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CAPÍTULO 13: Atrasados outra vez


  Quando Elthenkai e seu grupo chegou, já seria tarde demais. Desfalcados de Gormaor, o restante passou pela Floresta Viva por algumas horas e chegara por trás da Fortaleza. — Abram o portão! - Exclamava o mago.

  Um Elfo de vestes brancas olhou para trás e recebeu o aval para abrir. Elthenkai e os outros entraram a Fortaleza. Imthane, uma dama pertencente à raça Elfica, era quem havia dado liberdade para o portão ser aberto. A moça era tão branca, que parecia brilhar. Ela conduzia a Fortaleza ao lado de Eärdel.

  — Sejam bem-vindos. - Disse-a. - Eles fizeram um gesto de educação frente a ela. — Não precisam de tanta cerimônia, rapazes. 

  Eles subiram as escadas e viraram a direita. Eram grandes estruturas douradas, com muitos detalhes de sua cultura. Ao fundo, havia uma pequena cachoeira, que não deságua no oceano, mas servia com um belo atrativo enfeitando o local. — Creio que eu saiba o motivo da vinda de vocês. - Disse a criatura. - — Sim. Ao que parece, o Reino já está ciente do terror que está por vir. O ato com os Anões deixou todos em alerta. - Conversou Elthenkai. - — Onde está Eärdel? - Perguntou.

  — Saiu para uma emboscada. - Respondeu serenamente. - Todos ficaram surpresos. — Eärdel sabia que eles viriam atrás da Pedra, e optaram por adiantar o ataque e usá-la contra eles de forma surpresa.

  — Não é de tudo ruim, mas ainda assim, é uma escolha perigosa, senhorita. - Respondeu o Anão.

  Elthenkai estava ficando visivelmente preocupado com aquela escolha de avançar e atacar primeiro. Para seu pavor, surgem comentários dos outros Elfos por perto. — Deixem passar! Deixem passar! - Pediam em voz alta.

  Quando olharam para trás, subiam as escadas o trio de irmãos, com Eärdel nos braços de Grielion e Quenae um pouco mais atrás. A chuva era bem pouca aquele momento. Imthane saiu correndo em direção aos irmãos. — O que houve? - Perguntava aos gritos. 

  Tōnpo perguntava em voz baixa. — Mas os Elfos não morrem, não é? - — O corpo físico pode sim morrer, mas sua alma costumeiramente vive. - Respondeu o Anão.

  Outros Elfos a serviço de Imthane pegaram o corpo e o levaram para dentro de uma grande sala. Quenae e Grielion nem se preocuparam em falar com os visitantes, que ficaram sentados. Os Elfos prosseguiram até a sala.

  — Parece que não chegamos na hora certa de novo. - empurrando seu cajado, Elthenkai levantou-se. - — Não está sendo fácil... - Dizia Argdáin.

  Minutos depois e Grielion saiu pela porta. Desceu as escadas e rumou para a cachoeira. Elthenkai e os outros decidiram entrar a sala. Lá estava uma espécie de cerimônia, com o corpo de Eärdel em cima de uma grande rocha reta, enquanto alguns Elfos realizavam um tipo de oração de sua raça. Eles assistiram de longe, até que acabasse.

  — Ele se foi. - Afirmou Imthane ao grupo. - — O que nos resta é sua alma, que ainda pode voltar. É uma característica única da nossa raça.

  Elthenkai sabia que os únicos no Reino que possuíam esse luxo, eram os Elfos. — Peço perdão pelo momento indelicado. 

  Grielion voltava de sua ida a cachoeira. — Estou indo embora. Cuide de Quenae. - Era o mais fervoroso dos irmãos. — Espere, Grielion. Não faça isso. - Pediu encarecidamente Imthane, enquanto os outros observavam o diálogo.

  — Eu não perdoarei-os. Solte-me. - Grielion retirou a mão de Imthane das suas e virou-se para sair. — Não há nada que me faça mudar de ideia.

  — Espere, homem. Façamos um acordo. - questionou Elthenkai.

  Grielion virou e em segundos, arremessou uma flecha em direção ao mago, mas era apenas um teste, e não um tiro para matar. Elthenkai rebateu com seu cajado de forma formidável. — Me conquistou com essa rebatida, velho mago. - Respondeu Grielion.

  — Venha conosco em nossa caminhada. Estamos atrás das mesmas pessoas. - Pediu Elthenkai.

  — E o que eu ganharia com isso? Trabalho melhor sozinho, se é que me entende. 

  — Grielion é o melhor que temos. O mais talentoso e habilidoso Elfo, além de ser o mais velho entre os três. - Contou Imthane. - — E não é ele quem comandava a raça? - Achou curioso o Animago. - — Ele não é muito bom em dialogar com os outros, se é que me entendem. - Respondeu de forma sutil Imthane.

  — Em grupos seremos mais fortes, Elfo. Não estou mandando, apenas peço sua ajuda nesta caminhada que será difícil e longa. - Elthenkai retirou seu chapéu, como um gesto de formalidade. 

  — Diga a Quenae que sairei em viagem, por favor. - definiu Grielion à Inthame. Seu irmão, com o braço quebrado, estava em repouso naquele momento.

  — Peço que esperem o clima ruim passar, senhores. Será de grande valia saírem daqui com um clima mais agradável. - Pediu a mulher.

  Concordaram com o pedido. Grielion se retirou do local e ficou sentado à mureta da Fortaleza, dando um trato em suas flechas. 

  Os outros ficaram discutindo a respeito da saída da Fortaleza. De qualquer forma, eles esperariam boas horas para a próxima viagem.

  Argdáin foi o primeiro a sair da grande sala. Passou por um extenso corredor cinza com esculturas amarelas e deu de cara com Grielion, que o olhou com frieza. — O bate papo acabou, Anão? - Argdáin estava extremamente irritado, mas segurou-se para não cometer erros. - — Sim, senhor. A conversa acabou. - Prosseguiu pelo corredor.

  — Sabemos nós dois que Elfos e Anões não se dão bem, não é? - Deixou a pergunta no ar Grielion. — Sim, mas não estou aqui por você. Estou por outro motivo, que não lhe diz respeito. - Respondeu com muita sutileza, irritando o Elfo. - — Ora, e o que seria, Anão? - Um clima de hostilidade entre a dupla se criava.

  — A pessoa que matou seu irmão. Destruiu meu vilarejo e matou meu pai. - Grielion ficou em choque. Havia duvidado de Argdáin e não imaginava uma história dessas. Sentiu-se baqueado e pediu desculpas. - — Perdão pela minha falta de honra. 

  Argdáin respirou fundo, passou sua mão pela sua arma, deu uma última olhada ao horizonte e caminhou pelas escadas da Fortaleza para baixo. 

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