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— Fala, Karen — peço tentando não demonstrar o quanto estou preocupado. — Qual das duas???

Contra o meu peito, ela continua tentando encontrar a melhor maneira de me dizer quem nós acabamos de perder. Meu coração bate de forma acelerada e desordenada. São instantes que antecedem uma notícia que eu não esperava receber hoje independente de qualquer que seja. E eu já estou em pedaços.

— Nossa filha está bem, mas sua mãe... Eu sinto muito.

Meus braços caem rente ao corpo e eu me afasto da Karen. Me sinto vazio. Meu ritmo cardíaco está tão forte e audível que chega a ferir meus ouvidos. Cada batida estrondosa marca o tempo em que eu não consigo reagir sobre o que acabei de saber. Simplesmente parece que é uma mentira, só que a dor já se faz presente me provando que essa é a verdade. A verdade que eu fiquei tentando mascarar todo esse tempo, dizendo a mim mesmo que era possível voltar antes e trazer algum tipo de honra a ela, e que isso pudesse curá-la de alguma forma. Eu fiquei me enganando, acreditando que o que estava tirando a vida dela era toda a dor que ela já sofreu, ou toda perda que ela tentou superar e não conseguiu. Mas era o câncer, e a honra não traria a saúde dela de volta.

— Não dá pra acreditar — falo com o olhar perdido pela sala. — Eu não disse tudo o que eu gostaria de dizer...

— Ela só precisava saber que você estava vivo, Douglas — diz Karen. — Do resto ela já sabia.

— Como?! — questiono encarando-a. — Como você sabe que ela só precisava disso? — minhas palavras saem em tom um pouco mais agressivo do que eu gostaria. Não consigo conter a ira que sinto de mim mesmo e começo a andar sem rumo pelo cômodo. — Eu... eu não disse que estava arrependido e nem nada...

— Douglas...

— Só fiquei ouvindo todo o sermão dela porque ela estava certa! E eu não debato com ela quando estou errado. Não debatia. Que droga!

Minhas mãos são agarradas com força pela Karen, me obrigando a parar. Mesmo inquieto, tento deixá-la fazer algo que possa me explicar como ela foi morrer antes de eu pedir perdão. Karen toca meu rosto com leveza e afasta uma lágrima, mas uma escorre pela sua face.

— Desde que você foi vê-la, ela não pedia morfina. — fecho os olhos e, contra a minha vontade, choro. Inflo meus pulmões para não desmoronar por completo na frente da Karen, pois de nós dois, eu sempre fui o mais forte. Só que no momento, pareço um menino de cinco anos. Apesar de estar com a voz embargada, ela continua — A maior dor dela era não ter você. Era você estar morto.

Tiro minhas mãos das mãos dela e me afasto novamente. A honra poderia não trazer a saúde dela de volta, mas minha presença poderia ter evitado toda a dor que ela sentia. Eu poderia ter sido a morfina que estava adormecendo a dor que ela carregava no peito. Como eu queria poder consertar isso!

Me sento no sofá onde estava dormindo e apoio a testa na palma da mão. Sinto a Karen se sentando ao meu lado, mas não tenho coragem para encará-la. Obviamente ela também deve achar que minha mãe sofreu muito mais durante esse tempo por minha causa do que por causa do câncer.

— Se eu tivesse escolhido não aceitar esse trabalho...

— Não teria mudado nada, Douglas — diz Karen antes de eu terminar a frase. — Ela já estava doente e não havia nada que pudéssemos fazer.

— Ela nem chegou a conhecer a nossa filha — lamento com uma profunda dor no peito.

— Conheceu sim! — ela afirma e só então eu lanço meu olhar em sua direção novamente. — Antes de vir embora, eu a levei até a UTI com a ajuda da médica da Bia e sua mãe pôde conhecer a nossa filha.

Sorrio de forma súbita imaginando o encontro que eu não pude estar presente para ver com meus próprios olhos, porém, fico feliz por ele ter acontecido. Eu deixei uma lacuna aberta e a Karen soube preenchê-la. Eu não estava aqui, mas ela estava. Eu não contei à minha mãe antes que eu estava vivo, mas a Karen estava lá para consolá-la. Eu não estava aqui, mas minha mãe não ficou sozinha. Sei que a Karen deve me odiar por inúmeros motivos, e mesmo assim, ela não deu às costas à minha mãe, como eu dei à elas.

— Obrigado — digo olhando-a nos olhos. Karen me devolve um olhar um pouco confuso.

— Pelo quê?!

— Por você ter dado à ela o apoio que eu não dei — explico com a sensação de estar me ferindo com minhas próprias palavras.

— Não precisa me agradecer, eu amava muito... Quero dizer, eu amo muito a sua mãe. O amor não morre.

— Eu sei, mas mesmo assim — insisto. — Você tinha tudo para querer se afastar de todo mundo. Poderia ter ido para a casa da sua irmã em São Paulo, mas escolheu ficar e... Ambas fizeram companhia uma a outra.

— Eu faria tudo de novo se precisasse — ela diz voltando a chorar, mas inspira o ar profundamente e se acalma. — Ela criou uma companhia que faz coisas maravilhosas pelas crianças com câncer que se tratam no INCA.

Sorrio mais uma vez e chego a deixar escapar uma risada em voz alta.

— Ela era uma pessoa incrível! — exclamo fazendo gestos negativos com a cabeça, um reflexo de pensar que eu jamais conhecerei uma pessoa que seja pelo menos parecida com a minha mãe, porque ela era única. — Você pode me deixar sozinho um pouco? — pergunto pensativo evitando olhá-la.

— Claro — diz ela afagando minhas costas. — Eu entendo.

— Obrigado.

Sem mais palavras, Karen se levanta e caminha devagar até a escada, por onde some na escuridão.

Basta inspirar o ar e olhar ao redor por um instante para perceber que o momento representa a minha vida. No escuro e sozinho. Eu deveria ter entendido logo no começo que as pessoas que realmente precisavam de mim, eram as que eu deixei aqui. Agora minha mãe está morta e eu não tenho como voltar no tempo e optar por ficar. A única coisa que posso fazer, além de ter que lidar com o sabor amargo que tenho na boca agora, é repensar tudo o que eu já havia pensado até receber a notícia que me desestruturou.

•°• ✾ •°•

Diz um velho ditado que é preciso perder para dar valor. Ao pé da letra, ele não está totalmente certo. Eu sempre reconheci o valor da minha mãe e a respeitei como uma mãe deve ser valorizada e respeitada, mas abandoná-la em seus últimos dias de vida fez tudo isso não valer mais nada. A sensação que eu tenho é que a abandonei por toda a minha vida. A perda dela fez eu entender que nunca, jamais alguma outra coisa pode ser mais importante que a minha família. E é esse o fato inegável que me fez passar o resto da madrugada pensando no que fazer daqui em diante e mudar as minhas próprias estratégias.

Um novo dia começa, mas doendo talvez mais do que o dia anterior. Ontem eu me petrificava por dentro porque minha filha nasceu prematura está internada. Hoje eu estou aterrorizado por saber que nunca mais verei a minha mãe.

Passos lentos começam a fazer barulho pelo andar de cima ficando mais audíveis na direção da escada. Karen acordou e está descendo. Respiro fundo e me ajeito no sofá. Não a encaro até que ela se aproxime mais.

— Como passou a noite? — ela pergunta não tão perto de mim quanto eu gostaria.

— Acordado... Pensando... — respondo liberando um suspiro exasperado. — E você? — ela desvia o olhar e parece não saber o que dizer. Ou como dizer. Me ergo do sofá e me sento.

— Você nem vai poder dar o último adeus à sua mãe...

— Como assim?! — pergunto confuso.

— A Kássia já me contou que você vai voltar para operação. De novo. — diz ela.

Ontem à noite, a Karen disse com todas as letras que não me ama mais, só que com essas novas palavras, ela acaba me deixando na dúvida.

— Eu já deveria imaginar que ela te contaria. Não sei se ela explicou direito, mas eu...

— Você é um homem morto e não pode simplesmente voltar para o mundo dos vivos — diz ao me interromper. — A Interpol é sua dona agora e você tem que terminar o serviço. Ela explicou tudo sim.

— Senta aqui, Karen — peço enquanto puxo o emaranhado de cobertas e jogo para a poltrona vazia. Ela olha desconfiada para o assento e depois para mim. Em seguida se senta. — Eu estava pensando justamente nisso depois que você subiu. Deve ter alguma maneira de eu me recusar a voltar...

— Não. O meu raciocínio foi além do seu, Douglas — fala rapidamente me deixando curioso. Parece que além dela ter ficado sabendo de tudo antes de eu poder contar, ainda ficou pensando sobre isso. — Mesmo que você resolva tudo o que tem pra resolver lá, isso não resolve seus problemas aqui.

— Eu sei, como eu tinha falado ontem, eu estou disposto a fazer qualquer coisa pra retomar a nossa vida.

— Não estou me referindo a isso — diz hesitante e desviando o olhar dos meus. Estou ficando cada vez mais confuso. — Me refiro à minha segurança e à da nossa filha. É sério que você acha que pode simplesmente ressurgir sem atrair olhares de pessoas perigosas querendo vingança pela morte do Alejandro, ou por ter agido em favor da prisão dos membros do cartel?!

Era justamente o que eu temia que ela pensasse. Por isso não fui tão a fundo no assunto ontem.

— Eu não vou mentir pra você, Karen — saliento. — Tem essa possibilidade. — ela revira os olhos e respira fundo. — Só que eu vou estar com vocês o tempo todo.

— É aí que você se engana — suas palavras me ferem no mesmo ritmo em que ela as pronuncia. — Nós não estamos mais juntos e você não pode passar o resto dos seus dias em vigilância pela gente. Me desculpa pela pergunta, mas do que você vai viver quando finalmente voltar, se voltar vivo? Vai continuar na polícia federal como um alvo fácil? Vai se esconder em alguma caverna?

— Karen...

— É sério! — ela exclama. — Como vai ser?

— Eu... Eu ainda não pensei em tudo — admito contra a minha vontade e ela não parece surpresa. — Eu estou fazendo um serviço para a Interpol e não para a polícia federal. Acho que eles vão nos oferecer asilo em outro país... Podemos recomeçar nossas vidas.

Karen continua fazendo gestos negativos com a cabeça e isso aumenta o meu desespero. Ela me deixa puto porque em alguns momentos me passa a sensação de que só quer me fazer sentir raiva ou dar o troco. Em outros, parece que realmente não quer mais nada comigo.

— Eu não quero viver escondida em lugar nenhum. Eu tenho uma vida aqui e só quero continuar, seguir em frente com a minha fi...

— Nossa filha — corrijo-a e percebo que ela está tentando me afastar de todo jeito. — Nós temos um elo, Karen. E se quando eu voltar você não quiser ficar em asilo comigo, eu vou ficar aqui. — ela abre a boca para me interromper, mas eu aumento o tom de voz e ergo minha mão para que ela espere eu terminar de falar. — Quero participar da vida da minha filha e você não pode ficar insinuando que a minha presença vai colocar vocês em perigo, porque eu estou fazendo todo o possível pra garantir que nada aconteça a vocês. Eu escolhi a dedo cada agente que está fazendo a sua proteção e sei que nada vai acontecer enquanto eles estiverem trabalhando nisso. Eu confesso que errei na escolha que fiz, mas não admito que você diga que eu atraio perigo quando estou o tempo todo te monitorando e trocando informações com os agentes todos os dias.

Cesso minhas palavras pulsando em raiva porque finalmente entendi aonde ela quer chegar com tudo isso, porém, acabei falando demais.

— Não dá pra acreditar... — ela bufa e se levanta do sofá com um só impulso e logo muda a expressão, colocando a mão no joelho direito.

— O que foi? — questiono preocupado.

— Eu estava achando que estava sendo protegida, mas na verdade estou sendo vigiada pra você!

— Não, não, não... — falo fazendo gestos negativos com o indicador. — Não foi isso que eu disse!

— E precisa?! — indaga deixando evidente que está com raiva. — Olha, eu até cheguei a pensar que o Vinícius estava com segundas intenções... Na verdade até estava! Queria ficar mais próximo pra coletar informações pra você!!!

Minha cabeça fica paralisada em algumas palavras. Vinícius e segundas intenções. Me levanto porque simplesmente não estou mais calmo o suficiente para ficar sentado ouvindo isso. Eu não pedi a ele que se aproximasse tanto. Aliás, não pedi nem que se aproximasse, apenas observar e me informar tudo o que tivesse relevância, como pessoas suspeitas tentando fazer amizade, carros estranhos no entorno de onde ela estivesse... Qualquer coisa com características suspeitas. Só de imaginar aquele canalha se achegando, sinto vontade de desmaiar ele com um soco.

— O que ele fez pra você pensar que ele estava com segundas intenções?! — questiono com uma sobrancelha arqueada.

— Não importa... — ela diz fazendo pouco caso e isso faz meu sangue ferver em resposta porque eu quero saber o que ele fez.

— Karen — Kássia grita do pé da escada enquanto desce —, o nosso combinado era válido enquanto isso fosse uma conversa. Agora eu vou me meter porque dá pra ouvir as vozes de vocês lá de cima.

— Relaxa, Kássia — diz Karen. — A gente já está terminando nossa conversa.

— Que bom! Agora chegou a minha vez de falar então. — Karen e eu estreitamos os olhos na direção da Kássia enquanto se aproxima, já que parece que o whisky de ontem ainda está fazendo efeito. — Douglas, em vez de você ficar enciumado por causa do docinho do Vini, deveria estar preocupado com a vaga de pai que você está deixando em aberto.

— Kássia — diz Karen tentando chamar a atenção da irmã, mas eu quero que ela continue.

— Deixa ela falar, Karen — peço. — Estou curioso sobre isso. — Karen se atenta às palavras que a irmã está prestes a dizer, só que ela carrega a mesma ruga no cenho que eu.

— Enquanto você tá dando ataque de pelanca por causa do Vini, sua filha nasceu pelas mãos do Daniel!

O tempo parece paralisar por um tempo.

— Não tô entendendo — falo. — O Daniel socorreu a Karen no evento e uma ambulância pegou ela no caminho. A Bia nasceu no hospital.

— Não — diz Karen de forma absoluta. — Seus informantes não têm todas as informações sobre o parto da nossa filha.

— Exatamente — Kássia concorda com a irmã. — O Daniel fez o parto da Ana Beatriz dentro do carro. Sua filha foi pro hospital enroladinha na camisa dele!

— Chega, Kássia! — Karen berra. Só então o silêncio se faz presente na sala. Kássia faz bico como se estivesse satisfeita por ter jogado tudo no ventilador enquanto eu fico incapacitado de dizer qualquer coisa. Karen respira fundo.

— Olha só, nada disso significa que o Daniel está se candidatando a vaga de pai da Bia — diz Karen fazendo aspas com os dedos.

— Claro que não — falo incomodado e verifico as horas disfarçadamente. É o horário que marquei com o Cabral para vir me buscar. — Até porque ela tem pai e sou eu.

— Isso — Karen concorda. — E eu não estou tentando fazer com que você se afaste por implicância minha. O meu medo de que alguma coisa aconteça é real.

— Tudo é real, Karen — falo colocando meu boné na cabeça. — Minha vontade de ficar é real, meu amor por você é real e meu sofrimento pela morte da minha mãe também. Agora deixa eu te explicar uma coisa: eu estar trabalhando longe, não significa que eu não esteja me preocupando com vocês.

— Eu nunca duvidei disso — diz ela a contragosto.

— Então não tem motivo algum pra ter medo — rebato e coloco meus óculos escuros. — Se você não quer mais ficar comigo, vou respeitar sua vontade, só não vou me distanciar da nossa filha.

Ignorando qualquer manifestação contra ou a favor do que eu acabei de dizer, dou as costas às duas e saio da casa da Karen. Não estou num bom momento para esse tipo de provocação, sendo que em partes, estou mesmo deixando uma lacuna na vida da Karen e da minha filha. E para aumentar a minha raiva, o Daniel continua à espreita. De qualquer forma, eu precisava dizer à Karen que vou respeitar a decisão dela só para desarmá-la, porém, a verdade é que independente de eu voltar à missão ou não, eu não vou desistir dela também.

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Olá, pessoal! Chorei escrevendo o início desse capítulo porque a dor dos meus personagens é minha dor também. Enfim, esse capítulo só tinha a primeira parte planejada e ele teria menos da metade das palavras que têm, mas não é de hoje que esses personagens apenas mandam e eu obedeço. Hoje foi a Kássia quem me surpreendeu kkkk. Espero que tenham gostado e não me matem pelo mistério sobre o Douglas voltar ou ficar, porque faz parte.
Só poderei acompanhar e responder os comentários até às 17h de hoje, depois disso vou ficar offline sem previsão de volta.
Já estou com saudades 😢
Beijos!
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