27.08.2020

Aeroporto da Portela(Lisboa)

Mais uma tentativa para chegar a Luanda. Desta vez tenho a certeza que vou chegar. Entrar é que vamos ver!

De facto nestes tempos a razão, o procedimento ou até as regras desaparecem. Há um misto de medo, responsabilidade mas também de jogo político. Estes ingredientes não ajudam a razão, tornando o nosso vidente Zandiga num respeitável comentador:

- Que dizem os astros?

A minha entrada em Luanda vai depender do vento.

-Mas para o avião aterrar?

-Não. Para saber o teu futuro.

Bem me parecia. Faltam umas escassas horas para saber se vou para casa, ou, para um dos famosos hotéis destinados aos estrangeiros pernoitarem 7 dias de quarentena.

Cada país faz o que pode para travar a malévola pandemia.

Até lá gozo o momento de escrever, de imaginar como estará o Dundo, os meus amigos e os meus poetas.

Já são 08.30PM e nada de avião a escrever a sua história.

Tempo para fazer uma pausa. 

Deixar a Europa, a família e os amigos. Não sinto voltar de voltar. Digo com sinceridade. 

A esterlização Europeia não me convence ao regresso. Então e a família? 

O mundo é bem grande para nos encontrarmos. Até lá deve aparecer uma vacina, ou qualquer outro mistério que anule este efeito mediático. Pode ser que os resultados das eleições americanas ajudem, de facto, que o mundo esqueça esta pandemia. 

O tempo vai passando e nada de avião. Até que por volta das 09 PM chega e começam a sair os passageiros. 

Esperar, não esperar, limpar e desinfectar, o voo finalmente aranca às 11h35PM. Atenção, não é um voo qualquer. É um voo cargueiro de emergência. Mas é um voo. E isso é o que preciso.

Primeiro objectivo conseguido!