대취타
olhando para mim como um louco
mas eu estou feliz agora
chamas queimam na minha imaginação
ódio, dor, é onde eu me sinto mais segura
brinque, destrua, coisas ruins me trazem prazer
[Badthings - Elliese]
Ergam as bandeiras, toquem as cornetas, ele está chegando!
É o que tenho vontade de gritar assim que vejo a comitiva se aproximando e os guardas se ponto feito estátuas na porta. Parem a festa, olhem para a porta, ele está aqui. Se curvem, mortais insolentes. Agradeçam a ele por dar a honra de sua presença em um lugar tão podre. Ele está aqui, não sei o que busca, não sei o que espera encontrar nesse mar de pobres almas bêbadas, mas aqui está ele. Com os olhos felinos à espreita de algo, as vestes negras dançando conforme ele anda graciosamente. O cabelo comprido e liso balança pelos ares, em um movimento mágico, hipnotizante. É impossível não olhar para ele, sua presença única e majestosa em um recinto tão deplorável.
— O rei está aqui! — alguém grita, e o silêncio reina. Ele caminha por entre as pessoas fétidas, com um ar de superioridade ao ver todos com as colunas curvadas para ele. No entanto, mesmo que seja obrigada a imitá-los, não consigo deixar de encará-lo.
Ele brilha como ouro, o cabelo dourado bem penteado e preso no topo da cabeça por uma presilha que deve custar esse lugar inteiro. Está todo adornado por jóias e pedrarias preciosas, desde os dedos, braços, pescoço. Tudo nele é esplendoroso, como se gritasse: "eu sou o rei!" No entanto, devo confessar que joia nenhuma desse mundo se compara às que ele carrega no rosto. Não tão negras quanto uma ônix, e nem tão claras quanto um âmbar. Os olhos dele são exóticos, únicos, de uma cor que se divide entre o preto e o castanho. Seu olhar é intenso, expressam que os rumores talvez sejam reais. Que ele não hesita ao mandar cortar uma cabeça, ou nem treme quando faz isso com as próprias mãos.
Ele é O Rei Perverso de Joseon. Aquele que os outros reis temem, seus súditos respeitam e ninguém tem coragem de se aproximar. E é o homem mais belo que já vi em toda a minha vida, e veja bem... eu já vi muitos. No entanto, todas as vezes em que esbarrei com a carruagem real pelas ruas, e pude contemplar sua linda face, tenho a certeza que nunca vi nada igual ou sequer semelhante a toda essa magnitude. Sua majestade vaga os olhos por todos do recinto, em especial as figuras femininas e parece um tanto descontente ao não encontrar o que deseja.
— Quem é o responsável por essa espelunca? — inquire ríspido, como se estivesse prestes a pisar na cabeça de todos aqui presentes. Endireito a coluna e caminho a passos leves até ele. Vejo suas sobrancelhas se arquearem em surpresa e um sorriso brincar no canto dos seus lábios.
Quando paro diante dele, faço uma reverência exagerada, o que parece agradá-lo, visto que sua expressão é menos feroz.
— Majestade — comprimento-o —, como posso servi-lo?
Ele sorri presunçoso, com os braços atrás das costas, dá a volta em torno de mim e parece estranhamente satisfeito.
— Pediria para me mostrar suas melhores mulheres, mas creio que não há necessidade.
— Não?
— Não. — responde convicto. O rei para na minha frente novamente, e um sorriso sugestivo estampa os lábios pequenos. — Estou satisfeito com a senhorita...
— Sohui. — completo com orgulho. — Me chame apenas pelo nome, meu rei.
— Sohui... — ele testa o nome nos lábios como se experimentasse um vinho e sorri.
Se aproxima um passo, ficando a uma distância um tanto informal para um rei com sua súdita. Se estiver tentando ser ameaçador, eu não lhe dou o gostinho de me encolher como os outros, sustento seu olhar fulminante sobre mim.
— Passaria uma noite comigo, Sohui? — ele pergunta, em um sussurro, como se compartilhassemos um segredo. Sorrio de lado, entrando em seu joguinho.
— Vossa majestade deseja uma noite comigo? — questiono, no mesmo tom discreto que ele usou para comigo. Isso parece acender uma chama em seus olhos, fazendo um sorriso um tanto perverso estampar seus lábios.
— Qual seu valor? — ele sussurra de volta, um pouco mais animado que antes. Sorrio largamente ao notar o quão interessado ele está.
Não são todas as mulheres que lhe atraem, poucas são dignas de terem uma noite com o rei, e mesmo que tenha muitas concubinas ao seu dispor, há boatos de que ele não dorme com nenhuma na maior parte do tempo. Vossa majestade é exigente, já passou a noite com alguns homens, mas nem todos foram do seu agrado. Ninguém sabe o que o incomoda tanto nas pessoas, falar sobre a intimidade do rei é pedir para perder a cabeça. Por isso, me sinto curiosa, e até mesmo com o ego inflado por saber que ele se sentiu atraído assim que me viu.
Me aproximo ainda mais, tomando a liberdade de tocar suas vestes ao me inclinar no pé do seu ouvido. Pela visão periférica, vejo seus guardas colocarem as mãos nas espadas como se esperassem algo terrível.
— Costumo cobrar um valor altíssimo, majestade... — sussurro e ouço um suspiro, o que me faz sorrir ainda mais. — No entanto, para o meu rei, ofereço-me sem custo algum.
Me afasto dele, apenas para ter um vislumbre de seu sorriso maquiavélico para mim.
— Me sinto honrado.
— Será um prazer servi-lo.
— Estou ansioso.
👑
O rei Agust - como prefere ser chamado - se desfez de cada adereço seu quando chegamos ao palácio. Criadas entraram nos seus aposentos apenas para fazer o trabalho de despi-lo por inteiro. Quando passo pela portinhola e atravesso também as cortinas delicadas e vermelhas que me impediam de ver o móvel principal do cômodo, ele está lá, deitado na enorme casa dossel, completamente nu. Um sorriso bonito enfeita seus lábios, os fios longos espalhados pelo lençol bordô, e a cabeça apoiada em uma das mãos. Ele está deitado de lado, o que me permite uma visão perfeita do seu corpo, que, sem dúvidas foi esculpido pelos deuses.
— O que ainda faz aí parada? — ele pergunta suavemente, como se beijasse o ar.
— Estou admirando. — suspiro deleitosa — És magnífico, meu rei.
Ele sorri como se já esperasse ouvir isso e movimenta-se na cama para se sentar.
— Também desejo vê-la. — ele exclama, mas não seria preciso que o fizesse, pois já me desfaço do nó do hanbok com uma maestria de quem faz isso há anos.
Quando a peça vai ao chão, o rei ofega. Não sei se pelo que vê, ou pelo fato de eu não usar nada por baixo. Talvez as duas coisas, mas seja o que for, é o suficiente para que ele se mova até mim, como um predador indo na direção da presa. Seus olhos estão em chamas, ele umedece os lábios e agarra minha cintura abruptamente quando para diante de mim.
— Esplêndida... — sussurra antes de agarrar meus lábios com os seus.
Ele é faminto, devora minha boca como se nunca tivesse provado nenhuma antes. Sua língua é habilidosa, ligeira e firme ao se entrelaçar na minha em uma dança intercontinental. Seus dedos me apertam com força, ele me puxa para si e consigo sentir cada parte do seu corpo no meu, inclusive um órgão em especial que me chama. Se esfrega em mim e passeia a mão pela extensão da minha coluna deixando um rastro de fogo. Ele é quente, ele queima.
Meu rei não é nenhum pouco delicado ao me segurar em seus braços e me jogar na cama como se eu fosse um saco de batatas. Vem sobre mim, como um leão, os olhos felinos inspecionando cada traço do meu rosto, rasgando cada extremidade da minha pele com suas pontas naturalmente afiadas. Ele me beija, me morde, me suga, me marca, me faz sua em cada centímetro da minha derme. Finalmente entendi porque nem todos o agrada, ele é cruel até mesmo entre quatro paredes, é perverso, gosta da dor, se sente deleitoso cada vez que finco as unhas nas suas costas. E nem todos gostam disso.
Não há nenhuma delicadeza quando se afunda em mim, fundindo sua pele com a minha como se fossemos um só. É bruto a cada estocada, como se estivesse querendo me matar, mas... tão ingenuo... Eu estou adorando. O rei analisa minhas expressões, e ao ver o sorriso que estampa minha face parece ser transportado para outro mundo. Seus olhos se tornam ainda mais negros e fogosos, quase consigo ver as faíscas saindo deles. Uma mão segura as minhas sobre a cabeça, com uma força exagerada, como se quisesse estourar meus pulsos. Um gemido escapa por entre meus lábios e isso o deixa mais louco. Sua outra mão que antes apertava meu quadril vai de encontro ao meu pescoço, mas não aperta tão forte quanto imaginei, mas ainda é incômodo, prazeroso.
Estou chegando ao inferno, quase consigo ver as portas se abrirem para mim, o fogo me engolir e os demônios rirem da minha agonia. Mesmo que seja sufocante, dolorido, é a melhor coisa que já senti na vida. Me sinto viva, me sinto louca, me sinto insana. O aperto no meu pescoço se intensifica, ele vai mais fundo, mais rápido; eu vou enlouquecer. Meus olhos se reviram com tanta intensidade, que temo que não voltem mais. No entanto, minhas orbes retornam ao local de origem, apenas para conseguir vê-lo em sua forma mais magnífica, deslumbrante. O cabelo caindo no rosto, suor respingando de sua pele, lábios entreabertos, bochechas coradas, e olhos revirados.
Sem dúvidas o homem mais lindo que já tive o prazer de tocar.
Quando me sinto prestes a chegar ao meu limite, surpreendentemente, ele para. Solta meus braços, se retira de dentro de mim, me vira de barriga para baixo com uma facilidade absurda e se enterra em meu corpo novamente sem nenhum aviso prévio. O som de nossos corpos se chocando, misturado aos sons que nossas gargantas produzem, é a música mais linda que já ouvi. Ele se inclina mais sobre mim, ainda sem parar os movimentos do quadril e finca seus dentes na minha clavícula, me marcando mais uma vez. Minha pele dói, sinto uma imensa vontade de gritar por ajuda, pedir clemência, ao mesmo tempo que desejo que me rasgue completamente. É insano, é confuso. Sua boca perto do meu ouvido sussurrando gemidos que ele não faz questão de reprimir dificulta ainda mais meu trabalho de entender o que está acontecendo com meu corpo. Sua mão agarra meu seio com brutalidade, suas unhas curtas perfuram minha pele sensível e eu me sinto em extase.
— Quer que eu seja mais carinhoso, Sohui? — pergunta em um sussurro rouco, em um tom que deixa explicito qual resposta deseja ouvir. É dificil encontrar voz com seu corpo sobre o meu e sua outra mão no meu pescoço quase me asfixiando.
— Não... — ofego. — Não pare, por favor...
Ele não para, ele nunca para de me machucar, de me perfurar, e de me dar prazer. Meus olhos se reviram novamente, eu estou caindo, estou prestes a ir de encontro ao chão duro e frio.
E eu caio.
Me desfaço por inteira em seus braços, me torno cinzas, somente o pó. Mesmo assim, ele não para. Enquanto não se sente satisfeito, enquanto não se derrete em mim como o mel saindo da colmeia, ele não para. E, quando isso acontece, solta um rosnado como um leão ou qualquer felino feroz da selva. Ele me banha com seu açúcar, me anestesia por inteira e me faz querer pedir por mais. Ele me enlouquece, já nem sei mais quem sou ou sequer me lembro do meu nome. Em que dia estamos? Onde estamos?
Ah, estamos em seus aposentos, eu estou nos braços do Rei Perverso e sinto uma imensa vontade de não sair daqui. Ele se retira de mim lentamente, me fazendo soltar uma espécie de gemido misturado a um suspiro. Se joga ao meu lado na cama, respirando com dificuldade e viro a cabeça em sua direção. Meu rei fita o teto com um olhar quase abismado, o peito subindo e descendo rapidamente, os cabelos grudados na testa úmida. Admiro sua pele leitosa, as pintas diminutas espalhadas pelo seu rosto e dorso e pondero se na verdade ele não seja um anjo ou alguma criatura sobrenatural. Inesperadamente, o rei me fita, com o mesmo olhar que encarava o teto e suspira.
— Aceita ser minha rainha?
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