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26. Verdades e Disfarces

— Isto foi por você, Deucalião! Por que foi com eles? Eu te disse, te implorei, e agora...

Pirra virou-se, olhando para os animais nas gaiolas e jaulas com carinho distorcido.

— Todos da Seita... Eles pensam que são salvadores, mas são monstros. O levaram; me prenderam; me machucaram. Mas eles verão Deucalião!

Escutando os lamentos, Mendes emergia em pensamentos melancólicos e sombrios, vendo a presença de Paulo, ali voluntariamente a seu lado. Essa presença que o fazia pensar em Joaquim, levado à morte por sua persuasão. A culpa o espreitava, como sempre, mas a força de Paulo, nascida do companheirismo, tornava tudo ainda mais complexo.

Observando Pirra, a mulher cuja loucura era uma resposta à sua própria perda, o fez se sentir responsável pelo perigo em que seu amigo se encontrava. "Não é como com Joaquim", dizia a si mesmo, mas isso pouco importava. Era mais do que apenas escapar; era uma luta para salvar todos ali, cada um perdido à sua maneira, cada um, vítima de um jogo maior e mais cruel. Mendes e Paulo cruzaram olhares.

— Você tem um plano? — Mendes sussurrou.

Paulo negou e Pirra, a dois metros, parou abruptamente, olhando fixamente para uma das gaiolas.

— Não se preocupem. Não vão nos machucar queridinhos.

Mendes avaliava o cenário, percebendo que precisava agir de forma inteligente. Em sua mente, as opções se desenrolavam como peças de um jogo premente.

Revelar a Verdade? Ele ponderou sobre essa possibilidade. "E se eu dissesse a verdade? Que não somos perpétunos". Essa opção poderia desencadear uma reação imprevisível. A verdade completa vinha com o fato dele ter ficado do lado dos indígenas que mataram o marido de Pirra... muito arriscado. Mas por outro lado ele poderia negociar a segurança de Paulo.

Dizer meias verdades? "E se, em vez de inventar uma identidade, usássemos a nossa real?", pensou. "Somos detetives, afinal. Podemos dizer que estamos aqui para investigar. Isso nos dá uma razão legítima para estar aqui, sem revelar completamente nossas intenções. Mas se der errado, o plano pode nos colocar contra os Perpétunos verdadeiros."

Manter o Disfarce? A ideia de manter o disfarce e manipular a situação pareceu mais segura. "Podemos alegar que somos Perpétunos descontentes, tentando mudar as coisas por dentro. Isso poderia convencê-la e ainda evitar conflito com os Perpétunos verdadeiros... mas e se ela suspeitar? Será que preciso de algo mais convincente?"

Mendes decidiu que meias verdades seriam o melhor caminho. Era um equilíbrio delicado, uma linha entre o perigo e a oportunidade. Com um fio de coragem, ele começou a falar.

— Hey, Pirra! — Segurando as duas pistolas, ela virou-se para ele — nós podemos... podemos ajudar você e seus animais.

— Monstros! não podem ajudar ninguém.

— Não, nós... nós... somos detetives, não Perpétunos. — Mendes lançou um olhar cauteloso para Paulo, que acenou sutilmente, compreendendo o plano. — Estamos aqui para investigar, conseguir justiça.

Pirra semicerrou os olhos desconfiada. Ela apertou as pistolas, mas não disparou. — E o que você acha que é justiça?

Foi na dura correnteza de palavras trocadas que um nome escapou. "Arthur" sussurrado por Isadora, cuja boca seca parecia arrependida do que dissera, logo Kaimbe a lançou um olhar desentendido. Enquanto Pirra, aguçada, virou-se rapidamente para a fonte da voz.

— O que disse? — ela exigiu, aproximando-se da jaula com as armas ainda erguidas.

Mendes interveio. — Você nos perguntou sobre justiça — Pirra congelou, ainda olhando Isadora que se encolhia na jaula — sabemos que há muitas injustiças. Que pessoas são machucadas, usadas e descartadas. Como você e seu marido foram. Queremos entender, queremos ajudar. E depois... você decide o que fazer conosco.

Paulo interrompeu, a voz agitada. — Como assim decidir...?

Mendes o silenciou com um gesto rápido. Se virou novamente para Pirra que se afastava das jaulas para olhá-los novamente. — Estamos em suas mãos agora. Só queremos ajudar. Você e os animais não merecem estar aqui.

Ela não tirou os olhos deles. — Eles são inocentes, sim. Mas eu acho que vocês não são.

— Talvez não sejamos mesmo, mas podemos ajudá-los. Não é isso que você quer? Uma chance para eles? — Ele apontou para as gaiolas — Então dê-nos uma chance também.

Pirra lambeu o lábio inferior com uma leve mordida no final, parecendo em dúvida do que fazer. Mendes não conseguia crer que estava tentando entrar na cabeça bagunçada de uma louca enlutada, talvez deixando-a ainda mais bagunçada. Quando parou de ponderar, ela respondeu:

— Eu quero que meus animais sejam livres, como eu. Mas eu não confio em vocês?

— Não precisa. Você tem as armas. Tem o controle. Nós não temos nem para onde fugir.

Ela balançou a cabeça, como se estivesse tentando afastar vozes confusas em sua mente, e então continuou com um tom que ia de um sussurro e uma exclamação:

— Eu tenho as armas. Eu tenho o controle... eu... eu não posso confiar em vocês... mas... mas os animais... — a cabeça dela virou para os bichos e depois retornou a posição inicial — Eles me pedem para tirá-los... o que eu faço? O que eu faço?

Ela esbugalhou os olhos para Paulo e Mendes — Já sei...! Me ajudem a levá-los daqui!

Mendes sentiu-se desconfortável, embora a escolha de Pirra fosse a que ele esperava. Ainda assim, o homem permanecia incerto sobre seus próximos passos. A confiança em Pirra era algo frágil. Então no momento em que ela começou a se movimentar, Mendes a seguiu com os olhos, desconfiado, até que a mesma chegou diante do Perpétuno derrotado por uma bala disparada por ela mesma.

Agachando-se ao lado do corpo inerte com uma cautela e reverência, ela começou a vasculhar os bolsos das vestes dele, em busca de algo. Mendes não desviava a atenção, observando a expressão que cruzava o rosto da mulher "pirrada", cuja mão gerou um barulho sutil que todos perceberam se tratar de um molho de chaves sendo encontrado.

— Achei, achei! As chaves da liberdade. — Ela comemorou para si antes de assoprar uma mecha do próprio cabelo. — Agora é só levarmos as gaiolas até a saída e acabou. — Ela se levantou com uma energia frenética, apontando para os detetives. — Vamos, rápido!

Parecia que Paulo e Mendes se comunicavam por telepatia, dando passos ritmados até onde as gaiolas pendiam enfileiradas. Mendes deteve-se diante de uma que abrigava um galo com a maioria das penas brancas. Ele esticou o braço, apertando os dedos contra as barras de metal e com medida força as puxou. O galo se agitou e Mendes contraiu os músculos para não desequilibrar aquela pequena prisão.

Paulo que estava atrás, observava onde o filhote de cachorro se deitava de olhos abertos ao lado da mãe morta. Ele imitou o movimento de Mendes, segurando a gaiola com força. O cãozinho que repousava dentro dela soltou latidos agudos, e pela forma como o braço de Paulo se comportou, Mendes sabia que o amigo estava desconfortável com aquele peso físico e emocional.

Pirra girou nos calcanhares com os olhos refletindo capricho e intensidade. Ela se afastou em direção a porta da pequena sala, cantarolando sem ritmo definido. — Sigam-me, cavalheiros e criaturas! Rápido, rápido.

Obedecendo ao pedido, os homens se apressaram em segui-la pelo corredor subterrâneo. O andar dela era como uma dança que se convertia em uma marcha estranha, como se cada passo fosse uma nota numa sinfonia caótica. Mendes e Paulo tentavam acompanhá-la, equilibrando os pesos das gaiolas.

De repente, Pirra virou-se para encarar o galo que se movia na gaiola de Mendes. — Você será um herói. Quando o mundo inundar, você cantará para sobreviventes! — Ela olhou bruscamente para Paulo e o filhote de cachorro. — E vocês dois, verão todos os antigos erros varridos, todos eles!

Pirra começou a rir, dando as costas para retomar seu caminho. — Todos cegos, todos surdos... mas eu vejo, eu ouço...

Ela devaneava e Mendes refletia sobre aquela crença insólita para si mesmo "O fim do mundo... não parecia um evento, mas um processo, um lento desvendar da realidade, camada por camada, até que tudo que resta é a verdade despida. E, no fim, o que fazemos com essa verdade? A aceitamos, a desafiamos, ou simplesmente continuamos dançando ao som de uma melodia que só nós podemos ouvir? Talvez todos nós estejamos dançando em nossa própria sinfonia de desespero, tentando encontrar ritmo no caos."

Chegando a uma área mais ampla do corredor, onde a escada da escotilha surgia, a mulher parou. — Aqui... começa a contagem regressiva...

Mendes, com um olhar pensativo, via os olhos da figura feminina ainda cintilando com uma intensidade febril.

— Deixem-nos aqui para eu libertá-los. — Ela fez um gesto para o chão onde eles deveriam deixá-los. — Vão, não parem de trazê-los.

Os detetives colocaram as gaiolas no chão. O galo deu uma bicada na grade, mas pareceu se tranquilizar ao ficar estável no piso. Fazendo um sinal com as armas, Pirra pediu para que Mendes e Paulo se afastassem depressa. Então, os dois andaram em direção aos corredores não querendo dar margem a qualquer movimento em falso que os colocassem mais em risco.

Eles retornaram para a pequena sala onde cada espécie animal produzia seu próprio barulho. Mendes atravessou essa mescla sonora, desviando do Perpétuno ainda abatido e se agachou na frente das grades onde Kaimbe e Isadora estavam. Paulo ficou de pé próximo a porta, observando a dupla acorrentada.

— Isadora, Kaimbe! — Mendes retirou a própria máscara. — O que... como vocês estão?

Kaimbe estava de cabeça baixa, mas foi o primeiro a falar, levantando rosto, mostrando seus olhos cansados e vazios.

— Detetive... Estamos famintos e com sede... Os animais, o medo, não nos deixam dormir. — Não acredito que você conseguiu... — a voz dele quase morreu — que você conseguiu chegar aqui.

Isadora, em uma jaula ao lado, colocou as mãos acorrentadas nas grades com fraqueza:

— Eu achei que morreríamos. Foi o que eles disseram que aconteceria... se encontrassem a ampulheta.

Paulo, ouvindo isso, interrompeu. — De que ampulheta estão falando?

Mendes desconversou momentaneamente. — Esse aqui é Paulo, um amigo que está me ajudando. — Ele fez um gesto rápido em direção ao homem parado na porta. — Isadora, entenda, eles matariam vocês de qualquer jeito.

A jovem mirou Mendes com um olhar triste, como se por dentro implorasse para que ele adquirisse uma força sobre-humana e partisse as grades com as próprias mãos. Infelizmente, a situação exigiria mais paciência, uma virtude que Paulo não parecia possuir. Ainda curioso sobre a ampulheta, ele abriu a boca para questionar mais uma vez, mas Mendes ordenou para ele primeiro:

— Vamos continuar levando os animais.

Isadora questionou: — O que vão fazer depois que fizerem o que ela quer?

Mendes a encarou — Eu não sei. Não dá para prevê-la. Só sei que temos que ir se não ela pode desconfiar.

Kaimbe, ouvindo a troca, interveio com um tom de resignação para os dois homens livres — Então continuem, não vamos a lugar algum.

— Nós vamos tirar vocês daí.

— A gente não tinha que ir? — Paulo chamou a atenção de Mendes com um tom ácido.

— Si-im vamos agora.

Mendes e Paulo fizeram um aceno de cabeça ao mesmo tempo para os enjaulados, e ambos se viraram para pegar mais gaiolas. Quando voltaram a andar pelo corredor, Mendes notou que seu amigo não esboçava mais nenhuma interação. Algo que só não o deixou tão desconfortável por conta de sua máscara que dava-lhe uma sensação de segurança. Para ele, esse era um dos papéis das máscaras, elas sendo visíveis ou metafóricas.

E enquanto andava com o peso do material em sua face, ele se questionou se a máscara o protegia ou apenas arrastava o inevitável momento de mastigar a verdade crua. Talvez a realidade por trás de uma máscara seja tão complexa e cheia de nuances quanto a pessoa que a usa.

Tais pensamentos o fizeram trabalhar em piloto automático pelos túneis. O que lhe ajudou a esquecer que Paulo já não lhe fazia mais contatos visuais. Porém, ambos continuaram levando suas entregas inocentes para Pirra, que sempre os fazia parar a uma distância segura. Essa ação repetida, os acostumou a enxergarem um "x" invisível onde as gaiolas seriam deixadas para que ela as recolhesse e libertasse os animais pela escotilha.

No entanto, a preocupação de Mendes crescia a cada animal solto, temendo que seus sons atraíssem a atenção de outros perpétunos que estivessem patrulhando o armazém. Se isso acontecesse, nada impediria Pirra de entregá-los também, fazendo com que o jogo de disfarces fosse descoberto.

Além disso, voltar toda vez à pequena sala onde Kaimbe e Isadora permaneciam presos era doloroso. Apesar de seus estados, ambos resistiam com as forças que tinham, encontrando uma aceitação tranquila do destino, uma resiliência que era ao mesmo tempo inspiradora e desoladora. Isso tocava Mendes de uma maneira que ele não conseguia expressar muito bem, mas reforçava sua vontade em vê-los bem a qualquer custo.

Mendes já nem sabia quantas vezes havia ido e voltado naquele labirinto subterrâneo. Mas ele estava inquieto por dentro, com a certeza de que aquela seria a última volta. Só restava uma cobra. Ele a deixara por último propositalmente; o incidente que tivera com Kaimbe na aldeia fora o suficiente para mantê-lo em alerta com esses bichos sem patas.

No entanto, o que o deixou surpreso, foi que enquanto voltava para a sala, Paulo resolveu finalmente falar:

—Sérgio... eu estive pensando. Este lugar controla o nível da água do rio, certo? Deve haver uma saída para onde a água vai quando querem esvaziar os túneis. A gente pode usá-la, não pode?

Na verdade... — Mendes sacudiu a cabeça. — ...não podemos ir ainda. Tenho dois amigos presos aqui, se lembra? E vamos precisar das chaves de Pirra para tirá-los de lá.

Paulo insistiu — Escuta só. A gente sai pega novas armas e volta para ajudá-los.

— Até poderia funcionar, mas quanto tempo vai levar para procurarmos a saída, pegarmos novas armas e chegarmos nela a tempo?

— Foi só uma ideia. Eu vim aqui para te ajudar Sérgio. A coisa saiu do controle. Acho que não vamos conseguir salvar os seus amigos sem nos salvarmos primeiro.

— Eu sei que as coisas saíram do controle, mas eu não vou sair sem eles. Você vai?

— Sinceramente. Eu mal conheço essas pessoas, e se quer que eu fique do seu lado, vou precisar de um incentivo.

— Que tipo de incentivo?

— Eu só quero saber mais sobre esses seus amigos. Até agora você não me disse muita coisa.

— Certo. O que quer saber? — perguntou Mendes passando reto pela velha comporta que ficava entre o caminho da escotilha e a sala dos animais.

— Primeiro. Por que aquela garota enjaulada te chamou de Arthur?

Mendes parou de andar e respondeu de forma evasiva. — As pessoas aqui estão confusas, Paulo. Até nós estamos. Não podemos levar tudo que ouvimos ao pé da letra.

— Eu também sou detetive como você. E eu sei que tem algo que não está me contando. Agora Por quê?

— Não-é-nada.

— Meu deus Sérgio! — Paulo elevou a voz. — Eu estou aqui com você, arriscando minha vida, e mesmo assim você está me tratando feito um idiota.

Mendes olhou para os próprios pés e depois o encarou. — Desculpa Paulo! Mas... mas... eu não sei como te dizer. Eu não sei como te fazer entender. Se eu te contar, você vai pensar que o idiota sou eu.

— Então tenta, — Mendes não se moveu e Paulo frustrado, rebateu de novo. — Que merda Sérgio tenta! Me explica quem é você afinal.

— Não agora. — Mendes coçou os dois olhos como uma pinça. — Vamos sair daqui primeiro, pode ser?

Paulo o encarou incrédulo. — Não... não. Nós não vamos a lugar nenhum juntos. Você Pode ficar tentando salvar seus amigos e os animais de um falso dilúvio. Eu estou indo.

— Espera, — Mendes chamou, mas o homem já estava seguindo apressadamente pelo corredor escuro. — Paulo!

Como resposta, só se viu o dedo do meio do homem sendo engolido pela escuridão do túnel enquanto partia. 

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