincero.
Não haviam ido muitos alunos ao passeio. Em torno de trinta ou quarenta, num ônibus em que cabiam mais ou menos sessenta pessoas. Foi melhor pra mim. Quanto menos pessoas viessem, seria mais fácil de eu conseguir realizar meu plano. Encontrei um dos professores, Jorge, que ia nos acompanhar no passeio, logo no início, quando todos estavam entrando no ônibus. Me aproximei dele e falei que queria conversar algo importante.
- Por que você está me pedindo pra ir fazer dupla com o Roberto?
- Eu gosto dele, ele é meu migo.
- Então, por que você mesmo não pede isso pra ele?
- Por que... - Aquela resposta,eu não havia preparado. Mas eu tinha uma carta na manga. Era um tiro no escuro. Só que eu tinha que confiar naquilo.
Então, tirei uma nota de cinqüenta reais do bolso e a segurei na frente do professor.
- Você não vai querer separar dois grandes amigos, não é?
- Eu devo achar isso estranho?
- Você pode achar o que quiser. Desde que não separe dois grandes amigos. - olhei pra ele como uma criança de rua pedindo esmola.
Ele pegou a nota de mim e, discretamente, a colocou no bolso, olhando várias vezes pro lado pra garantir que ninguém estivesse os vendo.
Jorge sorriu pra mim e encarei a atitude como um sim. Eu esperava que não tivesse sido roubado. Só era o que me faltava.
No ônibus, os alunos já haviam sentado em seus lugares. Me sentei ao lado de Henrique.
- Como foi? - ele perguntou.
- Tive que apelar pro velho truque da mão molhada.
- O quê? E o Jorge aceitou?
- Ele pegou a nota da minha mão e não falou nada, só sorriu. Acho que aceitou. Ou isso ou temos um ladrão dando aula para a gente.
Chegamos à floresta Amazônica depois de quase uma hora de viagem no ônibus.
Jorge desceu primeiro e, logo depois, saíram os outros alunos. Vi Roberto sair primeiro que eu, de mãos dadas com Alessandra. Parecia estar me evitando. Eu saí com Henrique ao meu lado.
- Tem certeza que quer fazer isso mesmo? - Henrique perguntou.
- Claro. Por que? Está com medo? Vai amarelar logo agora?
- Não. É que, de qualquer jeito, esse plano é muito arriscado.
- Não tenha medo. Vai dar tudo certo. Hoje mesmo o Roberto vai saber quem é Eduardo Santos.
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