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CAPÍTULO DEZ

Podemos conversar?

— Sim. — Por um segundo pensei que minha voz não sairia.

— Até amanhã, Olívia. — As gêmeas logo saem.

— Rafael me disse sobre seu acidente ontem.

— Imaginei.

Penso em voz baixa me calando logo em seguida.

— Você está mesmo bem? Seus pais te levaram ao hospital para confirmar?

Uma pitada de culpa me invade.

— Não. Porque eles meio que não sabem. — Ricardo ergue uma das sobrancelhas. — Achei melhor assim. Estou bem, seu amigo me tirou da água a tempo então não há necessidade de preocupar meus pais.

— Certo, tudo bem. — Ouço sua forte respiração. — Posso te levar para casa?

Sua pergunta me surpreende.

— Bom, eu não vejo problema. Vou ver com minha mãe.

Não sei como consegui responder sem gaguejar. Podia escutar meu coração batendo. Uma grande agitação interna.

Peguei meu celular e liguei para minha mãe. Ela atende após o quarto toque.

Já estou indo, filha — sua voz está sendo abafada por algo. — Não vi a hora passar organizando os papéis das caixas.

Depois de quase dois meses da mudança, só agora alguém teve coragem para separar as pastas que foram direto para o quartinho da bagunça.

Em dez minutos chego aí.

— Mãe — Ricardo não olhava para mim. — Posso ir com o Ricardo Fernandes? Ele me ofereceu uma carona.

Os segundos de silêncio me deixaram mais nervosa.

Claro, filha — ela estava animada. — Nossa, só não estava esperando por isso.

— Certo, mãe. Já chego em casa!

Desligo antes que ela começasse as perguntas.

Acompanhei Ricardo até o lado de fora. O local onde geralmente via ele esperar seu motorista junto com a Angélica Ferraz. Aliás, não a vi durante esse tempo todo. Por que ela não está com ele hoje?

Controlo minha língua para não perguntar nada sobre, soaria como se eu observasse a vida alheia. O que era inevitável de não perceber quando faz parte da sua rotina.

O enorme carro preto estaciona centímetros longe da calçada em que esperávamos. Ricardo abre a porta de trás e olha para mim. Percebi que eu tremia.

Entro em seu carro caro e me sento próximo à janela. Relaxei as costas no banco macio e passei os olhos ao redor. Tudo ali dentro dava a impressão de estar brilhando. O cheiro de coisa cara estava espalhado no ar.

Quando saímos dali Ricardo pediu para eu colocar o sinto de segurança. Confesso, me atrapalhei no início, mas acertei colocar.

Achei que ele queria conversar já que ofereceu carona, mas ele não disse nada o restante do percurso até minha casa.

— Então, obrigada pela carona. — Quase saio do carro, ele impede segurando levemente em meu braço direito.

— Você está mesmo bem, Olívia? Sei que não quer preocupar os seus pais, mas foi sério o que aconteceu. Talvez tenha algum problema que você sozinha não perceba.

Foi impossível não sorrir olhando para ele.

— Olha, eu sei. Prometo que se sentir qualquer coisa estranha eu aviso a alguém. Não precisa se preocupar.

Ricardo balança a cabeça positivamente, parecia querer falar algo mais. O que não acontece, pois minha mãe apareceu na frente de casa. Ele desceu do carro para poder cumprimenta-la.

Espero não passar vergonha.

— Que surpresa, Ric. Primeira vez que volta aqui depois de anos.

— Sim, e nada parece ter mudado.

— Fica para almoçar com a gente, rapaz. Conversar é sempre bom.

Ele olha para mim rapidamente. Meu rosto estava neutro, mentalizando para que não escutassem meu acelerado coração.

Olívia, não tem porque ficar nervosa com Ricardo, seu "amigo". Aquele mau entendido já se resolveu. Respira, se acalma.

Mamãe me olhou com aquele olhar.

— É, Ricardo. Fica um pouco aqui.

Consegui que meu tom de voz saísse neutro, mas a agitação interna ainda estava me deixando nervosa. Queria sair de perto dele para tentar respirar com calma. Já resolvemos tudo, não consigo entender porque ainda fico agitada assim na presença dele.

Ricardo dispensou o motorista dizendo avisar quando fosse embora.

Meu pai estava em casa. Ele deve ter acabado de chegar do restaurante, pois seu cabelo molhado indicava que saiu do banho.

Como não foi algo planejado, minha mãe disse várias coisas sobre o almoço, pouca variedade de opção e todas aquelas coisas.

Papai disse que marcaria algo com os pais dele no restaurante, para retribuir a gentileza daquela noite.

— Estava uma delícia, Tia Isabela.

Fiquei em silêncio praticamente o almoço inteiro. Mamãe se empolga muito quando lembra do passado. E Ricardo pareceu não se importar com o tanto de pergunta que meus pais fizeram a ele.

— No fim de semana quero dar uma volta pelas montanhas. Esses dias não foram de muita chuva, então irei aproveitar. O que você acha, Olívia?

Precisei de alguns segundos para perceber que ele pergunta para mim.

— Eu acho uma boa ideia, se você gostar disso.

Ricardo ergueu uma sobrancelha me encarando.

— Você já visitou os Montes Dourados, não é?

Balanço a cabeça em negação.

— Disseram que me levariam, só que ninguém teve tempo ainda.

— Você quer ir? Se quiser te acompanho.

Meus pais apenas observavam. Estávamos esperando o motorista de Ricardo chegar.

— É uma ótima ideia, não sei quando terei tempo livre para passear por lá. — diz mamãe. Algo em seu tom de voz deixava claro que não era só isso. Ela queria que eu saísse com ele. — Com mais calma depois sairemos todos juntos, filha. Vá com o Ric.

— Podemos ir agora mesmo se quiser.

Fui ao meu quarto e troquei o uniforme escolar por um conjuntinho florido. Em frente ao espelho faço uma análise rápida.

Inspirar e expirar. Aos poucos meu corpo vai deixando toda aquela agitação.

Dentro do carro o silêncio prevalece novamente.

O que Ricardo está demonstrando é insistência em ficar perto de mim, mas não diz nada para passar o tempo. Será que essa é a forma dele dizer que quer voltar a ser meu amigo próximo?

Esse pensamento me deixa com dúvidas. Por que ele iria querer se aproximar de uma "pirralha"?

— Tem algo de errado, Olívia?

— Não. Por quê?

— Você está séria. Se quiser voltamos.

— Não, não é isso. — Olho para a janela. Já estávamos afastados do centro da cidade. — Eu só não sei o que pensar exatamente. É estranho.

Ricardo se mexe no banco.

— Você não se sente confortável saindo comigo? Ainda me acha um babaca pelo que aconteceu antes?

— Não — me apressei em dizer. — É que... — respirei fundo. É melhor falar de uma vez. — O que você pretende comigo?

— Como assim?

— Eu não me lembro do passado. As memórias aparecem quando estou sonhando. E não é que seja ruim. Apenas... não sei. Você me convidou para vir aqui por quê? Preciso saber.

O carro já havia parado de se mover. Ricardo desce do carro e abre a porta para eu sair.

— Eu me ofereci para te acompanhar porque você não conheceu esse lugar ainda. E também... — ele estava dando alguns passos adiante. Segui. — Desde que fiquei sabendo que você voltaria, algo que estava a muito tempo guardado acordou. E, não sei. Acho que eu quero sentir aquilo mais uma vez.

Palavras sumiram. Não sabia o que dizer. Ricardo quer mesmo voltar a se aproximar de mim. Senti minhas bochechas esquentarem. Droga.

— Ricardo, eu não me lembro de quase nada. E não sou a mesma de antes.

— Óbvio que você não é mais aquela garotinha. Eu só...quero voltar a participar da sua vida. Como antes. Você me permite?

Todos aqueles sentimentos estranhos que senti até agora pareceu sumir no instante que o respondi.

— É claro que sim.

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Extraordinário.

O adjetivo que mais se encaixa para definir tudo isso.

Podia enxergar o quão belas eram as montanhas do outro lado do rio. Árvores de cores e tamanhos variados espalhadas pelo campo. Verde, muito verde.

O céu estava nublado, então tivemos que ficar desse lado do famoso Rio Dourado.

Ricardo disse que em um dia de sol me traria para atravessar e ir para as montanhas até o ponto mais alto da Cidade Dourada. Onde está a árvore mais velha da região. O lugar onde mamãe diz ser o ponto de origem dessa cidade.

— Gosta do que vê?

— Incrível. Acho que nunca vi nada tão bem preservado como tudo aqui.

Ele sorri.

— Agora temos que ir, Olívia. Não vai demorar muito para chover.

— Ricardo, posso te pedir algo também? Não precisa me chamar sempre de Olívia.

Ele ficou alguns segundos me olhando.

— Não consigo. Para mim você é Olívia ou a pequena Liv. Não achei conveniente te chamar pelo seu apelido sem ter proximidade.

Sinto meu rosto esquentar.

— Então, pode voltar a me chamar de Liv. Eu prefiro assim.

Me senti confortável dando essa liberdade a Ricardo. No fim das contas, agora sinto-me bem perto dele.

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Os meses foram passando quase que instantaneamente.

Abril foi em um piscar de olhos. Em maio ocorreu as Olimpíadas do meu novo colégio, na qual fui participante da equipe feminina de vôlei da minha turma. Infelizmente, não ganhamos nenhuma medalha. O mês de junho sempre é tradição, meus pais e tia Marta acenderam uma fogueira no quintal de casa, foi demais. Julho me aproximou mais de Miguel, ele me convidou novamente para dar um passeio, dessa segunda vez pela cidade.

Em agosto foi o aniversário das gêmeas, as debutantes. Foi aquele tipo de evento que é o assunto mais comentado durante um mês antes de acontecer, e por mais um mês após acontecer. Setembro teve uma série de encontros no castelo da família de Ricardo. Por ter a data comemorativa desde a inauguração de Canobra, Clarisse organizava anualmente eventos de caridade priorizando várias situações e contextos, foi um mês longo, porém, gratificante.

E por consequência do mês anterior, em outubro eu parecia começar a me conectar mais com Ricardo Fernandes. Tive diversos sonhos no decorrer do ano, e aqueles que pareciam trazer memórias de infância, comentava com Ricardo para ele confirmar se aquilo realmente existiu. Sinto como se isso fosse a causa principal do meu estado de felicidade toda vez que ele vinha me visitar. Sempre me impressionava com a riqueza de detalhes que minhas lembranças tão antigas apareciam.

Quando novembro chegou, meus pais me levaram finalmente para dar um passeio pelo campo. Não atravessamos o Rio Dourado, mas eles me guiaram além do que Ricardo havia me mostrado naquela tarde. Ainda não consigo encontrar adjetivos bons os suficientes para definir aquele lugar. Enfim, dezembro. O tempo passou tão rápido que não cai a ficha que já é meu último dia de aula do Ensino fundamental. E nem é um dia de aula comum, estamos pegando as notas finais.

— Papai decidiu que iremos passar as férias no Rio de Janeiro. — Bruna diz.

Eu estava tão bem pelo ano ter passado tão tranquilamente e que não repeti os conflitos que tive de adaptação da cidade anterior, o que menos penso agora é sair daqui.

— Quando vão?

— Na segunda. — Ela responde. — As férias voam, vai passar tão rápido que o Ensino médio estará logo aí. — Dei um sorriso concordando.

Já fora da sala e com o boletim final em mãos, suspiro aliviada.

Abracei a maioria dos meus colegas de turma antes de sair, parece que quase todos eles viajam ou se isolam do mundo nas férias. Não que isso seja errado.

Olho pela última vez neste ano o portão do Colégio enquanto espero mamãe ou tia Marta vir me buscar. Os alunos parecem ter pressa para ir embora, não julgo. Emocionalmente cansados de um ano corrido.

O carro estaciona ao meu lado, mamãe baixa o vidro e sorri para mim. Não precisei dizer nada, ela sabia como eu me sentia e estava feliz por mim.

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Era véspera de Natal. Minha família foi convidada para uma ceia em umas das casas mais importantes de Canobra, que por coincidência talvez, era a família de Ricardo. Entendi que sempre foi assim, Clarisse com seus encontros e jantares, ela fazia questão de reunir diversas pessoas para o bem de uma causa. Admirável.

Hoje estou tranquila. Desde que Ricardo e eu tivemos aquela conversa, não fico mais nervosa com sua presença. Posso dizer até que nos aproximamos bastante nos últimos meses. Parecia um tipo de jogo, eu contava o que sonhava, e ele me dizia o contexto do que aconteceu, o que ele lembrava a respeito.

Ocorreram outros jantares, então já estava acostumada com a mansão. Acho até que consigo caminhar por ela sozinha sem me perder.

— Não sei porque ainda me surpreendo — mamãe fala ao meu lado. — Toda vez que Clarisse diz que será um encontro fechado, ela convida um quarto da cidade. — Meu pai ri com ela. Observo ao redor.

Diversos automóveis estacionados. Pessoas subiam a escada para poder entrar na mansão. Pessoas muito bem vestidas. Sempre que venho a algum evento nesse Castelo, mamãe faz questão de alugar uma roupa elegante. Hoje visto um vestido verde com alguns detalhes em vermelho. O clichê da comemoração.

Estamos no salão de visitas, um ambiente tão espaçoso que apesar da mobília os convidados podem circular à vontade.

Sentada em uma poltrona, observo mamãe conversar com uma mulher perto da porta de entrada. Vejo vários rostos conhecidos, Clarisse sempre convida a maioria para alguns de seus eventos.

Em um canto do salão está o grupo mais popular do colégio. Rafael o cara que me salvou outro dia, um baixinho que se não me engano é Júlio, e a Angélica. Eles conversam sem parar. Ricardo aparece minutos depois e se senta ao lado deles. Percebo que ele não participa ativamente do assunto, apenas balança a cabeça e solta algumas frases. Não que ele não seja assim comigo em alguns dias, já acostumei com seu jeito seriamente calado. Porém, não sei. Vê-lo ali me deixava um pouco incomodada.

Papai levantou-se da poltrona ao lado dizendo que iria procurar alguém para interagir. Dei um sorriso para ele. Não era sua culpa eu ser uma das mais novas nos eventos dessa família. Ficar sentada no canto tornou-se meu hobby, e estava tudo bem. Normalmente isso inspirava na hora de colocar no papel qualquer coisa.

— Oi, Liv. — Miguel senta no lugar onde papai acaba de sair. Por um instante penso que ele só estava esperando por isso.

— Oi, Miguel. — Viramos amigos, apesar de ser três anos mais velho que eu, Miguel parece não se importar. Já comentou algumas vezes que ele sentia falta de conversas leves. — Você sempre está presente nas reuniões dos Fernandes? — Ele também olhava ao redor sem um ponto fixo.

— Sim e não. Quero dizer, a maioria. Algumas das mais importantes. "Faço parte" da família, lembra? Meu pai que sempre acompanha a Rosa nos eventos de família. Eu venho quando dizem que preciso.

— E como está sua avó?

— Muito melhor. Ela quer te ver de novo. — Miguel me apresentou para ela em uma das vezes que fomos sair. Dona Bernadete foi gentil comigo, mas nunca entrei na casa dele para uma visita demorada.

— Só dizer o dia que irei. Gostei de conhece-la.

Falamos sobre outras coisas enquanto não dava hora da ceia. O que mais gostava em Miguel era que ele sempre tinha assunto. A conversa não morria nunca. Consequentemente olho para o lado do salão onde o grupo estava. Os amigos de Ricardo bebiam enquanto conversavam. Meu coração acelera quando não o vejo.

— Tudo bem, Liv? — Balanço a cabeça positivamente.

Minha mente estava prestes a comparar um com outro, isso já aconteceu algumas vezes. O quão perigosos são nossos pensamentos? Os dois são meus amigos e além do mais são primos. Para quê compara-los se são totalmente diferentes?

— Do nada você vai para um mundo bem longe. Já consigo identificar quando é algo bom ou ruim só por suas expressões.

— Sério? Me desculpe, Miguel. — Respiro fundo. — Mas diz aí, agora era algo bom ou ruim? — Ele solta um riso.

— Você apertava tanto a testa que fiquei esperando sair fumaça da sua cabeça. — Brincou. — Aquele ali é meu pai e ao lado a mulher dele. Gostaria de te apresentar. Vamos? — O que? Não tive tempo para processar o que ele disse. Miguel pegou meu braço direito e quando vi estava em frente a um casal. — Olívia Menezes, este é meu pai, Márcio Rodríguez. E minha mãe, Rosa Fernandes.

Sorri para ambos morrendo de vergonha.

— Que moça linda! — A mulher me abraça. O homem apenas respondeu educadamente a apresentação. — Acho que me lembro de você. Já tinha te visto antes bem mais nova aqui. Era você a amiguinha do meu sobrinho.

Minhas bochechas esquentaram ainda mais depois daquela mesma sensação do primeiro jantar aqui. Pessoas saberem mais do meu passado do que eu própria.

Márcio iniciou um assunto com Miguel, o qual não presto atenção por ele usar palavras difíceis. Não estava com paciência para traduzir para a linguagem comum, então, volto a observação do ambiente. Era um pouco mais do que onze da noite, daqui a alguns minutos iríamos para a sala de jantar. Não vi mamãe nem papai. Clarisse também não está aqui. Já devem estar se preparando para a ceia.

Meu olhar para novamente naquele canto do salão. Agora, não mais os amigos de Ricardo conversavam. Agora, estava apenas Ricardo e Angélica falando sobre algo. Dessa vez, ele participava ativamente da conversa. Sua sobrancelha arqueada em alguns momentos mostrava o quão interessado Ricardo estava no assunto.

Só percebo que analisei Angélica depois de algum tempo. Postura invejável, aparência perfeita, ela usava uma calça azul e uma camiseta vermelha que com os acessórios mostrava a qualquer um a sua posição social.

Volta a dúvida que sempre afeta meus pensamentos e permanece até hoje só por falta de coragem de perguntar.

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Oiê, para esses olhares silenciosos que acompanham meus capítulos. Espero que estejam gostando, já já acaba a primeira fase da história da Olívia. Peço, por favor, que deixem suas estrelinhas e comentários com críticas, é muito importante ter essa resposta sobre o que estou escrevendo. Beijos da autora, e até o próximo!!!

❤️❤️❤️

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