CAPÍTULO DEZESSETE
Dias depois eu estava terminando de limpar os quadros da mamãe. Clarisse disse que iria vim pessoalmente buscar com seu empregado. Ela organizou o espaço para pôr as telas e toda a divulgação da exposição. Lembro-me bem, mamãe sempre estava junto a ela organizando os eventos. As vezes duravam semanas, e eu apenas ia no dia como convidada. Fazer parte disso agora me deixa tão emocionada. Sinto que deixo a mamãe orgulhosa por seguir seus passos.
Meu olhar para nas várias caixas embrulhadas, parece até que são meus e estão seguindo seu caminho. Vão fazer sucesso, e lembrarão da artista que Isabela Menezes sempre foi. Tenho absoluta certeza disso.
A campainha toca. Quem atende é minha tia.
— Bem vinda, Clarisse. Sempre é um prazer revê-la.
— Digo o mesmo, Marta. — Elas se cumprimentam sorridentes. Clarisse olha para mim e mantém seu sorriso gentil. — E você como está, menina?
— Só um pouquinho ansiosa. — Retribui seu abraço, como sempre apertado.
Um homem que aparenta ser um dos seguranças de Clarisse entra em casa e começa a pegar as caixas. Caminhamos para o lado de fora e aguardamos na calçada. O sol estava estranhamente quente em um céu limpo. Hoje é aquele tipo de dia que meus amigos sempre davam festas na piscina. Será que eles ainda fazem isso?
Por instinto, tiro meu celular do bolso. Não tinha nenhuma chamada ou mensagem perdida. Guardo o celular novamente.
Na verdade, eram três seguranças que estavam transportando as caixas para os porta-malas. Eram três carros grandes idênticos. Meu Deus, quão rica é essa família? Gostaria de perguntar tantas coisas sobre isso a Ricardo. Quando eu era mais nova não entendia a imensidão disso tudo, nem como isso é suspeito. Eu sei que é um sobrenome que há muitas gerações tem poder, porém ainda assim, não sei. São muitos funcionários e um estilo de vida tão surreal comparado a maioria das pessoas comuns de Canobra.
Quem eu quero enganar, com que cara eu perguntaria: de onde vem tanto dinheiro? Eles achariam que eu penso o pior deles. Não quero parecer ingrata a tudo que essa família fez e continua fazendo pela minha.
Respirei fundo e sacudi a cabeça. Mudar o foco do pensamento antes de lembrar da ausência daquele sujeito. Eu conseguia pensar nos primeiros anos longe, mas como estava em uma cidade diferente, não doía tanto lembrar daqueles sentimentos.
No entanto, só consigo sentir que ele não está aqui comigo. Ricardo Fernandes veio até mim e eu o ignorei por não querer me preocupar com isso agora. Mas parece que só ajudei a piorar. Está claro, continuo não querendo me envolver, porém quero ter ele por perto.
Droga, por que Ricardo tem que ser tão teimoso? Se agisse igual o Miguel, talvez estivéssemos bem agora e não ignorando um ao outro.
— Olívia, quando estiver tudo pronto te chamo para ir até a galeria. — Clarisse diz, tomando minha atenção. — Terminamos por hoje.
Clarisse se despede e entra em um dos carros estacionados, logo todos eles vão embora. Minha tia e eu voltamos para casa.
— Isabela sempre rabiscava tudo. Lembro que nossa mãe brigava com ela praticamente todos os dias por riscar os móveis e as paredes. — Ela sorriu, lembrando. — A vida simplesmente passa, minha irmã queria ter seguido a carreira, mas tomou as decisões que julgou ser o certo pelas pessoas que amava. — Marta sentou-se no sofá. E me chamou com as mãos. Sentei-me ao seu lado. — Obrigada por isso. Você está resgatando não só o sonho da sua mãe, mas de todos nós.
Nos abraçamos, eu iria começar a chorar se não fosse pela campainha que tocou.
— Vai lá, eu vou ficar bem. — Ela enxuga o rosto quando se afasta. — Vou lavar a louça. — Diz se guiando até a cozinha.
Caminhei até a porta, Miguel quem estava atrás dela.
— Oi, Olívia.
— Oi, Miguel. — Gesticulei o convidando para entrar. Ele sorri de lado.
— Me acompanha até a praça? Preciso conversar com você.
Miguel estava sério. Parecia abalado por alguma coisa. Meu lado curioso se segurou para não questionar.
— Tudo bem, mas eu não posso demorar. — Ele sacode a cabeça concordando. — Você está me deixando preocupada. — Admiti, quando começamos a andar pela calçada. — Houve alguma coisa? Está tão sério.
Ele bufa.
— Problemas de família, da empresa, do coração. — Miguel fala baixo. — Vim aqui porque você sempre me acalma, mesmo sem dizer nenhuma palavra. Necessitava de ar.
— Entendi. Para isso somos amigos, pode me procurar quando precisar.
— Agradeço por isso. — Miguel ter me dito isso confirma algumas coisas que já me perguntei.
Após chegar a Canobra pela primeira vez ele me tratou incrivelmente bem, mesmo sendo mais velho um pouco. E desde aquele tempo nunca o vi saindo com algum amigo ou comentando sobre alguém. Ele sempre esteve sozinho ao meu olhar. Deduzir isso me fez sentir uma pontada de tristeza. Miguel tem boas conversas e é gentil, por que não teria amigos? Isso me faz questionar mais uma vez. Ele deve ter amigos, afinal fez faculdade, trabalha em uma empresa enorme e além do mais tem um sobrenome que vale muito nessa cidade. Mas acredito que ele não tenha ninguém de confiança para conversar suas coisas.
Quis sorrir para Miguel na tentativa de demonstrar meu apoio, mas acho que não deu muito certo.
— Não sinta pena de mim, Olívia. Todos nós temos problemas.
— Mas, eu não disse nada demais.
— Não disse, mas pensou. E está tudo bem, eu sou mesmo meio solitário. Sempre foi assim, a começar pela ausência da minha mãe.
levantei o olhar para seu rosto. Esqueci completamente que Miguel também havia ficado órfão. E ainda bem mais novo que eu.
— Ei, me desculpa. — Se apressou em dizer. — Não foi intenção te lembrar da sua mãe.
— Tudo bem, é só que... — parei para respirar fundo. — É um pouco estranho isso tudo. Eu tento não lembrar para ficar bem e não sentir falta. Mas quando volto a lembrar depois de um tempo esquecida me sinto pior. Como se não desse valor a ela. — Desabafo já com os olhos marejados, droga. Chorar agora não, Olívia.
— Sei exatamente como se sente.
O braço dele envolveu meu pescoço em um abraço lateral. Contato corporal. Não tenho isso com tanta frequência faz anos. Pensei em me afastar, mas por que eu faria isso? Miguel me faz bem, não me deixa ansiosa ou nervosa. Ele me ajuda muito.
— Meu Deus, foi você quem me procurou por consolo e olha como eu estou. — Escutei sua gargalhada perto do meu ouvido. Um arrepio percorreu meu corpo. Se ele sentiu isso disfarçou bonito.
— Se por enquanto somos amigos, dividir sentimentos é o que vale a amizade. — Me deu um beijo na testa simples.
Não me incomodei. Acho que essa era a confirmação que eu precisava. O bem que Miguel me faz é de uma linda amizade. Nada se compara as conhecidas borboletas no estômago e a vermelhidão que Ricardo Fernandes causa em mim em apenas me olhar. Ou seja, continuo gostando dele como anos atrás, no entanto não posso fazer nada a respeito. Ambos orgulhosos demais, e aquele jeito grosso dele de agir me incomoda em um nível que me faz esquecer das borboletas em alguns momentos. No entanto, pensar nisso não importa agora.
Caminhávamos tranquilamente seguindo a rua. Impressionante como as casas permaneceram praticamente as mesmas. Quase nenhuma mudança de cores, nem árvores. Algumas casas tinham mais arbustos do que me recordava, deve ser consequência do tempo. Passamos pela casa da Dona Bernadete. Ela não estava sentada lá na frente como de costume. Arqueei a sobrancelha. Miguel pareceu entender o motivo da minha confusão.
— A vovó não está muito bem de um tempo pra cá. — Ele diz entristecido. — Temo que tenha chegado a hora dela ir.
— Sinto muito, Miguel.
Não dissemos mais nada até chegarmos a velha praça da rua. Escutamos, bem antes de subir na passarela, crianças gritando. Uma luz parece acender em minha mente. Me recordei de um sonho antigo, que na verdade era uma memória mais antiga ainda de quando era criança. Ricardo e eu corríamos em volta da fonte que há no centro dessa praça. Ela era desgastada claro, ainda mais pela lembrança ser praticamente em preto e branco. Tão esquisito, meu coração pareceu se aquecer. Por alguns segundos esqueci que continuava abraçada a Miguel.
Me afastei dele lentamente e me sentei na borda do chafariz. Miguel deu alguns passos e se apoiou ao meu lado. Coincidência ou não, fitamos ao mesmo tempo o carro de Ricardo que acabara de entrar na rua. Nunca tinha o visto nesse, o modelo parecido com o que Miguel tem, mas preto. Ricardo estava acelerando o carro, e ainda que por apenas alguns segundos, deu para reparar no olhar intenso que lançou em nossa direção.
Meu corpo estremeceu. Sinto falta de estar com ele. Me acostumei com suas poucas palavras e seu olhar protetor em mim. Pena que é um esquentado e egoísta.
— Você ainda gosta dele? — Miguel me surpreende.
— Como? — tento disfarçar.
— Sabe do que estou falando. — Ele suspira, logo continua. — Qualquer um percebia que era mais do que carinho de infância, Olívia. Custa saber atualmente, meu primo ainda tem o seu coração? — seu tom de voz soou aflito. E se eu corresse de volta para minha casa?
— Olha, Miguel. Eu confesso que anos atrás teve alguma coisinha a mais. — Admiti, para terminar rápido o assunto. — Porém, agora, já não somos mais os mesmos. Nem sequer amigos, Ricardo deixou isso bem claro.
— Estranho, o tanto que ele tinha ciúmes de você. Acho improvável que não queira mais nada contigo. — Ele diz irritado. Franzi a testa. Miguel continua. — Já não tínhamos muito contato um com o outro, mas depois que você e eu começamos a sair juntos algo mudou.
Eu não sabia o que dizer. Seria por mim realmente? Ricardo sentia ciúmes de mim? Ele me procurou aquela noite e deu a entender que queria uma relação comigo. Meu Deus, agora que ele vai me ignorar mais ainda depois de me ver com Miguel. Se bem que é melhor assim. Não me enjoar vai me fazer esquece-lo rapidamente.
— Olívia — Ele segura em minhas mãos. — Eu gosto muito de você. Sempre fui sincero sobre minhas intenções. Acho que eu preciso saber se devo perder as esperanças.
De novo isso? Respirei fundo. Estava prestes a repetir as palavras do outro dia, todavia ele se adiantou.
— Me desculpa. Eu sei, não vou te pressionar. Mas, quero que seja sincera comigo também, caso deseje a ele.
Mordo os lábios. Isso tudo está me dando nós na cabeça. Tudo que eu queria evitar.
— Sou e sempre serei sincera com você. Gosto muito de você, Miguel. De verdade, mas não do seu jeito. Sinto muito te magoar. Agora eu tenho que ir.
Soltei-me de suas mãos e caminhei sobre a passarela.
Preciso ajudar minha tia com as coisas em casa. Talvez me ajude a ocultar todo esse nervosismo. Ligarei para as garotas também, talvez elas queiram sair para algum lugar. Tudo para tentar esquecer essa responsabilidade que não escolhi ter. Não queria magoar o Miguel, e nem estar tão distante de Ricardo. Sei que não sou culpada por nada disso, mas a mente as vezes teima em confundir a gente.
Quando estava próxima o suficiente da calçada de casa, avistei um carro chique estacionado. Era o que Ricardo dirigia. Ele estava encostado na porta de braços cruzados com uma expressão não tão amigável.
Paro de caminhar e inspiro. É a primeira vez depois daquela discussão que ele me procura. As borboletas no estômago despertam e me segurei para não sorrir. Ainda estava brava por ele ter me ignorado daquele jeito.
Caminhei lentamente até parar em sua frente. Centímetros nos separavam. Ele é tão lindo, meu Deus. Está tão forte que seus músculos marcavam a camiseta simples azul-escuro. Encarei seus olhos que me fitavam, ele não diz nada. Me viro para entrar em casa, se Ricardo não quer dar o braço a torcer por que continuarei aqui?
— O motivo de não querer estar comigo é por sentir algo pelo Miguel? — Sua voz rouca me assustou.
— O que? — Me virei para encara-lo novamente.
Qual o problema dos homens, meu Deus?
— O que eu acabei de ver me deixou claro isso.
Ricardo resmunga. Também cruzo os braços.
— E o que foi que você acabou de ver, Ricardo Fernandes? — Já estava irritada. Ele vira o rosto, e retorna ao seu silêncio. — Isso é um absurdo tão grande. Eu nunca disse que não queria estar com você. Você quem escolheu se afastar.
— Como assim, Olívia? Você disse que tinha mudado. Era para pensar o que?
— Você quem estava todo nervoso e me pressionou quando nem eu sabia direito o que pensar. Isso não se faz. E decidiu me ignorar. Você quem não dá valor ao que tivemos antes.
Ele ri sozinho.
— Você é uma hipócrita.
— Ah, eu que sou? Tem certeza? Não sou eu quem fica se escondendo por aí e cobra isso das pessoas.
Como sempre, Ricardo consegue destruir as borboletas.
Ele bufa e me olha tão sério, que meus pelos se erguem por todo corpo e o coração acelera de nervoso.
— Sente algo por Miguel ou não, mulher?
Respiro fundo e tento falar firme apesar de seu olhar queimar.
— Isso não é da sua conta.
Me viro e ando em direção a porta de casa. Sinto algo me puxando e o choque corporal.
— Você não faz ideia o quanto isso me interessa, meu anjo.
Antes de raciocinar para tentar escapar de seus braços que me apertavam em seu peitoral. Seus lábios carnudos me beijam ferozmente. Não tinha o que fazer. Estava presa a ele que me beijava.
Ricardo beijava tão bem. Seus braços me esmagavam cada vez mais, como se tivesse medo que eu pudesse fugir. Mal sabia ele que eu nunca faria isso. Desejo beija-lo tanto quanto ele a mim.
Quando o ar começou a falhar, Ricardo morde meu lábio inferior e me dá suaves selinhos. Sua testa cola na minha e respiramos juntos tentando normalizar o ar em nossos corpos.
Me afasto dele abruptamente. Longe o suficiente para dar um tapa na cara. Ele põe a mão onde o atingi e me olha confuso.
— Liv...
— Você me ofendeu mais uma vez, Ricardo. E me beijou a força. — Interrompi.
— Eu te beijei a força? — Ele ri sozinho novamente. — Você quase engole minha boca, mulher.
— Claro, não me deu escapatória.
Era a minha tentativa de acabar logo com isso. Droga, Olívia. Não ferra.
— Não se engane, depois desse beijo tenho certeza que ainda sente algo. Não vou me afastar de novo, Olívia. Não serei tolo o suficiente para te perder de novo.
Ricardo puxa minha cintura. Poucos centímetros de distância. Pousei meu olhar novamente em seus lábios agora vermelhos. Tão saborosos. Queria tanto, beija-lo outra vez. Desvio o olhar e saio de seu aperto.
— Me solta. — Tomei distância. — Nunca mais ouse tocar em mim dessa maneira, entendeu?
Corri para a minha casa. Quando fecho a porta por dentro espero até o barulho do motor do carro se afastar.
— O que aconteceu com você?
A voz de Marta surge do nada me assustando.
— Nada tia. Estou bem. Vou ao banheiro e já volto para te ajudar.
Não espero sua resposta e corri pela escada pulando os degraus.
Quando chego ao meu quarto me jogo na cama e grito no travesseiro tentando colocar para fora todo esse turbilhão de sensações.
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Pego um pedaço de grafite já gasto e preencho as lacunas que estão em branco na tela. É nítido toda a evolução que meus traços tiveram ao longo dos anos, porém, ainda não tenho confiança suficiente nos meus quadros. Essa sensação de não ser tão boa quanto os outros esperam consome a mentalidade sã de qualquer um.
Solto um suspiro quando paro para observar o que estou fazendo desde a hora em que acordei. Aliás, da hora que levantei, pois mal consegui fechar os olhos essa noite. Antes das seis fiz toda a minha higiene matinal e me tranquei no quartinho da bagunça. Enquanto separei todas as telas da mamãe que iriam para exposição, acabei encontrando algumas em branco. Não tenho muita prática com pinturas em tela, por isso a insegurança me consumia.
Desenhei uma atmosfera noturna e tentava fazer as sombras o mais realista possível. Retratar o que me acontecia já foi uma mania antiga, apenas não estava mais habituada com isso. Todo o meu tempo livre foi dedicado a minha mãe, a não perder de vista suas marcas de vida. Ilustrar o que aconteceu ontem com Ricardo parecia amenizar o barulho que minha mente insistia em fazer. Duas pessoas que ao tocarem seus lábios, um raio de luz atravessava os corpos não permitindo que se soltassem. No fundo eu sabia, meu subconsciente sempre revelava minhas vontades que eu não conseguia admitir.
Largo o grafite e toco a imagem que acabo de criar. Era como se a sensação de ser beijada e estar em seus braços voltasse com tudo. Me sentia arrepiar. Por que não consigo controlar o meu corpo quando lembro de Ricardo? Minha mente se questionava.
Ele é um impulsivo, teimoso, lindo e gostoso. Por que, meu Deus?
Ainda não consigo entender o que está acontecendo. Essa situação toda é confusa demais até para mim. Preciso conversar com alguém ou então enlouquecerei.
— O que faz aqui tão cedo, filha?
— Ai, pai. Me assustou. — Coloco a mão no peito sinalizando. Ele entrou que nem me dei conta. — Eu só...acordei inspirada.
Papai caminha até ficar do meu lado e observa a tela. Esperei por suas perguntas, mas elas não vieram. Agradeci mentalmente.
— Cada dia mais talentosa. Vem, vamos tomar café que irei a empresa.
Caminhei em passos curtos atrás do meu pai, que já tinha arrumado a mesa com o que costumamos comer no café da manhã. Era notório seu esforço em querer preservar nossos dias sem a mamãe. Não sinto o vazio da falta dela o tanto que temi sentir quando voltasse a essa casa.
O que é o certo. Aprender a viver com a dor é uma tarefa diária, no entanto, vai ficando mais suportável.
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O que foi esse capítulo, minha gente??? Gostaram??? ❤️
Cenas com o Miguel, cenas com o Ric, a pobi da Olívia já é pouco confusa tadinha.
O que acham que vai acontecer?
Perdoariam o Ricardo ou investiriam no Miguel???
Deixem nos comentários as suas teorias e não esqueçam dos votos.
Beijão dessa autora iniciante, mas muito esforçada!!!
❤️❤️❤️
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