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É uma novidade muito fora do comum para mim. Acredito que para a Kássia também. O fato é que nossa mãe gostou de ter ido ao tal encontro misterioso. Uma situação complicada. E eu prometi à mim mesma que não julgaria e nem ficaria pensando nisso. Mas o problema é que mamãe ainda é uma mulher casada, e isso não é algo fácil de esconder. Isso me leva a crer que esse homem misterioso é alguém que já conhecemos. Pior, alguém que não tem medo do meu pai. A única coisa concreta que mamãe falou sobre esse homem misterioso, é que, talvez, ela o apresente a nós em breve.
No decorrer da semana, esse assunto foi perdendo força, já que estamos em contagem regressiva para a inauguração do restaurante. O tempo do Douglas em casa ficou cada dia mais escasso. Tudo para garantir que nenhum tipo de imprevisto aconteça. Me controlei ao máximo para não quebrar meu repouso e ir lá dar uma espiada ou um beijo no Douglas. Contudo, ficar esses dias aqui foi bom por muitas razões.
As lembranças que eu tinha dessa casa ganharam um novo tom com Bia aqui. Antes, minhas recordações giravam em torno da investigação e tudo de ruim que ela trazia. As desconfianças que eu tinha sobre Douglas e Vivian; a descoberta do risco que eu corria de ser presa; o medo que eu sentia de que algo acontecesse ao Douglas ou a mim.
Nesses sete dias, já foi possível criar novas recordações e substituir cada um dos fantasmas que habitavam aqui. A Irmã Helena tem me ajudado muito com isso. A propósito, sua presença nesta casa faz manter viva a alma de Dona Ana. Elas eram amigas de longa data e passaram por muitas coisas juntas. Coisas boas e ruins, acredito eu. Só que Irmã Helena tem sempre algo bom para contar sobre minha falecida sogra. Como quando o Douglas contou para ela que eu estava grávida. De acordo com Irmã Helena, Dona Ana ficou tão feliz com a notícia, que a arrastou para um armarinho e pediu ajuda para escolher cores de linhas e lãs para tecer roupinhas e sapatinhos. Seus olhos brilham toda vez que pega Bia em seu colo. Diz que seus traços lembram os da amiga em alguns momentos.
Me desligo um pouco desses pensamentos quando Douglas entra em casa. Estava tão imersa lembrando desses últimos dias que nem ouvi o barulho de seu carro. Minha nova ajudante já foi para casa descansar e só estávamos Bia e eu em casa. Até agora.
Douglas alonga as costas, em seguida, inclina a cabeça para a esquerda e depois para a direita enquanto os estalos ecoam pelo cômodo.
— É amanhã, pequena — diz com um sorriso nos lábios. Seu semblante, apesar de cansado, denota muita animação. Diminuo o som da TV para poder dar mais atenção a ele.
— O restaurante deve estar lindo.
Douglas beija o topo da cabeça de Bia e depois minha boca. Toco seu rosto e o puxo mais para perto antes que se distancie muito. Ele entende que preciso sentir sua boca na minha por um pouco mais para compensar o tempo em que ele esteve fora. Queria que Bia já estivesse dormindo para deixar as chamas que este beijo está me causando, fazerem meu corpo entrar em combustão de uma vez. Suspiro quando seus lábios tocam os meus mais uma vez antes dele se sentar ao meu lado.
— Uma jornalista esteve lá no restaurante hoje.
A ideia de que alguém ainda queira falar sobre assuntos passados, como a investigação ou a morte do Alejandro, faz meu coração saltar dentro do peito.
— Estão querendo remexer naquele assunto de novo?! — pergunto aflita.
— Não, não… — diz dando a entender que interpretei errado. — Essa jornalista trabalha para um programa de gastronomia de um canal de TV a cabo. Quer fazer uma matéria sobre o próprio restaurante. — sorrio me deixando levar pela notícia.
— Caramba! — expresso impressionada. — E você concordou em fazer a matéria?
— Ainda não. — ele retira um cartão do bolso e me entrega. — O que você acha?!
Olho para o cartão com o nome da jornalista brilhando em uma fonte atrativa, com o logotipo do programa de TV ao lado. Imagino a matéria sendo assistida por inúmeras pessoas e, porventura, até possíveis turistas que possam se interessar em conhecer o restaurante, já que o programa é de nível nacional. Minha animação se dissipa um pouco quando penso que esse mesmo marketing tenha um efeito ruim. Isso me amedronta.
— Chamar esse tipo de atenção não seria um pouco arriscado?!
Douglas não muda sua expressão e nem hesita para dar sua opinião.
— Acha que isso seria como dar minha localização exata a algum possível inimigo?! — assinto em silêncio. — Karen, eu acho que quanto mais eu me expôr, mais seguro vou estar. Quanto mais eu conseguir me inserir na sociedade de novo, mais difícil vai ser alguém voltar a lembrar de mim como o policial que assassinou um traficante. Entende o que eu quero dizer? — respiro fundo ainda não muito convencida. — Karen, se eu viver me escondendo ou andando armado por aí, nunca vou passar de um ex policial. Eu me fingi de morto. Agora tenho que mostrar que tô vivo. Vivendo.
— Eu sei… — falo ainda sentindo medo.
— O mesmo cuidado que eu tenho aqui em casa, tenho lá. Já contratei seguranças, como qualquer dono de restaurante. A diferença é que esse é um tipo de segurança diferente. São homens treinados para lidar com ameaças mais perigosas. Mas isso não quer dizer especificamente que existe uma ameaça. Só quer dizer que estarei seguro. Eu, nossa família e meus clientes.
Olho novamente para o cartão e depois para ele. Meu coração já está mais calmo depois de ouvir o que ele pensa a respeito, e preciso admitir que ele está certo. Principalmente sobre ele sentir necessidade de fazer parte da sociedade novamente. Eu nunca tinha parado para pensar em como ele poderia ter encarado a farsa da própria morte. Não foi a forja que ele havia combinado com seus superiores. Sua mãe, eu e muitas outras pessoas que deveriam saber que ele estava vivo, foram enganadas. Ele realmente havia morrido para nós. Então precisa se sentir vivo para nós e para o mundo. Mais uma vez. E essa matéria sobre o restaurante parece ser o pontapé inicial para que isso aconteça.
— Liga pra ela e diz que aceita. Eu confio que vamos estar seguros. — Douglas sorri e se levanta do sofá.
— Vou tomar um banho e tentar fazer Bia dormir — fala. — Dizem que dá azar não transar na véspera da inauguração de um restaurante.
•°• ✾ •°•
Douglas já está no restaurante desde cedo. Paola, Diego e Wesley estão aqui e vamos todos juntos. Minha mãe, Kássia e Eduardo vão nos encontrar lá daqui a pouco. Estou dando voltas e mais voltas em frente ao espelho. Olhando cada detalhe do vestido vinho para me certificar de que estou realmente bem nele. O decote é ousado, mas suavizado por uma parte em tule na cor nude. Apesar de reconhecer que estou muito bonita com ele, me sinto insegura.
Wesley entra no quarto e me olha de cima a baixo boquiaberto. Também está muito bem em uma camisa social branca e gravata. Jeans e sapatos de couro de cobra completam seu look.
— Você tá muito gostosa com esse vestido, gata — sorrio.
— Você também tá lindo, Wes. — olho novamente para o meu reflexo. — Mas… sei lá… Sou mãe agora e acho que deveria ter escolhido um vestido mais comportado.
— É mãe sim, mas uma mãe gostosona. Não tem motivo pra ficar se tapando toda só porque carrega um bebê nos braços agora. — ajeito o decote mais uma vez e respiro fundo. — Sabe do que eu tô lembrando? — paro de olhar para mim e observo Wesley com um brilho nos olhos. — Do seu primeiro encontro com o Douglas. Eu fui pra sua casa e te produzi pra fazer ele gozar só de olhar pra você. — gargalho.
— Não se esqueça que eu fui parar no hospital naquela noite.
— Mas foi bem arrumada, pelo menos. Olha só pra você agora. Tá noiva dele; teve uma filha dele e vai estar ao lado dele nessa conquista maravilhosa.
— Não me faça chorar, Wesley. Eu sei que vai acabar acontecendo, mas ainda nem cheguei lá — comento abanando o rosto.
— Essa noite é sua também. Nós dois sabemos que o Douglas já teve muitas mulheres, mas você fez ele mudar, trocar de profissão… E sem precisar exigir. Ele trocou tudo isso por vocês — diz apontando para Bia, deitada em minha cama.
— Tem horas que eu nem acredito — falo experimentando jogar os cabelos para o outro lado.
— Quer que eu te belisque? — questiona já segurando meu braço com as pontas dos dedos.
— Não! — exclamo entre risos. Wes para ao meu lado e faz várias poses como se posasse para fotos. Depois enlaça meu braço e sorri. É aí que a primeira lágrima rola pelo meu rosto.
— Ah, para com isso, Karen! — briga. — Vou ter que refazer toda essa maquiagem.
— Wes… — choramingo. Ele franze o cenho e percebe que não é uma mera emoção.
— O que foi?!
— Entra comigo…
— Mas é claro que eu vou entrar com você. Nós vamos juntos, né?!
— Na igreja, Wes. Entra comigo no dia do meu casamento com o Douglas. — seus olhos se abrem e sua expressão relaxa um pouco. Observo seu pomo de Adão se movimentar no pescoço à medida em que ele absorve meu pedido.
— Quer que eu… — assinto antes que ele termine a pergunta. — Mas e seu pai? Não vai esperar ele sair da prisão???
— Meu pai, Wes? Não me imagino entrando na igreja com ele. Quero já estar casada quando ele for solto. — minhas palavras não saem de forma cruel e acho que o Wesley entendeu meu ponto de vista sem precisar explicar cada detalhe. Meu pai tentou me separar do Douglas e, por mais que eu esteja preocupada com ele lá na prisão, não consigo vê-lo da mesma forma que via antes. — Eu quero você do meu lado, Wes. Você.
— Não era pra eu estar chorando! — diz invocado consigo próprio.
— Isso é um sim?! — questiono confusa.
— Tem um viado mais bonito que eu pra entrar com você?! — sorrio e nos abraçamos forte.
— Será que já podemos ir? — Paola questiona ao entrar no quarto.
— Podemos.
Um misto de sensações tem início dentro do meu peito. Hoje mais uma etapa se inicia findando que deixamos muitas coisas para trás. É noite de comemoração e eu não poderia estar mais feliz. Umas semanas atrás, o restaurante era apenas um prédio cheirando a mofo e com mobília velha. Agora, o lugar está irreconhecível. Há mesas no ambiente externo sendo iluminadas por lindos candeeiros. Meus lábios se curvam em um sorriso espontâneo e involuntário ao ver uma fila extensa de pessoas aguardando pela abertura do restaurante. Mas não sobra muito tempo para observar até que ponto a fila se estende, pois ouço meu nome sendo chamado. Olho na direção da porta de entrada ainda com a fita inaugural e vejo dois seguranças.
— Sim — respondo alternando olhares entre os dois, já que não sei qual deles me chamou.
— Entre — o mais alto se manifesta removendo a fita apenas para que nós entremos.
Meus olhos passeiam por todo o ambiente impecável e decorado de formas diferentes pelo salão. No canto à esquerda, nos fundos, as paredes são cobertas por plantas do tipo trepadeiras. Parece um pedaço da selva. À direita, fios com pequenas lâmpadas cobrem as paredes e lembram o Festival das lanternas, na Tailândia. No meio, lustres de diferentes tamanhos e formas trazem um tom mais elegante às mesas. Os painéis instalados no restante das paredes exibem as miniaturas dos principais pontos turísticos do Rio de Janeiro. Imagino que lá em cima esteja ainda mais lindo. Daqui só vejo às mesas com luminárias no centro.
— Quer ajuda para escolher uma mesa, senhora?
Me volto à voz que me tirou dos meus devaneios. Douglas sorri abrindo os braços indicando que posso escolher qualquer uma. Olho em volta com mais atenção e percebo que minha família está sentada à mesa no ambiente florestal. Paola, Wesley e Diego já estão indo até eles. Depois eu os alcanço. Dou mais alguns passos até estar próxima o suficiente para receber o beijo do Douglas.
— Eu estou tão orgulhosa de você… — falo olhando em seus olhos. Ele me beija de novo, com mais ternura desta vez.
— Agora que você chegou, já posso abrir o restaurante. — sorrio animada. — Posso segurar Bia enquanto cortamos a fita?
— Quer que eu corte com você?!
— Por que não? Isso aqui — diz olhando ao redor de nós —, foi uma sugestão sua.
— Então vamos logo. A fila já deve estar dobrando o quarteirão.
Douglas pega Bia do meu colo com cuidado, e seguimos em direção à entrada novamente. Do ângulo em que estamos, agora vejo que, além dos clientes que aguardam em fila do lado de fora, há também um grupo de fotógrafos e cinegrafistas. Imagino que a equipe de gravação do programa deve estar nesse meio.
Um garçom segura uma bandeja com uma tesoura ao lado da porta. Douglas a pega e entrega em minhas mãos. Enlaço meus dedos nela, e depois ele cobre minha mão com a sua. Toda a atenção se volta a nós enquanto Douglas pronuncia algumas palavras.
— É com imenso orgulho e entusiasmo que declaramos que a Toca do Sant'Anna está aberta.
Suas palavras congelam minhas ações e mal consigo movimentar a tesoura, é ele quem a movimenta e rompe a fita.
Toca do Sant'Anna.
Sinto meu corpo sendo eletrizado. Como fui entrar sem olhar para a fachada? Ele já tinha mencionado que iria fazer segredo quanto ao nome do restaurante, mas esqueci e entrei sem nem olhar para o letreiro.
Douglas entrega Bia em meus braços e tira a tesoura da minha mão.
— Vou recepcionar os clientes — diz. — Senta lá com sua família. Assim que eu puder, me sento para jantar com vocês. — assinto animada enquanto ele beija minha boca uma última vez e me afasto para não ser atropelada pela multidão faminta e empolgada.
É lindo ver as mesas do restaurante sendo ocupadas rapidamente. Há muitos rostos conhecidos, como alguns membros da igreja que Dona Ana frequentava, Daniel acompanhado da Layla e o filho dela, toda a família dele, e alguns outros rostos dos quais não consigo lembrar de onde são, mas lembro de já tê-los visto. Nossos pedidos chegaram com rapidez e todos estamos desfrutando de um jantar maravilhoso.
— Karen… — minha mãe começa a falar, mas suspira e para por alguns segundos. — Eu tô impressionada. Quero dizer, eu não duvidei do Douglas, mas isso tudo tá tão melhor do que quando imaginei…
— É verdade — diz Paola. — Seu pai precisava estar aqui e comer a própria língua com esse tempero maravilhoso! — Paola percebe que mencionou meu pai da forma mais grosseira que poderia, e na frente da minha mãe e da minha irmã. — Desculpa, gente.
— Não… — Kássia se manifesta. — Eu concordo com você. Ele achava que o Douglas nunca fosse voltar. Mas ele não só voltou, como refez toda a vida com minha irmã.
— Vamos mudar de assunto — peço. — Como foi essa semana lá em casa, Kássia?
— Ótima! — exclama entre um gole de vinho e outro. — Agora estou em dúvida entre dois locais para montar o estúdio.
— Eles nem são tão diferentes — alega Edu zombando da minha irmã.
— Nós podemos ajudar a escolher, né Wesley? — diz Paola. — Se quiser ajuda, é claro.
— Adoraria. — me surpreendo ao ver que minha irmã aceitou a ajuda dos meus amigos. Talvez hoje seja um marco na história de todos, minha família e meus amigos. Todos se dando bem.
Continuamos jantando em harmonia. A única coisa difícil de engolir é o fato do meu pai ter destruído seu laço conosco. Seria maravilhoso se ele não tivesse se transformado no monstro que é hoje e estivesse sentado à mesa também. É difícil lembrar dele e não me sentir incomodada com a forma com que nos distanciamos. Em algum momento vou ter que enfrentar essa situação e tentar apaziguá-la.
O celular de mamãe toca e, em vez de atendê-lo, ela toca na tela e volta a guardá-lo em sua bolsa. A atitude parece estranha e fica pior quando ela se levanta da mesa e sai sem dizer nada. Imagino que talvez o assunto sobre meu pai tenha deixado-a incomodada e ela resolveu aproveitar a deixa da ligação para respirar um ar fresco. Só me dou conta do meu erro de julgamento quando ela retorna trazendo uma pessoa com ela. Não qualquer pessoa, e sim uma pessoa conhecida e até um pouco repugnante para mim.
— Delegado Kepler?! — falo surpresa com o fato dele estar aqui, sobretudo, por ficar bem claro que ele é a pessoa que minha mãe disse que talvez nos apresentaria.
— Boa noite, Dra. Karen. Boa noite — cumprimenta também as outras pessoas sentadas em nossa mesa. Eu mal consigo digitalizar as reações dos outros, só sei que para mim, já deu.
— Com licença — peço. — Paola, eu vou ver se o Douglas já pode vir jantar. Vigia Bia pra mim, por favor.
Me levanto e começo a deixar a mesa sem esperar por resposta ou aprovação de terceiros. Eu não quero ter que lidar com isso agora porque a noite está maravilhosa demais para começar a entrar em decadência.
— Karen — a voz de minha mãe me segue pelo salão. — Eu te dei educação o suficiente para você ter a civilidade de me deixar apresentá-lo a vocês.
— Eu já conheço o delegado, mãe — falo sem diminuir o ritmo dos meus passos. — Não precisava ter esse trabalho.
— Não me dê as costas! — ela ordena. Se fosse meu pai, eu continuaria procurando pelo Douglas, mas ela é minha mãe, e eu a respeito.
— Fala, mãe — digo assim que paro de andar e me volto a ela.
— Você precisa entender que ele não é uma pessoa ruim só porque fez aquela proposta ao Douglas. Se ele propôs aquilo, foi porque o Douglas era um excelente agente e teria muito para contribuir com aquela investigação.
— Eu sei, mãe. Só não estou pronta para lidar com ele agora. Com… vocês. Eu esperava um desconhecido. Não ele.
— Ele é alguém que eu aprendi a respeitar e admirar, porque ele cuidou de você do jeito dele. Criou um programa de proteção que não é o padrão que existe no Brasil. Manteve sua identidade, seu endereço… Te protegeu. — ela faz uma pausa enquanto me esforço para compreender seu ponto de vista. — Karen, eu fiquei o tempo todo comparando ele com o seu pai. Eu não escolhi fazer essa comparação. Até tentei afastar esse pensamento quando ele surgia. Já ouviu aquele ditado: Quem beija meus filhos, minha boca adoça?
— Já, mãe — assumo quando me dou conta de que o Daniel adoçou minha boca tanto quanto o delegado adoçou a dela. No meu caso, foi um erro de interpretação. Porém, acho que no dela, pode ter gerado algo além disso.
— Foi recíproco, Karen. Nós estamos nos conhecendo melhor, mas nem eu e nem ele temos idade para brincar de namoro escondido. Então, quando você se sentir mais à vontade com essa situação, dá uma chance a ele?
Assinto e respiro fundo. Mais uma vez percebo que eu me deixei cegar pelos meus próprios problemas. Enquanto o meu pai agia de forma desumana comigo, me colocando em situações de perigo de vida por um capricho próprio, existiram pessoas que zelavam por mim, pela minha integridade física. E uma delas foi o Delegado Kepler.
Me lanço aos braços da minha mãe sem conseguir dizer nada de imediato a respeito. Entendo perfeitamente que o declive que diferencia o delegado do meu pai, acabou colocando o Kepler em um patamar muito mais alto na vida da minha mãe.
— Desculpa pela grosseria, mãe. Pode deixar que eu vou me desculpar com ele também, mas pode ser em outro momento? — mamãe assente demonstrando compreensão.
Ela beija meu rosto e conserta meu cabelo, bagunçado pelo nosso abraço, e volta em direção à mesa.
Descobrir quem é o homem que tem feito minha mãe sorrir sozinha não foi como eu pensei, mas foi como eu precisava que fosse. Um abalo nas minhas estruturas. Contudo, viro e continuo procurando o Douglas. Quero bloquear o assunto Kepler e minha mãe por um pouco mais de tempo, apenas para processar a forma diferente com a qual ela me obrigou a vê-lo.
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Alguém imaginou que o Delegado Kepler fossr o homem misterioso?
Mesmo já estando em meus planos, foi uma surpresa quando deixei Dona Heloísa falar com suas próprias palavras o porquê de ter se apaixonado por ele.
O que vocês acharam disso?
Beijinhos e até o próximo capítulo!
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Capítulo publicado em 15/10/2020
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