O Maravilhoso Piso Japonês
— Eu juro que ele é útil! E inofensivo!
— Kells, a sério — Lena não pôde fazer muito mais que soltar um suspiro irritado — podes abrigar quem quiseres mas por que raios isto teve que terminar a sujar MEU PISO JAPONÊS?
Era uma advertência, e todos puderam jurar notar quase um brilho vermelho, quase como uma sirene muda, nos olhos da miúda.
Carol, que esteve o tempo apoiada às hastes de metal da piscina, achou uma boa hora para interferir.
— Desculpa, Lena. Eu não sabia que daria toda essa confusão.
— Não tens culpa.
Mas mal pode-se terminar a conversa que incrivelmente tinha alcançado termos pacíficos, pois a Raposa sentiu-se completamente entediada, o suficiente para voltar a pular no fantasma, que se esgueirava para tentar fugir do animal incômodo e maluco.
— Ah não!
Com um pulo o suficiente para derrubar quem quer que estivesse à frente, três Splashes fizeram-se ouvir, seguidos por gritos cortados o minuto que submergiu os três corpos femininos.
Não precisaram olhar na direção de Lena para saber que certamente, alguém iria morrer.
Era possível ver duas mulheres esfregando o chão com força, uma trazia a vassoura timidamente e a outra tagarelava pelos cotovelos com um rodo na mão, e um pano a limpar um barro lamacento que parecia grudado ao chão. Enquanto isso, a portuguesinha "bué" observadora — e também muito dona da casa, obrigada — mantinha-se em pé, impaciente, no batente do sofá com um pratinho mínimo entre os dedos e pernas inquietas.
Ela havia ajudado o suficiente.
Uma bagunça que nem era dela, para começar.
Então nada mais justo que uma pausa para tartes de lima enquanto observava as duas nobres amigas desvincularem-se na tarefa de limpar o chão.
Que elas mesmas sujaram, deve-se sempre ressaltar.
— Hey maltinha, que passa, eu ouvi uns baru- oh wow. Que isto?
As três cabeças levaram-se na direção da voz da morena que acabava de aparecer na porta, o dedo apontando para o local da piscina. Era a mais doce das inquilinas, se o nome Lídia pudesse te dizer alguma coisa.
— Não muito — Lena baixou a tarte ao prato, que quase ia à boca — tudo corria bem, até Kells — sua voz cantarolou baixo, irritada — e o fantasma dela com a raposa da Carol virem e arruinarem meu piso.
Findou levando a sobremesa a boca, retornando um leve descaso nos ombros para a amiga na porta, e sua sobrancelha arqueada. Ela estava a achar aquilo cômico, se fosse sincera.
— Wow, a cada momento isto fica mais interessante. Querem ajuda malta? — a doce jovem olhou agora na direção da outras amigas, que já se prontificavam com seus vários nãos.
— Já estamos terminando, Ly; pode deixar — Carol adicionou seu típico sorriso cando ao final.
— Exato; — Kells pontuou, movendo os olhos para Lena em seguida — e ele não é exatamente meu fantasma, Lena.
— Bom, melhor que o digas a ele então, pois não parece saber disso — e apontou com a cabeça a estatura de gelo congelada pairando no canto do cômodo, suas partes mais baixas amareladas em um tom velho. Ao ouvir sendo citado, ecoou uma melodia irritada.
As quatro meninas só puderam encarar o mencionado fantasma, choque, desdém, um quase riso e um lábio curvado para cima em seus rostos.
— Importas de compartilhar um pouco desta tarte de lima tua, Lena?
— A ti não, Ly — direcionando um olhar pontudo para as outras duas meninas, que apenas riram, sabendo que logo, logo ela cederia.
Algumas horas depois do ocorrido, Lena, Carol e Ells encontravam-se acomodadas na sala do apartamento agora vazio, já que após a crise do piso japonês, Larah havia sido vista com uma pá de gelo pouco depois do sumiço repentino do morador surpresa.
Pequenos pratos com resquícios de merengue de limão se encontravam empilhados sobre a mesinha de centro.
A televisão exibia as últimas notícias do dia, ao passo que o trio se concentrava em avaliar os perfis de futuros novos moradores.
— Este me parece ser aceitável — falou Lena estendendo a folha para que as outras pudessem avaliar.
— Me parece muito normal — ponderou Kells — talvez não seja um bom perfil para o Condomínio, precisamos de alguém mais... ousado.
Uma batida ecoou da porta que se abriu revelando Ash, o guaxinim, que entrou se acomodando no sofá entre as três, fechando os olhos pronto para um cochilo.
— Vejamos... que tal essa? — Carol arriscou, enquanto acariciava o pequeno intruso — aqui diz que ela é instrutora de paraquedas.
— Me parece demasiado arriscado — tornou a portuguesa.
Passando despercebido pelas meninas, que agora estavam realmente entretidas em discutir se deviam considerar o casal que dançava tango de patins, Ash se levantou sorrateiramente e se encaminhou à cozinha.
De alguma maneira o pequeno animal conseguiu contatar a paraquedista e o casal. Ambos viriam no próximo mês.
Com certeza aquela seria a segunda rodada do caos.
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