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18. Ladrões do tempo

Todos os guerreiros estavam reunidos, encarando o cenário verde que os cercava. Não estavam falando, nem cantando. Apenas esperando

— Eles estão aqui. — Isadora tocou o braço de Mendes e do mais profundo e inexplorado coração da mata, uma vibração sutil começou a se fazer sentir.

Primeiro, parecia apenas o murmúrio distante, mas gradualmente, esse som foi se transformando em algo mais estruturado, mais pulsante. A vegetação se agitou como se tivesse vida própria, abrindo espaço para algo - ou alguém - que estava prestes a emergir.

Mendes buscou espaço entre as cabeças, a fim de enxergar o que estava por vir. Finalmente, um cavalo negro surgiu, cuja crina e cauda pareciam ser feitas de chamas. Montado nele estava um homem, vestido com uma túnica escura que fluía com sua movimentação, escondendo quase todo o seu corpo. No rosto, uma máscara de ébano polido abraçava suas feições, com recortes dourados ao redor dos olhos ardentes. Seu peito ostentava um amuleto reluzente - uma espiral com um raio ao centro, símbolo já tão familiar para Mendes que carregava as memórias de Arthur. Sua presença era tão intensa e magnética que por um momento tudo pareceu parar.

Em questão de segundos, vários cavaleiros surgiram das árvores, cada um vestido de maneira similar ao intruso. Os cascos dos cavalos batiam no chão com uma cadência ameaçadora, enquanto formavam um semicírculo de frente para os residentes daquelas terras, que, embora surpresos, não recuaram.

Em sincronia, os indígenas levantaram suas lanças e esticaram seus arcos, apontando-os diretamente para eles, com exceção de um, que pareceu grande ao gritar para que não se movessem.

Mas o estranho no centro parecia indiferente ao pedido. Com calma, desmontou de seu cavalo, sem desviar dos indígenas à sua volta. Ele caminhou com confiança até uma distância segura e falou em voz alta:

— Não vim lutar! A menos que me obriguem. Tudo que eu quero é a filha do guardião. Sei que ela está aqui.

Todos mantiveram suas posturas. Mendes sentiu Isadora se tencionar e por impulso, envolveu-a pelos ombros antes da mesma sussurrar, apenas para que ele ouvisse:

— Arthur, se eu fosse com eles... você acha que ainda poderia encontrar a ampulheta?

— O que está dizendo?

— Que eu não tenho mais nada. E ninguém precisa morrer por mim.

A troca de uma vida pelas demais, era um trato tentador. Ainda assim, para ele uma alma não se precifica, não se vende, e quem a toma, não a merece ter.

— Você tem a mim... e eu preciso de você.

Encarou-o sem resposta, então desviou sem jeito para o homem que menosprezava a resistência apresentada pelos indígenas:

— Já vi essa história antes — disse ele — e o resultado é sempre o mesmo. Tem certeza que é assim que querem jogar?

A resposta veio, emergindo do meio do grupo indígena. Uma pessoa se iluminou. Percebia-se o balançar de seu adorno de cabeça, ornamentado com plumas coloridas. Em seguida, vieram à vista seus pés descalços, movendo-se com elegância e propósito sobre o solo. Era Wai'ana, caminhando em direção à figura no centro.

— Eu não sei quais jogos os Perpétunos estão acostumados, mas esta não é uma terra onde podem vir e ditar as regras. Meu povo não será intimidado por cavaleiros e ameaças veladas.

Ele a mirou. Sua curiosidade agora tingida com um toque de irritação.

— Eu a aconselharia a reconsiderar sua postura.

— Não me ameace. Se vierem atrás da garota, estejam preparados para as consequências. E, acredite em mim, você não quer ver o que acontece quando eu me sinto ameaçada.

— Você só nos conhece de histórias, mas não sabe verdadeiramente quem somos. — A voz dele baixou a um tom quase teatral. — Permita-me apresentar.

Ele varreu os olhos por todos os presentes.

— Me chamam de Eldric, sou líder desta seita. Há gerações, ela foi fundada com um propósito de purificar o mundo dos Guardiões do Tempo. Criaturas como Isadora. — Ela estremeceu ao ouvir o nome, sob o toque de Mendes. — Eles são portadores de um poder antigo e perigoso. Podem controlar a Areia do Apocalipse, capazes de alterar a linha do tempo, de reescrever o destino. Esse poder pode nos levar à morte.

Ao pausar dramaticamente, Eldric talvez esperasse por algum sinal de espanto, de amedrontamento ou desentendimento, mas o que recebeu foi o olhar gélido da líder sem medo algum sobre ele seguido de sua resposta:

— Vamos ser claros aqui! Está em nosso território agora, e suas histórias são tão vazias quanto sua pretensa nobreza. Tudo o que vejo é um homem desesperado por poder.

Nesse instante, os homens de Eldric emanaram um barulho ameaçador, e rapidamente revelaram suas armas: revólveres com detalhes gravados, facas longas, e algumas bestas compactas.

Eldric avançou, levantando poeira com seus pés. Sua voz, estava controlada, mas carregava um perigo subjacente.

— Você acha que nos entende? — Ele pareceu gravar os detalhes ao redor antes de retornar seu olhar penetrante para ela. — Este lugar não irá durar nada se nos desafiar.

Ele apontou para os combatentes atrás dele.

— Você vê armas e homens prontos para lutar e está certa. Mas o que realmente deve temer é a guardiã que você protege.

Se aproximando mais dela, sua voz ficou ainda mais baixa e mais fria.

— Se a garota adquirir o poder da areia, torna-se mais perigosa do que qualquer lenda que possa ter ouvido. E para proteger o nosso mundo, e daqueles que se escondem, eu farei o que for preciso.

— Bom... Já se apresentou Eldric. Agora é a minha vez. — Wai'ana deu um passo para trás. — Seus homens chegam em nossa terra com armas desembainhadas esperando nosso apoio. O problema é que você não é o primeiro a tentar nos intimidar, e certamente não será o último. E, como todos os que vieram antes de vocês, subestimaram o que significa enfrentar a líder dos Wanakauas.

Eldric emitiu uma risada fria e sem humor enquanto ela continuava.

— "Wai'ana" é o nome que me foi dado, e significa "sopro do pássaro". Não foi escolhido ao acaso. E você deve entender que este sopro não é apenas uma melodia.

— Está bem, Wai'ana. Se eu lhe disser que sinto alguma pena do que faremos agora, eu estaria mentindo.

Ele olhou para seus seguidores, ordenando-os:

— Revirem este lugar!

E com um movimento sutil de seus lábios, Wai'ana emitiu um assobio agudo e singular. Membros selecionados da tribo responderam, cada um com um assobio específico, criando uma harmonia orquestrada e quase hipnótica.

Em resposta, os altos arbustos e árvores ao redor da aldeia se agitaram, e em questão de segundos, vários pássaros nativos irromperam em voo, formando uma enxurrada de cores e sons que cortou a floresta. Os pássaros mergulharam passando desenfreadamente pelos inimigos que, tomados de surpresa, tentaram se proteger com as mãos.

Os Perpétunos, talvez pensando que isso precedesse um ataque, levantaram as armas em defesa, mas logo perceberam que os pássaros não estavam interessados neles, mas sim em Wai'ana. A multidão de aves formada ao redor dela cresceu até que ela parecia estar envolta em um manto de aves, seu olhar poderoso se dirigiu diretamente a Eldric, que se afastou com um movimento de choque.

Então, um grito de guerra explodiu dos pulmões da aldeia, como um troar poderoso, motivador. Os invasores, não compreendendo o que estava acontecendo, foram surpreendidos por flechas, que se alojam nas túnicas, dardos atingem seus alvos, e lanças rasgam o tecido das vestes escuras.

O fragor da batalha desabrocha ao redor, Mendes e Isadora, que se encontravam desprotegidos, compreenderam que sua posição atual os torna alvos vulneráveis.

— Vamos! — Mendes exclama, antes de iniciarem uma corrida entre balas e flechas.

Seguido por Isadora, ele avançou com o rifle pendurado sobre o ombro. Juntos, tentavam abrir caminho por entre o frenesi da multidão. Ao seu redor, guerreiros e invasores se enfrentavam com feroz intensidade. A poucos passos de distância, um Perpétuno com um facão surgiu à sua frente. Porém, quase que imediatamente, um indígena interveio, desafiando o mascarado com sua lança. O duelo entre os dois deu a Mendes e Isadora a brecha que precisavam para continuar.

Eles buscavam refúgio, enquanto os oponentes, habilmente armados, se aproximavam como uma tempestade, destilando terror.

Isadora, com a respiração ofegante, avistou um grupo de cavaleiros chegando mais perto. Estavam coordenando seus movimentos, atacando de maneira organizada. Um deles, com uma besta em mãos, apontou para ela. Sem pensar, Mendes a empurrou para trás de uma árvore no último segundo, e a flecha se cravou no tronco.

Erguendo os olhos, ela percebeu que a ponta havia se alojado profundamente na madeira, tão perto de sua cabeça que ela podia tocar a pena que balançava com a brisa.

Ele a olha preocupado, buscando qualquer sinal de ferimento.

— Fique aqui!

Isadora, tentando recuperar a compostura e a respiração, consente. O atirador, montado em seu cavalo, estava recarregando a besta, olhando diretamente para eles. Mendes num instante levantou o rifle, mirando em sua direção. Com concentração, ele puxa o gatilho, disparando uma bala que atingiu o chão bem próximo ao casco do cavalo. A explosão de poeira e detritos, fez o cavalo relinchar e empinar.

Aproveitando-se do caos momentâneo, Mendes agarrou a mão de Isadora e puxou-a com ele, correndo em uma direção oposta e buscando um local seguro. Eles correram por minutos intensos. A vegetação arranhava suas peles, e os músculos de suas pernas começavam a gritar por descanso e a respiração de ambos se tornava cada vez mais forte, Isadora, tentando recuperar o fôlego, suplicou:

— A-arthur... Para!

— É me-elhor não.

— Por favor, só um minuto! — Disse ela, desentrelaçando com firmeza os dedos da mão dele —, você está ouvindo isso?

Mendes olhou para os lados, mas tudo o que ouvia era o canto melódico dos pássaros e estalos de tiros. Ele virou o rosto para ela confuso.

— O quê?

Ela estava com o rosto pálido, os olhos fixos em algum ponto distante, o ouvido aguçado para algo que ele não conseguia identificar.

— Escute — sussurrou ela.

Ele tentou novamente, mas ainda não sabia ao certo o que deveria ouvir.

— O som está misturado com o barulho dos pássaros. Este... é um pedido de socorro — explicou ela.

— Independentemente do que seja, Helena, você é o alvo principal. Se formos nessa direção...

— Poderemos ajudar. Assim como os outros que estão se arriscando.

— É diferente. Se te pegarem, terão vencido.

— Se eu não fizer nada, não vou me perdoar, então se não quiser ir, eu irei sozinha.

Mendes suspirou, consciente de que a ponte para a razão estava irremediavelmente partida. Não havia lógica que suportasse a agonia de quem impotentemente sofre por alguém.

— Olha, se você decidir ir não vou ficar para trás.

— Então vamos?

Ele ficou em silêncio, e vendo tal comportamento, Isadora cogitou em dar-lhe as costas, mas o balançar de cabeça de Mendes em concordância a fez permanecer. Então, ela fez um sinal para que ele a acompanhasse em direção ao chamado.

Pisando com cautela e usando a vegetação como cobertura eles avançaram. Mendes não gostava da ideia, mas tentava permanecer o mais furtivo possível. Quanto mais se aproximavam, o ruído misturado ao canto tornava-se mais claro e distinto, guiando-os.

Finalmente avistaram uma moça com o corpo pintado e cabelos cumpridos. Ela estava ajoelhada de costas, proferindo cantos de lamentos que se confundiam com os sons da natureza. As mãos e braços estavam manchados de sangue, enquanto tentava controlar não apenas um, mas vários sangramentos de algum ferido.

Ao notar a aproximação dos dois, ela interrompeu seu canto abruptamente. Virou o pescoço, mostrando olhos alargados pelo choque e medo, mas então, ao reconhecer Isadora, um alívio quase divino lhe pareceu banhar.

— Isa-adora! — Ela gritou acima da guerra que ainda podia ser ouvida a uma curta distância — preciso de ajuda!

— Tudo bem, ouvi o chamado.

— Ele está gravemente ferido. — A mulher baixou a cabeça, que caiu em direção ao corpo. — Por favor, me ajude!

Isadora não se conteve e adiantou-se lentamente até o corpo. Mendes percebeu a tenção com que andava. De repente, as cores esvaíram-se de seu rosto, e um sinal de horror a tomou. Vendo a reação, Mendes rapidamente se aproximou, tentando entender o que a havia chocado tanto. Ao ter a visão clara do ferido, sobressaltou-se.

No abdômen dele, havia um corte profundo e lacerante deixava visíveis as entranhas, enquanto outras marcas – cortes, contusões e queimaduras estavam expostos. Um de seus olhos estava inchado e fechado, e uma marca escura e úmida manchava a lateral de sua cabeça, sugerindo um ferimento na têmpora.

— Aritana?! — Mendes exclamou.

— Por que ele está aqui?! — Isadora se alarmou, incrédula. — Ele não deveria estar aqui!

A mulher, enrugou o rosto quase sem saber o que dizer.

— Ele... ele estava tentando proteger as crianças... aqueles homens nos emboscaram. Ele as deixou em um lugar seguro, mas... os malditos o atacaram, e o deixaram assim. Quando percebi que ainda estava respirando, o trouxe para cá.

Isadora se abaixou a centímetros do corpo, mirando ao redor para evitar um ataque surpresa.

— E as crianças? — Perguntou Mendes.

— Estão escondidas no abrigo dele.

Isadora, com cuidado, começou a analisar a extensão dos ferimentos.

— Obrigada por ter ficado com ele — agradeceu ela.

— Eu não deixaria Aritana lá.

Mendes ao ouvir mais tiros se manifestou:

— Mas aqui ainda está perigoso. Tem algum lugar mais afastado para levarmos ele?

Isadora balançou a cabeça em concordância.

— Perto daquele pingente que te mostrei, tem uma clareira escondida. Podemos levá-lo até lá.

A mulher tocou o rosto de Aritana antes de voltar-se para que Isadora, pedindo que ela cuidasse do ferido.

Mendes abaixou-se para sustentar um lado do corpo enquanto Isadora segurava do outro, mantendo Aritana entre eles. Ambos despediram-se da indígena, desejando sua segurança e moveram-se pela floresta, em direção a clareira escondida, se afastando dos gritos de guerra, embates físicos e pássaros voando.

Não era tão longe, mas pareceu uma eternidade, eles chegaram a uma clareira silenciosa, cercada por árvores altas e frondosas que formavam um dossel natural, protegendo-os do sol intenso, que nesse momento, já começava a se despedir. O chão estava coberto de folhas, e uma familiar cabana ao lado de uma fogueira já apagada.

Foi para lá que Isadora apontou. E assim que cruzaram sua entrada, Mendes já reconhecia as paredes do lado de fora, mas impressionou-se com o ambiente rústico e aconchegante interno. As paredes eram robustas e exalavam o aroma característico de palha seca. No canto, lanças meticulosamente posicionadas contrastando com arcos dispostos. Aqui e ali, objetos espalhados: um cesto desgastado, uma esteira antiga enrolada, potes de cerâmica com marcas singulares.

Aritana foi posto no chão coberto de folhas secas. Isadora se aproximou para reexaminar seus ferimentos. No entanto, algo a assustou.

— Ele parou de respirar!

Isadora inclinou-se rápida sobre ele, colocando o ouvido perto de sua boca. Não saía ar. Seus dedos nervosos buscaram um pulso inexistente.

— Não... Aritana! — Ela tentou ver se algo obstruía suas vias aéreas. Não havia nada aparente. Depois ela começou a fazer compressões cardíacas no peito dele seguida de respirações boca-boca. — Você não pode ir agora!

Mendes imediatamente se aproximou, colocando a mão sobre a testa dele, sentindo seu frio.

— Como eu ajudo?

— Não sei, ele perdeu muito sangue! Não temos suprimentos, não temos nada!

Isadora não olhava para ele, estava tentando se concentrar sem cair em desespero. Mendes sem saber como agir, saiu da cabana, os olhos varrendo o entorno em busca de algo, alguém, qualquer coisa que pudesse ser a solução de seus problemas, mesmo sabendo que as chances eram mínimas de encontrar algo útil naquele lugar remoto.

A impotência lhe enfraquecia. Nenhuma criatura se movia. Então, seus olhos foram atraídos para o céu. Uma coluna de fumaça se elevava ao longe, rompendo o azul celeste agora tingido pelas cores quentes do sol que partia.

O que era aquilo? Outro ataque? Seus pensamentos logo desviaram para o som de soluços de Isadora. Ele voltou para a cabana assim que os ouviu. Ela estava ajoelhada ao lado de Aritana, as mãos movendo-se ritmicamente para cima e para baixo enquanto chamava por ele. As lágrimas caiam junto ao suor do rosto consumido pela aflição

Mendes, parado à entrada, sentiu-se péssimo enquanto percebia as tentativas de Isadora em trazê-lo de volta. Ela parecia não se dar por vencida, mesmo quando a realidade parecia insuperável. Percebendo que ela estava chegando ao seu limite físico e emocional, ele rapidamente se ajoelhou ao lado dela.

— Deixe-me tentar.

Isadora mirou as próprias mãos, estavam vermelhas assim como seus olhos inchados de tanto chorar. Ela se afastou dando espaço para Mendes.

— Coloque... coloque suas mãos assim... — Ela demonstrou a posição correta, e Mendes a imitou. — Agora pressione com força... em um ritmo constante...

Ele iniciou as compressões. Foram várias tentativas sem resposta, Isadora, cada vez mais nervosa e desesperada, não aguentou ver a ineficácia da massagem manifestou-se:

— Você não está fazendo direito! Se afaste!

Ele recuou, surpreso pela reação. Mas reconhecendo que aquela quem acabara de falar não era Helena e sim Isadora. Vendo-a reiniciar o movimento com as mãos, ele tentou consolá-la e reconectá-la com a realidade novamente. Então após três empurrões no peito do ancião, ele a puxou com leveza e a envolveu em um abraço reconfortante. Ela lutou contra o toque, mas acabou cedendo e descansando a cabeça no peito dele, permitindo o conforto.

— Desculpa, eu não sei o que fazer — Ela conseguiu dizer entre lágrimas. — e-ele era importante... me acolheu quando pequena... e-era o último pai que eu ainda tinha.

— Helena!...

— E-eu devia ter me entregado!

— Me escuta. — Mendes interrompeu-a tentando parecer calmo. — Você precisa ser forte por ele. Porque há mais coisas acontecendo que precisamos lidar.

Ela se afastou de vagar, com olhos molhados esperando o resto de sua fala.

— Desculpe pelo que vou dizer, Helena, mas... — ele respirou — eu vi... fumaça. Muita fumaça na floresta.

Ela arregalou os olhos avermelhados.

— O que você quer dizer com isso? Eles... eles estão queimando a aldeia?

— Acho... eu acho que sim.

Isadora ficou muda, estupefata, e apenas com esforço suas palavras saíram da neblina de sua mente:

— Nó-nós precisamos... E agora... Arthur!

— Eu vou!... Eu vou até lá. Se for isso mesmo, eu trarei as crianças que Aritana ajudou a salvar.

— Não, você não vai... não sozinho.

— Eu prometo que volto.

— Você acha que pode manter alguma promessa no meio disso? — Ela pergunta, olhando dentro dos olhos dele. — Se você entrar naquele inferno, eu vou atrás de você!

— É perigoso...

— Mas eu também não quero que te aconteça nada... eu já perdi quase tudo Arthur, você disse que eu ainda tinha você, então fica comigo!

Mendes fitou-a, percebendo muito mais do que a dor evidente em seus olhos. Além disso, o peso da responsabilidade, o desejo de protegê-la, tudo isso se fundiu com o entendimento claro de que ambos eram a fortaleza um do outro em meio ao caos. A solidão, percebeu, era uma batalha que nenhum dos dois deveria enfrentar sozinho.

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