Capítulo 8 ☀
"Porque há esperança para a árvore, que se for cortada, ainda torne a brotar, e que não cessem os seus renovos."
(Jó 14:7)
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(Lorena Narrando)
Ao chegar em casa vejo o Adam.
- Meu amor, eu estava tentando entrar em contato com você, os seguranças me ligaram dizendo que você não estava em casa eu estava muito preocupado vim direto pra cá, onde você estava?
- Me desculpe te fazer ficar mais preocupado ainda, eu fui dar uma volta, eu precisava esclarecer meus pensamentos e foi uma boa ideia eu ter ido, preciso te contar o que aconteceu.
—respondo ele.
Nesse momento ele vem até mim e me abraça.
- Graças a Deus você está aqui, agora me conte o que aconteceu?
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(Ivy Narrando)
Eu acordo e percebo que ainda estou aqui no chalé, me levanto pego minha roupa no guarda-roupa me visto, vou até o banheiro faço minhas higienes pessoais, lavo meu rosto, prendo meu cabelo e fico por alguns segundos me olhando no espelho e vejo o quanto meus olhos estão fundos.
- A que ponto eu cheguei.
—digo pra mim mesma em frente ao espelho.
Respiro fundo e decido ir até a cozinha, quando chego lá não vejo ninguém, passo até a sala e também não vejo ninguém.
- Será que eles foram embora?
—pergunto pra mim mesma e nesse instante começo a ouvir uma cantoria e vem da varanda do chalé.
Quando saio lá fora avisto um lindo dia, o sol forte e radiante aquecendo todo esse lugar, o céu impecável como uma obra de arte, nem parece que estava chovendo na noite anterior.
Olho para frente e vejo um jardim em construção, me lembro bem que quando eu cheguei aqui com aqueles sequestradores não existia nenhum jardim em construção na verdade não existia muita coisa quando eu cheguei aqui...
E na varanda encontro Papai cantarolando uma música e sentado olhando para o jardim e na sua frente tem uma mesa com um simples e bonito café da manhã.
Vou até a outra cadeira e me sento, antes que eu falasse qualquer coisa Papai para de cantar e começa a dizer mas ainda sim olhando para o jardim
- Depois da chuva o sol sempre brilha outra vez.
Começo a olhar o jardim também por alguns segundos tentando encontrar o que ele tanto olha mas desisto pois não consigo enxergar o que ele vê com tanta atenção.
- Bom dia, faz quanto tempo que esse jardim está em construção?
—pergunto enquanto pego um pedaço de bolo.
- Bom dia querida, já faz algum tempo
- Talvez seria mais fácil demolir o jardim e construir um novo, não acha?
Papai continua com seus olhos fixos para frente.
- Pode até ser mais fácil porém existe coisas que precisa ser reconstruídas e não demolidas.
— e finalmente Papai olha para mim e muda de assunto.
-E como passou a noite?
O que eu devo responder? Que eu sonhei com alguém me dizendo que sou culpada por algo que contribuiu para acabar comigo, devo dizer isso?
Se ele realmente é Deus ele sabe como foi minha noite.
- Acho que foi bem...
—após dizer isso houve-se um silêncio por algum tempo, mas dentro de mim faz barulho e é desconfortante, então eu decido quebrar o silêncio.
- Não dá mais para continuar assim, me diz por que o Senhor veio até aqui nesse chalé? Por que tudo isso está acontecendo?
- Eu vim te resgatar, vim te reconstruir
- Me reconstruir? O Senhor acha que pode me reconstruir depois de tudo que eu já passei? Tudo começa quando eu fiz nove anos e aquele homem que eu nem considero mais como meu tio faz uma coisa dessas, e o Senhor sabe que coisa é essa?
—nesse momento eu já estou chorando, a raiva está a todo vapor dentro de mim e ali eu já começo a falar tudo que eu havia guardado.
- É o abuso, ele abusou de mim e eu nunca contei isso pra minha mãe, a única pessoa que eu contei foi para o Ian, se eu não tivesse falado para ele se não fosse o meu irmão para estar comigo naquele momento eu nem sei o que eu teria feito. E sabe de uma coisa o Ian tinha uma fé que eu não tinha, bom posso dizer que eu tinha fé ainda, mas ele era diferente sabe? E ele sempre me falava do Senhor pra mim, e eu chamei pelo Senhor mas não obtive resposta, quando eu via esse nojento do meu tio eu ficava apavorada e cada vez mais a raiva dentro de mim por ele foi crescendo, eu me perguntava se aquilo que ele fez era culpa minha, entende? eu me culpava por um alguém que acabou com a minha infância.
Minha mãe foi sempre uma mãe boa mas eu não era tão próxima assim dela e o único que me trazia paz era meu irmão e quando eu tinha quinze anos o Senhor tirou ele de mim, ali foi o meu fim, eu tirei forças não sei da onde para seguir em frente e isso foi apenas por causa da minha mãe porque eu vi a dor dela ao perder o Ian e imaginei o quanto ela iria sofrer se me perdesse também, e a partir dali minha fé sumiu, eu não acreditava mais no Senhor, eu me vi sozinha, abandonada, até uma raiva pelo Senhor cresceu dentro de mim, meus dias não teve mais cor, eu não vi mais sentido.
E quando aquele sequestrador disse que poderia a qualquer momento apertar aquele gatilho e eu disse para ele atirar logo era porque por algum momento eu achei que teria paz mas nem isso aconteceu, e agora o Senhor me diz que veio me reconstruir, acha mesmo que eu tenho reconstrução?
Papai olha atentamente para mim, e uma lágrima cai de seus olhos.
- Minha filha, eu sei o quanto você sofreu, sei o quanto chorou, e o quanto foi difícil viver todos esses anos com tudo isso, eu vi sua dor, eu senti sua dor eu estava lá, quando você se deitava e não conseguia dormir eu te pegava no colo e a segurava e você dormia em meus braços eu estava lá filha...
Nesse momento eu interrompo ele.
- O Senhor pode ter estado lá como diz, mas entende que eu estou cansada, que pra mim já não dá mais, eu não vejo mais esperança
- Ivy, você pode não ver esperança, mas eu vejo! existe um versículo na bíblia que diz assim "Há esperança para o teu futuro, diz o Senhor", sou eu quem digo! Eu não te criei com o propósito de sofrer, e é por isso que eu vim sim te reconstruir e te resgatar
- Mas eu estou quebrada, meus pedaços estão espalhados pelo chão, por que o Senhor simplesmente não me joga fora?
—digo com a voz alterada e enquanto as lágrimas caem pela minha face.
- Porque não se joga fora alguém que você ama só porque está quebrado, eu pego cada pedacinho e refaço.
Essas palavras de algum jeito abraçaram meu coração, todavia eu não estou bem.
Me levanto daquela cadeira e decido andar.
- Com licença, eu preciso andar um pouco.
Digo isso e saio andando por essa floresta sem saber para onde eu vou parar...
Continua
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