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— Você foi atropelada por uma... maca? — questiono chocado olhando para os dois lados do corredor à procura da tal maca, mas não vejo nada.

— Eu estava um pouco zonza dentro do elevador e saí meia desnorteada... — diz ela usando os verbos no tempo errado. Na verdade ela está zonza e muito desnorteada, no presente.

— Karen — chamo-a erguendo seu rosto para que eu consiga olhar nos olhos dela. — O que você tá fazendo aqui no hospital? Não tem ninguém com você?

— Não... Quero dizer, sim, mas... — ela diz ainda parecendo muito desconexa para mim. — Eu preciso ir no nono andar — fala tentando levantar, mas não consegue por sentir dor em alguma parte do corpo.

— Não levanta, Karen — peço. — Me diz aonde dói.

— Meu joelho — ela responde com o rosto convertido em uma careta de dor. — Eu consegui desviar da maca, mas alguma coisa bateu aqui.

Agacho em sua frente para poder examiná-la melhor. Seu joelho está um pouco inchado, mas não tem nenhuma marca do choque. Toco com cuidado e no mesmo instante a Karen resmunga de dor novamente.

— Dói em mais algum lugar além do joelho? — pergunto e ela nega rapidamente com a cabeça. — Tudo bem, fica aqui. Eu já volto.

Obviamente algo sério aconteceu nessa batida entre a maca e a Karen, só não entendi muito bem como. E se ela não chegou machucada, o que faz aqui? Tento deixar minhas curiosidades de lado e pego uma cadeira de rodas na recepção da ortopedia. E eu achando que pedir demissão da Clínica Blanchard me impediria de ver a Karen Blanchard. Não é que eu não tenha gostado, eu só não estava esperando que fôssemos nos ver. Não hoje.

Caminho de volta com a cadeira de rodas esperando que a Karen não tenha fugido, já que está um pouco confusa, mas com a dor que ela está sentindo, não conseguirá ir muito longe. Ficamos sem nos ver por pouco mais de uma semana e não nego que gostaria de saber tudo o que aconteceu durante esse tempo. Se ela e o pai já estão se falando como antes, se as coisas na clínica estão melhores ou como está a gravidez. Será que ela veio ao hospital por causa da bebê?!

Como eu havia imaginado, ela continua sentada com a mesma expressão sofrida de minutos atrás. O que não me tranquiliza e nem me desespera. Se o problema for só o joelho, eu conserto ele e a Karen vai poder ir para casa bem melhor e sem dor.

— Senta aqui — peço e começo a erguê-la sob seus protestos. Ela está agitada e isso começa a me preocupar. — Vou te levar pra bater um raio-x.

— Não! — ela exclama enquanto eu começo a empurrar a cadeira pelo corredor. — Minha sogra está me esperando no nono andar.

Paro de empurrar a cadeira e giro-a para mim. Como não pensei nisso antes?

— Ela está internada aqui??? — pergunto sem esconder que fui pego de surpresa pela notícia.

— Está. Desde a última sexta-feira e... está bem debilitada.

Agora as coisas começam a fazer sentido. Depois da residência, poucas coisas conseguem abalar a Karen desse jeito, e problemas com as pessoas que ela ama é o que a deixa assim.

— Eu sinto muito. Muito mesmo — lamento. Após alguns segundos de silêncio, retomo. — Vou levar você lá, mas depois vamos voltar pra ver o que aconteceu com o seu joelho, tá bom? — ela assente visivelmente abalada.

Viro a cadeira na direção oposta novamente e a guio até o elevador restrito aos médicos. O espaço é bem maior e com certeza ela vai se sentir melhor nele.

Eu havia prometido a mim mesmo que me afastaria da Karen e de todos os problemas que giram em torno dela, mas ela está claramente com um osso torto e eu sou o quê? A porra de um ortopedista.

Ninguém além de nós no elevador e não é preciso muito para eu ficar um pouco incômodo. Isso é estranho para mim porque nunca havia ficado sem ter o que falar na presença dela. Parece que essa semana que ficamos sem nos falar levantou um muro entre nós, ou eu construí isso quando decidi me distanciar?

— Então está trabalhando aqui direto agora? — pergunta ela quebrando a quietude, para o meu alívio.

— Não, só às terças, quintas e domingos — respondo.

— E ainda tem tempo livre — ela comenta em tom de comemoração por mim.

— Tempo que estou usando bem. Dei início à algumas pesquisas que queria já há algum tempo e estou me dedicando mais ao Jiu-Jitsu.

Eu gostaria de fazer algumas perguntas, mas chegamos ao nosso andar e isso vai ter que ficar para depois. O silêncio que volta a se colocar entre nós indica o quanto ela está apreensiva.

— Ela está na enfermaria 6 — ela informa e eu a guio até lá.

Bato à porta e uma jovem nos recebe. Seus olhos se arregalam ao ver a Karen na cadeira de rodas.

— O que aconteceu?! — ela pergunta preocupada.

— Um pequeno acidente — Karen responde como se não fosse nada à medida em que fricciona, pelas rodas, a cadeira para dentro do quarto.

— Ela vai precisar de cuidados mais tarde — falo baixo para a jovem quando a Karen já não está perto e não vai conseguir ouvir. — Leve ela ao quinto andar e peça à enfermeira Cláudia para encaminhá-la ao raio-x e depois enviar para o Dr. Daniel Sanches, por favor. — a garota assente e eu deixo que tenham privacidade para conversar.

É inevitável voltar a pensar no assunto que achei que tinha deixado para trás. A merda da mentira que Olivier inventou e que eu ajudei a manter. Se tudo isso já tem uma carga negativa para mim, imagino para a Karen, que está tendo que fazer o papel que o Douglas deveria estar fazendo.

•°• ✾ •°•

As razões pelas quais eu escolhi colocar ossos no lugar, são resultados da aversão que as pessoas têm ao que está fora do lugar. A primeira vez que vi um osso deslocado, vi também pessoas tapando os próprios olhos para não ver um braço torto.
Todos estavam aflitos com o lutador de Jiu-Jitsu caído no tatame segurando o braço mole e irreconhecível. Fiquei pensando no quanto ele sofreria de dor se todas as pessoas o olhassem como aqueles assustados. Achei melhor fazer parte da minoria que estaria pronta a fazer alguma coisa.

Deixo o centro cirúrgico onde acabo de concluir uma operação para reconstruir as falanges média e proximal de um paciente que resolveu socar uma parede quando descobriu uma traição. Sim, as histórias mais inusitadas são contadas dentro de um hospital. Essa cirurgia durou um pouco mais de tempo do que eu imaginei, mas confesso que foi um dos melhores trabalhos que já fiz em termos de reconstituição óssea.

Paro na enfermaria para terminar de escrever o relatório cirúrgico do paciente nervosinho. Respiro fundo e estalo minhas vértebras. Por mais que eu esteja cansado, não posso me deixar levar, pois ainda tenho um compromisso hoje à noite.

— Dr. Daniel — me chama a enfermeira chefe. Me volto a ela tentando conter um bocejo, mas ele sai sem que eu consiga impedir. — A Cláudia disse que tem uma paciente te esperando no tratamento 4. — assino o relatório e a entrego.

— Prontuário — peço antes de ir. Quase tenho uma síncope ao ver o nome da Karen. Eu esqueci que pedi para chamarem a mim.

Me apresso para não deixá-la esperando mais do que já deixei, mas parece que o corredor ficou mais longo só porque eu quero chegar logo.

— Que sorte a sua. Toda vez que se machuca eu estou por perto — falo assim que entro e, por um momento, penso que entrei no quarto errado, mas é só uma pessoa desconhecida que está com a Karen.

— Daniel, essa é minha irmã — ela diz sendo educada e sua irmã se levanta sorrindo para me cumprimentar. — Kássia, esse é o Daniel.

Se eu fosse um cara solteiro, certamente já estaria pensando em todos os artifícios possíveis que poderia usar para levar a irmã da Karen para a cama. Mas além de eu estar comprometido com a Marcela, a Kássia é a cara da Dona Heloísa, o que torna as coisas ainda mais estranhas.

— É um prazer te conhecer, finalmente — diz a irmã da Karen enquanto nos cumprimentamos com dois beijos no rosto.

— O prazer é meu, Kássia — digo à medida em que a Karen pigarria chamando a atenção da irmã. Provavelmente já fui assunto em alguma conversa das duas. Kássia volta a se sentar ao lado da Karen ignorando os sinais de pare.

— Eu ainda estou tentando entender como a destrambelhada da minha irmã entrou aqui como visitante e agora virou paciente — Kássia diz fingindo decepção enquanto a olha de lado. Coisa de irmãs.

— Mas você tem razão, Daniel — Karen começa a falar se desviando do tom provocativo de sua irmã. — Toda vez que me machuco você está por perto. Até no sentido figurado.

Ela tem razão por esse lado. Não sei se são coincidências ou coisa do destino, mas sempre que acontece alguma coisa, eu estou do lado dela. Talvez eu tenha escolhido um momento ruim para me afastar. Talvez ela esteja precisando ouvir o que só eu falo e por isso veio parar aqui no meu andar hoje.

— Desculpa ter feito vocês esperarem por tanto tempo — falo. — Eu estava em cirurgia.

— Imagina... Não faz nem dez minutos que chegamos aqui. A Sofia me trouxe, mas voltou para ficar com a Dona Ana.

— E como ela está, a propósito? — pergunto enquanto busco o raio-x da Karen no computador. A imagem que aparece na tela faz com que minha atenção fique presa no que está diante dos meus olhos. — Karen, você levou algum tombo?

Ela me encara com o cenho franzido e uma expressão de quem tenta lembrar de algo.

— Além desse pequeno acidente, não aconteceu mais nada...

— Ela tem esbarrado um pouco nas coisas, acho que você sabe como ela é... — argumenta Kássia em um tom diferente, como se estivesse insinuando algo.

— Isso aqui não é fruto do acidente de hoje e muito menos de um esbarrão — contra argumento.

— O que tem nesse raio-x? — Karen questiona intrigada.

— Uma lesão na patela que está se calcificando incorretamente — respondo virando o monitor para as duas, desacreditando que esse exame é mesmo da Karen, mas pelas queixas de mais cedo e o inchasso, é sim.

Calcificando? — ela repete em forma de pergunta. Na certa já entendeu a gravidade do problema.

— Pois é — confirmo com um certo peso na voz. — É uma lesão de pelo menos quatro meses atrás, Karen. Como isso aconteceu?!

Karen desvia o olhar e respira fundo. Kássia observa a irmã com um olhar triste. Parece que ela sabe a resposta para a minha pergunta.

— Aconteceu aquilo tudo... — Karen começa a contar um pouco hesitante.

— Eu estava com você quando deu o seu depoimento — Kássia tenta ajudar. — Lembro de você ter dito que o Alejandro te jogou no chão e você caiu com todo o peso do corpo sobre o joelho.

— Isso deve ter doído muito, Karen. Por que não contou assim que chegou ao hospital naquele dia? — pergunto receoso.

— Porque meu corpo todo doía — ela explica como se toda a dor tivesse voltado. — Se eu fosse julgar tudo pela dor, iria achar que tinha fraturas espalhadas por cada osso do meu corpo. Seria impossível desconfiar que eu tinha fissurado a porcaria da minha rótula.

Ao fim de suas palavras, um breve silêncio se estabelece na sala. Aquele dia foi horrível para todo mundo que tem alguma ligação com a Karen. Tudo o que eu imaginava girava em torno do momento em que ela chegou ao hospital em diante, não havia parado para imaginar pelo que ela passou antes disso. Qual a dimensão da dor que ela sentiu por cada agressão daquele traficantezinho de merda ao ponto de não perceber que uma dessas dores era resultado da ruptura de um osso?

— Por um lado, esse acidente de hoje foi bom para podermos descobrir e corrigir sua rótula direita — digo tentando tirar um pouco da tensão.

— Na verdade eu já deveria ter desconfiado que tinha algo errado — diz Karen. — Tenho sentido dores há alguns dias, mas achei que poderia ser por causa do peso a mais que estou carregando, ou por causa da escada lá de casa...

— Escada?! — indago curioso.

— É... — confirma Kássia. — Ela se mudou há uns dias para uma casa de dois andares.

— Isso não é nada bom — falo ao expirar o ar que guardei desde que ouvi a palavra escada.

— Pois é — concorda Karen. — Subir aqueles degraus quando eu chegar em casa vai ser bem doloroso.

— Não só por isso — digo. — Você vai precisar fazer uma cirurgia, Karen.

— Cirurgia?! — Kássia se espanta. — Ponto para a maca...

— Não posso fazer uma cirurgia no joelho agora! — exclama Karen. — Falta pouco mais de dois meses para a Bia nascer e não vou poder fazer fisioterapia durante o resguardo e...

— Quanto mais você adiar essa cirurgia, mais grave vai ficar — tento convencê-la. — As dores que você sente não são por causa da fissura, e sim porque ela está se calcificando fora do eixo.

— Eu sei, ainda sei avaliar um raio-x — retruca ela e eu tento conter um sorriso. — No momento está doendo porque eu bati o joelho, mas se eu repousar, vai voltar a doer pouco, como estava antes.

— Pode ser, mas...

— Então eu vou repousar — diz ela entrecortando minhas palavras.

— Você é muito teimosa — afirmo em tom de desaprovação.

— Ela é mesmo... — diz Kássia abrindo a bolsa. — Karen, o Eduardo está me ligando. Vou atender lá fora.

Karen assente e sua irmã sai da sala já atendendo a chamada com um sorriso no rosto. Eduardo deve ser o namorado dela. Neste caso, mesmo que eu fosse solteiro, não iria adiantar muita coisa.

— Pra você ter saído tão rápido do apartamento dos seus pais, imagino que as coisas não estavam muito boas — falo com curiosidade. — Acertei?

Karen suspira fundo à medida em que começa a movimentar a perna, tentando dobrar e depois esticar. A julgar pela sua expressão, ainda dói.

— Não estão boas — ela responde me corrigindo. — Acredita que ele disse que nunca vai me pedir perdão?!

— Vindo do seu pai, não me surpreende, mas ele disse isso porque ele mesmo não se perdoa — explico. — Ele reconhece que o que ele fez teve consequências graves, só que mesmo assim, acha que agiu corretamente.

— E como você sabe disso?! — ela questiona perplexa.

— Porque ele ficou muito mal quando... quando... — gaguejo buscando palavras menos fortes.

— Quando eu tentei me matar — diz Karen, assumindo o que fez. Isso é bom. Para mim, ela superou o que aconteceu.

— Isso — confirmo. — Enquanto você ainda estava inconsciente, ele disse que ele era o culpado pelo que aconteceu.

Uma lágrima solitária escorre pelo rosto da Karen, mas ela a enxuga rapidamente sem nem fazer cara de choro.

— Deve ter sido no fervor das coisas que estavam acontecendo — retruca ela. — Como você mesmo disse, eu estava inconsciente. Ninguém tinha nem certeza que eu sobreviveria.

— Você não pode odiá-lo pra sempre, Karen — tento tranquilizar a situação.

— Você está parecendo a Kássia — ela bufa. — Na opinião dela eu devo perdoá-lo porque ele é meu pai, errar é humano e blá blá blá.

— Não é por aí — falo e me arrependo em seguida. — Mas deixa pra lá, não quero me meter em problemas de família.

— Não... Agora eu quero saber o que você pensa sobre isso — diz ela claramente interessada. — Acha que o erro dele não deixa de ser grave só porque é meu pai?

Agora sou eu quem respira fundo. Reconheço que não deveria nem ter começado a falar disso, já que participei dessa baderna.

— É difícil opinar porque eu conheço vocês e não quero ficar contra ou a favor de ninguém, mesmo sabendo quem mais se prejudicou com tudo isso — explico.

— Tudo bem — diz ela não aceitando muito bem minha resposta. — Então só se coloca no meu lugar e diz o que você faria.

— Não vou fazer isso — falo sob seu olhar perplexo. — Eu sei que está difícil pra você lidar com o que o seu pai fez, mas não posso facilitar as coisas pra você dizendo o que eu faria. Você tem que pensar e levar o tempo que precisar pra decidir o que fazer.

— Então vamos mudar os pontos de vista — articula ela rapidamente. — Não precisa se colocar no meu lugar. Digamos que seja com você, Daniel Sanches. Te enganaram. Mentiram pra você de forma absurda. Fizeram você pensar que estava louco e que perdeu um pedaço de você. Você perdoaria essa pessoa?

Fica evidente que ela não vai desistir até que eu dê minha opinião. Isso mostra o quanto a cabeça dela ainda deve estar bagunçada por conta disso tudo, então vou tentar ser o mais neutro o possível sem deixar de dizer o que eu penso.

— Karen, eu sou muito simples com isso. Com tudo, na verdade — inicio tendo toda a sua atenção sobre mim. — Pra mim, antes de decidir se eu devo ou não perdoar uma pessoa, eu tento entender qual foi a motivação do erro dela. Se ela errou por amor, ou pela falta dele.

Ainda com os olhos fitando os meus, Karen fica em silêncio. Fico pensando se falei o suficiente para que ela avalie por conta própria seus próximos passos.

— Sendo assim, você ter acobertado a mentira do meu pai se encaixa em qual tipo de erro, por amor ou pela falta dele?

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Oi, gente linda! Tudo bem com vocês? Espero que sim.
Bom, espero que vocês tenham gostado do capítulo e tenham se envolvido um pouco sobre essa questão do perdão. Sei que todo mundo é contra a Karen perdoar o pai, mas fiquei comovida com a perspectiva do Daniel sobre isso. Imagino que estejam ansiosas por determinados acontecimentos, mas peço paciência. Tem algumas coisas para acontecer ainda e a Karen está em processo de superação, amadurecendo e evoluindo.
Quem gostou do capítulo deixa uma estrelinha aí que ajuda a dar mais visibilidade à obra.
Beijos e até o próxima!
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Capítulo publicado em 05/01/2020

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