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Os raios de sol já estão quentes o suficiente para que eu me dê conta de que acordei mais tarde hoje. Resultado da hora que eu fui dormir ontem. Kássia e eu tínhamos motivos para comemorar, então chamamos a Paola, o Wesley e minha mãe para uma pequena festinha. Eu gostaria de ter chamado o Daniel também, mas decidi que vou me afastar um pouco, como a Marcela pediu. Não vai ser nada fácil manter isso. O Daniel é uma das poucas pessoas por quem eu tenho um apreço especial. Ele me conhece bem, sabe o que eu preciso ouvir e não escolhe palavras para me dizer. Justo quando eu consegui deixar o passado lá atrás e ter o Daniel mais uma vez na minha vida, a Marcela resolve exigir que eu saia do caminho dos dois. Festejar sem ele me deixou com um vazio no coração, pois ele trouxe Bia ao mundo e merecia estar aqui ontem ou pelo menos receber uma ligação para saber da notícia. O problema é que até isso poderia ser um modo de quebrar o que prometi à Marcela.
Mesmo com esse vazio em mim, me permiti curtir o momento. Mostrei fotos da Bia fora do isolamento e todos ficaram emocionados. Começamos a fazer vários planos para agilizar a arrumação do quarto dela, pois ao que tudo indica, a alta não vai demorar muito para acontecer. O quarto dela precisa de uma mão de tinta antes de colarmos os papéis de parede que a Kássia já encomendou. Vamos precisar comprar roupas menores, já que mesmo ela sendo um bebê que aparentava ter um mês a mais na ultrassom, ainda é bem menor que um bebê que nasce de nove meses.
Hoje nem preciso me obrigar a levantar. Deslizo para a beirada da cama sorrindo e me sento. Ergo os braços e espanto a preguiça alongando a coluna. Levanto e dou alguns passos até o banheiro e noto uma coisa diferente. Meu joelho está doendo menos do que ontem. Isso é a sobrecarga que diminuiu com a minha perda de peso dos últimos dias. Embora toda aquela tensão sobre o Douglas ter sido visto ainda me assole, fico com a sensação de que as coisas estão melhorando e estou conseguindo reconstruir a minha vida com as mesmas peças que o destino me pregou.
•°• ✾ •°•
A mesa do café da manhã já está posta e devo admitir que ter minha irmã aqui está sendo fundamental na minha vida. Eu não daria conta de fazer todo o serviço de casa, organizar as coisas da Bia e tirar o leite para levar para ela. Tenho acordado duas vezes durante a madrugada para fazer isso porque realmente quero conseguir uma boa quantidade de leite e ainda estimular a produção para poder amamentá-la quando ela aprender a sugar. E que isso aconteça logo.
Pego uma fatia de bolo de cenoura e encho um copo de suco de laranja. Kássia está um pouco séria, o que é estranho, já que temos muitos motivos para ficarmos alegres. Alguns pensamentos passam pela minha cabeça, como o fato dela estar aqui já há quase duas semanas. O Eduardo pode não estar gostando dessa situação. Desde que começaram a morar juntos, ela nunca passou tanto tempo fora.
— Aconteceu alguma coisa? — pergunto. Bebo um gole do suco e fico um pouco apreensiva pela demora na resposta.
— Não — ela diz sem me olhar nos olhos.
— Se o problema for com o Edu, pode ligar pra ele e dizer que ele é meu convidado também — falo. — Ele pode vir pra cá nos dias em que não estiver trabalhando.
— Não! O Edu entende perfeitamente o porquê de eu estar aqui — diz ela um pouco nervosa. — Não tem nada a ver com ele...
— Então tem a ver com o quê? — insisto. Minha irmã finge que não ouviu minha pergunta e morde um pedaço de bolo. — Você tem certeza de que esconder alguma coisa de mim é o melhor á se fazer? Abre a boca e conta logo!
Minha irmã respira fundo e engole literalmente o bolo que estava em sua garganta.
— Não vou saber falar, é melhor você ver.
Kássia se levanta e vai em direção à sala. Observo-a ligar a TV e então ela faz um sinal para que eu vá até lá.
Não! — falo em pensamento.
Levanto rapidamente enquanto ela aumenta o volume. A TV exibe várias viaturas da Polícia Federal seguindo em comboio. Na parte inferior da tela, a frase faz meu coração parar de bater.
"Mega operação da Polícia Federal com a Interpol cumpre mandados de prisão em todo o país"
— Meu Deus! — falo com a voz trêmula entre respirações abafadas.
— Eu estava preocupada com a sua reação — diz Kássia. — Acho que tudo o que você falou ontem pro delegado fez ele refletir. Acabou, Karen.
Não sei ao certo o que a frase "Acabou, Karen" significa no momento. Sim, em resumo, parece que a investigação chegou ao fim, mas será que tudo de ruim que isso acarretava acabou junto?
— Eu ainda não tô acreditando... — falo e cubro a boca contendo meu espanto.
As imagens na TV são interrompidas e agora exibem um repórter jovem, bem engomado e pronto para falar.
— Estamos falando ao vivo da superintendência da Polícia Federal onde o Delegado Kepler, atual chefe da Interpol no Brasil, está aguardando para fazer um pronunciamento. Desde as primeiras horas da manhã, agentes da Polícia Federal cumprem mandados de prisão em diversos estados do país, como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Tudo indica que...
A transmissão para e a tela da TV fica preta.
— Você não precisa assistir isso, Karen — diz Kássia com o controle remoto na mão.
— Preciso, sim! — rebato e tomo o controle da mão dela. Em seguida, ligo rapidamente a TV. Só que agora não é mais o repórter quem está preenchendo a tela, e sim, o Delegado Ronisthei Kepler.
— Não foi fácil chegar até onde chegamos, e quero salientar que esse é só o começo dessa etapa dos trabalhos. Quase metade dos principais grupos criminosos que movimentam o tráfico de drogas no país estão sendo presos, e com a prisão deles, chegaremos a muitos outros.
Assim como naquela coletiva de imprensa dada por ele algumas semanas atrás, muitos repórteres querem fazer perguntas, mas uma em específico, não espera autorização e começa a fazer o primeiro questionamento.
— Senhor Delegado, ontem à tarde recebemos vídeos que mostram, supostamente, o Agente Federal Douglas Sant'Anna no enterro da mãe dele. Essas imagens são algum tipo de farsa ou ele está mesmo vivo?
— Deus do céu... — falo e dou alguns passos para trás a fim de me sentar no sofá. Me sento sem tirar os olhos da TV onde o delegado bebe um gole d'água.
— Ele está mesmo vivo e essa morte era uma estratégia nossa com o único objetivo de proteger o próprio agente e sua família.
A comoção e a surpresa com a declaração do delegado não se faz presente só na minha sala, mas todo mundo que está na coletiva começa a falar ao mesmo tempo impedindo o entendimento das próximas perguntas da repórter.
— Era isso que eu temia — Kássia manifesta em tom de desaprovação ao se sentar ao meu lado.
— Ele nem tentou inventar alguma desculpa plausível pra não expor a gente! — exclamo. —Agora estamos a Deus dará, correndo perigo.
— Karen, pelo menos ele não falou que o Douglas estava trabalhando nisso e contribuindo para que esses traficantes fossem presos — argumenta ela. — Assim eles não tem porquê querer vingança. E eles estão sendo presos agora. Presos!
— Forjar a morte é considerado crime, Senhor Delegado. O Agente será preso? — a repórter volta a indagar.
— Qual o seu nome, por gentileza? — o delegado pergunta solenemente.
— Ingrid Dalmas, Sr. Kepler.
— Ingrid, o pseudocídio, como é denominada a farsa da própria morte, caracteriza um caso no qual um indivíduo deixa provas que pressupõe que ele está morto com o objetivo de enganar outras pessoas. Não fizemos essa escolha para que o Douglas Sant'Anna se livrasse do pagamento de suas dívidas. Como eu disse há pouco, o intuito dessa forja era resguardar a vida do meu agente e da família dele. Até que alguém considere, e prove, que a proteção à vida de um ser humano é um tipo de crime, o meu agente continuará sendo inocente e vivendo em liberdade.
Parte de mim começa a tremer ao imaginar o perigo que corremos com o mundo inteiro sabendo que o Douglas está vivo e livre por aí. Nenhum tipo de segurança fornecida pelo governo consegue fazer com que eu me sinta segura de fato.
E as reações só pioram a cada esclarecimento. Mais e mais repórteres começam a fazer perguntas impossíveis de serem entendidas, pois todos falam ao mesmo tempo e nem se importam em esperar a vez um do outro. Ronisthei Kepler assiste a repercussão atenta e pacientemente até que finalmente os repórteres entendem que a falta de organização não favorece ninguém.
— O agente voltará a exercer o cargo na Polícia Federal ou será afastado? — inquire um repórter entusiasmado por ter conseguido se sobressair em meio à multidão de questionadores.
— Isso não está em discussão por enquanto — refuta o delegado. — A prioridade no momento é garantir a segurança dele até que os riscos diminuam, principalmente agora que o resultado de muito empenho da parte dele está sendo alcançado.
— Então podemos considerar que a investigação finalmente chegou ao fim? — rebate com mais uma pergunta.
— De forma alguma. As drogas não param de ser produzidas, logo o meu dever na luta contra elas não vai parar também. O que podemos entender disso é que um grande passo foi dado para acuar o crime contra o nosso país.
— Continuaremos acompanhando o pronunciamento — anuncia o repórter que iniciou a transmissão. — Você verá a cobertura completa com novas informações em instantes.
A transmissão é cortada e o jornal local assume a exibição. Desligo a TV porque agora eu realmente estou satisfeita com tudo o que foi dito. Acho que "satisfeita" é a palavra errada, pois um problema acaba e outro começa.
Tudo bem, a farsa da morte do Douglas pode não ter sido motivada pela nossa segurança e muito menos para isentá-lo de pagar suas dívidas. Mas houve crime sim. Dona Ana recebeu um documento comprovando a morte de seu filho, o atestado de óbito. É aí que eu me dou conta de até onde meu pai é capaz de ir para conseguir o que quer. Ele é influente e deve ter muita gente envolvida nisso. Então, meu corpo paralisa. Se existem pessoas que podem ser indiciadas por algum tipo de crime, são todas as que participaram dessa falcatrua. Isso inclui o Daniel.
— Kássia, preciso sair por algumas horas — aviso ainda inerte nos meus pensamentos.
— Aonde você vai agora? — ela inquire em tom repreensivo.
— Vou dar uma volta.
É melhor eu não explicar nada, pois se ela nem imagina que o Daniel pode ser preso, também não desconfia sobre o nosso pai.
•°• ✾ •°•
Eu estou apreensiva. Estacionei o carro faz vinte minutos, mas não consegui sair de dentro dele ainda. Eu poderia ter ligado no meio do caminho, porém, o assunto é delicado demais para ser tratado por telefone. Mesmo que eu apenas avisasse ao Daniel que precisava conversar com ele, já o deixaria nervoso. Talvez não, mas como eu ficaria uma pilha de nervos se ele me dissesse isso, melhor não fazer com ele o que eu não gostaria que fizessem comigo.
Deve ser horrível receber uma visita que quer simplesmente dizer: "Ei, você pode ser preso". Mas receber essa visita em um momento íntimo pode ser pior ainda. É. Eu deveria mesmo ter ligado antes de vir, mas já que estou aqui...
Saio do carro e ligo o alarme. Meus passos fazem barulho no chão até sua porta e minhas mãos suam. Será que ele estava assistindo a TV e já sabe dos riscos que está correndo?!
Toco a campainha e aguardo a empregada dele me atender. A casa está silenciosa, o que me deixa com uma sensação de frustração. Não é só manhã ainda, é manhã de sábado. Toco novamente a campainha. Se ele não estiver em casa, deixarei recado com a empregada, pois não vou importuná-lo com uma ligação. Mais instantes silenciosos, sem nem latidos de cachorro. Com certeza dei viagem perdida. Porém, a porta se abre e revela o Daniel usando somente uma cueca samba canção branca. Desvio o olhar e cubro a boca sem conseguir conter aquela maldita respiração para dentro, digna de alguém que levou um susto. Ele dá dois passos para o lado, escondendo o corpo e olhando para rua, procurando outros possíveis espectadores da cena.
— Eu pensei que fosse a Marcela — diz ele justificando-se.
— Desculpa — peço sem jeito. — Eu deveria ter ligado antes de aparecer assim... de surpresa.
— Entra — sugere ele abrindo a porta, mas se colocando atrás dela. — dou um passo para dentro um pouco incerta se deveria mesmo entrar nessas condições, mas continuo andando até estar totalmente na sala dele. — Aconteceu alguma coisa? — pergunta enquanto ouço a porta batendo levemente.
— Não exatamente — respondo e me volto a ele, parado na minha frente sem pudor algum. Ele não se contenta em ser médico. Tem mesmo que usar cueca branca e do tipo que dá para ver o pau dançando à vontade??? — Você não vai se vestir?
Daniel olha para si mesmo e assente como se já tivesse esquecido que está seminu.
— Eu já volto — diz.
Assinto e o assisto ir em direção ao corredor. Suas costas tem tantas pintas que chego a me perder nelas. Parecem uma constelação de estrelas marrons que contrastam com sua pele branca. Ele está tão calmo... Nem deve passar pela cabeça que toda essa repercussão está acontecendo enquanto ele desfila de samba canção na minha frente. Como vou dizer isso a ele? Como sua vida vai ficar se for preso? Como eu vou ficar se ele for preso?
Meus pensamentos se dispersam quando ele retorna vestindo uma bermuda de moletom cinza. Cobriu a cueca, mas deixou o peitoral livre. Vai ser difícil ter essa conversa com ele. Eu estou tensa, mas não quero passar isso assim de cara. Preciso quebrar o gelo de alguma forma.
— Você costuma andar de cueca pela casa todos os dias? — pergunto arrancando risadas dele.
— Não, só quando a Carmen tá de folga — responde ele. Sorrio com a resposta. — Mas fala, aconteceu alguma coisa? Você não tem o costume de aparecer aqui de manhã cedo.
Na verdade, eu não tenho o costume de aparecer aqui hora nenhuma, mas seria indelicado dizer isso.
— O Douglas foi visto ontem no enterro da Dona Ana.
— Ah, é verdade — diz ele como se tivesse entendido tudo. Só que não entendeu nada. — Eu fiquei sabendo. Isso é bom, não é?!
— Não — falo instintivamente. — Isso é péssimo!
— Você tá com medo?! — quero responder que sim, pois tenho certeza de que ele vai saber dizer alguma coisa que me deixe mais calma, mas o meu medo agora é outro.
— Sim, eu tô com medo, só que de outras coisas — falo. — Tem muita gente poderosa ligada à essa farsa, sabe? Pior, tem gente que ganha para complicar a vida dos outros.
— Do que você tá falando?! — inquire confuso.
— O Delegado Kepler estava falando sobre isso ainda há pouco na TV. Alguém pode considerar a farsa da morte do Douglas um crime.
Daniel continua me olhando com confusão no olhar. Eu não quero ter que ser a pessoa que vai dar essa notícia a ele. Não quero que ele vá preso. Eu não saberia lidar com isso.
— Delegados são formados em direito. Ele tem plena consciência da escolha que fez em montar essa farsa e não faria isso se colocasse a liberdade do Douglas em risco.
— Mas o meu pai não pensou nisso quando forjou um documento — falo com as palavras querendo travar na garganta. — Ou pensou e não se importou com o fato de você correr o risco de ser preso junto com ele.
Ao fim das minhas palavras, chego a conclusão de que isso é muito grave. Além de tudo, todos os envolvidos perderão a licença para exercer medicina. Meu coração está em pedaços por estar diante de alguém que eu amo muito, dando uma notícia horrível.
— Eu não vou ser preso, Karen — diz ele com uma calma anormal.
— Como não?! — indago perplexa.
— Eu fui expulso da cirurgia do Douglas pelo Delegado Kepler enquanto o assunto ainda estava sendo debatido, lembra? No meu relatório, quando eu saí do centro cirúrgico, diz que ele ainda estava com vida. Eu não participei disso em termos legais.
Meu mundo para de girar e desprendo o ar dos meus pulmões.
— Você não pode ser indiciado, então?!
— Não — ele responde com um semissorriso nos lábios.
— Meu Deus! Que alívio — manifesto sorrindo ao mesmo tempo em que enxugo uma lágrima.
Daniel pega em minhas mãos ainda sorrindo e as pressiona com carinho.
— Obrigado por se preocupar comigo — diz.
Eu continuo sorrindo, achando graça de toda a situação. O alívio que eu sinto por ele não estar correndo nenhum tipo de risco é tão grande, que eu desprendo nossas mãos e o abraço forte. Ele devolve na mesma medida e ficamos assim durante alguns segundos que eu gostaria de eternizá-los de alguma forma. O momento fica ainda mais intenso quando, ainda abraçado à mim, ele beija meu rosto. A forma com a qual eu respondo a esse carinho dele comigo, faz eu estranhar a mim mesma. Por muito tempo eu senti falta de uma proximidade masculina, e inspirar o perfume do Daniel estando com o corpo junto ao meu, só me faz querer prolongar isso ainda mais. Só que eu não posso fazer isso. Então desfaço nosso abraço devagar e me recomponho.
— Bom, então eu vou embora... — falo me levantando do sofá. — Eu só queria te alertar sobre os riscos e tal...
— Fica mais um pouco. Já tomou café da manhã? — ele se levanta também.
— Já — sorrio. — Obrigada. Eu tenho que levar leite pra Bia no hospital. Ela já saiu do isolamento, sabia?
— Sim, a Layla me avisou ontem depois que você saiu do hospital — diz ele. — Ela está se recuperando muito bem.
— É verdade — suspiro pensando no quão forte ela é. — A gente se vê qualquer dia desses no hospital.
Daniel sorri e me segue até a porta. Ele a abre para mim e eu sibilo um tchau baixinho antes de sair.
— Karen — Ele me chama e eu paro no meio do batente. — Eu estou querendo fazer uma festa aqui em casa hoje. Só família e amigos íntimos. Você bem que poderia vir com sua irmã.
Minha boca quase diz que sim, mas lembro imediatamente que preciso manter distância dele. E nem deveria estar aqui.
— Poxa... Hoje minha mãe vai lá pra casa com umas tias que moram longe — minto. O semblante do Daniel muda, mas dura pouco.
— Então vou deixar para a semana que vem, no próximo sábado.
— Também não vai dar — minto pela segunda vez, mas não consigo inventar uma justificativa a tempo. Daniel me encara confuso e com uma ruga no cenho.
— É impressão minha ou você tá inventando desculpas pra não vir aqui?! — ele inquire cruzando os braços e fazendo seus bíceps ficarem ainda mais evidentes. Meu corpo congela no mesmo instante.
— Não... É sério... Eu não vou poder vir.
— Karen, você nunca foi boa em mentir. Por que não fala por que não vai poder vir?!
— Eu... — gaguejo enquanto penso no que dizer que seja bem convincente. — Eu... — o rosto do Daniel se converte em pura decepção.
— Por causa da Marcela, não é?! Ela falou alguma coisa pra você?
— Não, não! — minto pela terceira vez com o coração a ponto de sair pela boca.
— Mas eu tenho certeza que ela tem alguma coisa a ver com isso! — diz ele com uma nota de raiva. — Preciso ter uma conversa com ela e mandá-la parar de se meter assim na minha vida...
— Daniel...
— Onde já se viu?! Querer me afastar das pessoas que eu gosto!
— Pelo amor de Deus, Daniel! — seguro em seu braço. — Não fala nada! Ela vai achar que eu te contei com o intuito de colocá-los um contra o outro.
— Você nem precisou me contar nada. Eu deduzi. — ele me encara soltando fogo pelas ventas. Sua respiração quente bate em meu rosto denunciando o quanto o que a Marcela fez o incomodou.
— De certa forma ela tá certa, sabe?
— Ela tá errada, Karen!!! Se alguma coisa entre mim e ela não está boa, ela tem que falar comigo.
— A gente... tem uma amizade forte e ela vê de forma diferente — tento explicar meu ponto de vista. — Eu acho que a gente pode evitar um pouco de se ver só pra não atrapalhar seu relacionamento com ela. Entende?
— Não — responde firme. — Não entendo como ela não consegue confiar em mim quando eu digo que ela não precisa se preocupar, porque nunca mais vai rolar nada entre você e eu.
Disfarço que suas palavras tenham um efeito doloroso em mim. Ele não está sendo rude e nem tem a intenção de me magoar, até porque ele está certo. Mas como isso foi me deixar triste?
— Só não fala nada pra ela — peço. — Também não conta que eu estive aqui.
— Não vou contar porque não quero que ela reclame com você. Mas isso não quer dizer que o que ela te falou vale alguma coisa.
— A gente se vê no hospital na terça-feira, dia do seu plantão — falo deixando claro que eu prefiro manter minha palavra com ela.
— A gente se vê hoje à noite, aqui na minha casa, às 19h. E se você não aparecer, vou na sua casa te buscar.
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Olá, pessoal!!!
Essa semana eu publiquei o capítulo 57 por acidente e retirei um milésimo de segundo depois, já que o capítulo da sequência seria este que acabei de publicar e o 57 está muito distante, recheado de spoiler que detonaria a leitura de vocês. Enfim, muitas ficaram sem entender o que ocorreu e acabei achando justo publicar logo para compensá-las. Mas preciso ressaltar que a publicação está EM PAUSA. Não esperem capítulos toda semana porque meu plano é concluir o livro para voltar com tudo, postando 2x na semana ou mais. Foi até bom eu ter publicado o 57 sem querer, assim vocês conseguiram ter noção de que estou dando sequência à escrita. Eu parei de publicar, não de escrever. O livro está a todo vapor.
Espero que tenham gostado do capítulo. Esperem tretas para o próximo. 😘
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Capítulo publicado em 16/05/2020
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