✨ Capitulo 9✨
⚜️ SERENA ⚜️
Meus pais decidiram oferecer um grande banquete para o Duque Galahad e seus soldados. Não fiquei surpresa, esse era o tipo de gesto que se esperava da família Westmonst. O que me incomodava era a obrigação de estar presente.
No meu quarto, Raquel me ajudava a me arrumar com sua eficiência impecável. O vestido azul que escolhemos era delicado, adornado com pequenas pedrinhas que refletiam a luz das velas. Ao redor do pescoço, usei o colar que minha mãe me dera anos atrás. Prendi parte do cabelo, deixando as mechas soltas e ondulados caírem suavemente pelas costas.
— Está bonita, milady. — Raquel sorriu, dando um passo para trás para avaliar seu trabalho. Seu tom era gentil, mas havia algo na maneira como seus olhos me analisavam.
Observei meu reflexo no espelho. A maquiagem estava na medida certa, sutil, mas realçando meus traços. Eu estava impecável. E, por mais que não quisesse admitir, me sentia bonita.
— Obrigada, Raquel. Você sempre sabe como me arrumar da melhor forma.
Ela abriu um pequeno sorriso, ajeitando um cacho solto no meu ombro.
— Não é difícil quando se tem uma dama tão bela para vestir.
Revirei os olhos com um sorriso discreto.
— Lisonjeira.
— Realista. — Ela piscou, voltando-se para a penteadeira, reorganizando os frascos de perfume com gestos meticulosos.
Por um instante, seus dedos se fecharam ao redor de um vidro com um pouco mais de força do que o necessário, antes de soltá-lo no lugar certo.
— Vestidos assim caem bem em qualquer uma, mas em você, é claro, tudo parece... mais fácil. — Sua voz era suave, quase distraída, como se o comentário fosse um elogio despretensioso.
Assenti com um sorriso leve. Raquel era mais do que uma serva; ela era uma das poucas pessoas em quem eu confiava. Era discreta quando tinha que ser e sabia o momento exato de fazer um elogio. Onde quer que eu fosse, sabia que a levaria comigo.
O som da música e das conversas se espalhava pelo grande salão, misturando-se ao tilintar das taças e ao aroma dos assados dispostos sobre a mesa principal. O banquete havia começado, e como esperado, o Duque Galahad estava sentado ao lado do meu pai, discutindo assuntos que, pelo pouco que pude ouvir, envolviam estratégias militares e política. Minha mãe, sempre a anfitriã impecável, mantinha um sorriso delicado enquanto entretinha o resto dos convidados.
Eu mantinha minha postura à mesa, a taça repousando levemente entre meus dedos, mas minha mente estava dispersa. Não me importava com as discussões políticas entre meu pai e o duque, nem com os risos exagerados das damas tentando conquistar a atenção dos cavaleiros. Meu olhar se movia por entre os rostos, analisando aqueles que falavam demais, aqueles que falavam de menos, e aqueles que, como eu, simplesmente fingiam se interessar.
— Está apreciando a noite, Lady Serena? — A voz do Duque Galahad me trouxe de volta à realidade.
Levantei os olhos e encontrei os dele. Seu sorriso era cortês, mas seus olhos... afiados. Observadores demais para alguém que se esforçava tanto para parecer descontraído.
— Está sendo uma bela recepção, Vossa Graça. Meu pai sempre se esforça para que seus convidados se sintam bem-vindos.
— De fato. Lorde Westmonst é um homem generoso. — Ele tomou um gole de sua taça antes de continuar. — E devo dizer que sua filha também honra esta casa.
Havia um peso oculto em suas palavras. Um elogio, sim, mas também uma análise. Como se estivesse me medindo.
— Agradeço a gentileza. — Respondi com um sorriso polido, mantendo minha postura firme.
O duque inclinou a cabeça levemente, seu olhar avaliativo.
— Dizem que uma dama bem-educada é um tesouro raro nestes tempos. E uma dama que compreende a importância das alianças certas... — Ele ergueu a taça em um brinde implícito.
Antes que eu pudesse responder, senti um olhar sobre mim. Um olhar fixo, discreto, mas presente. Meu coração vacilou um instante antes que meus olhos percorressem o salão, e então eu o vi.
Darien estava ao fundo, entre os outros servos, carregando uma jarra de vinho. Mesmo entre os criados, ele não passava despercebido para mim. Seu olhar encontrou o meu por um instante. Firme. Atento.
Desviei rapidamente, voltando minha atenção ao duque antes que ele percebesse minha distração.
— O que acha disso, Lady Serena? — Ele me olhava com expectativa.
Pisquei, reunindo minha compostura, sem ter ideia do que havia sido dito enquanto minha mente vagava.
— Perdão, Vossa Graça, minha mente se perdeu por um instante. Poderia repetir?
Um sorriso surgiu nos lábios do duque, mas não era apenas diversão que reluzia em seus olhos. Ele havia notado.
— Claro. Eu dizia que, em tempos tão incertos, as famílias nobres precisam garantir seu futuro com alianças sólidas. Imagino que seu pai já tenha lhe falado sobre isso. Ele me informou sobre seu noivado com o Barão Erasto Frankfurt.
O ar ao meu redor pareceu se tornar mais pesado.
— Meu pai sempre pensa no melhor para nossa família. — Respondi cuidadosamente.
Galahad girou o vinho em sua taça, estudando-me.
— E a senhorita? O que pensa sobre isso?
Meu estômago revirou. Mas pensei na melhor reposta possível.
— Que alianças devem ser feitas com sabedoria. — Sorri, escondendo qualquer resquício de desagrado. — Sei que não conseguirei mudar a decisão dos meus pais, então apenas confio que eles sabem o que é melhor para mim.
Uma meia verdade, mas ainda assim aceitável.
O duque riu baixo, satisfeito.
— Uma resposta digna de uma Westmonst.
Levantei minha taça em um gesto elegante, fingindo brindar a essa troca de palavras veladas. Mas minha mente estava longe dali. Darien ainda era uma presença constante na minha visão periférica. Impossível ignorar.
E eu não sabia se aquilo me irritava mais... ou me inquietava.
Nos últimos dias, tentei me afastar. Desde que o vi com Anne, evitei sua presença, me obriguei a não olhar em sua direção, a não pensar nele. Mas era inútil.
Ele estava em toda parte.
Era como um fogo baixo que nunca se apagava, apenas permanecia ali, consumindo lentamente qualquer pensamento racional que eu tentasse manter.
O banquete seguia animado, com risos ecoando, convidados dançando pelo salão e pratos sendo constantemente repostos. Meus olhos vagavam pelo ambiente, captando fragmentos de conversas e observando como cada um se portava. A maioria dos convidados parecia genuinamente entretida, aproveitando os luxos oferecidos por minha família.
Mas eu sabia que, por trás das cortesias e sorrisos, aquele banquete era muito mais do que apenas uma celebração. O duque Galahad não estava aqui apenas para se deliciar com os assados e vinhos finos. Sua presença carregava um propósito, um objetivo que ainda não estava completamente claro para mim.
— Lady Serena. — A voz dele me puxou de volta para a realidade. — Você gosta de música?
A pergunta me pegou de surpresa, mas não permiti que isso transparecesse.
— Sim, Vossa Graça. Música é uma das formas mais elegantes de arte.
— Concordo. — Ele girou o vinho em sua taça antes de tomar um gole. — Há algo de fascinante na forma como uma simples melodia pode nos transportar para tempos passados... ou, talvez, prever o futuro.
Sua escolha de palavras era proposital.
— Uma perspectiva interessante. — Mantive meu tom suave. — Acredita que a música pode nos dizer algo sobre o que está por vir?
— Acredito que certas histórias nunca morrem. — Ele sorriu de lado. — Elas apenas aguardam o momento certo para serem recontadas.
Não era apenas uma conversa sobre música. Ele estava insinuando algo. Antes que eu pudesse aprofundar o assunto, meu pai se inclinou levemente à mesa, atraindo a atenção dos presentes.
— Duque Galahad, espero que nossa recepção esteja à altura de sua estadia. — Sua voz era firme, porém amigável.
— Sem dúvidas, Lorde Westmonst. — Galahad sorriu, erguendo a taça. — Sua hospitalidade é admirável.
Meu pai retribuiu o gesto, mas seu olhar logo se voltou para mim.
— E minha filha? Tem lhe feito boa companhia?
— Certamente. — O duque pousou a taça sobre a mesa e me olhou com um interesse que me incomodava. — Lady Serena é uma jovem encantadora e muito sagaz.
Senti o peso das palavras do meu pai. Ele queria que eu agradasse o duque. E eu estava fazendo exatamente isso. Antes que qualquer outro comentário fosse feito, uma das servas passou com uma bandeja de vinho, e percebi que Darien estava logo atrás, carregando outra. Ele parecia completamente integrado, servindo com discrição, mas seu olhar, ainda que breve, encontrava o meu de tempos em tempos.
O duque pegou sua taça novamente e girou o líquido escuro antes de lançar um olhar para meu pai.
—Quero pedir a você, Visconde Westmonst, se posso tirar sua filha para uma dança ? —Sua voz soou suave.
Meu pai me encarou por um instante, e percebi a hesitação em seu olhar. Ele sabia que um pedido como aquele, vindo do duque, não era apenas um gesto educado, mas era uma exigência disfarçada de polidez. Recusar significaria algo mais do que um simples desagrado, mas uma afronta.
— Mas é claro, Vossa Graça. — Ele enfim respondeu, forçando um sorriso. — Serena ficará honrada em dançar com o senhor.
Honrada.
Engoli em seco, mas mantive a postura impecável. Recusar não era uma opção. O duque estendeu a mão para mim, um sorriso calculado nos lábios. Os olhos reluzindo como se já soubesse que a situação estava a seu favor.
— Me concede esta dança, Lady Serena?
O sorriso que esbocei foi uma máscara que eu conhecia bem. Aceitei sua mão com um gesto gracioso, mas por dentro meu coração disparava.
— Será um prazer, Vossa Graça.
Ele me conduziu até o centro do salão com a elegância de quem já dançava há muito tempo. Quando chegamos ao centro, a música começou, e o salão parecia se abrir ao nosso redor. Os olhares dos convidados se voltaram para nós, alguns curiosos, outros atentos, e uma leve tensão pairou no ar.
A dança, como sempre, era mais do que um simples entretenimento: era uma forma de poder, um terreno onde alianças e intenções podiam ser lidas entre os passos e olhares.
Galahad conduzia a dança com precisão e destreza. Cada movimento seu era fluido, como se ele estivesse no controle de cada detalhe. E seus olhos nunca deixaram os meus. Sua presença era intensa, como se estivesse observando algo além da dança, algo mais profundo, mais pessoal. E isso estava começando a me incomodar.
— Não me parece muito entusiasmada, Lady Serena. — Ele comentou em um tom baixo, quase como um desafio, enquanto nossos passos se alinhavam com a música.
— O que lhe faz pensar isso, Vossa Graça? — Respondi, tentando disfarçar a tensão crescente com um sorriso.
— Talvez o fato de que seus olhos estão sempre em outro lugar.
Meu corpo ficou apreensivo por um instante, e senti o calor subindo pelas minhas bochechas.
Ele percebeu.
— Sou apenas cautelosa. — Respondi com suavidade. — Há muitos olhares sobre nós.
Ele riu baixinho, inclinando-se levemente para sussurrar próximo ao meu ouvido.
— Deveria se acostumar, Lady Serena. Uma dama do seu status está sempre sob observação.
Seu tom era suave, mas havia algo nele, um veneno disfarçado de charme, que fez um arrepio ruim descer pela minha espinha. Algo em sua presença me fazia sentir pequena, como se eu estivesse sendo medida e avaliada a cada palavra que trocássemos.
— E o que exatamente Vossa Graça está observando? — Perguntei, mais para me distrair da crescente sensação de desconforto do que por real curiosidade.
Ele girou-me suavemente, e ao me puxar de volta para seu corpo, seus dedos pressionaram minha cintura de forma deliberada. Ele parecia gostar do controle que tinha.
— Inteligente. Bela. Cheirosa.— Ele enumerou calmamente. — Mas também desconfiada. O que será que tanto teme, Lady Serena?
Senti minhas unhas se cravarem em sua mão com mais força do que o necessário. A sensação de estar sendo estudada com tamanha intensidade me deixou inquieta.
—Apenas tenho cautela com homens que falam demais e fazem pouco. — Respondi com um sorriso afiado, sabendo que ele entenderia o subtexto.
O sorriso dele se alargou ainda mais, como se tivesse achado a resposta mais interessante do que qualquer outra coisa que já ouvira.
— Justo. — Ele murmurou, a voz agora mais baixa e carregada de um tom que só ele sabia dar. — Mas posso lhe garantir, Lady Serena, que sou um homem que sempre faz o que precisa ser feito. Nada mais, nada menos.
A música estava chegando ao fim, e quando ele se afastou um pouco para me fazer uma reverência, eu me vi obrigada a inclinar a cabeça em resposta.
— Foi uma honra dançar com a senhorita. — Ele disse, sua voz suave e cheia de significados não ditos.
— O prazer foi meu, Vossa Graça. — Respondi, forçando o sorriso, mas por dentro meu corpo ainda tremia com sua presença.
Quando nos afastamos, meus olhos encontraram os de Darien, que estava parado próximo às colunas, com os olhos fixos em mim. Havia algo ali. Algo que fazia meu coração bater mais rápido, mas não era o tipo de emoção que eu desejava.
***
N|A: ALÔ ALÔ ALÔ
GENTE CHEGAMOS A 2K!!! 🕺💃🏻 🎉
Nem acredito 🥹
Brincadeiras a parte >>
Em comemoração aos 2k, irei postar 2 capítulos seguidos, um hoje e outro amanhã
Obrigada a você que sempre comenta e deixa sua estrelinha ⭐️, seu lugar está guardadinho em meu coração ♥️
Beijinhos e até amanhã ♥️🕺💃🏻🎉
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