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41. O Retorno


Assim que Mendes e Kaimbe terminaram de arrumar as varas de pesca, ambos lançaram as linhas ao mar.

— Você já sabe o que vai fazer depois que isso acabar?

— Não... ainda não. Continuo tentando convencer Isadora de voltarmos juntos, mas ela continua insegura.

— Eu a entendo. Mas ela ainda pode mudar de ideia.

— A conhecendo bem, talvez não. Mas e você? O que vai fazer?

— Honestamente não faço ideia. Não sei se vou aguentar o luto. E esse passado podre da minha família me decepciona cada vez mais.

— Esses erros não são seus.

— Mas me sinto perturbado.

Diziam o que sentiam e acreditavam e, imersos no diálogo, quase não notaram as ondas que balançavam levemente o barco.

— Acabei de perceber que precisava disso... de um tempo, mesmo sabendo que é algo que nunca dura.

— Se conseguimos pegar algo bom hoje, fico satisfeito com a duração...

Uma onda mais forte perturbou o transporte, e sentindo um leve desconforto, Mendes olhou para o horizonte, vendo que as nuvens continuavam iguais.

— Sabem que estamos aqui?

— O casal? Não, não sabem. Mas esse é o mínimo que merecemos por aturá-los.

Após o dizer, a linha de Mendes recebeu um puxão.

— Olha só... peguei algo.

— Já?... Traz ele para nós.

— Parece ser grande.

A água estava subindo, e o barco movia-se mais notável. Mendes teve que se concentrar para manter o equilíbrio.

— O mar está ficando mais agitado — Kaimbe comentou.

— Sim, talvez uma tempestade pode estar se formando. — A água bateu contra o barco, jogando respingos em suas pernas, porém, ele continuou a puxar a linha. — Esse peixe está brigando muito.

Kaimbe não falou, fixando o oceano em um sério semblante. Outra onda os desequilibrou, jogando mais água salgada sobre eles. Mendes quase perdeu a vara, mas conseguiu segurá-la a tempo.

— Isso está ficando perigoso. — disse Kaimbe.

— Talvez devêssemos parar.

Não devendo mais ao tempo, a concordância os levou a libertarem o peixe e guardarem os equipamentos, evitando ceder as ondas que atacavam e o céu que ameaçava soprá-los dali para a aproximação de uma tempestade.

— Vamos nos abrigar antes que o tempo piore. — Mendes aconselhou.

Então os dois rumaram para a segurança da cabine. Do lado de dentro, sentindo o barco vivo.

— Espero que passe. — Mendes fechou a porta e olhou para Kaimbe.

— De preferência que passe por nós e nos esqueça.

Mas alguém não se esquecera. A porta da cabine se abriu estrondosamente. Isadora entrou apressada, o rosto assustado denotado os olhos arregalados, enquanto arfava para recuperar o fôlego.

— Preciso da ajuda de vocês!

— Para que? — perguntou Kaimbe.

— O bebê de Aurélia... ele vai nascer... em pouco tempo, e ele nascerá... morto.

— O que, Helena? Do que está falando?

Isadora ergueu a ampulheta em mãos, sua luz lambeu as paredes de dourado. — Eu usei a ampulheta... voltei no tempo.... Eu já voltei duas vezes, e nas duas, o filho de Aurélia morre.

Mendes entreabriu os lábios. — Não creio que isso foi... quer dizer, que isso vai acontecer hoje.

— Vai acontecer em pouco tempo... Eu pensei que, se eu voltasse, poderia fazer algo diferente. Talvez conseguir ajuda antes que fosse tarde.

— Duas vezes... — Kaimbe murmurou, olhando o objeto brilhante com medo e fascínio.

— Espera... — Mendes apertou os olhos em direção a Isadora. — Que dia é hoje?

— Hoje... hoje é 16 de junho.

— 16 de junho?!...

— É... é sim. O que tem a ver?

— Eu nem me dei conta dessa data — ele balançou os braços — Hoje era para ser o aniversário do meu avô. Não é possível!

Mendes deixara o detalhe escapar. E tudo que Isadora acabara de dizer a respeito da morte do bebê, não alçava mais o absurdo, a história tinha sua veracidade. Embora a ideia fosse apavorante e desejasse que 16 de junho fosse uma peça pregada por sua mente, não havia enigmas, aquele era o mês e o dia em que Antônio Menezes nasceu.

— Deve ser tarde para pensar nisso. — diz Kaimbe.

— Então e agora? — Isadora questiona. — Só consegui pensar em falar com vocês.

— Helena, por que você não voltou mais no tempo para nos impedir de fazer essa viagem? Assim, Aurélia poderia ter o bebê em Várzea.

— E-eu pensei em fazer isso. Mas a ampulheta me trouxe para cá.

— Você não deve estar se concentrando direito aonde quer ir.

— Sei que não estou pensando direito. Ver o bebê morrer em meus braços foi terrível... e esse bebê ser o seu avô, uma pessoa próxima que eu sempre considerei, é pior ainda. Então eu me sinto culpada por ter falhado com vocês. Talvez eu esteja desconcentrada porque tudo que eu queria era saber que fui eu quem o salvou depois de tê-lo perdido.

O drama, desencadeou pena a angustiada moça. Essa, havia acreditado que poderia manter o controle, porém as ondas que balançavam, zombavam dessa noção. Vê-la enfrentando fantasmas de um futuro nada exato, apenas intensificava sua própria sensação de desespero.

Ao lado, Mendes somava os fracassos e perdas, junto aos erros de sua família que tragava-o para um abismo do qual não sabia como escapar. E agora, sabendo que o bebê de Aurélia poderia morrer, sentiu que estava prestes a ser tragado por completo.

— Se é assim... não sei o que fazer. — Nenhuma imagem trouxe a Mendes a resposta que precisava.

— Precisamos falar com Antônio e retornar para a cidade — sugeriu Kaimbe.

— Isso não vai funcionar — Isadora repreendeu rapidamente. — O bebê vai nascer agora. Não vai dar tempo, e já que falou em Antônio... é melhor ficar longe dele.

— Por quê? do que você tem medo?

— Tenho medo de você matá-lo. — O pé dela fez uma tração no piso após uma curva, quando voltou à postura, perguntou preocupada: — Por que o mar está assim? Não estava assim antes.

— Não importa agora. — Involuntariamente, Mendes ignorou o comentário. — Olha, precisamos falar com o casal. Não há muito que possamos fazer.

— Eles vão tentar ficar com a ampulheta de novo, e o parto vai acontecer de qualquer forma — Isadora rebateu. — O que eu posso fazer é me esforçar para não deixar o bebê morrer dessa vez.

E essa morte era fora de cogitação, ou os últimos fragmentos de Arthur se tornariam um bocado de memórias de um futuro inexistente.

— Não está nada bem, mas... O que precisa para salvar meu avô?

— Preciso que você abra o armário, por favor.

Ele teria perguntado, mas não estando em suas condições habituais, ele não hesitara em caminhar até o armário no canto da cabine e o abrir. Dentro, avistou uma variedade de itens: instrumentos náuticos, roupas de chuva, e uma outros objetos jogados.

— O que exatamente estou procurando?

— O kit de primeiros socorros!

— O kit... certo. — Mendes vasculhou entre os itens, jogando algumas coisas de lado até encontrar a caixa branca. Ele a agarrou e se virou para Isadora. — Aqui está!

— Perfeito! Então, agora vamos falar com eles... — disse Isadora, já se movendo em direção à porta.

— Algum plano? — Kaimbe perguntou.

— Improvisaremos.

No exato momento em que ela estava prestes a sair, a porta se abriu com força, quase a derrubando. Aurélia entrou com um jeito arrogante.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou Isadora, tentando ser calma.

— Você não está vendo que vai ter uma tempestade?

Mendes balançou a cabeça. — Onde está seu marido?

— Na cabine de comando, tentando evitar que o barco afunde — respondeu ela, antes de ser desequilibrada por uma virada repentina do barco.

Isadora estendeu a mão, ajudando-a a se estabilizar. — É melhor você se sentar. Temos que conversar.

Aurélia, a olhou desconfiada, até um balançar da cabine a fazer obedecer. Ela se acomodou em uma cadeira e após fazê-lo, pousou as mãos na barriga perguntando:

— Sobre o que você quer conversar?

— É sobre o bebê.

A senhora arregalou os olhos. — O que tem ele?

Isadora não deixou com que as caras ansiosas de Mendes e Kaimbe fugissem do alcance. Tê-las visto, a levou a buscar por outra expressão para o próprio rosto, alguma que se encaixasse melhor ao que diria a seguir:

— Você irá entrar em trabalho de parto em poucos minutos.

— Você só pode estar brincando.

— Estou dizendo a verdade.

Aurélia bufou. — E você é o quê? Uma inútil! Use a ampulheta e nos livre desse pesadelo. É óbvio que hoje não era um bom dia para sairmos da cidade.

Isadora balançou a cabeça. — Eu não consigo. E cada vez que volto, as coisas pioram.

— Então me dê ela de volta! — Exigiu Aurélia, estendendo a mão. — Se você não tem capacidade de usá-la, deixe com alguém com experiência.

Isadora cobriu a ampulheta entre as mãos. — Eu não vou discutir isso outra vez.

— Há, espera... é verdade. — Aurélia estreitou os olhos. — Já voltou no tempo, não é? O que aconteceu antes de você voltar?

A outra calou-se, porém Aurélia não desistiu. — Responda!

— Não importa.

— O que aconteceu?! — Aurélia gritou, no mesmo instante em que um trovão explodiu do lado de fora, fazendo Isadora vibrar com o som súbito.

— O bebê... e você... não sobreviveram.

Aurélia paralisou, e de alguma forma, empalideceu ainda mais a pele. Mendes assistia ao drama de proporções trágicas, em que a vida de seu avô era posta à prova. A pressão queria comprimi-los mais naquele espaço. Mendes ouviu a voz de Isadora travar, tremendo no limite em que estava, com as fibras do corpo pedindo por alívio e uma fácil resolução. Aurélia, se levantou para enfrentá-la, fazendo Isadora recuar um passo. Mendes desejou que a tensão não vasasse mil litros de discórdias, e, ficou paralisado na gravidade do pensar e o agir.

Aurélia, cujo vulcão de emoções estava quase em erupção, transparecia um pavor na camada mais funda da pele. Mendes observou através daqueles olhos, que sob toda a bravata, havia uma mãe em desespero.

— Você quem fez isso, com seu amadorismo! — ela refere-se a Isadora. — E não fará nada com meu filho ou comigo!

Aurélia não conseguiu conter a fúria e, em um impulso, lançou-se para cima de Isadora, tentando arrancar a ampulheta de suas mãos. Isso acionou instantaneamente uma alavanca interna de Mendes, que junto de Kaimbe avançou para separar as duas mulheres, mas antes que pudessem fazer algo, uma força os lançou violentamente ao chão.

Mendes caiu num baque elevado, sentindo uma dor atravessar sua costela. O kit de primeiros socorros voou de sua mão, espalhando seus conteúdos pelo chão da cabine. Atordoado, ele olhou ao redor, vendo os outros também caídos. Ele acariciou a costela enquanto os objetos eram derrubados das prateleiras.

Do outro lado, Mendes ouviu Kaimbe chamar por Isadora. A garota, mostrou-se igualmente confusa e, ao levantar o pescoço se choca mirando Aurélia caída, inerte, mesmo com Isadora chamando por ela.

— Ela está bem? — Kaimbe perguntou.

— Acho que sim. — Ela checou seus batimentos. — Mas está inconsciente.

De repente, uma onda violenta bateu contra o barco, e uma torrente de água invadiu a cabine. O líquido espalhou-se gelado pelo chão, alcançando as pernas de todos. Mendes tentou se levantar, mas a sua costela e a força do barco dificultaram a tentativa.

Isadora segurou a cabeça de Aurélia para afastar a água de seu rosto. — Preciso de ajuda! — Gritou ela olhando para as pernas dela. — A bolsa estourou!

Kaimbe, ergueu-se e avançou até as duas mulheres.

— Droga! — Exclamou Mendes, levantando os braços encharcados. — Precisamos do kit!

Mendes girou o pescoço e avistou a caixa aberta caída a quase dois metros de distância, com objetos espalhados. Automaticamente, ele cambaleou alguns passos até ele, agachando-se quando esse estava a sua frente.

Se esforçando para recolher os itens, ele sentiu uma pontada do lado. Sem conseguir ignorar o frio e a dor, pegou a caixa, colocando o que devia dentro dela. De repente, um balanço o fez perder um pouco o equilíbrio que tinha, levando-o a colidir contra a parede ao lado. Molhado e ofegante, Mendes ficou de pé outra vez, agarrando-se a qualquer coisa estável que encontrasse. Com uma mão apoiada, ele se aproximou de Isadora, conseguindo entregar a caixa a ela.

— Ajude Antônio com o barco! — gritou Kaimbe para Mendes.

— Tem certeza?

— Pode ir! — confirmou Isadora. — Kaimbe e eu cuidamos do bebê.

Na hora, algo tocou seu pé. Mendes num susto mirou o chão, avistando a ampulheta ali, meio submersa na água. E além de seu comum aspecto, havia um estranho brilho laranja emanando de suas marcas, dando a impressão de que estivesse pulsando energia.

A força iluminante, lhe causou estranheza suficiente para abaixar-se e recolhê-la. Quando seus dedos tocaram o vidro, o brilho começou a enfraquecer, como uma chama que luta contra o vento. Mendes levantou a ampulheta na frente de seus olhos, observando enquanto o brilho laranja desaparecia lentamente.

— Vocês estão vendo isso? — Ele percebeu que a areia de dentro não havia sido transportada para o outro bulbo.

Não era para o objeto estar funcionando. Assim como um rádio não ligaria sem estar conectado a uma fonte de energia.

Isadora estava com uma mão sobre a barriga de Aurélia, e Kaimbe, ao lado, paralisado no vislumbre do brilhante artefato. A água entrava, ainda jogando mais objetos à deriva pela cabine.

— Eu... não tenho certeza do que estou vendo... — respondeu ela.

— Isso era para acontecer?

— Eu... eu não sei... mas, mesmo assim... você precisa ir, Arthur... o barco!

— Deixe ela com a gente — Kaimbe estende a mão. — Rápido!

Abandonando o estupor, ele não hesita em entregar a ampulheta a Kaimbe que segundos após tocá-la, diminui seu brilho até desaparecer. Mendes aloca a imagem do brilho a outro nível de prioridade em seu cérebro e se retira para o exterior da sala.

O cenário de dentro, era incomparável ao de fora. Ele recebeu em instantes o vento molhado em sua face. As ondas violentas e a chuva castigavam a monstruosa vista. Mendes lançou-se em direção a cabine de comando e, alcançando a entrada, encontrou Antônio em seu esgotamento com olhos vidrados, brigando denodadamente para manter a estabilidade do barco. As mãos, agarravam-se ao leme, enquanto os braços tremiam como ramos frágeis ao vento.

— Não me perturbe! — rugiu ele entre dentes cerrados, e a voz abafada pelo clamor do mar.

E sem replicar, Mendes posicionou-se ao seu lado, estudando o painel de controle, tentando se localizar. Subitamente, Antônio escorregou, e suas mãos deslizaram do leme. Mendes, em presteza, o segurou a tempo de evitar que o barco se desviasse do curso. Antônio, sem equilíbrio, agarrou-se às vestes de Mendes.

— O que precisa?... vim ajudar!

— Há... que ajudar?... — Ofegou Antônio, retirando uma bússola de dentro das vestes e lhe mostrando. — Então ajuste para noroeste... Não estamos na direção correta

A nau frágil era folha ao vento, castigada pela fúria dos elementos. O horizonte se perdia em brumas e nevoeiros à medida que os feixes de sol ficavam ocultos por um véu tenebroso. Porém, as mãos que guiavam eram vindas do marinheiro Arthur, vivo como Mendes, que na ocasião, ajustava o leme entre pensamentos incertos a cada instante que as ondas ameaçavam engolfar o barco.

— Mais firme! Não deixe o barco virar...

O barco sacudiu violento e a chuva torrencial ajudou a obscurecer a visão além do vidro embaçado e molhado da cabine.

— Estamos chegando?

— Deveríamos estar.

Era difícil enxergar, Mendes, com suor pelo rosto, sentiu o sal queimar-lhe os olhos. O mar rugia como um leviatã enfurecido. O transporte não poderia ficar à deriva. Ele corrigiu o barco mais uma vez contra o combate das ondas que lhes ameaçavam.

— Não estou conseguindo ver nada! — Uma hora, a frustração transbordou em palavras.

— Maldita tempestade, não há nada visível! — exclamou Antônio, girando a pescoço. — Cuidado... mais uma onda alta vindo!

A onda atrás se ergueu como uma barreira. Mendes segurou o leme com todas as forças. A água espirrava contra o vidro da cabine sem piedade.

— Segure-se! — gritou Antônio, mantendo o equilíbrio.

O barco se inclinou tanto que pareceu que tombaria, porém, por sorte dos mares, após o choque, estabilizou-se com a cena da onda partindo. Subitamente, uma tênue luz surgiu à distância, como um lampejo errante na vastidão das trevas. Antônio abriu mais os olhos, apontando na direção daquela estranha claridade. — Estou vendo algo!

Mendes apertou os olhos, também tentando discernir a origem da claridade, que pulsava como o batimento de um coração perdido na noite. — É um navio?

A luz tornava-se nítida e constante. Aos poucos, os olhos dos homens conseguiram enxergar a silhueta pertencente a uma estrutura alta que despontava na linha do horizonte com sua austera existência.

— É um farol? — Antônio não segurou a histeria quando a imagem se confirmou.

A forma da torre se definiu ainda mais, emergindo inteira do manto de chuva como o guardião do litoral. Alívio lhes banhou de segurança no frenesi. O farol, tornou-se meta. Mendes ajustou o leme, guiando o barco na direção da luz intermitente que rompia a escuridão. As ondas subsequentes que chocavam-se, ficaram menos ameaçadora com a visão da luz à frente.

— Chegaremos!

Com a segurança ao alcance, o desespero se dissipava. Finalmente, após o esforço hercúleo, o barco alcançou a segurança da costa. Navegaram até verem as ondas grandes quebrarem suave contra a areia da praia da cidade que em uma vida cresceu. Quando o barco parou, Mendes e Soares entreolharam-se para abrirem a porta e darem seus primeiros passos fora da cabine.

Ali, vivenciaram a praia que estava escura por conta das nuvens. Mesmo com a visão, era um erro duvidar de sua beleza, graças as suas dunas suaves e vegetação esparsa, assemelhando-se a um paraíso durante o dia chuvoso. A tempestade ainda persistia, embora a chuva tivesse diminuído para uma garoa fria. Pássaros evitavam se aventurar para fora de seus esconderijos para saudar a tempestade. As pegadas dos homens na areia molhada, tinham vestígios de vidas que vagearam antes de sua chegada. Antônio olhou para fora do barco que apenas balançava suave nas ondas ainda agitadas, dizendo em preocupação:

— Preciso ver Aurélia agora.

— Agora não! — Mendes estende a mão tentando detê-lo, mas o outro se adiantou na direção da outra cabine. — Espere! Ela pode estar...

Mas não houve tempo de completar a frese, pois o homem já havia escancarado a porta, impelido pelo desespero que lhe corroía o peito. Após a cabine, viu o recinto encharcado, objetos dispersos em desordem por todos os lados. E no âmago do caos, Aurélia jazia no chão de olhos fechados, envolta por uma poça do próprio sangue. Ao seu lado, Kaimbe mantinha-se ajoelhado com Isadora por perto. Ela estampava a angústia na face enquanto nos braços, sustentava um bebê cujo choro batia nas paredes da sala.

— O que...? — Antônio cambaleou pela tragédia que se abatera sobre ele, se ajoelhando ao lado do corpo da mulher, tocando seu rosto, tentando compreender o que houvera. — Não... não Aurélia...!

O choro do bebê vinha de perto, porém distante suficiente do entendimento de Antônio para que ele ouvisse. Em um relance olhou para Isadora, que tentava consolar a criança nos braços antes de retornar à atenção para a amada.

— Não é real... acorda! — repetia, acariciando o cabelo da esposa. — Não vá assim... Aurélia, por favor!

— Antônio... — Isadora chamou

— Me deixe!

— E-ele sobreviveu... — ela mostrou a criança a ele — seu filho está bem.

— Me-eu... — Ele fungou o nariz — não... não... eu não vou... eu não vou conseguir sem você Aurélia!

— Olhe para ele.

— Nã-ão, não... Deus!

— Antônio! Pegue ele...

— E-ele?

— Sim!... Antônio... é um menino.

— Um me-enino?

— Isso, ele é seu.

Antônio levantou o queixo, e uma gota de lagrima pingou da ponta do nariz. Isadora estende o bebê a ele na altura dos olhos, que eram mais parecidos com os dele do que os da mãe.

Reciprocas era as mãos quando Antônio recebe sua versão mais nova, mais frágil e mais amada, quase com medo de tocá-lo e, vê-lo evaporar.

Encarou o primogênito de pele rosada. As lágrimas que ele não tentava conter, escorreram livremente, molhando o pequeno rosto do bebê. Ele visualizou o filho, encantado com todos os traços delicados em uma mistura dele e de Aurélia, cujo filho não iria conhecer.

— Aurélia... — Seus olhos brilharam e ele se curvou, beijando a testa do bebê com uma ternura infinita, enquanto a tristeza e a esperança se uniam em seu coração. Mesmo dolorosa a perda da amada, Antônio segurava ali a razão para continuar. A pequena vida que dependia dele, sua maior missão, seu maior consolo. — é nosso filho... meu amor.

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