✨ Capitulo 7 ✨
⚜️ SERENA⚜️
O castelo fervilhava de inquietação. O trote ritmado dos cavalos ressoava pelo pátio, um prelúdio para a movimentação apressada dos servos que cruzavam os corredores, murmurando entre si. Não precisava de confirmações para saber o motivo: o Duque havia chegado.
Do alto das janelas, observei os cavaleiros patrulhando os jardins com olhares atentos, cada um varrendo os arredores em busca de qualquer sinal de ameaça. A presença deles era uma lembrança constante da influência de Galahad e de como meu pai sempre soube jogar o jogo da política. A aliança entre nossa casa e a dele era uma de suas peças mais valiosas. As cartas trocadas entre ambos eram frequentes, e eu sabia que esta reunião não era uma simples visita.
Enquanto a movimentação acontecia ao meu redor, permaneci sentada no meu quarto, absorta nas páginas de "Romeu e Julieta", o livro que Darien havia me dado. As palavras de Shakespeare fluíam diante de meus olhos, carregadas de amor proibido. Era impossível não traçar paralelos entre a história dos amantes e minha própria realidade. Mas, por mais que tentasse me perder na leitura, a atmosfera carregada do castelo não permitia que eu ignorasse o presente por muito tempo.
Depois de guardar o livro com cuidado, segui pelos corredores de mármore polido, mantendo meus passos leves e calculados. O aroma adocicado das flores recém arranjadas misturava-se ao perfume das velas aromáticas, criando um cenário preparado para impressionar. Cada detalhe, cada toque sutil de elegância, era um lembrete da importância da ocasião.
Minha mãe surgiu à frente, movendo-se com a graça impecável que sempre demonstrava, sua postura ereta e sua expressão suave. Ela parou diante do Duque e fez uma leve inclinação de cabeça. Ele retribuiu com um sorriso educado, mas havia algo em seu olhar, como se analisasse cada detalhe ao seu redor.
— Viscondessa Westmonst, como sempre, um prazer estar em sua presença — Galahad cumprimentou, a voz suave, porém carregada de uma autoridade inquestionável.
— O prazer é nosso, Vossa Graça. Espero que sua viagem tenha sido tranquila — minha mãe respondeu, sua voz tão polida quanto sua postura.
— O suficiente para me trazer até aqui com segurança. —Ele assentiu, permitindo-se um pequeno sorriso. Seus olhos percorreram o salão analisando cada canto, cada servo e cada respiração.
— Espero que tenha aposentos suficientes para meus soldados — continuou, sem pressa, como se já soubesse a resposta.
— Naturalmente — minha mãe disse, mantendo a compostura. — Foram preparados quartos na ala leste para sua comitiva. Tenho certeza de que estarão bem acomodados.
— Perfeito. Minha tropa precisa de descanso. A estrada foi longa, e um soldado cansado não é um soldado eficiente.
Eu e Cassie nos aproximamos, fazendo a reverência que nos foi ensinada desde pequenas. Ou pelo menos, eu fiz.
— Seja bem-vindo, Vossa Graça! — Cassie exclamou animada, sua reverência um pouco desajeitada, mas adorável.
O Duque arqueou uma sobrancelha, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios enquanto observava minha irmã mais nova.
— Como você cresceu, Cassandra. Está se tornando uma dama encantadora.
Cassie sorriu, orgulhosa do elogio, e se agarrou levemente à barra do meu vestido.
— E você também, Lady Serena — ele acrescentou, voltando o olhar para mim.
Inclinei levemente a cabeça em um gesto de respeito, mantendo minha expressão neutra.
— Seja bem-vindo a mansão Westmonst, Vossa Graça.
O Duque assentiu, avaliando-me por um breve momento antes de finalmente falar:
— Lady Serena, sua família tem muito do que se orgulhar. A lealdade e influência dos Westmonst são inigualáveis.
— Meu pai preza por nossa reputação e honra acima de tudo — respondi, minha voz calma, porém firme.
— Como deve ser — ele concordou, mas logo sua expressão se tornou mais séria, como se a formalidade do encontro finalmente estivesse dando lugar ao verdadeiro motivo de sua visita. — E justamente por isso, preciso de um momento privado com o Visconde Westmonst. Temos assuntos urgentes a tratar.
Senti Cassie apertar um pouco mais meu vestido, seus olhos se voltando para mim em busca de respostas.
— Assuntos urgentes? — ela perguntou baixinho, piscando com curiosidade. — Isso significa que algo ruim aconteceu?
Minha mãe passou a mão suavemente pelos cabelos da menina, oferecendo-lhe um sorriso tranquilo.
— Não se preocupe, querida. São apenas conversas entre adultos.
Antes que qualquer um pudesse impedi-la, Cassie olhou diretamente para o duque e perguntou com inocência:
— Vossa Graça, o senhor veio trazer boas ou más notícias?
O Duque soltou uma pequena risada, claramente surpreso com a ousadia da menina.
— Isso depende do ponto de vista, Lady Cassandra. Mas garanto que seu pai entenderá a importância do que tenho a dizer.
Meu pai, que até então observava a interação em silêncio, pousou uma mão em meu ombro.
—Serena, leve Cassandra para o jardim. Quero que se divirtam um pouco enquanto trato dos assuntos urgentes.
A ordem era clara, mas meu coração acelerou. Algo dentro de mim dizia que alguma coisa estava acontecendo. Baixei a cabeça educadamente.
— Sim, meu pai.
Enquanto meu pai e o Duque seguiam para a sala de reuniões, eu me virei na direção do jardim. Meu desejo era correr atrás deles, esgueirar-me pelos corredores e ouvir cada palavra daquela conversa.
Mas Cassie segurava minha mão com força, seus pequenos dedos entrelaçados nos meus. Eu suspirei. Com quem eu a deixaria? Não podia simplesmente desaparecer e abandoná-la. E, além disso, distrair minha irmã seria um desafio maior do que parecia.
— Vamos para o jardim — falei suavemente, forçando um sorriso. — Trouxe um livro para lermos juntas.
Ela abriu um sorriso animado, sem desconfiar da minha inquietação.
— O do sapo guerreiro?
— Sim — assenti, tentando manter o tom tranquilo.
O sol brilhava alto no céu quando saímos para o jardim, por isso levei um chapéu para nos proteger do calor escaldante. O ar estava impregnado com o perfume adocicado das hortênsias e lírios brancos, minhas flores favoritas, misturado à brisa suave que agitava as folhas das árvores.
Escolhi um lugar sob a sombra acolhedora de uma grande árvore, onde o vento fresco amenizava o calor do dia. O som delicado das folhas ao vento era relaxante, um contraste perfeito com a agitação da mansão.
Cassie se sentou ao meu lado, ajeitando com cuidado as saias do vestido para não amassá-las. Peguei o livro e o abri, deixando que as palavras fluíssem em minha voz, modulando-a para dar vida à história. A cada frase lida, sentia o aroma das flores ao nosso redor e o toque suave da brisa, tornando aquele momento ainda mais encantador.
— "E então, o sapinho empunhou sua espada e encarou a cobra sem medo..."
Cassie arregalou os olhos, imersa na história.
— Ele vai conseguir vencer, não vai?
Sorri, alisando as páginas.
— Sapinhos guerreiros são astutos, Cassie.
Mas então, um som seco cortou o ar, interrompendo minha leitura.
Algo se partindo.
Madeira rachando sob um golpe firme. Meus olhos se desviaram do livro quase por instinto, e foi então que o vi.
Darien.
Sem camisa.
O sol dourava sua pele, destacando cada contorno dos músculos tensos conforme ele manejava o machado com precisão. A cada golpe, seus braços e costas se contraíam, exibindo a força que eu conhecia tão bem. Uma fina camada de suor brilhava sobre sua pele, escorrendo lentamente pelo peito exposto.
E Anne estava lá.
Observando.
Ela não fazia questão de disfarçar. Pelo contrário, parecia fascinada. Um sorriso satisfeito curvava seus lábios enquanto ela acompanhava cada golpe preciso do machado.
De tempos em tempos, ela dizia algo, e Darien respondia com um meio sorriso, balançando a cabeça. Senti o estômago apertar, um calor sufocante subindo pelo meu peito.
Vinte e cinco noites.
Vinte e cinco noites consecutivas que desfrutamos do corpo um do outro, lado a lado, dividindo segredos, palavras sussurradas enquanto fazíamos amor. Durante todas essas noites, eu me entreguei para ele de corpo e alma. Mas agora ele estava ali, se exibindo sem camisa, os músculos brilhando sob o sol, e Anne... Anne sorria como se ele fosse um prêmio. Como se ela tivesse algum direito de olhar para ele daquele jeito. Como se eu jamais tivesse existido. Como se...
Meus dedos apertaram o livro com tanta força que senti o papel se dobrar sob a pressão.
Cassie percebeu minha distração e franziu a testa.
— Serena, você parou... O que aconteceu depois com o sapo?
Pisquei algumas vezes, trazendo minha atenção de volta ao livro.
— Ah... Ele se preparou para atacar — murmurei, sem nem ao menos saber em que parte da história estávamos.
Cassie cruzou os braços, desconfiada.
— Você não está prestando atenção.
Engoli em seco e forcei um sorriso.
— Estou, sim.
Mentira. Minha atenção estava completamente presa a outra história.
Foi então que aconteceu.
Anne disse algo, um comentário qualquer que eu não consegui ouvir, e Darien riu.
Mas não foi qualquer riso.
Foi aquele riso.
Aquele sorriso genuíno, de canto de boca, que fazia as covinhas surgirem em suas bochechas. O sorriso que ele me dava quando eu dizia algo tolo, ou quando, nos nossos momentos íntimos, ele me olhava como se eu fosse a única mulher do mundo.
Agora, ele estava dando aquele sorriso para Anne. E ela riu de volta, inclinando-se um pouco mais perto. Como se tivesse permissão para estar tão próxima. Como se...
Meu peito apertou, uma onda quente de irritação e algo mais se espalhando por mim.
Cassie estalou os dedos na minha frente.
— Serena!
— O quê? — Pisquei, voltando para a realidade.
Ela bufou, impaciente.
— O sapo venceu ou não?
Apertei o livro com mais força do que o necessário.
— Claro que venceu — resmunguei.
— Então por que você está com essa cara de quem perdeu?
Respirei fundo, tentando ignorar o aperto no peito. Eu não tinha perdido nada. Não tinha, não é?
— Vamos pegar biscoitos na cozinha, Cassie.
Era uma desculpa. Uma forma de me afastar antes que meus sentimentos transbordassem.
Mas quando olhei de novo, Darien ainda estava lá.
Anne ainda estava lá.
E aquilo foi pior do que qualquer derrota do sapo guerreiro.
***
N|A: ALÔ ALÔ ALÔ
Aqui está como eu imagino a nossa Serena:
Em comemoração aos 1k de visu 💃🏻
Você tbm imaginam ela nessa vibe? Se não...
fique livre para imaginar como quiser
Obrigada pela leitura
Não se esqueça de deixar sua estrelinha ⭐️
Nos vemos na quarta feira ♥️
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