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9. Um Crime na Floresta


Na vastidão silente da floresta que abraça os limites de Alto da Serra, o detetive Sérgio Mendes se viu diante de uma visão perturbadora. O verde era ofuscado pela cruel presença de dois corpos carbonizados, a morte traçando uma mancha contra o tapete. Mendes fora conduzido até a cena por um informante local, um homem que vivia na periferia da comunidade e notara movimentações suspeitas na região após avistar fumaça no céu.

Próximo a cena de crime ele agachou-se ao lado do corpo de menor porte. Parcialmente preservado pelas chamas, jazia um fragmento de tecido com a estampa de uma roupa feminina. O tecido delicado, apesar de manchado e queimado, ostentava detalhes finos e uma trama complexa.

A poucos metros dali, outro corpo repousava. Ao lado dele, Mendes notou um pedaço de tecido mais robusto e resistente ao fogo. O tecido grosso, de padrão sóbrio, parecia resistir ao tempo e à chama que consumira o resto.

O contraste entre os dois fragmentos deixou Mendes inquieto. Quem eram essas pessoas e que circunstâncias tão terríveis as uniram neste fim trágico? Seus pensamentos se desviaram para outro detalhe. Gravado na terra úmida ao lado dos corpos, um símbolo estranho. Era uma espiral cuidadosamente desenhada, e um risco formando um raio no centro do desenho.

O detetive se ajoelhou, examinando o símbolo mais de perto. Os detalhes eram fascinantes e alguém o havia desenhado com clara intenção. Ele não sabia o que significava, mas não ignoraria aquela pista.

O homem sacou sua câmera analógica, ajustando o foco antes de clicar no botão do obturador. Guardando-a novamente, Mendes Caminhou perscrutando os detalhes que a natureza poderia revelar. Acreditava que a floresta, observadora, guardava segredos e pistas que o levariam ao culpado.

Sendo assim, no canto da mata, algo chamou sua atenção: um animal jazia imóvel, vítima de alguma brutalidade. Mendes se aproximou cautelosamente. O animal, um coelho selvagem, ostentava um corte profundo e limpo. Não era obra de um predador, mas de uma lâmina afiada, provavelmente uma faca.

Logo atrás do coelho caído, havia um rastro sutil de sangue manchando a folhagem do chão, indicando um caminho que se embrenhava ainda mais nas profundezas verdes. Era como se o animal tivesse sido ferido em algum lugar distante e, em seu tormento, tivesse se arrastado até aquele ponto, abandonando um rastro macabro.

Sem perder tempo, ele seguiu as gotas vermelhas que se espalhavam na vegetação. Seu instinto investigativo estava a pleno vapor, conectando as peças deste quebra-cabeça.

Apenas alguns metros adiante, seu olhar atento se deparou com algo inusitado: uma flecha solitária jazia na grama rasteira, a ponta ainda manchada com o sangue fresco do animal. Nisso, ficou claro que o coelho não foi vítima de um predador natural, ou de uma faca e sim de um arqueiro.

A flecha parecia ter sido deslocada, provavelmente durante a fuga desesperada do coelho. Ele pode ter corrido, a flecha roçando a vegetação e eventualmente sendo arrancada por algum obstáculo ou pelo próprio movimento frenético do animal.

Ele guardou a flecha em uma bolsa junto a câmera e avançando, ele ouviu um som estridente e angustiado um grito de um veado e um disparo distante. Ele instintivamente seguiu o som, esquivando-se habilmente dos galhos baixos e das raízes escorregadias do chão.

Então, emergindo de entre os troncos de árvores grossas, ele se deparou com um homem ajoelhado sobre a carcaça do animal que havia emitido aquele último grito.

O homem, claramente um caçador, trajava roupas de camuflagem, tecidas com um material sintético de alta resistência. Seu chapéu de abas largas, feito de pele. Na sua mão, um rifle de caça de alto calibre, o cano ainda fumegante do tiro recente.

Enquanto tentava se afastar silenciosamente, Mendes acabou pisando em um galho seco que estalou sob o seu peso. O caçador virou-se abruptamente, a expressão alerta, a postura tensa.

— Quem está aí?

Ao tentar mover-se, ele fez mais barulho. Num movimento impressionantemente rápido, o caçador virou na direção do som e atirou. A bala passou zunindo pelo detetive com um estampido ensurdecedor.

— Calma, calma — Mendes disse apressadamente, levantando as mãos num gesto de paz. — Não estou aqui para causar problemas. Sou um detetive, Sérgio Mendes.

O caçador pareceu surpreso, mas não baixou a arma.

— Detetive? Que diabos um detetive está fazendo aqui no meio da floresta?

— Estou investigando um caso... encontrei dois corpos carbonizados, não muito longe daqui.

— Dois corpos, é? — Ele suspirou, passando a mão pelo chapéu de pele. — Isso é coisa pesada.

— Sim, é bastante grave... vim seguindo uma trilha de sangue de um coelho abatido por uma flecha... foi você quem fez isso?

O caçador soltou uma risada amarga.

— Olha só pra isso. — Disse, balançando o rifle na frente dele — Você acha mesmo que eu saio pela floresta matando coelhos com flechas? Isso e coisa de índio.

— Índio? Há tribos na região?

— Tem uma tribo por aqui sim — respondeu ele, num tom de desprezo. — Eles fazem umas coisas... ritualísticas, e sempre andam por aí com essas malditas flechas. Agora, se eles começaram a assar gente... aí o bicho vai pegar!

— Interessante, eu gostaria de saber mais... — Mendes ponderou em voz alta, digerindo as informações que acabara de receber. — Que tal me guiar até a aldeia?

O caçador olhou para ele, cético. — Escute aqui, detetive. Eu vivo neste lugar há muito tempo. Não vou arriscar levar uma flechada na bunda só para levar um desconhecido até lá.

— Está com medo?

— Não é medo. É precaução. Aquela tribo tem suas próprias regras e não aprecia invasores.

— Compreendo... — disse ele, ganhando uma expressão mais séria. — No entanto, se esse caso não for solucionado, quem pode garantir que a próxima vítima não será um de nós.

— Você talvez. Eu sei me cuidar.

Nesse instante, Mendes tirou um saco de moedas do bolso, avaliando os olhos do caçador. — Bem, acho que estamos perdendo tempo aqui então. Se você não vai me ajudar, eu posso ir sozinho.

O caçador olhou do saco de dinheiro para ele.

— Espera aí, detetive! — Ele chamou, com uma risada nervosa. — Não quero ser o cara que atrapalhou uma investigação oficial, quem sou eu para me colocar no caminho da lei.

Uma troca de olhares foi suficiente para consolidar o acordo. O saco de moedas mudou de mãos, e o rosto do caçador se iluminou com uma expressão de triunfo.

Com o acordo feito e a garantia de recompensa, o caçador ajeitou seu chapéu e iniciou a marcha floresta adentro, com o detetive logo atrás. O som natural da natureza era vez ou outra, substituído pelo ranger das folhas sob seus pés e pelo som distante de animais selvagens.

O caçador abria caminho pela densa mata com uma facilidade surpreendente. Enquanto caminhavam, Mendes o observava discretamente, notando um amuleto pendurado em seu rifle. Era um puma intrigante gravado em relevo.

Decidindo que seria um bom ponto de partida para uma conversa, ele quebrou o silêncio com uma pergunta casual:

— Esse amuleto no seu rifle... é um puma, certo? Tem algum significado especial?

O homem, um pouco surpreso por Mendes ter notado o detalhe, olhou para o amuleto e então para ele. Seu olhar inicialmente desconfiado suavizou um pouco.

— Sim, é um puma. — Ele respondeu. — É um lembrete de uma das minhas melhores caçadas.

— Conte mais.

O caçador lançou um olhar de soslaio para Mendes, que terminou em um sorriso malicioso — Certa vez eu encontrei um puma nesta mesma mata. Uma criatura enorme, pelo menos duas vezes o tamanho dos normais.

Mendes ergueu uma sobrancelha, mas não disse nada, incentivando-o a continuar.

— Antes disso eu seguia o rastro de um cervo majestoso. Um grande e belo alvo, eu costumava chamá-lo de "Coroado" por causa de seus belos e grandes chifres. Enquanto o perseguia, ouvi um rugido alto. Eu me virei e lá estava ele, o puma, a poucos metros de mim.

— O que aconteceu então?

— Bem, eu fiz o que qualquer homem sensato faria — disse o caçador, dando um sorriso de canto. — Saquei minha faca e encarei a fera de frente. Nós lutamos durante o que pareceu horas, mas finalmente consegui acertar um golpe nele. Aquilo foi uma caçada para se lembrar.

Mendes balançou a cabeça, rindo. Ele não tinha certeza de quanta verdade havia nessa história, mas não poderia negar que era divertida.

— Depois de toda essa caminhada, acabei esquecendo de perguntar o seu nome.

— Nome? Ah, me chamo Joaquim. Joaquim Silva. Nascido e criado nesta terra — disse ele, apertando o punho da bainha que carregava presa ao cinto.

— E sempre foi um caçador, Joaquim?

— Nem sempre. Já tentei muitas coisas na vida. Fui lenhador, ferreiro, até tentei ser fazendeiro. Mas nada parecia dar certo. Foi na floresta que encontrei meu lugar. Por aqui, eu sou o rei, eu domino.

— Você tem coragem. Não são muitos os que podem dizer que são mestres de um lugar como este.

— Coragem? Suponho que sim. — O canto de seus olhos se apertando em pequenas rugas. Com o sorriso se desvanecendo, ele se inclinou para a frente, estendendo o dedo para indicar uma linha distinta de árvores à frente deles.

— Estamos nos aproximando da aldeia.

— Perfeito. — Mendes respondeu, aliviado.

— Acho que temos tempo para mais uma história antes de chegarmos. — Disse o caçador empolgado — Uma vez um javalizão...

Ele parou abruptamente, um som estrangulado escapando de sua garganta. Ele levou a mão ao pescoço, seus dedos fechando-se em torno de um objeto pequeno. Quando ele removeu a mão, um dardo estava nela.

— Joaquim!

O caçador caiu no chão, convulsionando antes de ficar completamente imóvel. Mendes, correu na direção dele, mas não chegou a alcançá-lo. Uma sensação súbita e intensa de tontura o atingiu, e o mundo à sua volta começou a girar. Ele mal registrou a dor em seu pescoço antes que tudo ficasse preto e ele caísse no chão, inconsciente.

Conforme sua mente afundava, uma torrente de imagens desconexas passava pelo cérebro: O rápido golpe, uma jovem caída. A lâmina recuperada - a moça de novo... quem era ela? Uma tentativa desesperada de alcançá-la. Um grito... A faca sendo cravada. O embate final. A visão macabra dela morta. 

Com um sobressalto, ele despertou. A claridade da luz o fez piscar e a cabeça pulsava como se uma banda estivesse tocando lá dentro. Ele estava deitado no chão de uma espécie de cabana, o corpo amarrado e uma dor maçante irradiando do local onde o dardo o atingira.

Ao seu lado, viu Joaquim também amarrado, o caçador ainda parecia estar recuperando a consciência. Antes que pudesse falar alguma coisa, vozes foram ouvidas, seguidas de passos apressados do lado de fora.

— Isadora, eles acordaram!

Mendes apertou os olhos, observando a mulher de cabelos escuros que caíam até os ombros e olhos negros, havia algo nela que despertava um resquício familiar em sua memória.

— Isadora...? — Murmurou ele, estranhando o conforto do nome em seus lábios enquanto sua mente se abria para um mar de perguntas sem respostas.

A jovem, que estava com uma expressão séria, cruzou olhar com um dos indígenas ao seu lado antes de balbuciar algo em uma língua desconhecida. Eles acenaram para ela e rapidamente desapareceram pela porta da cabana.

Ao seu lado, Joaquim, ainda desorientado pelo desmaio recente, tentava entender o cenário a sua volta. Deitado no chão, os braços e pernas amarrados, ele virou-se para a moça e perguntou:

— O que é isso, uma festa surpresa?

Ela lhe deu um olhar repreensivo antes de responder:

— Vou levá-los para conhecer Wai'ana. Ela gostaria de vê-los.

— E quem é essa aí?

— Ela é a líder da aldeia. Então, mantenham o respeito quando estiverem na presença dela.

Joaquim deu uma risada baixa, abafada pelo chão de palha sob seu rosto.

— Respeito, huh? Vou anotar isso...

Antes que pudessem continuar a discussão, um grupo de indígenas entrou na cabana. Com um gesto de Isadora, eles se agacharam e começaram a mover os dois homens amarrados para fora. Eles eram tão fortes mesmo Joaquim e Mendes sendo homens de porte, eles conseguiram transportá-los com surpreendente facilidade.

À medida que os membros da aldeia carregavam seus corpos amarrados, o detetive lutava para manter a consciência. A dor em sua cabeça pulsava em um ritmo constante, e a adrenalina do medo e da confusão bombeava por suas veias. Tentando evitar o escuro que ameaçava cobrir sua vista, ele se concentrou em organizar os pensamentos caóticos que atormentavam sua mente. Ao lado deles, Isadora caminhava decidida. Guiando o incomum cortejo pelas vias de terra batida.

Mendes espiava através das fendas de seus olhos semicerrados. A aldeia era um labirinto de cabanas de bambu com tetos de palha. Crianças brincavam, adultos conversavam e trabalhavam - uma vida comum que prosseguia apesar da intrusão dos estranhos.

Em um ponto elevado da aldeia, uma tenda maior que as demais se destacava. Era para lá que eles estavam sendo levados. A entrada do abrigo era decorada com símbolos coloridos e exóticos.

No interior da tenda, uma figura sentada, com postura ereta e dominante vestia-se de maneira simples, mas elegante. Uma túnica de algodão tingida em um tom suave de azul adornava seu corpo, decorada com padrões intrincados bordados à mão e os cabelos grisalhos e longos descendo pelas costas. Ao seu lado, repousava uma bela ave, com penas de tons similares ao da túnica.

Isadora adentrou primeiro, com Mendes e Joaquim sendo arrastados atrás dela pelos homens. Ela parou a uma distância respeitosa da anciã no centro da tenda, enquanto os indígenas, colocavam Mendes e Joaquim de pé de frente para elas. Alguns se retiraram, deixando apenas três homens pintados posicionados como uma barreira ao lado da figura empoderada.

Um deles era jovem, com linhas delicadas e promissoras no rosto; o outro, notavelmente alto, destacava-se entre os demais. O terceiro era musculoso, com cabelos longos e trançados.

A mulher no centro se apresentou: — Eu sou Wai'ana, a líder dos Wanakauas. Digam-me, quem são vocês e o que querem aqui?

— Meu nome é Joaquim, e quero dizer uma coisa... — Ele olhou em volta. — Que péssima recepção a de vocês.

— Não brinque. Você e seu companheiro são estranhos em nossas terras, e sua presença aqui não é bem-vinda.

Joaquim ergueu as mãos amarradas. — Bom minha senhora, eu não sei o que andam falando de mim por aí, mas a última coisa que eu quero é dar dor de cabeça para a sua aldeia.

— Então me explique, o que estavam fazendo aqui juntos, tão longe da cidade.

Ele soltou uma risada abafada. — Estávamos apenas dando uma voltinha, olhando a vista. Nunca se sabe o que você vai encontrar no meio da floresta.

— Iaraú, meu filho, diga o que viu quando encontrou esses homens.

O indígena mais alto que ajudou a carregá-los, acusou com uma convicção fria. — Ele está mentindo. Quando os encontramos, estava armado, vindo em nossa direção.

— Você me viu armado porque eu sou caçador, mas pode ficar tranquilo, porque as únicas coisas que caço têm quatro patas e não fala. — Disse, virando o pescoço para o garoto mais jovem ao lado da líder.

As mãos do menino tremiam, torcendo um pedaço de pano de forma nervosa. As pernas estavam inquietas, e ocasionalmente lançava olhares furtivos para os prisioneiros.

— Ei garoto, é seu primeiro interrogatório? — Zombou Joaquim.

O garoto tropeçou ao dar um passo para trás equilibrando-se no homem mais parrudo, que o segurou pelo ombro.

— Tudo bem Turi — disse o homem forte antes de mirar o caçador. — Não fale com meu irmão.

Joaquim levantou as sobrancelhas, avaliando o novo interlocutor. — Ou vai fazer o que?

O homem deu um passo à frente, mas Wai'ana esticou seu braço impedindo que ele prosseguisse. — Deixe que eu resolvo isso Kaimbe.

Parecendo discordar, o indígena assentiu, então Wai'ana apontou seu dedo para Mendes.

— E você? —Perguntou ela. — O que fazia junto a ele nessa floresta?

Mas o detetive permaneceu calado, seu olhar vago como se estivesse perdido em algum lugar longe dali.

— Me responda!

Nenhuma resposta.

— O que aconteceu com ele?

Joaquim deu de ombros. — Como eu vou saber. Foram vocês que nos drogaram. Tem pessoas que são alérgicas.

— Me diga, o que ele é seu, caçador!

— Ele não é nada meu — esbravejou Joaquim — este homem se diz detetive e me ofereceu dinheiro para trazê-lo até aqui, pois estava resolvendo um caso de assassinato.

— Assassinato? — Isadora questionou — Wai'ana, ele sabe de alguma coisa.

Com uma expressão grave, Wai'ana levantou uma mão e fez um gesto brusco para Iaraú. Ele entendeu o sinal e se aproximou de Mendes, acertando uma lança com força controlada em suas costelas.

Um grunhido de dor escapou dos lábios do preso enquanto ele lutava para recuperar o fôlego. A dor aguda trouxe-o de volta do transe em que estava, e seus olhos focaram em Wai'ana.

— Mantenha o foco, detetive. — A voz dela estava tão fria quanto seu olhar. Ela queria respostas, e a paciência estava claramente se esgotando. — Agora nos diga sobre o assassinato.

Mendes tentou colocar seus pensamentos em ordem, mas ainda era muito difícil.

— Estava... — Ele parou, tossindo um pouco, a dor o fazendo estremecer. — Investigando corpos... dois corpos.

Isadora cambaleou para trás. Seus olhos dilataram-se em medo e tristeza.

— Eu... — continuou ele, mas suas palavras morreram em sua garganta. Uma dor súbita atingiu sua cabeça, era como se algo estivesse tentando empurrar um caminhão para fora de seu crânio. Mendes grunhiu de dor, fechando os olhos com força. As mãos se contorciam nas cordas que o prendiam, os nós dos dedos ficando brancos com a tensão.

— Detetive... — chamou Wai'ana com a voz impregnada de urgência. — Precisamos saber. Onde você encontrou os corpos?

— PAREM... eu não sou... Essas memórias. Não são minhas... é como se viessem... de outra pessoa.

Fixando-se em Mendes, um vislumbre de choque se estampou em Isadora que indagou:

— O que você quer dizer com "de outra pessoa"?

— Desde que acordei... eu... parece que estou vendo coisas... Lembranças..., mas não são minhas. É como se... eu fosse...

Joaquim se mexeu desconfortavelmente, olhando Iaraú. — Ei, amigo... você não teria batido nele com força demais?

— Calado, verme. — Disse ele.

— Mãe... — Kaimbe chamou a líder, surpreso. — Isso é impossível.

— Impossível ou não, precisamos que ele se lembre dos corpos.

Em seguida, ela virou-se para a jovem mulher ao seu lado, assumindo um tom mais suave.

— Isadora... Saia e traga o Kachiri. Precisamos dele.

A jovem concordou com uma nuance de emoção turvando seus olhos antes de deixar a tenda.

— O que está acontecendo aqui? E quem é esse... Kashiri, Kachori, seja lá quem for? — Perguntou Joaquim.

— Para que seu companheiro nos diga tudo que sabe. Usaremos o Kachiri, essa bebida pode desbloquear memórias profundas do cérebro. — Explicou a líder.

— Eu também tenho uma bebida que pode fazer a mesma coisa. Ela se chama cachaça.

— Eu já pedi para você se calar, caçador! — Iaraú retorquiu.

— Eu posso estar amarrado, mas ainda tenho voz. É por isso que a cachaça ainda é minha amiga, mesmo que vocês não sejam.

— CHEGA! — Gritou Wai'ana cortando a conversa. — Kaimbe, desamarre o detetive.

Ele obedeceu sem questionar, agachando-se para soltar as cordas que o prendiam. À medida que as amarras se afrouxavam, Mendes sentiu um alívio espalhar-se por seus músculos tensos.

No entanto, antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, a entrada da tenda se abriu, e Isadora entrou de pé com um jarro de cerâmica preso em suas mãos. Suas bochechas estavam úmidas como se tivesse acabado de secar lágrimas dos olhos.

— Isadora — chamou Wai'ana, gentil contra o silêncio da tenda. — Leve o detetive à nascente Yãmîy. O Kachiri deve ser tomado na presença das águas sagradas.

— E quanto a mim? — Perguntou Joaquim.

— Você será sacrificado.

— O QUE?... Não encostem o dedo em mim!

A objeção do caçador foi ignorada por Iaraú que se aproximou e espetou algo em seu pescoço, fazendo-o soltar um grunhido estranho antes de fechar os olhos.

— Espera aí, o que estão fazendo? — Questionou Mendes cuja cabeça ainda latejava.

— Não sacrificamos ninguém aqui, detetive. — Disse Wai'ana. — Seu amigo só está desacordado porque não aguentávamos mais ouvir a voz dele. Agora, você e Isadora têm um compromisso com a nascente.

Wai'ana estendeu a mão para a moça, acariciando suavemente sua bochecha antes de fazer um gesto em direção a Mendes. — Vá agora, Isadora. Faça como eu disse.

A garota virou-se, dirigindo ao detetive um olhar cauteloso antes de pedir para que ele a seguisse.

— Mãe, deixe-me ficar de olho neles. — Iaraú se adiantou.

— Não, Iaraú. Fique aqui. — Disse ela, antes de apontar para seu outro filho mais forte. — Kaimbe. Acompanhe-os, por precaução.

Em concordância, ele seguiu atrás dos dois que se afastavam do grande abrigo, rumo às águas sagradas.

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