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CAPÍTULO CATORZE

CINCO ANOS DEPOIS

Chuva é calmaria. Aliás, todas as manifestações da natureza.

Chocolate quente em um dia frio salva a alma. Alivia qualquer dor. E nesse momento solto um largo sorriso. Estou melhor.

Coloco a caneca sobre a mesa e inspiro suavemente.

— Bom dia, filha. — Me beijou na testa.

— Bom dia, papai.

Ele foi para atrás do balcão da cozinha e começou a procurar algo por lá.

— Então, como foi a primeira noite aqui depois de cinco anos? — Perguntou sugestivo.

— Bom, sem contar a bagunça para encontrar as minhas coisas, foi ótima. O clima daqui ajudou.

— Imaginei que diria isso. Então me adiantei e fiz algo para te ajudar. — Bateu na bancada como se fosse tambores. Ele sempre faz isso quando vai me dar notícias boas. — Chamei a Marta para passar uns dias aqui, só até tudo se ajeitar. Assim você pode achar suas coisas mais rápido.

Processei o que ele disse.

— Verdade mesmo? — corri na direção dele e dei um abraço. — Obrigada por cuidar tanto de mim, papai. Eu te amo muito.

Tia Marta mora do outro lado dessa cidade. Sempre quando preciso de uma voz experiente e amiga é ela quem atende minhas ligações.

— Nossa. Não vejo ela desde...

Pensei alto.

— Eu sei. Eu também.

Há dois anos minha mãe faleceu. Ainda sinto forte a dor da perda. Tivemos que voltar a morar nesta casa, onde as lembranças estão grudadas em cada cômodo e móvel. Vivas, como se ela estivesse presente em todo lugar.

Meu pai sendo o principal chefe de cozinha da empresa de restaurantes na qual trabalha, teve que retornar a esta cidade. A mesma cidade em que viemos pela primeira vez sete anos atrás e há dois enterrar a minha mãe.

Tia Marta agora é minha única parente materna. Eu a amo muito.

— Vou até o restaurante, está bem? Pedi a Marta para te levar na hora do almoço.

Minutos depois que meu pai saiu, Marta chegou. Ela estava do jeito que me lembrava, se não fosse pelas marcas da idade começando a aparecer em seu rosto. Ainda assim, continuava linda.

— Que saudade, bebê. — Tia me apertou em um abraço. — Você me lembra tanto a sua mãe. — diz ela, acariciando meu cabelo. — Está pronta? João me deu uma lista de compras. — Balanço a cabeça positivamente e acompanho até seu carro.

Canobra continuava com sua beleza extraordinária. As avenidas pareciam mais belas ainda. É inevitável a comparação com outros lugares em que já estive.

Quando descobrimos o tumor cerebral da minha mãe, já estava muito avançado para ter um tratamento. Infelizmente viveu por quase dois meses. Depois de fazermos a sua vontade, que era ser enterrada perto da vovó Maria em Canobra, papai e eu viajamos de uma cidade a outra estudando vários concorrentes da empresa que era contratado. Apenas agora, papai pediu para permanecer neste restaurante e por razões pessoais não vai mais aceitar se mudar de Canobra.

Por um lado, eu sei que sua intenção é ficar mais tempo comigo e por outro, mamãe está aqui, em todos os lados. Percebo seu cansaço desde que ela se foi. Estar aqui é como se fosse um recomeço. Seguir próximo da mamãe e nossas vidas.

Quando Marta estaciona o carro um tremor percorre meu corpo. Lembranças inundam meus pensamentos.

— Mamãe me trouxe aqui quando chegamos a esta cidade. — Dei um sorriso triste. Tia apenas me encara séria. Entramos no mercado e a ajudei a procurar as coisas da lista.

— Como você acha que seu pai está?

— Acho que ele está bem. Lidando melhor agora. — Encarei a prateleira aleatoriamente. — Nós nunca paramos para conversar sobre isso.

— Entendo, querida. O luto é individual. Cada um lida de um jeito. — Ela parou e começou a contar quantas coisas faltavam. — Quando ligava para perguntar de vocês, ele sempre dizia que estavam bem e saindo.

— É, eu acho que, nunca ficar em lugar fixo por muito tempo ajudou a acalmar a saudade.

— Isso, Olívia. Isso que me deixou preocupada quando me disse que voltaria. Sua mãe nasceu aqui, viveu naquela casa com vocês. Tenho receio que voltar não tenha sido um boa ideia.

Caminhávamos em direção ao caixa. Tinha uma fila em todos eles. Então, aguardamos a nossa vez.

— Eu pensei nisso, tia. Se for o caso, acho que precisamos conviver mais com a saudade para superar isso com o tempo. Não se preocupe. — Ela me olha séria.

— Qualquer coisa não esqueça de me ligar, está bem? — concordei.

Demorou minutos para que fôssemos atendidas. Enquanto tia acompanhava a mulher passar nossas compras no computador, eu olhava para um ponto qualquer do outro lado. Tinha muitas pessoas aqui hoje, pessoas comuns como em qualquer lugar. Alguns me olhavam. Por curiosidade ou simplesmente pelo mesmo motivo que eu, distrair a mente. Até que eu reconheci alguém quase no final da linha dos caixas. Sua cabeleira castanha escura ou preta estava maior que da última vez que o vi. Ele estava mais alto e parecia mais forte. Ricardo conversava descontraído com um loiro que eu conhecia. Aquele que me salvou do afogamento. Como é mesmo o nome dele? Rafael. Canobra não é uma cidade grande, mas também não é pequena. Eu sempre tenho que dar de cara com ele sempre que chegar aqui? Coisa do destino?

— Não começa a fantasiar, Olívia. — Sussurrei.

E como se tivessem me escutado. Eles olham em minha direção. Ricardo me encara sério, mas posso notar sua surpresa quando me reconhece. Ninguém além da minha tia sabia que iriamos voltar. A última vez que estive aqui, todos sabiam por conta da minha mãe. Só ficamos por um dia. Muitos me abraçaram e compareceram ao enterro, porém não conversei com ninguém apesar da saudade que tinha dos meus amigos daqui. Aquele foi o pior dia da minha vida.

— Olívia, ei — Tia chama minha atenção. — Quer ir lá falar com eles?

— Não, não. Já terminou, sim?

— Sim, vamos embora.

Saímos dali antes que o contato fosse inevitável. Sei que não posso me esconder para sempre, no entanto, eu não quero adiantar. Digamos que eu deixei coisas mal resolvidas antes de ir embora. Para começar, Miguel. Me despedi dele junto aos meus colegas de classe, o que foi algo sistemático. Ou seja, sem conversa sobre o que houve no meu aniversário. Foi como se tivéssemos empurrado a sujeira para debaixo do tapete. A sujeira permanece lá até alguém descobrir. Em nosso caso, até nos vermos de novo sozinhos e ter certeza que isto está no passado. Eu nem sei se ele ainda vive aqui. Já Ricardo, depois daquele encontro no campo, voltei a vê-lo apenas no enterro da mamãe. Nos distanciamos. Nenhuma mensagem ou ligação dele. Apesar de Clarisse sempre se referir no plural quando me ligava. Foi como se, diferentemente da sujeira no tapete, aquele momento tivesse sido levado com o vento e esquecido. Não ousei contar a ninguém sobre os beijos que trocamos naquela tarde, acredito que ele também não. Conhecendo seu jeito duvido muito que tenha dito a alguém. As lembranças as vezes me confundem. Se só eu sei como posso ter a certeza que foi real e não imaginação dos meus desejos mais profundos? Tia Marta deve ter razão sobre sentir. Tudo isso parecia guardado a sete chaves até agora.

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Mais tarde, depois de passar o restante do dia organizando parte da bagunça com ajuda de Marta, meu quarto parecia, um quarto. As paredes estavam recém pintadas em uma tonalidade clara, e alguns móveis foram trocados por minha tia. Sentada em minha cama, tinha meu mais recente caderno de desenho. Desenhar sempre salvou minha mente da explosão de sentimentos. Meu lápis contornava um rosto que eu conhecia bem. Analisando os meus últimos desenhos tenho ideia do porque repetir o mesmo padrão. Não quero esquecer uma pinta sequer de seu rosto. Isso acabaria comigo. Como se desenha-la constantemente a mantivesse perto de mim sempre que eu precisasse. Como agora. Vejo uma bolinha de água molhar o centro do papel. Eu estava chorando silenciosamente.

— Filha — papai surge do nada abrindo a porta. Olho para ele por instinto. Quando senta ao meu lado, tira o caderno do meu colo. — Você sempre foi muito talentosa. — Ele passeava os dedos no rosto da mamãe. — Ela era tão linda.

— Sim, ela era.

Meu pai e eu ficamos minutos sentados ali sem dizer uma palavra para o outro. Isso acontecia as vezes. Só nós dois entendíamos o que ela representava em nossa vida. A saudade quando batia, era sem dó.

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Acordei com um barulho. Papai ficou comigo até eu dormir pelo que me recordo. Olhei no relógio e ainda era noite, muito tarde. Ouço o mesmo barulho. Algo bateu na janela. Pensei ser o vento, porém quando bateu pela terceira vez, me dei conta que não. Levanto-me e caminho calmamente até próximo a janela. Estava escuro, a princípio não enxerguei nada. Pela quarta vez algo bate em minha janela. Alguém estava jogando pedrinhas. Franzi o cenho. Quem ainda faz isso hoje em dia?

Abro a trave da janela e coloco minha cabeça para fora como consequência da curiosidade. Vejo aquela cabeleira novamente. Foi Ricardo Fernandes quem me acordara. Não podia ver meu rosto, mas sentia o esquentando. Posso jurar que não tinha minha melhor expressão. Ricardo ergue uma sobrancelha e em seguida sacode a cabeça. Ele fez um sinal para que eu fosse até ele. Dei de ombros e fechei a janela me afastando dela o mais rápido que consegui. Por que ele viria? Como que por que, Olívia? Minha mente me deixava mais confusa.

Faz anos que ocultei tudo o que sentia em relação a ele. E com a morte da minha mãe, nunca mais tive um pensamento sequer sobre o que deixei nessa cidade. Só voltei em um dia e tudo parece uma enchente de sensações. Vindas todas em uma única vez. Sei porque ele está aqui, ele quer respostas. Meu Deus, me guie. Eu preciso ser a adulta que sou e encarar os desafios. Minha mãe me aconselharia de tal forma. Saio do quarto silenciosamente para não acordar nem meu pai e nem a tia. Desci as escadas e mentalizei até passar pela porta. Você precisa encarar, Olívia. Tudo vai ficar bem depois disso.

— Oi, Ricardo. — Digo tentando não demonstrar meu nervosismo. Ele estava de costas. — Por que está aqui tão tar...

— Por que estou aqui, Liv? — Interrompeu, se virando para me encarar. — Você está aqui. Você voltou. — Sua voz estava grave. Um tom mais velho. Eu ainda conseguia identificar quando ele estava irritado mesmo depois de anos. — Por que não avisou? Ou pelo menos fosse me procurar? Achei que nossa amizade significasse algo para você.

— Ricardo, eu acabei de chegar. Eu ainda estou pensando em como vou refazer minha vida em Canobra. — desviei meu olhar para um arbusto qualquer. — Não nos falamos há anos, por que eu te ligaria agora para isso?

— Você está se ouvindo, Liv? Olha para mim. — Faço isso a contragosto. — A última vez que nos falamos pessoalmente  eu te disse que estava disposto a esperar por você. Você sabia disso. — Ele se aproxima de mim. — Eu queria ter falado com você no dia do enterro. Mas eu respeitei. Não era o momento. — Eu já estava com lágrimas nos olhos. Droga. — Mas agora é diferente, por que não me esperou hoje mais cedo? Fiquei tão surpreso quando te vi. Achei que viria falar comigo.

— Por que veio aqui, Ricardo Fernandes? — minha voz estava neutra. Nem sei como, por dentro meu corpo queimava. Faz muito tempo que não sinto esse calor. Ele abre a boca, mas não diz nada. Seu olhar atravessava meu corpo, como se fosse um raio.

— Eu vim porque, precisava saber da verdade. — Respirei fundo, para evitar que as lágrimas caíssem. — Você não avisou que voltaria, e fugiu de mim quando me viu. Eu preciso saber se as coisas mudaram.

— As coisas sempre mudam com o tempo, Ricardo. — Minha voz estava por um fio.

— Diga. Eu quero ouvir as palavras para que eu tenha um motivo para não te procurar mais. — Eu queria fugir novamente dele. Tenho tanta coisa na cabeça ultimamente que explicar os sentimentos que nem eu mesma entendo não ajuda em nada. Melhor não estar próxima de ninguém enquanto tento lidar com isso.

— Eu não queria te magoar, Ricardo. Sua amizade tem um significado. Mas é só isso. — Desviei os olhos rapidamente. — Ainda estou aprendendo a viver sem a mamãe, não quero ter que me preocupar com outras coisas.

— Está bem, Olívia Menezes. Não precisa se preocupar mesmo comigo.

Aperto meus olhos quando escuto o barulho da grama. Ele estava se afastando. Indo embora.

O choro que prendi fugiu sem eu perceber. Eu soluçava como a tempos não fazia. Droga. Por que isso agora? Como não tinha mais pensado nele achei que não sentia mais tudo isso. É uma bagunça, porém não posso fugir dos meus pensamentos.

Calma, Olívia. O tempo vai te ajudar, igual a antes. Limpo meu rosto com as mãos e entro em casa. Passo pela cozinha e tomo um copo de água. O silêncio logo é preenchido pelo som das folhas sendo balançadas pelo vento lá fora. Provável que chova durante a madrugada.

Volto para minha cama e me deito. A janela estava de frente para mim. Deus, diz para o meu coração que essa foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado.

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Então, leitores, gostaram do capítulo?

Preciso de críticas sinceras porque eu amei esse capítulo de um jeito que acho que estou me iludindo com a minha capacidade de escrever.😂❤️

Não acredito que me tornei quem eu mais temia: uma autora que mata os seus personagens.😭❤️

Tadinha da mãe da Olívia, gente, todavia foi um mal necessário para a progressão da segunda parte da história.

Espero que tenham apreciado a leitura, votem e comentem muito. Até o próximo capítulo!!!

❤️❤️❤️

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