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"A Mutação" - Capítulo 11

"A Mutação"

"Você não deve viver a vida como outras pessoas esperam que você viva; tem que ser sua escolha, pois quando estiver lutando, você estará sozinho..."

— "Alice no País das Maravilhas", Lewis Carroll.

Notas do autor: Prestar atenção no ponto de vista usado em cada capítulo, pois neste, por exemplo, quem será o narrador é Axel. Espero que assim, não se confundam.

Capítulo 11, Axel.

Estavam bem melhores, só que ainda feios. Os cortes tinham se tornado um emaranhado de finas cicatrizes. Sabia que com Mutação, um dia, elas não passarão de simples linhas esbranquiçadas. Não obstante, não tive e nem teria a minha disposição quando necessário. Nitidamente para que ficassem eternamente ali como um lembrete, um aviso para o proibido. Diferente de tal pretensão, não me arrependeria de nenhuma delas.

Saí do banheiro fugindo daquele reflexo deprimente.

Ficar relembrando aquele dia não adiantaria em nada. Um dia já a mais de quatro meses atrás... Queria tanto saber como ela estava e quando iria sair de lá. Porém, se até para Jack negavam visitas, não queira imaginar como era para mim. Juro, não foi por falta de tentativas. Nas primeiras duas semanas, após ter tido alta, pensei em todos os meios imagináveis de conseguir vê-la, precisava de notícias concretas. Confiaria apenas em seus olhos. Estava trabalhando com fatos, não possibilidades. Sendo que nenhuma deu certo, nada era viável. Aubrey só faltou mesmo me matar quando soube — não que ela quase nunca quisesse. E dessa vez tinha razão.

Peguei uma camisa azul — ato que raramente fazia — no armário e vesti. Estranhei o seu uso.

Não que eu fosse cromófobo ou tivesse algum problema particular com azul, bem pelo contrário, era um amante de seus mais variados tons. Só que, infelizmente, a sua cor de camisa é mais do que uma simples tonalidade por aqui, representava seu Grupo.

Você não era obrigado a usá-las sempre, mesmo que muitos nem pensassem na opção de não usar, por isso a existência das brancas e pretas. Essas sempre foram as em maior quantidade — por quase ninguém procurar —, mas como nunca se preocuparam com o fato delas acabarem, ficaram sem as duas cores e só teriam mais em duas semanas.

Pensei em botar alguma das que já tinha, no entanto como agora eu era obrigado a participar de pelo menos duas semanas de treinamento intensivo por mês, elas não passavam de meros trapos. É isso que se ganha quando é um Dois — um Grupo não preparado — e consegue o terceiro lugar em uma Seleção de Busca.

O Refúgio nos dividia em quatro Grupos: Fogo, Água, Terra e Ar. Não sei o motivo dos nomes, mas devem ser da ligação que sempre tivemos com a natureza. Ou melhor, o fato de sempre termos dado preferência as florestas. Mas normalmente os chamavam de Grupo Um, Dois, Três e Quatro — eu preferia assim.

Não via os Grupos como divisões feitas para uma melhor convivência ou facilitar na administração, qualquer coisa do tipo — como davam a entender. Eram apenas para te mostrar em o que deveria se dedicar, qual era o seu papel na nossa mera sociedade e gerar competição. Afinal, se não fosse assim, por que davam tanta importância a eles então?

Na sua infância você não tem um Grupo — belos tempos —, mas ao completar quinze anos te deixam escolher entre um dos Grupos dos seus pais — caso fossem de Grupos diferentes, senão o seu já era pré-determinado — e com dezessete tem a chance de mudar. Todavia não era tão simples assim conseguir isso, você tinha que demonstrar capacidade e aptidão para ele. Caso conseguisse a opção — bem fora do habitual —, então poderia mudar se quisesse. Mas o objetivo da maioria sempre pareceu ser, praticamente, apenas o Grupo Um.

O Fogo se direcionava à proteção — e ataque, se necessário. Muitos deles também caçavam, mas por diversão. Gostavam dos tipos de competições onde o objetivo era ver quem conseguia a melhor e maior caça. Só que a verdadeira responsabilidade ficava para os Três, Terra, que cuidavam da comida. Dividiam-se em panificação, caça — a maioria — e preparo de comida em geral. Os Quatro, ou se preferir, os do Ar, eram os mais diversos. Iam desde as enfermeiras, cuidadoras, até as professoras de primeiro período — cinco a onze anos — ao segundo período — onze a quatorze anos —, e costureiras.

Já o meu, Grupo Dois — Água — era os dos conhecidos como chatos, os "nerds". Onde se tinha desde responsáveis pela energia elétrica e professoras de terceiro período — bem basicamente, quatorze a dezesseis anos — aos famosos "jardineiros".

O nosso ensino era bem diferente ao dos Estados — descobri alguns meses atrás —, estudávamos até os dezesseis anos o básico e depois quem fosse permanecer ou mudar para o Grupo Dois se aprofundava na matéria do seu ramo de interesse.

Eu era um dos "jardineiros", cuidava das mais diferentes espécies de plantas e, às vezes, ajudava na Colheita junto aos Três e alguns do Um, os últimos eram convocados para tal serviço quando demonstravam os piores empenhos do Grupo. Era questão de honra a um Um dizer que nunca participou da Colheita.

Ah, e por fim, mas não menos importante — como se fosse possível amenizar o quão invisíveis tinham se tornado. Cada grupo tinha seu respectivo líder, sendo Sr. Apollo Haves, Grupo Um — o mais ativo —; atualmente, Sra. Wilson, a bibliotecária, Grupo Dois — Sr. Groffrey Simmons passou o papel a ela três meses atrás, dando a entender ser muito exaustivo fazer nada —; Sr. Caden Hughes, Grupo Três — esse ainda continuava no cargo, apesar de estar mentalmente limitado —; e Sra. Etta Butler, Grupo Quatro — continuava, igual a Sra. Wilson, exercendo funções para ocupar a mente. Por sinal, tinha fetiche por incluir comidas natalinas durante todo o ano.

Eu continuei no Grupo Dois, diferentemente, da minha irmã gêmea que fez de tudo para ser um Fogo. Continuei porque ser um Um nunca foi do meu interesse, além de sempre ter me mostrado mais voltado para o Dois. Meu pai era um Água, fez com que desde pequeno criasse um apreço pelo seu serviço aqui. Se não fosse por ele e por tudo que fez por nós, eu e Aubrey, não teria motivos suficientes para continuar, apesar de tudo. Ser um jardineiro não é lá um dos melhores papéis para se ter por aqui, era difícil, cansativo e chato.

Nunca gostei muito dos da Água, mas os preferia aos do Fogo — mais um fato que me desmotivou a escolhê-los como Grupo. Eles se achavam os melhores, chegando até a serem esnobes. No entanto para toda regra há uma exceção, no caso, minha irmã e amiga de infância, uma pré-determinada de lá, não se encaixavam entre eles.

"De novo voltei a pensar nela," pensei, exausto.

Botei os meus coturnos sujos de lama seca largados ao lado da cômoda decidido em pegar alguma comida no refeitório e ver Ruby.

[...]

— Axelll! — gritou Ruby, vindo correndo me abraçar logo em que abri a porta.

— Oi, lindinha! — disse, abraçando-a por um braço.

— O que você está escondendo? — perguntou, percebendo meus braços atrás das costas.

— Uma coisa que você gosta muito.

— O quê? O quê? — perguntou curiosa.

Mostrei-o a ela.

— Um panettone? — perguntou com cara de desentendida.

— Sim. E não foi fácil de conseguir ele.

— Mas quase sempre temos panettones, Axel — comentou April, uma das responsáveis por cuidar das crianças.

— Uhum — concordou Ruby.

— Mas quem te disse que este é um simples panettone?

— Ele é feito de baba de elfo? — perguntou animada.

— Bem, espero muito que não.

— Ah... — disse, perdendo todo o interesse no presente. — April disse que baba de elfo tem gosto de jujuba.

Olhei para April espantado, ela constrangida sorriu.

— Olha, esse não foi feito de baba de elfo, mas tem uma coisa tão boa quanto. — Nada deve ser tão bom quanto baba de elfo.

— Hm, será? — fingi pensar sobre. — E chocolate?

— É de chocolate? — e seus olhos ficaram arregalados só de ouvir a palavra.

Concordei com a cabeça. Ela atacou o saquinho transparente com o chocottone e correu para uma das mesinhas da sala. Lembrei do que eu deveria falar na minha posição.

— É para dividir — avisei enquanto ela abria desesperadamente a embalagem.

— Presente não foi feito para se dividir — retrucou já com a boca lotada de pão e chocolate.

Olhei repreensivo.

— Tudo bem... podem pegar — disse desanimada e deixando bem claro. — Mas só um pedacinho!

Fui até April, que, como sempre, estava com seu sorriso radiante fixado ao rosto pálido e sereno.

— Okay, vou tentar maneirar nos contos de fadas — disse, prevendo o que iria falar.

— Tudo certo com os contos de fadas. Só tenho medo dela se decepcionar muito quando descobrir que baba de elfo não tem gosto de jujubas.

Ela riu.

— Tente relaxar um pouco — ajeitou o vestido. — Você é muito importante para ela, mas está tendo preocupações de um pai.

— Eu sei. Mas é que sem o Wilburn, eu me sinto na obrigação de cumprir o papel dele — admiti. — Todos nós aqui sabemos como é ruim não ter essa figura paterna, ainda mais na infância. Não quero o mesmo para ela. Sei que é impossível, mas se puder evitar ao máximo suas decepções, tentarei.

Ela assentiu.

— Pode deixar então. Não irei contar que pérolas são peidos de sereias.

Foi a minha vez de rir.

— Nossa, April, aonde consegue tanta criatividade, hem? Não precisa contar essa mesmo.

Deixamos de falar por alguns instantes enquanto passei os olhos pelas crianças de bocas lambujadas pelo presente. Ela balbuciou algo, quando a parei antes de começar:

— Desculpas, mas tenho que ir agora. Estão me esperando na Jardinagem.

Ela não estranha as minhas visitas rápidas, são rotineiras e com um único intuito: deixar nítido a Ruby que ainda tem alguém, mesmo que seja por pouquíssimos minutos, e para um abraço. Ela não se sentiria sozinha por uma falta minha.

— Ah, claro. Tudo bem!

O sorriso sumiu. Perguntei-me por que. Ele sempre estava lá... Bem, é o que deveria. — Tudo bem mesmo?

— Sim — afirmou novamente com semblante feliz.

Era extraordinário como que com apenas uma pequena demonstração de preocupação, seu humor mudava instantaneamente.

Todas as pessoas precisavam ser assim. Por que não são? Parecia tão simples com ela. Fui em direção à porta.

— Tchau, Ruby!

— Tchau... — despediu-se sem nem tirar o olhar da comida.

— Axel! — gritou April repentinamente enquanto eu saia.

Virei-me.

— Vou te ver nas Fogueiras hoje à noite?

Eu nem tinha pensado sobre ir as Fogueiras hoje.

— Ah, sim. Estarei lá — respondi, dando-lhe um desejável sorriso.

Ela correspondeu, como o esperado.

[...]

— Hm, o que houve com você hoje? Finalmente decidiu demonstrar o seu amor pelo Grupo Dois? — caçoou Aubrey, sentando-se a minha frente na mesa.

Fiz uma careta debochada.

— Estão sem camisas neutras.

— Ata — mostrou-se aliviada. — Porque se começar a andar de azul e bater papo apenas com o seu pessoal estranho, esqueço que é meu irmão e de ter ficado em terceiro na Competição de Busca.

A última parte ela sempre mencionava para me provocar.

— Pode deixar, irmãzinha.

Voltei-me para meu prato de comida.

— A limpa-bundas está te olhando — anunciou do nada.

— April? — perguntei sem entender direito a referência.

Ela apontou com a cabeça para uma mesa atrás da gente. Virei o rosto discretamente e ela desviou o olhar desesperada ao perceber que foi flagrada.

— Então você está trocando a sua amiga retornada do Mundo dos Mortos pela limpa-bundas? Boa irmão! — ironizou.

— Não estou trocando ninguém! — exclamei com mais certeza do que gostaria que ela soubesse.

— Mas que ela está a fim de você é visível.

E repentinamente sinto um calafrio estranho me percorrer me contraindo enquanto meu estômago embrulha junto a um enjoo crescente.

— Você adora ver coisas aonde não existem, Aubrey — disse enquanto me concentrava em não deixar que nada transparecesse, mesmo não adiantando.

— Axel — chamou preocupada pondo sua mão sobre a minha. — O que foi dessa vez?

Fixei meu olhar no dela sabendo que não precisaria verbalizar para que entendesse. Respirei pausadamente segurando a mão da minha irmã até que sentíssemos que eu estava melhor. Aubrey a apertou mais forte antes de soltar de vez e entrar no seu papel de fingir que nada está acontecendo comigo e continuar o assunto.

— Você quem é um tapado precisando que botem claramente em palavras o quanto gostam de você para notar.

— Pois então estou esperando ela fazer isso.

Ela fica desnorteada, mesmo eu sabendo que no fundo está pensando no que possa estar acontecendo dentro de mim ou em quanto tempo conseguirá manter escondido de Moore.

— Acho que roubei algumas vitaminas de você no útero. Por que não dá uma chance a ela?

Não consegui esconder o sorriso quando na verdade há a possibilidade de quase o oposto. Ela contraiu os lábios e prosseguiu:

— Vai lá perguntar se ela quer dar uma volta contigo.

— Estou muito bem sozinho.

— Não é o que dá a entender.

Larguei o talher, havia perdido a fome por completo e desistido da ideia de prosseguir.

— Aubrey, eu sei como você liga para isso e não gosto mesmo de falar sobre.

Ficou surpresa ao ver que estou tomando a iniciativa.

— Mas sabemos muito bem do que pode estar reservado para gente, principalmente, para um de nós. Já vamos fazer dezoito anos e não sou idiota para não achar que a minha hora está chegando, antes até que você. Pode achar que estou preparado para lidar com as mudanças, mas não será em treinamentos ou tentando me preparar mentalmente que vou me sentir melhor.

Ela não me encarou.

— Eu sei que está pronta para lidar com uma vida onde se vive em função de ser um de linhagem.

No entanto eu não sou assim, ela também pode não ser.

Aubrey sabia muito bem a quem eu estava me referindo.

— Meus sentimentos não são o que mais me interessam no momento.

— O que te leva a achar que ficar sofrendo por alguém é melhor do que estar feliz com outra?

— Só me dá um tempo, por favor!

— Promete que vai chamar a limpa-bundas para sair?

— Nossa... tem certeza que quer que eu saia com ela? Melhor repensar.

— Certeza absoluta.

Por incrível que pareça, se tinha alguém quem ela aprovasse menos do a "limpa-bundas" era Alice.

— Prometo pensar sobre, mas não garanto nada.

Não precisei olhá-la para saber a quão satisfeita estava.

— Bem, não era o que eu gostaria de ouvir, mas valeu.

[...]

— Dirk, preciso ir à Biblioteca, pedi para reservarem um livro. Tudo bem?

— Claro, pode deixar.

Retirei minhas luvas e avental às pressas, fui correndo até lá.

— Boa tarde, senhora Wilson — disse, escorando-me no balcão de entrada.

— Ora, ora, ora, mas não é que o garoto mais bonito desse Refúgio também não é o mais empenhado — brincou.

Sra. Wilson era uma das pessoas mais velhas daqui e eu tinha um respeito muito grande por ela. Ela me viu crescer e sempre teve um carinho enorme por mim, além de ter cuidado de Aubrey e eu por uns bons anos — era como uma avó para mim. Ah, e claro, toda vez que me via sempre falava as mesmas coisas.

— Muito obrigado! — agradeci como se tivesse escutado aquilo dela pela primeiríssima vez.

— Aqui está o que me pediu — comunicou levantando um grosso livro de capa dura até meu alcance com um pouco de esforço.

— Obrigado novamente! Preciso ir, outro dia volto para conversa com a senhora.

Não gostava de passar aqui tão rápido, mas não tinha como ser diferente. Peguei livro e fui me afastando.

— Tenha um bom dia! E volta mesmo — disse com seus típicos olhos carinhosos e necessitados de atenção.

— Pode deixar! — e fui embora.

Esperava mesmo poder voltar logo. Gostava de passar o tempo na biblioteca ouvindo suas mais diversas histórias.

Não consegui guardar o impulso de folhear de relance o que tinha em mãos, era incrível! Iguais a todos os livros da parte reservada — tinham-se lá alguns privilégios em ser querido pela bibliotecária.

Levantei a cabeça tentando ver a entrada da Jardinagem contra a luz cegante do sol a essa hora... Mas o que achei não foi exatamente isso.

Jack. Só que dessa vez não bastava apenas ser ele, tinha que estar com ela. Ela tinha acordado, estava linda e... bem. A Alice estava de volta, a garota que eu enchia a boca para chamar de "minha" estava de volta... Senti minha garganta embargar. Sim, ela estava de volta e com ele. Olhei para as mãos dadas dos dois e para o rosto dele a me encarar, desejando não ter presenciado. Desviei o olhar seguindo o meu caminho. Não fazia mais sentido eu me estressar por aquilo, nunca fez.

Entrei na Jardinagem tropeçando e fraco. Escorrei-me na parede percebendo a visão embaçada por lágrimas. Eu não podia e nem devia me dar o direito de chorar ali e agora. Botei o livro na mesinha de entrada e fui pegar meu material de trabalho onde havia deixado.

— Está tudo bem, Axel? — perguntou Dirk, reparando em meu rosto. Devia estar vermelho, como sempre ficava com tanta facilidade.

Quer ouvir a verdade ou a mentira?

— Sim. Está tudo ótimo.

Ele não precisava saber a verdade, ninguém precisa.

Objetivo do dia: Parar de ser um babaca.

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